Capítulo 25

– É agora que essa vadia vai ver quem é a pirralha sem talento! – Rose disse, sorrindo maleficamente. – O casamento será daqui a uns dias, apenas... Então dará tempo.

– Tempo para o quê? – perguntei assustada.

– Para colocar o Plano Dois em ação.

   Eu e Alice nos entreolhamos, Alice se aproximou do sofá e se sentou ao meu lado.

– E isso significa...? – Alice perguntou baixinho.

– Significa que na hora que o padre perguntar se tem alguém querendo interromper aquela palhaçada, você vai cantar. E vai cantar muito alto.

   Fodeu para Alice.

- BELLA, PARA DE SE EMPANTURRAR DE COMIDA E ME AJUDA! – Alice gritou, se arrastando pelo chão enquanto Rose a puxava pelas pernas.

- Mas não foi você quem disse que não tinha nada a perder?! – perguntei, rindo alto.

- Mas eu sou sua irmã! – gritou, fingindo uma voz de choro.

   Comi mais um biscoito, ainda rindo.

- Não posso fazer nada! – gritei de volta.

   A carinha de choro de Alice se foi, e ela me lançou um olhar cortante. Ri alto, assim como Rose, que ainda tentava segurar e puxar as pernas afoitas de Alice, que se revirava e rastejava no chão.

- Rose, por favor, me...

   Rose a interrompeu.

- Você vai e pronto! Não quer conquista-lo?! Você já disse que ele pareceu ficar mexido quando você apareceu vestida de maneira diferente, agora é só partir para a declaração digna de filme!

- Rose, pelo amor de deus, para com essa loucura! – Alice implorou.

   Rose sorriu maquiavélica.

- Não.

- Rosalie! – Alice gritou, irritada, tentando soltar os pés das mãos de Rose.

- Alice! – Rose reclamou, segurando os pés da anã firmemente.

- Bellaaaaaa! – gritei, rindo sozinha.

   As duas me olharam com os olhos crispados, enquanto eu ainda ria.

- Mas o que a Alice vai cantar, afinal? – perguntei.

- Nada! – Alice gritou.

   Rose revirou os olhos e soltou os pés de Alice, que bufou, e se jogou no sofá em seguida.

- Isso fica por conta da nossa princesinha! – Rose disse, abrindo um enorme sorriso para Alice, que ficou de pé num instante.

- Eu ainda tenho que escrever a música?! – Alice perguntou.

- É claro! A coisinha te chamou de pirralha e sem talento, você tem que chegar lá vestida para matar e cantando uma música sua!

- Já vi que esse casamento será uma coisa! – falei, enchendo a boca de biscoitos novamente.

- Bella, o que está acontecendo com você? – Alice perguntou me olhando de olhos arregalados. – Parece que não come há anos!

- É que esse biscoito é realmente bom! – falei.

   Rose sorriu estranhamente para mim, mas logo voltou seu olhar para Alice.

- Amorzinho, pode começar a escrever a música, ok? Enquanto isso eu vou arquitetando o plano com a fominha. – falou, sorrindo toda fofa.

   Alice revirou os olhos e foi para o seu quarto. Rose rapidamente pegou um caderno que havia dentro da minha estante e uma caneta e se sentou no tapete ao meu lado, com o caderno no colo.

- Vamos lá! – falou. – O plano é o seguinte...

(...)

   Gemi de desgosto ao ver cabides e mais cabides de vestidos.

- Eu tenho que experimentar tudo isso? – perguntei para Rose.

- É óbvio! É o casamento do seu cunhado, você tem que ir divina! – Rose disse, pegando várias vestidos e empurrando-os para mim.

- É seu cunhado também... – falei rindo.

   Rose revirou os olhos, mas com diversão vi suas bochechas corarem e ela riu.

- Para Bella! Vai experimentar os vestidos!

    Fui para uma das cabines para experimentar os vestidos, ainda rindo da minha amiga. Ao todo eram 7 vestidos... Mas apenas 3 entraram.

- Caramba, quando foi que eu engordei assim? – me perguntei, tentando fechar o último vestido.

   Sem sucesso.

- Morreu? – ouvi Rose perguntar do lado de fora.

- Tá difícil para eles entrarem! Minha bunda parece que cresceu... – falei. – Meus seios também! Quando foi que meus seios cresceram tanto?!

- Bella, o que foi que você comeu nesse café-da-manhã? – Rose perguntou.

- Nada de mais! – falei, ainda tentando forçar o zíper do vestido a fechar. – Só dois pedaços de torta, um misto-quente, uma xícara de chocolate quente, um pudim que eu achei na geladeira e alguns salgadinhos!

   Caramba, era pouco coisa, não era?!

   Parei de forçar o zíper, olhando para mim mesma no espelho. Engoli em seco e abri um pouco a portinha da cabine. Vi Rose sentada em um banquinho colorido, me olhando com as sobrancelhas arqueadas e prendendo um riso.

- O que está acontecendo comigo? – perguntei a ela. – Rose, eu não paro de comer doces, a semana inteira! O que é que...

- Bella, quantas vezes você usou camisinha com Edward? – Rose perguntou na lata.

   Arregalei os olhos, sentindo um arrepio passar pela minha espinha.

- O-O quê...? – gaguejei.

   Rose riu, balançando a cabeça parecendo não acreditar.

- Céus, você não sabe nem o que é isso! Você está tomando pílula? – perguntou, ainda rindo.

- Rose... – gemi, sentindo uma vontade absurda de chorar.

   AI MEU DEUS, EU ESTOU GRÁVIDA?! É ISSO?! E DO EDWARD? AQUELE FILHO-DA-MÃE NÃO SE PREVINIU, AQUELA GAY, PORRA EU VOU MATAR AQUELE DESGRAÇADO E...

- Bella, fica calma! – Rose disse, se levantando e vindo até mim, limpando as lágrimas que caíam.

   Comecei a sentir o ar faltar. AI CARAMBA, AGORA EU VOU HIPERVENTILAR E VOU MORRER AQUI NESSA LOJINHA QUE EU NUNCA OUVI FALAR, PRESA NUM VESTIDO QUE NÃO ENTRA EM MIM E ME DEIXA PARECENDO UM SINALIZADOR DE TRÂNSITO!

   POR QUE ISSO, MUNDO?! POR QUÊ?!

   Respirar começou a ficar mais difícil, e Rose arregalou os olhos, colocando as mãos no meu rosto.

- Bella, por favor, não desmaia! – ela pediu, quase gritando. – É só um bebê!

   Senti minha cabeça rodar, e logo a escuridão.

(...)

- Só eu que acho que a Bella vai acabar ficando maluca de vez? – ouvi uma voz dizer, distante.

- Não é só você que acha... Mas ela e Edward se amam, vai dar tudo certo. – outra voz disse.

- Eles mais brigam do que tudo, Rose. Criar um filho juntos... Acho que será demais para eles. – oh, era Alice que dizia isso.

   Um silêncio se estendeu por alguns segundos, até que eu consegui abrir um pouco os meus olhos. Suspirei, e rapidamente Alice e Rose apareceram no meu campo de visão. Pareceram aliviadas ao me verem acordada. Assim que meu olhar caiu sobre Rose, arregalei os olhos e as lembranças me vieram à mente. Eu me sentei rapidamente, agarrando-a pela blusa e a puxando em minha direção.

- ME DIZ QUE FOI TUDO SONHO! – gritei. Rose arregalou os olhos, assustada. – DIZ LOGO, ROSE! DIZ QUE FOI SONHO!

- Mas você sempre diz que eu tenho que ser sincera... – ela murmurou.

   Eu a soltei, me jogando na cama novamente ao sentir um enjoo me atingir. Respirei fundo, tentando acalmar a respiração. Mordi o lábio inferior, sentindo vontade de levantar E QUEBRAR TUDO PORQUE EU NÃO SEI SE CHORO OU SE ME REVOLTO!!!

   Caramba! Como isso foi acontecer?!

   Acho que você já está bem grandinha para não saber como são feitos os bebês.

   Cala a boca, Consciência. Onde você estava lá na hora do bem-bom? Ah sim, dando uma voltinha NO OUTRO LADO DO MUNDO ENQUANTO EU IA IGUAL A UMA IDIOTA ME ENTREGANDO SEM ME PREVENIR!

- Bella, não chore! Bebês são maravilhosos! – Alice disse, passando a mão pelos meus cabelos.

- Eu não estou chorando! – falei com a voz embargada enquanto molhava o travesseiro com aquela enchente que saía dos meus olhos. – E bebês são maravilhosos, mas não comigo!

- Bella, um dia você iria ter filhos! – Rose disse revirando os olhos.

- Mas não agora! – falei, tendo que fazer força para a voz sair. – Não agora, Rose! Não do Edward! Não com esse relacionamento turbulento, em que eu e ele quase nos matamos! Como vamos criar um bebê juntos?!

- Mas você sempre quis uma família maior, ainda mais depois que o papai e a mamãe de foram... – Alice murmurou.

   Suspirei, limpando as lágrimas com a manga da minha blusa. Não dei resposta à Alice, apenas me levantei meio cambaleante e fui até o banheiro.

- Falou com Edward? – perguntei à Rose, antes de fechar a porta.

- Sim.

- Contou a ele?

   Rose suspirou.

- Isso fica por sua conta. Ele estava em uma reunião, disse que mais tarde virá... Fora que não temos certeza, então mantenha a calma. Vou comprar alguns testes de farmácia para você.  – ela disse, sorrindo levemente para mim.

   Seu sorriso me tranquilizou um pouco.

   Um pouco.

   Agora com licença que eu vou me retirar para o meu “Bat Banheiro” para me martirizar e me xingar de todos os nomes possíveis por ser tão idiota, irresponsável, anta, cabeça de vento e lesada.

   Mas não posso deixar de xingar o meu querido chefe também, claro. Afinal, foi aquele safado que “colocou a sementinha dentro da minha barriga”.

   Céus... Com que cara eu vou dar uma notícia dessas?

(...)

- ... aí ele disse “Você está linda hoje, Alice”, e começou a me olhar estranho! Jessica disse que ele parece estar gostando de mim, mas tem medo de assumir! O que eu faço?! – Alice perguntou afoita.

   Continuei encarando a parede, pensando em mil formas de me matar enquanto ainda tinha tempo.

   Rose dava suas dicas de sedução para Alice, e eu já nem me metia mais naquele assunto. Suspirei, afundando o rosto na almofada do sofá.

   Três dias haviam se passado desde o meu desmaio na loja... Rose havia comprado 11 testes de gravidez de farmácia para mim.

   Sim, 11.

   Mas eu ainda não havia feito nenhum... Eu sentia meu corpo inteiro tremer só de ver aqueles palitinhos do demo dentro do guarda-roupa. Edward havia me perguntado o que eu tinha, insistiu para que eu fosse ao médico... Mas é claro que recusei.

   E toda vez que ele vinha me beijar, ou tentar algo mais “profundo”, eu não sei o que dava em mim... Não era nojo nem nada assim, era agonia. Eu não conseguia corresponder às suas investidas, um enjoo me tomava e eu sentia uma vontade absurda de chorar. Ele já havia percebido tudo isso, e vivia me perguntando o que eu tinha, mas não dava... Eu não podia contar isso para ele. Não agora. Eu não tinha noção de como Edward reagiria.

   Melanie acabou de voltar. E ele ainda tem Nessie como filha. Se por fim eu estiver realmente grávida...

   Edward sempre foi tão imprevisível!

   Alice e Rose ainda tagarelavam, hora sobre o plano, hora sobre os vestidos que usariam. Rose havia comprado três vestidos para mim, e no dia do casamento eu resolveria qual iria usar.

   E o melhor de tudo: o casamento será daqui à dois dias.

   Eu sei, que divertido.

   Caramba, sério, eu me sinto tão animada com tudo o que está acontecendo que acho que vou aproveitar a ocasião e pedir para o padre me botar para nadar na água benta, porque puta que pariu.

- Bell! – ouvi Mel dizer, pulando em meu colo enrolada apenas em sua toalhinha rosa.

   Sorri e abracei a minha pequenininha, dando um beijinho em sua testa.

- Cadê a Nessie? – perguntei.

- Ela tá tomando banho ainda! Pode me ajudar a colocar a roupinha? – perguntou, com seu jeitinho enrolado de falar.

   Sorri e assenti. Estar com Mel e Nessie me acalmava e me fazia esquecer um pouco sobre tudo aquilo, mas ao mesmo tempo lembrar de tudo...

   Confuso, eu sei.

   Ajudei Mel a se vestir com seu pijama, já que já estava quase na hora das mocinhas dormirem. Logo Nessie apareceu e eu a ajudei a pôr o pijama também. Ajeitei a cama das duas e as coloquei para dormir.

   Assim que voltei à sala, minutos depois, vi que Edward já havia chegado. Estava sentado na poltrona, conversando com Rose e Alice.

- Emmett disse que te ligará mais tarde e... – Edward dizia.

   Logo o celular de Rose tocou, e ela sorriu abertamente. Alice e Edward riram e Rose pegou sua bolsa. Viu que eu estava no batente da porta e me deu um beijinho no rosto, saindo do apartamento enquanto dizia um “Oi, amor” todo meloso ao telefone. Alice logo tratou de meter o pé para o seu quarto também, e eu me vi sozinha com Edward.

   Ele me olhou profundamente e fez um gesto com a mão para que eu me aproximasse. Sentindo um frio na barriga eu fui até ele, e seus braços me rodearam, me colocando em seu colo.

   Envolvi seu pescoço e deitei o rosto em seu ombro. Edward deu um singelo beijo em minha testa, e me abraçou mais forte.

- Amanhã eu vou para casa com Mel. – ele disse de repente.

- O quê? Por quê? – perguntei surpresa, levantando o rosto para olhá-lo.

- Bella, estamos praticamente morando aqui há dias. Eu tenho casa, e Mel tem que se acostumar a ela. Mas eu trarei aqui para você vê-la, se quiser... – falou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- É claro que eu quero... – murmurei. – Mel é a minha bonequinha.

   Edward sorriu, me beijando em seguida. Calmamente. Senti o arrepio percorrer a minha espinha, e segundos depois afastei nossos lábios.

- Bella...

- Me desculpe, eu... Eu não sei... – gaguejei. – Me desculpe por isso

   Edward suspirou, passando a mão pelos cabelos.

- Me diz o que está acontecendo. – pediu.

- Mas eu também não sei! – falei a verdade. – É confuso, eu ainda não tenho certeza... Mas logo saberei.

- Vai me contar o que é? – perguntou parecendo tenso.

   Engoli em seco.

   Conto ou não?

   Conto.

   Ou não.

   Ai droga, mas se eu estiver mesmo gráv... Com um bebê na barriga, ele é o pai.  

   Ai meu deus.

- Conto sim. – murmurei, tentando sorrir.

   Edward pareceu perceber minha tentava frustrada de parecer confiante e suspirou, sem dizer mais nada me deu um beijinho no rosto e foi para o banheiro do quarto tomar banho.

   Eu já estava de banho tomado, então apenas me enfiei dentro de uma camisola e me joguei na cama, me enrolando na coberta como se fosse um casulo. Minutos depois Edward me aparece só de cueca Box e deita ao meu lado, me puxando para o seu corpo.

   É um filho da mãe mesmo, querendo me atiçar...

- Edward, sem gracinha. – pedi baixinho.

   O ouvi rir, e ele assentiu. Deitei meu rosto sobre o seu peito e logo adormecemos.

(...)

   Alice andava de um lado para o outro na sala, parecendo prestes a ter uma síncope. Rose terminou de ajeitar o meu vestido no meu corpo, enquanto Alice murmurava coisas.

- Alice, agora não é hora de surtar, toma jeito! – Rose disse, pegando sua bolsa de mão.

- Eu vou morrer. – Alice disse pausadamente, encarando Rose profundamente com a expressão séria.

- Enquanto você ainda estiver viva, vai fazer o combinado. Entendeu?

   Alice bufou, pegando sua bolsa em seguida. Saímos do apartamento e fomos para o elevador. Edward, Mel e Nessie já nos esperavam no carro, no estacionamento.

   Quando eu fechava a porta, lembrei dos testes que estavam no banheiro. Dei um grito e voei para dentro de casa novamente. Corri até o banheiro e, sem olhar para os testes, os enfiei dentro da bolsa.

    Voltei para o corredor e Rose e Alice me olhavam em expectativa.

- Ainda não vi o resultado, vamos logo, estamos atrasadas! – falei, trancando o apartamento.

   Nós nos enfiamos dentro do elevador, enquanto eu já ouvia o celular tocar novamente.

   Edward querendo nos apressar.

   Nem atendi, deixei tocar.

- Rose, eu estou sem ar. – murmurei, puxando um pouco o vestido de mim.

   Céus, essa merda está apertando meu corpo inteiro, e eu sinto meus seios espremidos!

- Gravidez já nos faz ganhar quilos a mais, e você não fecha a boca um minuto. Acha que o vestido está apertado por quê?

- Eu ainda não sei se estou grávida! – falei, já sentindo os arrepios pelo corpo novamente.

   “Gravidez”. Eu ainda vou ter um troço só de ouvir essa palavra!

   Logo chegamos ao estacionamento e eu vi Edward encostado em seu Volvo, rindo de algo com Mel e Nessie.

- Finalmente! – ele disse assim que nos viu.

   Seus braços me rodearam, e ele deu um beijo estalado em minha bochecha.

- Você está linda. – murmurou em meu ouvido.

   Senti minhas pernas bambas e Edward me segurou, rindo. Logo Rose foi para o seu carro com Alice, e eu, Nessie e Mel entramos no de Edward.

   O caminho até a casa dos pais de Maria foi rápido. O casamento seria realizado lá, tanto a cerimônia quanto a festa. Assim que Edward estacionou o carro e saiu para abrir a porta para as meninas atrás, senti meu celular vibrar.

   Era uma mensagem de Rosalie.

   Pronta para o show? Hahaha. E trate de mostrar o resultado do seu xixi!

   Xoxo.

   É hoje que todo mundo morre.