Gato Vira-lata escrita por Bia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi apenas uma "pequena" introdução das coisas (tá, quase todo o primeiro capítulo de qualquer história é uma introduçãozinha =,D), ainda terá muitas coisas a serem explicadas (ou não), não subestime a história gente ^-^



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Corria apressado para pegar o metrô, antes eu ia à escola tranquilamente a pé, mas agora todos os dias eu teria que acordar um pouco mais cedo para conseguir chegar a tempo no metrô que era caminho do colégio. Sorte que naquele horário não tinha tantas pessoas, mas dali a alguns minutos as ruas estarão lotadas de pessoas apressadas como em um formigueiro. Só tive que me desviar de uma vez de um cara que se dirigia a direção contrária, para o píer da cidade. Peguei o metrô, depois andei duas quadras e finalmente consegui ver os três blocos de mármore cercado por grades negras luxuosas. Havia alguns alunos no pátio conversando, a maioria meninos. Respirei fundo e adentrei os portões.

Senti alguns olhares pousando sobre mim enquanto eu andava até o portão principal da escola, alguns faziam sinal de sussurro um para os outros. Tentei não ligar e seguir em frente, deveria ser só impressão minha. No momento que fui checar o relógio o sinal tocou bem a cima de minha cabeça, e fui cercado por centenas de alunos que enchiam os corredores. Fiquei meio perdido com aquele tumulto e quando eu dei por mim, o corredor estava quase vazio, tentar achar a minha sala não seria fácil. Senti algo cutucando minhas costas, virei e me deparei com uma menina meio baixa de cabelos ruivos compridos; presos em dois rabos de cavalo, um em cada lado da cabeça; usava óculos pretos redondos e vestia o uniforme feminino da escola: uma saia azul, com meias azul-marinho de cano alto; camiseta estilo marinheira branca com um laço azul e sapatos pretos. Ela me encarava com aqueles grandes olhos castanhos.

– Oi, você está perdido? Você é um novato, qual é sua turma?

Ela não perguntou se eu era mesmo um novato. Ela era tipo a presidente da turma ou algo assim?

– Estou no 3ª ano D – respondi sua pergunta.

– Ah, eu sei onde fica sua sala! É do lado da minha, é por aqui.

Ela se virou e foi andando na frente, como se nunca tivesse me visto. Andei atrás dela sem dizer nada, não sou muito bom em puxar assunto e era difícil conversar com alguém que mal olhava para o seu rosto. Subimos dois lances de escada, viramos à direita e do nada ela parou e apontou para uma porta de madeira ao seu lado. Ela ficou um tempo me encarando de cima a baixo, como se quisesse descobrir algo sobre mim só com aqueles grandes olhos que chegavam a serem meio assustadores. Eu já ia perguntar o que ela tinha, mas então ela ajeitou os óculos e falou.

– Essa é sua sala, e essa outra porta do lado é a minha, 2ª ano A. Meu nome é Kondo Emi e o seu?

– Yamazaki, Yamazaki Ren.

– Prazer, Yamazaki! A gente se vê no intervalo!

– Tá, e obrigado pela ajuda.

Ela se virou e entrou em sua sala. Menina bem estranha aquela ali. Suspirei e abri a porta da minha sala.



O Professor ainda não havia chegado, os alunos estavam todos espalhados pela sala de aula e de novo, começaram os olhares e os cochichos de alguns, os outros davam uma olhada depois voltavam a suas conversas. Tá sei que um aluno novo em pleno o meio ano letivo realmente costuma chamar a atenção, mas era um tanto vergonhoso do mesmo jeito. Escolhi uma carteira na ponta da segunda fileira, do lado da parede. Sentei-me e fiquei encarando o chão um tanto entediado, só para não ter que encarar as pessoas. Nunca entendi toda essa timidez, mas não é fácil para mim me socializar com as pessoas assim de imediato. Há gente que faz isso parecer tão fácil que fico impressionado. Mas parece que eu não precisaria fazer tanto esforço assim, um grupinho de meninas se aproximou de mim, fazendo aquelas séries de perguntas como “ De onde você veio?”, “Quantos anos?”, “Do que gosta de fazer?”, “Porque veio para cá?". Aliás, notei que naquela sala de 50 alunos, 40 eram meninos. Alguns deles também me encaravam e a maioria das meninas estava ali, ao redor de mim. Eram tantas perguntas que eu só consegui falar meu nome. Senti-me um imbecil, minha sorte foi que o professor chegou à sala e mandou todos sentarem. Parece que ele não havia notado que tinha um aluno novo.

Tanto fazia pra mim.

Na segunda aula alguém adentrou na sala sem bater. Era um cara que supus ser um aluno por vestir o uniforme masculino da escola: calças cinzas xadrez, sapatos pretos, camiseta branca com uma gravata azul-marinho, mas ele não usava o suéter da escola. Ele tinha os olhos da cor de seus cabelos castanhos, escuros espetados que chegavam até os ombros. Segurava a pasta escolar com a mão apoiada nas costas e tinha um sorriso de deboche no rosto, como se tudo fosse uma grande piada que ele acabara de contar. O professor notou a presença do aluno.

– Está atrasado, Kimura.

– Sério professor?! Sinto muito, devo ter perdido o horário – Falou Kimura com um tom de deboche.

– Como disse?! Quer levar uma suspensão, Kimura? – Ameaçou o professor levantando o tom de voz

– Acalme-se professor, só estava brincando – Disse Kimura, rindo e se dirigindo às carteiras dos fundos, com aquele inseparável sorriso que já estava começando a ficar irritante.

Kimura parou uma carteira antes da minha e me encarou por uns segundos, o que foi o suficiente para saber quem evitar no intervalo. Desviei o olhar para o meu caderno enquanto ele passava por mim, se dirigindo a sua carteira.

Foi só nesse momento que o professor pareceu me notar e falou:

– Ah, você deve ser o aluno novo, por favor, apresente-se.

Levantei-me e disse apenas meu nome, como se aquilo fosse explicar tudo sobre mim. Ele me deu boas vindas e pediu para a sala fazer o mesmo.

– Espero que tenhamos um ótimo ano letivo com o senhor presente, Yamazaki.

– Igualmente, professor.

Sentei-me novamente e o professor prosseguiu com a aula, e quase que imediatamente a porta se abriu e uma cabeça apareceu por ela.

– Posso entrar professor? Foi mal pelo atraso. – Desculpou-se a pessoa.

O professor não falou nada, apenas suspirou e fez um sinal com a cabeça para que o aluno entrasse em sala.

Este era só um pouco mais alto que Kimura, era loiro, seus cabelos rebeldes eram grandes o suficiente para cobrir suas orelhas. Seus olhos eram curiosamente de um cinza claro e de um azul saliente. Ele se dirigiu para a única carteira livre, uma perto da janela na terceira fileira. Foi estranho à forma como o professor tratou os dois alunos, e parecia que ninguém tinha notado a diferença de tratamento entre eles.

A aula prosseguiu normalmente sem mais intervenções até que o sinal do intervalo tocou. Os alunos começaram a sair de sala em direção a cantina do colégio. Fui seguindo o fluxo de alunos para aprender onde era o caminho da cantina. Os risinhos e cochichos das poucas garotas desse colégio me acompanhavam para onde quer que eu fosse, era bem irritante. Virei-me e trombei com alguém. Era aquela garota do 2ª ano que havia me ajudado a achar o caminho da minha turma.

– Ah, desculpe Kondo, estava distraído e não lhe vi.

– Tudo bem, eu estava mesmo te procurando, disse que lhe veria no intervalo, lembra?

– Ah, é mesmo... – Tinha me esquecido disso.

Entramos na fila, pegamos o almoço, quando fomos nos sentar não tinha muitos lugares vagos, então pegamos uma mesa para dois.

Ficamos um momento sem nos falar, apenas comendo. Até que decidi falar algo pra quebrar o silêncio.

– Então... faz tempo que estuda aqui?

Ela levantou o olhar, que antes estava concentrado na comida, e me encarou.

– Bem, eu entrei no começo do ano, mas e você? Quer dizer, não é normal alguém chegar no meio do semestre.

– Tive que me mudar, a nova casa era longe do meu antigo colégio.

– Entendo. – Ela virou a cara para um grupo de meninas de outra mesa que não parava de sussurrar e encarar feio para Kondo. Ela virou a cara novamente para mim, rindo um pouco – Já se adaptou ao ambiente?

– Nem um pouco – disse eu soltando um riso nervoso – Exceto algumas meninas que vêm falar comigo de vez em quando.

– É, parece que você é o assunto polêmico do dia entre as garotas – Ela inclinou a cabeça um pouco de lado para enxergar algo que devia estar atrás de mim – E de alguns garotos também.

Não entendi o que ela quis dizer, me virei para direção que ela estava olhando e vi, no tumulto de alunos, Kimura encostado na parede conversando com alguns caras, ele notou minha presença de longe, com uma mão ele chamou atenção do amigo do lado batendo em seu ombro e com a outra mão apontou para mim. Ele disse algo que fizeram todos começarem a me encarar e soltarem risos de deboches, enquanto Kimura me encarava com um olhar desafiador. Merda, o que é que eles estavam falando?

– O que você quis dizer com isso? – perguntei me virando de volta para a mesa.

– Nossa, dessa vez foi bem rápido, logo no primeiro dia... Se bem que as meninas também não perdem tempo mesmo. – Disse a menina suspirando, falando mais consigo mesma.

– Que?! Mas o que tá acontecendo?

Ela me encarava com um olhar de pena, como se ela, não, como se TODOS daquele colégio soubessem de algo que eu não sabia, e que mudaria minha vida ou algo assim. Eu já ia perguntar de novo o que diabos estava acontecendo, mas ela foi mais rápida.

– Quer mesmo saber? – Kondo nem deu tempo para eu responder – Para isso, preciso fazer uma pergunta crucial a você, que poderá te beneficiar ou não neste colégio. Se bem que isso depende muito de seu ponto de vista...

– Quer pergunta? Fala! – disse eu, já impaciente.

Ela respirou fundo e perguntou:

– Qual a sua opinião sexual?

Demorei um pouco para raciocinar a pergunta que tinham feito, me sentindo um idiota.

– Que?!

– Ah, você sabe, se você gosta de menino, ou de menina ou os dois...

– Eu sei o que quer dizer! Mas não é uma pergunta comum a se fazer pra alguém que acaba de se conhecer.

– Eu sei, eu sei, mas é que será mais fácil explicar se você me dissesse logo e...

– Explicar o que?

Ela ficou muda por pouco segundos, virou um pouco o rosto para a janela, que ficava do lado da mesa, que mostrava o pátio da escola lá fora.

– A história desta escola. – falou ela finalmente, ainda encarando a janela.

– Eu vou embora – Disse eu já me levantando.

– Não espera! – Disse ela segurando meu pulso. – Desculpe, fique!

– Só se você parar de fazer tanto mistério!

– Tá bom, tá bom.

Sentei-me de volta e esperei ela falar.

– Yamazaki, você já ouviu falar sobre esta escola antes de você vir pra cá?

– Não, eu morava no outro lado da cidade, então este lado não é tão conhecido por mim.

– Entendo. Bem, essa escola antes só os meninos podiam estudar aqui, só começaram a admitir as meninas ano passado.

– É por isso que aqui tem mais meninos do que meninas... Mas qual é o problema?

Ela mordeu os lábios.

– Bom, é que até antes dessa escola começar a admitir meninas, havia muitos boatos sobre os alunos daqui. Boatos de que quase todos os alunos dessa escola eram gays.

Ela ficou em silêncio por uns segundos, provavelmente esperando minha reação.

– Tá, mas como você soube desses boatos se você não estudava aqui até começo desse ano?

– É que eles não fazem questão de esconder isso, sempre ficam de mãos dadas na saída, até se beijam nos portões da escola ou até aqui dentro. Quem mora perto daqui, como eu, acaba vendo isso todos os dias. Só cego mesmo para não notar.

– E os professores deixam essas coisas acontecerem?!

– Não, a não ser que queiram se meter em encrenca, mas há alunos aqui que tão nem aí para isso e fazem do mesmo jeito. Há boatos que já fizeram coisas bem piores nos banheiros, salas de aula e laboratórios de química. Essa história já se espalhou por muitas escolas, e quando começaram a aceitar meninas aqui não mudou muita coisa. Então cada novato que chega aqui, as meninas ficam agitadas, quase rezando para que ele se interesse por elas.

Fiquei calado por uns minutos, repassando a situação em minha mente.

– Ok, então você perguntou minha opinião sexual porque, caso eu me interesse por garotas, serei infernizado por elas até o final da minha vida escolar. Mas caso eu me interessar por meninos, elas me deixariam em paz. É isso que tá querendo dizer?

– Você apenas descobriu um lado da história.

– Qual o outro?

– Bem, se caso você se interessar por meninos eles não vão ser que nem as meninas, tipo, ficar pegando no pé pelo resto da vida, mas há uns que se descobrirem que você é gay vão te perseguir.

– E quem são esses caras?

Ela apenas apontou com a cabeça para algo atrás de mim. Virei-me e avistei Kimura, ainda me encarando com um sorriso perigoso nos lábios.

– Tá me dizendo que ele persegue todos os gays dessa escola? – perguntei me virando de volta para ela, um pouco corado.

– Não são todos, ele só “persegue” aqueles que o atraem mais e bem, parece que ele gostou de você já que não para de te encarar...

Fiquei um tempo em silêncio, encarando-a. Tinhas algumas opções: eu poderia me beliscar para ver se eu estava dormindo e tudo aquilo não passaria de um sonho, ou poderia dizer que ela estava ficando maluca e sair dali, arrumar alguma desculpa pra não ouvir aquele papo de louco.

– Porque cê tá beliscando seu braço?

– Ah, nada não... – fiquei encarando os alunos ao redor do refeitório enquanto esfregava meu braço beliscado. Não havia nada de anormal, qualquer um julgaria que aqueles alunos não tinham nada demais. Mas dava para notar alguns olhares pousados em mim, tirando os de Kimura e de seus amigos. Todos de meninos e meninas.

– Então se todos sabem, porque só você quis me contar?

– Bem, primeiro de tudo, você mal começou a estudar nessa escola direito, mas acho que mesmo sendo seu primeiro dia de aula, acho que ninguém te contaria tão cedo.

– Por que?

– Bem, os meninos eu não sei, depende muito de cada um deles.

– Como assim?

– Ah, tem uns que acham que isso não é algo importante a se dizer, outros não contam porque querem ver quando você vai descobrir, acham isso engraçado...

– Ah, que receptivos!

–... Já as meninas não querem contar para você não achar que elas são um bando de desesperadas a procura de um garoto hétero.

– Mas é isso que elas são realmente.

Kondo riu, também comecei a rir. Nessa hora o sinal disparou indicando o fim do intervalo. Andamos juntos em silêncio até as nossas salas, aí ela se virou pra mim.

– E então, qual é a sua opinião?

– Como?

– Você prefere meninos.

Acho que corei um pouco nessa hora.

– Isso não foi uma pergunta.

– Não mesmo, até depois. – disse ela sorrindo, entrando na sala.

Fiquei parado por um momento encarando o nada até eu avistar os professores chegando, adentrei a minha sala.

                                               ***

As aulas passaram voando até que o sinal tocou. Peguei minhas coisas e saí apressado da sala de aula, não queria ter de encontrar Kondo, pelo menos não agora e não sabia o porquê, eu só queria um tempo pra pensar. Umas meninas me pararam por uns minutos querendo saber mais sobre mim, mas arranjei alguma desculpa de que eu estava com pressa e saí.

Não, eu não estava nervoso porque ela supôs que eu era gay, mas eu precisava de um tempo pra pensar, não só sobre a escola, mas em minha vida no geral. O que me frustrava é que não conseguia pensar em nada, seguia meu caminho até que meus pés pararam na frente do píer, o mesmo píer que eu havia passado hoje de manhã. A brisa fresca vindo do mar afagava meus cabelos e me tentava a chegar mais perto.

O céu estava laranja, misturado com o roxo que depois se tornaria azul marinho, dava para enxergar as primeiras estrelas se formando e sol dando espaço para a lua.

– Lindo, não?

Me virei em direção a voz me deparei com um alguém. Era o cara que havia chegado atrasado hoje na escola.

Eu não era baixo para a maioria dos caras da minha idade, mas ele era uma cabeça maior que eu.

Ele sorriu, me encarando com aqueles olhos bicolores, que me lembravam vagarosamente um gato. Quando eu era pequeno me disseram que olhos bicolores eram mais presentes nos gatos vira-latas do que os de raça pura. Até hoje eu não sei se aquilo era um boato, e também não sei porque lembrei disso tão de repente.

Ele continuou a olhar o horizonte e disse:

– Essa é a melhor hora para apreciar essa vista. De manhã também.

– Sim, realmente a vista é fascinante.

Também fiquei apreciando a vista por alguns segundos.

– Sabe, eu gosto de vir aqui, é tão calmo... Me faz esquecer um pouco a realidade.

– É... às vezes precisamos fugir um pouco dela, não é?

Ele não respondeu. Ficamos assim por um tempo, por isso que eu estranhei quando ele começou a falar.

– Acho que esse é o único lugar onde sinto essa tranquilidade, venho para cá desde quando eu era um moleque.

– Ah, esse lugar deve ser bem especial para você então...

– Você não conhecia este píer, certo?

– Como sabe?

– Venho aqui todo o dia e nunca te vi por aqui, pelo menos até hoje de manhã.

Eu já ia perguntar como ele tinha me visto, já que de manhã passei pelo píer e não notei nenhum aluno por lá. Então lembrei que havia esbarrado em um cara quando eu seguia o percurso da escola hoje de manhã, lembrava vagarosamente que ele usava o uniforme da escola.

– Ah me desculpe, não notei que era você...

– Sem problemas.

Ficamos mais um tempo sem dizer nada, só me toquei da hora quando vários pontos brilhosos cobriam o céu. Quase dei um pulo.

– Tenho que ir! O metrô deve está lotado a essa hora! – falei já começando a  correr.

– Espere, mal sei o seu nome...

– Yamazaki Ren!

– Nekojima Mikio, prazer, até amanhã!

‘Nekojima’... ‘Neko’... aquilo era uma piada, certo?

Mas eu não tinha tempo para rir do nome do cara.

Consegui pegar o metrô já bem lotado, milagrosamente achei um banco livre e sentei. Fiquei repassando as coisas que tinham acontecido durante o dia e suspirei.

– Vai ser um longo ano... – disse. Ainda bem que ninguém pareceu escutar.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (^3^)/