Folhas De Outono escrita por Débora Rempel


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! sei que demorou um pouquinho, mas ele esta aí, e cheio de emoçoes! bjs e boa leitura!



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Sinceramente, não sei aonde estou com meus pensamentos. Tenho certeza que aqui, comigo, eles não estão. Minha mente gira de uma maneira que sei em quem ou em o que estou pensando. Imagens passam voando pela minha frente, de todos os tipos, desde minha infância até a noite passada. Meus olhos ficam embaçados por causa das lágrimas insistentes que querem desabar pelo meu rosto, até cair no chão extremamente sujo.

Fico olhando através das grades minusculas e coladas a janela a paisagem que me deixa um com um pouco mais saudades de casa. A porta está trancada pelo lado de fora. Olho para meu arco, que foi cuidadosamente encostado à parede, do lado da porta de madeira rustica. Meu pai não estaria nada orgulhoso de mim agora: estou presa neste quarto ridículo com nada dentro e completamente vulnerável a qualquer um e a qualquer coisa. Não sei mais se teria coragem de olhar no rosto de minha mãe, que tanto fez para que eu me tornasse uma boa mulher para quem me escolhesse como sua esposa. Meu rosto já esta molhado, as lagrimas não querem cessar e meus olhos estão ardendo com o sol que bate diretamente em minha face, fazendo com que ela cintile por conta das gotículas de água salgada que escorrem lentamente pela mesma.

Alguém começa a destrancar a porta. Seco apressadamente as ultimas lagrimas que caem e me viro para a janela novamente, fitando uma arvore e falando para mim mesma que não vire, seja qual for o motivo ou a pessoa. Uma voz familiar soa pelo pequenino cubículo em que me encontro:

– Senhorita Fortsman, poderia falar um instante com a vossa pessoa? - era Nathan, e não precisava me virar para descobrir isso. Algo dentro de mim se iluminou com a possibilidade de conversar com ele, desta vez mais civilizadamente.

Uma parte de mim diz que devo ficar do modo como estou, olhando para a mesma arvore e não me virar, mas outro lado, o que se sobressai, me faz virar rapidamente para poder encará-lo nos olhos. Ele estava deslumbrante: seus olhos negros estavam brilhando constantemente, os cabelos estavam bagunçados de uma forma proposital, os músculos estavam muito mais relaxados que noite passada, mais ainda estavam tensos, sua boca estava entreaberta, esperando pela resposta que eu teria que dar o mais rápido possível.

– Sim, senhor Stevens. O que queres de mim? - perguntei, ainda relutante comigo mesma.

– Poderíamos nos afastar deste quarto, para os campos que vês pela janela? - ele apontoou para fora das grades, para a paisagem quase intocada por animais ou humanos.

– Sim, senhor, poderíamos. - não queria me iludir com nada, por isso continuei com o mesmo tom de voz dura e seca, para não transmitir aquilo que realmente estava sentindo que, na verdade, não sei o que é.

Ele se retirou da porta e ficou a minha espera no corredor. Peguei meu arco e minhas flechas, que estavam a seu lado, e me dirigi a cama, para pegar minha bolsa, como ele havia pedido que eu fizesse. Ele me deu passagem, e seus braços permaneceram da mesma forma ate que eu tomasse coragem para passar da porta.

Depois de uma boa caminhada por dentro dos corredores intermináveis em silencio, chegamos a um campo verde vivo, que me trouxe as lágrimas novamente ao rosto, mas consegui disfarçar, pois ele estava a minha frente.

Nathan parou e me olhou. Confesso que fiquei um pouco constrangida, mas então ele quebrou o silêncio.

– Bem, acho que lhe devo desculpas - ele ficou um pouco tenso, mas continuou - você sabe, pela noite passada. Mas não conseguimos evitar de pensar o pior quando alguém do oeste vem parar aqui. Principalmente depois das Águias e, - ele parou, percebendo que eu não estava entendendo nada, e continuou - me desculpe, acho que te assustei.

– O que são essas tais Águias de que você falou? - minha mente pensava em mil e uma possibilidades para esta palavra, mas sem conseguir decifrar absolutamente nada.

– Então, você está me dizendo que não sabe o que são as Águias? - ele me parecia confuso, mas assenti, e ele continuou - Bom, acho que vou ter que te explicar o por que de nós termos tanto medo assim do seu povo.

Ele se sentou e pediu que eu me sentasse a sua frente, em baixo da sombra da árvore que eu tanto fitava quando ele entrou no cubículo que eles chamam de quarto. Então Nathan suspirou fundo e começou a contar-me a historia das tais águias.

– Foi a cerca de dezoito anos atrás. Nosso feudo começou uma verdadeira guerra contra os povos do litoral, por posse de terras. Foram batalhas intermináveis, cansativas. Muitos de nossos homens haviam morridos ou estavam feridos. Então o chefe da guarda ordenou que ficássemos a três vilarejos do nosso reino, para que os feridos pudessem se recuperar e que os reforços no precisassem andar tanto para nos encontrar. Cinco dias depois, os reforços vinham fortemente armados, e os feridos estavam completamente sãos. Fomos, então, para o próximo povoado. Lá, vencemos a batalha. Aí começou a guerra das Águias. Vários soldados de sue povo começaram a vigiar nossos passos, e nós não desconfiávamos de nada, como poderíamos, também? Nem imaginávamos que seu povo existia, quem dirá que eles fossem espiões tao bons assim. Quatro anos de gurra e nós havíamos perdido apenas algumas batalhas, sem que se quer perdêssemos muitos homens. Então, quando descobrimos onde seu povo se escondia, fomos sem precedentes para o vale em que vocês se encontram hoje. Mas, no meio do caminho, vários arqueiros saltaram da mata montados em cavalos menores que os nossos, mas muito ágeis e silenciosos, o que nos deixou em desvantagem. Mesmo com todos os imprevistos, fomos para ataque. Os arqueiros soltaram um grito parecido com o canto de um pássaro e vários outros soldados apareceram, com armamento quase igualado ao nosso. Até então não havíamos nos deparado com nenhum povo que tivesse armamento tao forte quanto o nosso, por isso a vitória era algo fácil. Os arqueiros de seu povo se dividiram e foram para direções opostas, pensamos que estavam se rendendo, mas eles acabaram por saltar do nada de colinas, e nos derrotar. Ainda me lembro das palavras de meu tio, que esta nesta guerra, me contando como meu pai foi corajoso, um herói. Ele me contou que, quando os arqueiros nos surpreenderam, ele estava ao lado de meu pai, e um deles, alto forte, ágil demais e com certeza o chefe deles, gritou algo indecifrável e pulou de uma pedra alta com uma flecha pronta para ser disparada na direção de meu pai, quando meu tio se adiantou e correu para a frente do arqueiro, cortando-lhe o abdômen profundamente, mas a flecha já tinha sido disparada, e acertou próximo ao peito de meu pai que, como o arqueiro, não aguentou por muito tempo. Os dois estavam mortos. Meu tio ergueu meu pai do chão pelo braço, e o deixou embaixo de uma árvore. O chefe da guarda ordenou retirada aos poucos vinte homens que restaram, o seu povo havia vencido a batalha e estavam com muitos homens ainda em campo de batalha, e ordenaram que nenhum feudo deveria travar guerras ou batalhas sem um Mandetro de Guerra. Nossos homens voltaram para casa, derrotados, e os mortos foram trazidos para suas devidas homenagens e um enterro digno. As Águias eram, então, o medo dos feudos da região, pois não se sabia quando aqueles olhos de águia dos arqueiros estariam vigiando. Desde então, vivemos em paz entre todos os feudos, reinos e povos da Escandinávia.

Agora, percebo, que o arqueiro que matou o pai de Nathan era o chefe da Ordem dos Arqueiros, era meu pai.

Lágrimas inundaram meu rosto de repente, e não pude evitar desta vez.

– O que aconteceu? Você esta bem? - Nathan parecia preocupado, então tratei de explicar-lhe o motivo das lágrimas.

–Era meu pai. - ele pareceu confuso ao ouvir isto, então completei - O arqueiro que seu tio matou. Era meu pai. Ele era o chefe da OA, ele era meu pai, ele era a pessoa que eu mais amavam neste mundo, e ele morreu nesta guerra ridícula.

Eu já estava de pé, olhando fixamente para ele, para seus olhos. Estava revoltada. Ele se levantou e andou em minha direção.

– Eu não tenho culpa de nada. O seu pai morreu, mas antes disso matou o meu. O achei que foi um ato heroico da parte dele. - fiquei muito confusa, como meu pai poderia ser um herói para ele, se ele matou seu pai. Percebendo minha confusão, continuou - Meu pai era um monstro para mim e minha mãe. Ele nos batia muito e sem motivo. Estava sempre esfregando em nossa cara que era ele quem sustentava aquela casa. Nunca foi um pai para mim. Admiro você, e muito. Seu pai deve ter sido uma ótima pessoa e um pai melhor ainda. Tenho muita inveja de você.

– Eu... não fazia ideia, me desculpe - falei, entre soluços e lágrimas. Agora sei a verdade que ninguém naquele vale teve a coragem de me contar. Nathan se aproximou rapidamente e me abraçou forte, o que me deu muita segurança. e começou a me acalmar.

– Calma. Está tudo bem. Eu não sabia de nada também. Calma.

As lágrimas não cessavam e ali, nos braços de Nathan, refiz a promessa que tinha feito a quatorze anos atrás, quando tinha apenas três aninhos de idade. Eu vingaria o sangue de meu pai. Eu me tornaria a melhor arqueira da Escandinávia. Agora sei por onde começar a minha missão. Sinto apenas por Nathan, ele não teve nada haver com a história. Mas eu não posso quebrar uma promessa que fiz. Principalmente a promessa que fiz a mim mesma e a meu pai.

Agora minha lágrimas caem, mas um dia elas vão ser pagas. E muito bem pagas.


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Notas finais do capítulo

Rewis? nao mata! bjs e até o proximo capítulo!



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