Dor, raiva, medo, angústia, injustiçada, ódio, muito ódio.

Esses eram alguns dos sentimentos que passavam pela minha mente. Eu não conseguia entender como eles foram capazes de fazer isso comigo. Sem ao menos conversar, sem nenhuma explicação, apenas fizeram do jeito que eles achavam que deveria ser. Como sempre. Tudo tinha que ser do jeito deles e a humana fraca e frágil obedecendo.

Alguém bateu a porta e eu não me dei ao trabalho de responder. Era assim a quase dois meses desde que me foi tirado... eu não conseguia falar com nenhum deles desde então, sentia nojo de todos eles sem exceção.

Esme entrou no quarto e deixou uma bandeja de comida em cima da mesa, tudo sem falar nada. A quase dois meses eu não falava com ninguém, nem mesmo com meu pai que havia ligado várias vezes atrás de mim.

Edward entrou no quarto e mais uma vez tentou falar comigo.

– Meu amor até quando você vai ficar aqui? – falou passando a mão em meus cabelos, senti nojo dele. Agora o toque frio dele não me agradava mais, não depois do que ele foi capaz de fazer, e pelos motivos que o levaram a fazer ele pensa que eu não sei, mas eu ouvi tudo.

Levantei-me da cama e sentei na cadeira em frente a janela do quarto que dava vista para a floresta. Senti a presença de Edward ao meu lado.

– Bella você tem que entender que o que eu fiz foi para o seu bem, foi pensado em você. – ri mentalmente. Por mim? Até parece. – aquilo ia te matar eu não podia deixar que isso acontecesse. – AQUILO? Aquilo era o meu filho que ele tirou de mim. Mas não adianta eu falar nada Edward nunca entenderá nenhum deles, talvez Esme ou Rosalie, mas elas compactuaram com o que ele fez, então... Como eu pude me casar com Edward agora nem sei mais se quero ser vampira?

Vendo que eu não responderia nada, ele saiu do quarto. E assim mais um dia se foi com eu olhando pela janela e trancada no quarto.

No dia seguinte acordei por causa de alguns barulhos muito estranhos. Estranhos porque em uma casa cheia de vampiros qualquer mínimo barulho é grande. Mas não liguei e continuei a dormir. Do nada sinto algo quente tocar meu rosto, só posso estar sonhando parecia até o... Abri meus olhos para ter certeza.

– Jake?! – ele sorriu o meu sorriso de sol

– Oi Bells. – eu só podia estar sonhando, o Jake aqui? Sentei-me na cama e o analisei, ele estava como sempre sem camisa apenas de short e tênis.

– O que você está fazendo aqui?

– Sam me mandou. – claro para conferir o tratado – Então você ainda não é uma sanguessuga?

– Não – sussurrei. Será que ele sabe o que aconteceu

– Fiquei sabendo o que aconteceu, como você está? – ele era a primeira pessoa a perguntar isso. Não aguentei e desabei, automaticamente ele me abraçou. Senti falta desse calor que passa um conforto sem precedentes.

Depois de um tempo consegui controlar meu choro e falar com ele.

– Jake o Sam já tinha vindo aqui conferir se eu ainda era humana –

– Na verdade o seu sanguessuga foi falar comigo pediu que eu te reanime de novo – não acredito que ele fez isso é muito covarde mesmo. – Como já fiz uma vez ele quer que eu faça de novo. Seu marido não sabe lidar com você, que bela escolha Bells. – disse rindo

– Para Jake – o repreendi, mas a rizada dele estava tão gostosa que eu tive que acompanhar

– Um ponto pra mim te fez sorrir. – era verdade a muito tempo eu não ria assim

– Obrigada Jake. De novo.

– Então quer conversar sobre isso? – falou se deitando ao meu lado, apenas neguei – Tudo bem. Só quero que saiba que compreendo que esteja triste e magoada. Talvez eu não concordasse com a existência dessa... criança, poderia ser perigoso. Mas eu não teria agido da maneira que ele agiu, conversaria com você. – era verdade Jacob sempre me fazia aprender com meus erros e sabia que se esse filho fosse dele provavelmente, teríamos conversado muito até resolver a questão.

Deitei ao seu lado e ficamos assim por um bom tempo. Não sabia como Jake estava aguentando o cheiro de sanguessugas – eu pensei isso mesmo? Sanguessuga? Que loucura. Na verdade é o que eles são mesmo, então.

Depois de um tempo um celular começou a tocar, era do Jake nem sabia que ele tinha um.

– Fala Leah – disse ao atender

– Onde você está? – essa casa era tão silenciosa que eu podia escutar o ela dizia sem estar no viva voz.

– Na casa da Bella por que?

– Essa cachorra está ai perto é? Me deixa falar com ela. – Leah sempre será Leah, até que ela estava sendo doce, pelo o que conhecia da minha amiga. É eu sou ou era amiga dessa louca.

– Ela quer falar com você. – assenti e respirei fundo me preparando para escutar a louca

– Alô

– Isabella, que história é essa de ficar depressiva de novo? Pelo amor dos deuses, se levanta dessa cama e vai viver a vida ou morte sei lá. Você não ia se transformar em uma vampira ou não quer mais? Você está ai? – ela não parava de falar um minuto que foi impossível qualquer manifestação da minha parte.

– Estou – respondi simplesmente

– Então já sabe o que vai fazer?

– Não sei – sussurrei, mas sabia que ela e todos que estavam na casa me escutariam.

– Bella você me cansa com essa sua indecisão.

Leah desde que a conheci sempre foi verdadeira comigo, sempre falando a verdade doa a quem doer. E eu gosto disso, poucas pessoas são assim comigo. Ela e Jake por muito tempo foram meu alicerce, minha base. Só agora eu percebo como eles me modificaram, na verdade não me modificaram apenas mostraram para mim a Bella que estava presa.

– Então Bella já sabe o que vai fazer? – perguntou novamente. Ela me conhecia muito bem assim como Jake e sabia que eu precisava desse tipo de sacode para acordar e tomar alguma decisão ou apenas tomar coragem de executar o que já estava decidido, como agora.

– Sim já sei Leah. Obrigada.

– Não há de que estou sempre as ordens. Há vejo em breve ou não. – falou e desligou.

Jacob me encarou por um tempo e se levantou.

– Bells eu tenho que ir tenho ronda daqui a pouco. – falou se virando

– Jake espera – o segurei pelo braço – Eu vou com você. – ele me olhou assuntado

– Bells...

– Jacob já estava decidida a ir embora, não há nada que me prenda aqui – nem mesmo o amor que eu sentia por Edward, nem sei se isso foi mesmo amor, acho que era obsessão, como Leah intitulava. Afinal Edward foi o primeiro ser do sexo masculino a me olhar como uma garota.

– Bella eu acho...

– Jacob, você não acha nada. Eu nem se quer estou casada de verdade, afinal ninguém pode se casar com alguém que já está morto. Eu vou embora você me ajudando ou não. – falei com toda minha convicção.

Levantei-me e fui arrumar minha mala, minhas antigas roupas ainda estavam aqui e foi com elas que fiz minha mala. Não levaria nada dessa casa, dessa família.

Quando acabei Jacob ainda estava parado no mesmo lugar meio incerto do que fazer.

– Vamos Jacob – só então ele pareceu despertar me acompanhar.

Ao descermos todos estavam na sala a nossa espera, ignorei Edward com cara de dor, aquilo não me comovia mais.

– Eu quero o divórcio o mais rápido possível, sei conseguirá. – falei o olhando

– Bella você não pode fazer isso. Na primeira dificuldade você já corre para os braços do cachorro? – Alice falou indignada, escutei Jake rosnar e ri sem humor.

– Não só posso como estou fazendo. Vocês já fizeram isso e eu não os julguei.

– Mas aquilo foi diferente fizemos por você. - Edward tentou argumentar

– Novamente será por mim, mas dessa vez quem tomou a decisão fui eu. Eu quero viver, ser feliz, ser mãe. Mas infelizmente vocês me tiraram tudo isso. Mas foi até bom, pois eu vi quem realmente vocês são um bando de manipuladores.

– Bella fizemos aquilo para o seu bem. Aquela coisa iria te matar. - Edward rebateu

– Aquela coisa como você fala Edward era o meu filho e eu morreria por ele se fosse preciso. Eu já tinha falado como deveria ser feito, eu conversei com você quando todos foram caçar. Não sou burra sabia que não sobreviveria ao parto então qual foi minha ideia, você me transformaria logo em seguida. Mas não você é um ser tão egoísta que preferiu matar um ser que era o seu filho só para não ter que dividir minha atenção com ele. – ele ficou surpreso - Você pensa que eu não sei os seus motivos, mas eu sei de tudo e não foi ninguém que me falou eu escutei vindo da sua boca. E tudo acobertado por Carlisle quem eu sempre confie como um pai. - todos estavam surpresos com meu discurso, mas eu passei tanto tempo naquele quarto que isso acabou acumulado dentro de mim.

– Bella você... – Edward, sejamos sensatos. Você não me ama, na verdade tem uma obsessão pelo meu sangue. Imagino o que aconteceria se eu me transformasse, será que continuaria me amando? –Bella nunca duvide do meu amor por você...

– Como não duvidar? Quem ama cuida, está presente, enfrenta as dificuldades... A sua forma ao meu ver é muito deturpada da realidade. Sinto muito Edward, mas eu não aguento mais essa vida, na verdade essa prisão que você fez para mim e eu bobamente me deixei ser levada. Vamos Jake. - segui para fora da casa com Jacob atrás de mim.

Eu poderia não estar certa do meu destino daqui para frente, mas a certeza que eu tenho é que nada do que vive com os Cullen quero continuar a viver. Esse não é um futuro que eu desejo para mim. Quero ter filhos, talvez me casar novamente, envelhecer... Viver as pequenas coisas que aprendi a valorizar com tudo o que vive anteriormente.

Olhei para o lado, Jacob estava na sua forma de lobo me acompanhando pela floresta. Perguntas na mesma hora surgiram em minha mente.

Será que ele era o meu futuro? Mas e se ele tivesse um imprithing, o que eu faria? Será que ficaria como a Leah?

Perguntas e mais perguntas. Que só o futuro poderá me responder. Mas algo tenho certeza, não posso ter medo de viver, de acertar e errar. Afinal nós humanos não somos perfeitos e sim uma obra em construção.

21 anos depois....

Hoje estou prestes a completar 40 anos. Nossa como o tempo passou rápido...

A muito não sou mais aquela Bella ingênua, apaixonada por um vampiro que lhe prometia a vida eterna, uma futura Cullen. Não os vejo desde aquele dia. Nunca mais graças a Deus.

Hoje sou Isabella Black. Isso mesmo acabei me casando com Jake, nem eu acreditei. Nosso amor foi construído aos poucos, um alicerce de cada vez, moldado com amor, carinho, respeito e acima de tudo sinceridade. Talvez tenha sido por isso que apesar das dificuldades, nós tenhamos conseguido superar tudo.

Nós temos quatro filhos, Jason o mais velho e mais parecido com Jacob, ele não tem nada meu e o tivemos antes de casar, hoje ele tem 18 anos. Depois de dois anos de casados nós tivemos os gêmeos Nicolas e Nate, também parecidos com Jake, porém com os meus olhos, pelo menos isso, hoje eles tem 16 anos. Todos são lobos assim como o pai.

E por último nossa calçulinha, Leona, essa pelo menos parece comigo, até demais, já que é perigo constante a todo lugar que vai. Sua sorte e para preocupação do Jake e dos irmãos é que Seth teve imprithing por ela. Mas isso já é outra história, hoje ela tem 10 anos e muito tempo para descobrir sobre Seth e seus futuro amor.

– Mãe. - fui tirada de meus pensamentos por Lena que entrava no quarto.

– Fala meu amor. - a chamei para sentar em meu colo.

– Papai está lá embaixo chamando a senhora.

– Eu já vou, mas por que está com essa carinha? - era visivelmente que ela estava aborrecida.

– O pai e os meninos, não querem que eu brinque com o Seth. - fez beicinho e ri

– Eu vou falar com eles, mas você sabe porque eles são assim. - ela assentiu, nós já havíamos contado para ela sobre o imprithing, não gostávamos de esconder nada em nossa família. Provas do passado nos havia provado que mentir ou omitir algo, não trazia boas consequências, e era isso que passávamos para nossos filhos

– Mas o Seth é meu amigo, eles não podem agir assim.

– Mas você é a princesinha deles, sabe que só estão com ciúmes de você, já que quando a senhorita está com o Seth não dá atenção a eles. - ela baixou a cabeça, sabendo que eu estava certa.

– Desculpa...

– Não é a mim que deve falar isso, na verdade você não deve desculpas a ninguém, deve pensar numa forma de não deixar tanto seu pai e irmãos de lado.

– A senhora está certa. - sorrimos uma para a outra

– Agora desce e diz para o apressado do seu pai que já vou descer. - ela assentiu e desceu. Acabei de me arrumar e desci para a minha festa de aniversário, na verdade um almoço.

Jake me encontrou nos pés da escada sorrindo, meu sol continuava lindo como antes, porém mais velho. Já que a tempos deixou seu lugar na alcateia para nosso filho Jason.

Olhando em seus olhos podia ver todo nosso amor transmitido, olhei atrás dele e ali estava toda minha família, meus filhos, meus pais, meu sogro, toda a matilha e suas famílias. Todos juntos enfrentando todas as dificuldades, porém felizes.

Relembrando tudo o que vive antes deles, não mudaria nada, não me arrependo, pois tudo aquilo me fez ser que sou hoje. Humana acima de tudo e que tem o direito de errar, independente do que aconteça.