Dia dez de Dezembro de 2012

De : Eduardo A.

Para: Leitor

Naquela noite não consegui dormir direito, foi uma emoção e tanto, meu primeiro dia de férias foi maravilhoso, fiquei com meus amigos, fui a lugares que não tem graça ir sozinho, enfim, foi incrível, nunca tinha tido uma experiência assim,  o resto da semana “pelo incrível que pareça” foi normal, dormi tarde, acordei muito cedo, fui ler, depois dormi, acordei e fui jantar e fui pro computador, nesse meio tempo meu celular tocou, Oliver estava me ligando, estranhei, ele quase nunca liga pra ninguém, não hesitei e atendi, ele estava com uma voz meio rouca, por esse motivo e pela ligação com sinal péssimo, que quase não entendi o que ele estava falando.

- Oi Oliver

- Oi – respondeu o mesmo

- O que aconteceu assim de diferente pra você me ligar ? – Houve um silêncio e depois ele respondeu

- Sexta é meu aniversário, e eu acho que vou fazer uma festa, quer vim venha

- Não entendi, repete por favor – a ligação estava chiando e a combinação com a voz rouca do Oliver me fez não entender nada

- Deixa de ser lerdo, para de ser débil por favor – falou com tom de repugnância na voz depois gritou – SEXTA EU VOU DAR UMA FESTA SE VOCÊ QUISER VIM VENHA, DEPOIS NÃO DIGA QUE NÃO AVISEI,XAU – e desligou o telefone.

Fiquei meio sem entender, o Oliver dando uma festa, e me chamando?, ainda não tinha entendido o Oliver dando uma festa?, me surpreendi, então liguei pra Helena pra perguntar se ela ia, ela disse que sim, então perguntei se poderia ir com ela, ela também disse que sim, então marcou comigo as oito, fui para o computador, e entrei  nas redes sociais, depois desliguei o computador e fui dormir. Deu a sexta feira, e como no dia do shopping, foi normal até a hora de sair de casa, cheguei as sete e meia na casa da Helena, e quem em atendeu foi a mãe da mesma, ela me disse que a Helena estava terminando de se arrumar e já ia descer, depois de uns vinte minutos a Helena chegou a sala e me chamou para irmos para festa do Oliver, não estava muito diferente, um short jeans escuro, uma blusa de SOAD, e uma camisa de manga longa quadriculada, vermelha e branca, eu tinha tentado mudar um pouco, coloquei uma camisa preta, uma calça jeans escura e coloquei meu sapato vermelho, a Helena achou estranho, até eu me sentia estranho usando aquilo, mas enfim naquela hora não era tempo de decidir se estava ou não confortável, ia na minha primeira festa de verdade.

- Vamos – chamou Helena.

- Claro – respondi a mesma

Entramos num Taxi e ela indicou o endereço, quando o taxi parou, pagamos e descemos na frente de uma casa grande, dois andares, o segundo andar completamente lindo, completamente cheio de vidro, nas janelas, na sacada, e todas estavam enfeitadas com fitas multicoloridas, a casa também tinha uma piscina que estava cheia de pessoas, pensei que estivessem bêbadas, logo mais meus palpites iriam se comprovar, a festa estava realmente animada, tocava músicas altas, as quais eram eletrônicas, Helena e Eu não ficamos mais esperando, entramos logo e o Oliver estava na porta, ao nos ver sorriu.

- Chegaram, seus atrasados – falou o Oliver, também achei que ele estava bêbado, pois estava muito “legal”, e também estava muito animado

- O trânsito estava horrível  – explicou a Helena

- Ah, entrem logo tá tudo ótimo – e ao falar isso nos apontou a entrada, parecia um arco e também era de vidro, se olhasse para o chão se via sujo, com tintas neon, já se deu pra perceber que ninguém estava  sóbrio, vislumbramos o Rolf, estava dançando parecia um esquizofrênico, nos aproximamos dele, e ele não estava só, perto dele tinha chegado uma menina com os cabelos loiros escuros e com os olhos com um tom de verde que me fez ficar impressionado, sempre adorei pessoas com olhos verdes, estava dançando também parecia uma esquizofrênica, quando nos aproximamos eles pararam o Rolf falou algo que eu não entendi, mas percebi seu bafo de álcool, estava com um copo com uma bebida meio verde transparente na mão, dei oi para a menina e ela respondeu, tinha voz suave mas não muito fina nem muito grossa, voz mediana, perguntei seu nome e ela respondeu gritando e pulando:

-LUCY, MEU NOME NOME É LUCY E O SEU ?

- O MEU É EDUARDO – também respondi gritando senão ela não entendia

-TUDO BEM COM VOCÊ  EDUARDO ? – ela me perguntou

- SIM E VOCÊ ?

- CLARO, COMO NÃO ESTAR BEM NUMA FESTA ASSIM?, VOU ALI PEGAR ALGUMA COISA PRA EU BEBER – e ao dizer isso se direcionou a uma mesa onde tinha bebidas e comidas.

- Quem é essa Rolf?, perguntou a Helena para o Rolf

- Sei lá conheci ela hoje, deve ser amiga do Oliver – respondeu o Rolf -  Vocês vão ficar assim mesmo ?

- Assim como – perguntou a Helena

- PARADOS – gritou o Rolf, ao dizer isso a Helena, tomou o copo da mão dele, e começou a dançar, me separei deles, pois não gosto de beber nem nunca bebi, nem gosto de dançar, fui andar pela casa pra conhecer melhor, passei pela piscina e tinha muita gente na piscina, todos pulando e gritando, no momento que cheguei perto da piscina uma menina saiu da mesma, ela não era muito grande acho que chegava um pouco menos do meu ombro, estava usando uma blusa preta com sangue e só consegui identificar algumas palavras e logo formulei a frase na minha cabeça, i’ll eat your brain, devia ser fã de filmes de terror, ou de séries do mesmo gênero, sei lá, estava com os cabelos molhados, eles eram grandes, e chegavam mais ou menos no meio das costas, usava calça jeans rasgada em algumas partes da perna e estava descalça pois estava na piscina, esbarrei nela sem ver, pois estava concentrado no segundo andar da casa do Oliver, tinha adorado a casa dele.

-Ai – gritou ela

- Desculpe, não vi, desculpe – disse pra mesma

- Tá ok – disse ela olhando pro chão

-Qual seu nome? –perguntei

- Lana, e o seu ?

- Eduardo – respondi, quando ela olhou pra mim senti algo diferente que nunca tinha sentido por ninguém continuamos a conversa por pouco tempo porque o amigo dela chegou

- LANA – gritou o mesmo, estava com uma blusa de The Pretty Reckless, um jeans e um sapato azul

- Oi Miguel – falou a mesma quando ele se aproximou – esse é o Eduardo amigo do Oliver!

- Oi – falou ele- Sou Miguel como vai  ?

- Bem – respondi a ele

- Lana, tão chamando a gente lá no segundo andar vamos ? – disse ele pra amiga

- Claro – e ao dizer isso se dirigiu a mim – Te vejo depois – e foi embora com o Miguel, quando ela se virou tinha percebido que tinha algo de especial nela, que ninguém nunca teve, ou que pelo menos eu nunca senti.

- Eduardo – gritou a Helena – tá fazendo o que ai?, vem pra cá – terminou ela, olhei pra ela e pedi pra esperar, já que a tal de Lana estava no segundo andar decidi ir lá também , quando estava subindo dei de cara com a Lucy e o Rolf na escada, encostados a um canto e do nada se beijaram, olhei pra eles e subi porque afinal queria falar mais com aquela garota, subi uma escada em espiral, confesso que fiquei meio tonto depois de ter subido aquilo tudo, ao chegar lá vi que tinha vários quartos todos estavam fechados exceto o banheiro e a varanda, tinha muita gente lá, todos estavam espremidos, não entrei afinal odeio lugares com muita gente, fiquei fora tentando encontrar a Lana, depois de um tempo resolvi entrar, me espremi entre eles e cheguei a sacada de vidro, observei aquela paisagem, olhei pra baixo, a piscina com luzes coloridas, os arbustos logo abaixo da sacada com as mesmas luzes, tudo estava lindo, nesse momento teve uma onda de espanto, não tinha percebido nada de diferente, exceto por um baque, olhei pro lado e vi que tinha um menino caído nos arbustos no momento pensei que ele tivesse tropeçado nos arbustos, mas depois todos começaram a falar que ele tinha caído da sacada, desci as pressas para ver se ele estava bem, cheguei lá, levei-o para uma cadeira mais próxima e perguntei seu nome, ele disse que era Nicolas, quando levantou a manga da blusa vi uma tatuagem daquele gato de Alice no País das Maravilhas, era em um tom de azul, perguntei se ele estava se sentindo bem, ele disse que a perna estava doendo muito, então o Oliver tinha chegado nesse momento e pedi pra ele chamar uma ambulância, toda festa tinha parado, então não deu trinta minutos e a ambulância tinha chegado, não fizeram muitas perguntas porque o Nicolas estava aos berros de dor, mas eles tinham desconfiado que não tinha nenhum maior de idade naquela festa, a festa não voltou a normal no mesmo momento, demorou um tempo, Helena, Rolf e Lucy tinham parado de beber, muitas pessoas saíram da piscina, e todas desceram pro térreo, não se via mais ninguém no segundo andar exceto Lana e seu amigo Miguel, os dois tinham permanecido lá mesmo depois do acidente acho que não estavam com medo, resolvi subir mais uma vez agora decidido a falar com ela, quando ia subir vi que a Lucy e o Rolf estavam abraçados, no momento achei que eles iriam namorar depois, mas depois o Rolf me contou que não tinham nenhuma possibilidade deles ficarem juntos, pois ela gostava realmente do Oliver, então subi e fui pra sacada a garota estava sentada ao chão conversando com seu amigo, pedi licença e dei oi pros dois, Miguel disse que ia pegar algo pra beber e saiu, então falei com ela

- Oi de novo – disse

- Oi – disse ela

- Então, você fica aqui mesmo depois de ter acontecido o acidente ?

- Gosto daqui – respondeu ela

- Também gostei daqui – disse a ela

- Adoro essa música – disse ela, a primeira música lenta que tinha tocado na festa

- Aqui me da mais confiança – disse pra ela, as vezes repenso que aquela música também me deu mais confiança pra dizer o que eu tinha que dizer pra ela – então... eu gostei de você – disse pra ela e a mesma sorriu – é sério, nunca senti por alguém o que eu estou sentindo por você, sei lá é algo estranho – continuei

- É, a pessoa nunca consegue explicar o que sente, os sentimentos foram feitos para serem sentidos não para serem explicados- e ao dizer isso a mesma me beijou e abri meus olhos e vi que seu amigo Miguel estava olhando e pela sua face tinha  percebido que não tinha gostado nada do que tinha visto, passei o resto da festa na sacada com ela, e depois ela me disse que ia embora nos beijamos mais uma vez e ela se foi com o amigo no banco de trás de um carro preto, a Helena subiu e me chamou para ir embora também, me despedi de todos e agradeci ao Oliver por ter me convidado e pedi o contato do Nicolas pra saber se ele ficou bem depois de ser atendido, pegamos um taxi e a Helena passou o caminho inteiro perguntando quem era ela e etc..., respondi mas não disse tudo porque tinha chegado na casa dela, ela desceu  e me deu boa noite, dei boa noite pra ela também e segui para casa, o motorista ligou o rádio e sintonizou em uma rádio que não sabia qual era, começou a tocar uma música que descreveu tudo que eu estava sentindo no momento, encostei minha cabeça ao vidro e fui assim até chegar em casa, quando chegou paguei e entrei, bebi um copo de água e fui pro meu quarto, deitei na cama com aquela roupa mesmo, tirei o sapato e me cobri com o lençol, fiquei pensando naquela garota, naquela festa, naquelas pessoas, naquela sensação, dormi e no outro dia acordei com dor no pescoço, mas foi a melhor dor do pescoço da minha vida.