Minha Aurora Boreal escrita por Trevor Boots


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Tenho que agradecer a Dez pessoas que fizeram meus momentos especiais, me apoiaram e me inspiraram.
A Anah, Brendha, Eduardo, Nicolas Vivian
André Izabela, Gabriela Ramiro,
E a Você, que leu esta história até o final.



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Dia Primeiro de 2013

De: Eduardo 

Para: Leitor 

  Hoje é primeiro dia do ano de 2013, me sinto maravilhado, 2012 ainda não acabou pra mim, foi um ano perfeito e não acabará nunca, pelo menos pra mim. Então tenho muitas promessas para esse ano, mas nem terminei de cumprir as do ano passado ainda, meio que sei lá, acho que essas metas e essas promessas do ano novo são fúteis, ninguém acaba as cumprindo de modo nenhum, não falo por vocês, mas falo por mim, todo fim de ano é a mesma coisa, pessoas que não falo a séculos vem me dar um feliz ano novo, não gosto de coisas clichês, mas muitas pessoas dizem, “Deviam mudar o nome do ano novo pra falsidade”, pelo simples fato de: pessoas que você não fala ou sequer olha, te desejam felicidades como se ainda gostassem de vocês, mas tirando isso ano novo pra mim é a melhor comemoração sempre. Quando eu era pequeno, ia com minha família pra praia, e meio que virou mania pra mim, ou um “símbolo”, ano novo pra mim é comemorado na praia, se for em outro lugar como um salão de festas não é ano novo, apenas uma comemoração com queima de fogos como trilha sonora.

  Esse ano minha mãe vai passar o ano novo na igreja, depois que virou evangélica vive na igreja, meu pai vai ter que acompanhar, ela queria que eu fosse, mas tinha avisado que ia pra praia com meus amigos, estava realmente animado com isso, ia passar o último dia do ano novo com eles, e por nenhum outro motivo.

  Ontem passei o dia todo escolhendo uma roupa pra noite, depois da queima de fogos ia ter um show com DJ na tenda eletrônica, fui cortar meu cabelo que estava tenebroso, limpei meus sapatos, e arrumei meu quarto, queria começar o ano organizado pelo menos. Depois de tudo, me sentei na cama, perto da escrivaninha onde estava minha máquina de escrever que meu tio me deu de presente a observei por um longo tempo, passei a mão entre as teclas, coloquei algumas folhas, pensei um pouco e comecei a escrever.

De: Eduardo

Para: Leitor

Trinta e um de dezembro de 2012

Olá, me chamo Eduardo, pensei que pudesse me compreender, mesmo sem saber quem você é, apenas estou escrevendo pra gastar tempo, e para desestressar, ultimamente tive umas dores de cabeça, e até um desmaio, meus pais me levaram ao médico, ele recomendou um Raio X, depois de ter feito o tal exame, voltamos a ele, que pediu pra me atender sozinho, então fui, ele me mostrou dois nódulos que eu possuía no cérebro, perguntei a ele se era câncer, ele me disse alguma coisa que eu realmente não prestei atenção, então eu lhe perguntei se isso tinha alguma coisa a ver com minhas visões que eu tinha, ele me pediu pra falar um pouco mais dessas visões, e eu as descrevi, ficava tudo frio, não importa o lugar que eu estivesse, começava a nevar as vezes, eu sentia a neve, eu sentia o frio, então estava em lugar totalmente diferente, uma montanha, um rio... e então eu avistava uma aurora boreal, e ela levava embora tudo que eu estava sentindo, como se fosse um sugador, só permanecia as coisas boas, e se eu estivesse feliz, ficava mais ainda. Então ele me disse algo que eu achei engraçado, ele me disse que não era câncer, então perguntei o que era, ele disse que era dois “anjos” que habitavam minha cabeça, e tinham uma missão, só sairiam quando eles a cumprissem, disse que eu faria coisas, sentiria coisas, e disse que quando eu ficava feliz eles ficavam felizes, se eu ficasse triste eles ficavam tristes, de primeira assim, não acreditei, até fiquei com raiva, pois pensei que ele estivesse brincando comigo, mas então depois de pensar um pouco eu resolvi acreditar, e estou acreditando até hoje, tirei minha conclusão de uma coisa, quando estou com dor de cabeça, e penso, falo ou vejo os meus amigos, toda dor de cabeça passa, se realmente existem anjos, eles ficam felizes quando eu vejo meus amigos, pois sou feliz com eles, mas enfim hoje é o último dia do ano e não sei bem como será 2013 pra mim, como 2012 não vai ser, eu aposto, esse ano foi um ano de várias descobertas pra mim, fiz novos amigos, e fui a festas de verdade, então 2013 pode ser melhor ou ser pior, mas nada comparado a esse ano. Bem, não sou de falar muito sobre mim sabe, mas já que você não existe, não está aqui pra me falar de você, não tem como compartilharmos coisas novas. Até Logo.

  Depois de escrever essa “carta”, me deitei um pouco e pensei um pouco sobre mim, e percebi uma coisa, mesmo sabendo que não iria escrever outra carta, ou não, não escrevi um Adeus, não gosto de despedidas, não gosto de Adeus, por isso sempre uso um Até Logo, mesmo que eu não for escrever novamente. Acho isso interessante.

  Ainda deitado, peguei meu livro novo, e o terminei, último livro de 2012, agora é só esperar pelo primeiro de 2013. Depois de ler fiquei meio sem saber o que fazer, ainda estava muito animado por causa da praia mais tarde com os amigos, mas ainda eram uma hora da tarde e ainda iria ter oito horas pra tentar fazer alguma coisa. Depois de quase criar raízes no chão, tentei sair um pouco de casa, fiquei andando pela rua, admirando as casas do quarteirão, uma coisa que eu nunca tinha feito, estava andando lentamente, não tinha pressa, tinha deixado o telefone em casa, não queria ser incomodado, era um momento só pra mim, queria aproveitar, me desligar do mundo, apenas levei meu ipod para ficar ouvindo músicas, a playlist estava realmente tirando uma da minha cara, só tocava baladas, que são músicas lentas, onde a pessoa expressa seus sentimentos, resolvi mudar um pouco, e coloquei as eletrônicas, entre elas claro, a minha música preferida até o momento, e pra sempre, Just One Last Time, acho que nunca iria parar de gostar dessa música, foi num momento mágico que a ouvi pela primeira vez, não parava de olhar pro céu, pras nuvens, pras árvores, estava realmente entorpecido, como se tivesse usado drogas ou anestesia, mas enfim, depois de algum tempo resolvi voltar para casa, e essa minha “caminhadazinha” pela rua, durou uma hora e meia, então quando voltei para casa já era três da tarde, e fui ver TV, minha mãe vendo novela,meu pai do lado da mesma e eu me sentei do lado dele. A novela era realmente chata, e eu fico pensando, será que no EUA as novelas e programas de TV são mais legais?, e eu mesmo me respondo, “Deve ser”, algum dia penso em morar lá, mas algum dia depois que eu me formar e ter dinheiro pra ir, e voltar quem sabe. Depois da novela minha mãe saiu da cozinha, então meu pai foi atrás dela na cozinha, então a TV era toda minha, fui mudando de TV, não passava nada interessante, até que coloquei em um canal onde só passavam comerciais, esperei um pouco até os mesmos acabarem, então começou uma série, era a série musical que o Rolf sempre acompanhava, era até que legalzinha, eu assisti um pouco e gostei, mas não tava no clima pra ver aquilo, então mudei o canal e estava começando um filme chamado “Avatar”, que ganhou Oscar de alguma coisa, não lembro bem, mas era legal, então resolvi assistir, na metade do filme fui pegar pipoca pra terminar de ver. Depois que o filme acabou era cinco horas, então fiquei animado novamente, faltava só quatro horas pra me encontrar com o pessoal na praia, em frente a padaria, fui jantar e depois fui pro computador, o tempo passou rápido, quando eu percebi, já eram oito horas, e alguns minutos, então tomei banho e me troquei, aquele banho foi o mais demorado do ano, pois eu tinha essa mania de “primeiro banho do ano” e “último banho do ano”, então são os mais demorados. Enfim depois do banho troquei minha roupa e liguei pra Lana, pra perguntar se ela já estava pronta. 

Depois de pegar o taxi e chegar na casa da Lana, peguei o elevador e subi, toquei a campainha e a mãe dela abriu, disse que ela estava se trocando ainda, então pediu pra eu me sentar no sofá e esperar, então eu me sentei e esperei até ela terminar de se arrumar, depois de não muito tempo ela apareceu no corredor, e sorriu pra mim, eu sorri de volta, e então sentou do meu lado no sofá me deu um beijo e me chamou para irmos, então eu concordei com a cabeça, a mãe dela perguntou como íamos, eu falei que íamos de taxi, e ela apenas disse “Guarde seu dinheiro, eu deixo vocês lá”, então fomos até a garagem esperar ela tirar o carro.

  Ela nos deixou na frente da padaria, enquanto o trânsito estava fluente na área ainda, então chegamos lá e encontramos o Rolf e a Lucy, de mãos dadas, fomos até eles, enquanto andávamos aquela brisa gélida típica de praia cortava nossos rostos, quando a Lucy nos viu, abriu um sorriso que dava pra ver até de costas. Fomos até eles, apertei a mão do Rolf, a Lucy me abraçou e abraçou a Lana e disse:

- Não acredito gente – respirou e continuou – vou passar meu ano novo com vocês, vai ser o melhor ano novo da minha vida – respirou mais uma vez – eu aposto.

O Rolf apenas sorria, eu sorri também, sempre soube como a Lucy era, e esse jeito dela era o que fazia ela legal, então fomos nos sentar, depois de alguns minutos conversando sobre a vida, o Oliver apareceu, veio até nós e disse algo como “Só vocês pra me tirar de casa a noite pra vim pra praia” e todos sorrimos, logo após a Helena apareceu, mas não sozinha, de mãos dadas com o tal de André, tinham voltado a namorar, e ela tinha perdoado a Gabriela, e elas tinham voltado a ser amigas, e depois de falar isso a Gabriela vinha ao nosso encontro sorrindo, tinha falado que tinha achado um cara bonito, acho que a Helena ficou aliviada, então ficamos conversando e depois fomos até o local do show, que era realmente longe, andamos por mais ou menos meia hora, e então chegamos a tenda eletrônica, onde tinha sido montado um palco com um espaço pro DJ, sentamos em uma mesa, enquanto tocava algumas músicas de MPB, bebemos algumas coisas e enfim deu onze horas, eu sempre fico nervoso as onze horas, sempre acho que o ano novo irá me surpreender, então o tempo passou rápido, onze e meia, onze e quarenta, onze e cinqüenta, onze e cinqüenta e cinco, onze e cinqüenta e oito, e enfim onze e cinqüenta e nove, fomos até a areia, perto do mar, onde estava cheio de gente, quando o animador que estava no palco começou a falar “Atenção pessoal faltam exatamente quarenta segundos pro ano novo” depois de algum tempo ele falou novamente “Dez” e todos começaram a fazer a contagem regressiva, todos gritavam, “Nove, oito, sete, seis” e então tudo ficou em câmera lenta pra mim, “Cinco, quatro”, tudo parecia estranho, não cai na real que o ano ia acabar, “Três, Dois”, tudo parou, todos com as mãos para cima, na minha cabeça só tocava uma música, igual ao dia da festa neon, Just One Last Time, eu sabia o que iria acontecer logo mais, “Um”, então todos se abraçaram, todos se beijaram, todos desejavam feliz ano novo, entre si, a Lana me beijou, a Lucy beijou o Rolf, Helena e André, foi quando avistamos a Vivian e o Nicolas que se juntaram a nós e nos desejaram feliz ano novo, Helena veio me abraçar, e me desejou feliz ano novo, enquanto pessoas davam os sete pulinhos no mar, outros jogavam flores para deusa das águas, outros estouravam espumantes, então tudo parou novamente, estávamos todos de mão dadas na frente do mar, todos olhavam pro céu, onde se via uma aurora boreal, o arco-íris multicor de sempre, então a Lana foi sugada até ela, depois a Helena, depois o Rolf, Oliver, Vivian, Nicolas, Gabriela, Lucy, André, todos se foram, apenas eu fiquei, me senti com uma angustia que pensei que nunca acabaria, queria ser levado pela aurora boreal também, queria ficar perto dos meus amigos, então que eu entendi a verdadeira missão dos “anjos”, eles queriam me mostrar que eu não consigo ficar longe dessas pessoas que mudaram minha vida, dessas pessoas que são tudo pra mim, eu não me vejo longe deles por isso que os anjos me mostraram como seria, é uma sensação horrível, então depois eles voltaram um por um, e então eu cai em mim, mais uma vez, estávamos todos realmente juntos, perto um do outro, olhando o mar, vendo a queima de fogos, os fogos coloridos, chuva de ouro, eram todos lindos, eram quinze minutos perfeitos, então todos nos abraçamos, a Lucy começou a chorar e eu me segurei para não chorar também, o Nicolas me desejou feliz ano novo, o abracei e então beijei a Lana mais uma vez, e mais uma vez e mais uma vez, não queria parar de fazer isso nunca, não queria me ver longe dela nunca, nem longe deles, longe de ninguém. Minhas dores de cabeça tinham parado, logo conclui que os “anjos” tinham ido embora, já que a missão deles tinha sido completada, foi quando tiram os sapatos e os celulares, deixaram na areia, e correram pro mar, fui arrastado por todos, entramos no mar com roupa mesmo, minha camisa branca, ficou transparente, e minha calça jeans ficou meio pesada, então depois saímos do mar, e fomos para o show, onde o DJ já tinha começado a tocar, algumas músicas internacionais, por pedido da platéia, que estava lotando a área, então ficamos lá até o show terminar até as cinco da manhã, por todo lado que você olhava via jovens bebendo e dançando, sinto pena deles, ninguém precisa beber pra se divertir, o chão cheio de garrafas, então depois nos despedimos, dei ano novo a cada um novamente, e a Lana me pediu pra dormir na casa dela mais uma vez, já estava cansadíssimo, então aceitei, aconteceu a mesma coisa da outra vez, depois me despedi e voltei pra casa, desejei feliz ano novo a meus pais e subi para meu quarto, me deitei na cama e pensei em várias coisas do ano passado, o meu dinheiro foi uma delas, parei pra pensar em quanto dinheiro gastei só em taxi ano passado, e esse ano vou andar mais de ônibus, outra coisa foi na escola, vou cursar meu segundo ano, vai ser mais corrido, por causa dos simulados, das provas, dos horários inversos na escola, pensei em várias outras coisas, pensei no conselho do meu psiquiatra sobre ser escritor, pensei sobre o que escrever, e tive uma idéia, pensei em tanta coisa.

  Esse ano de 2013 será realmente corrido pra mim, não terei tempo de fazer quase nada, e depois daquele dia pensando sobre o fato de ser escritor, fui até uma editora perto do trabalho dos meus pais, e eu vou fazer um curso antes de começar a escrever, meu curso termina na metade do ano, esse ano não vou ter tempo para te escrever, eu sinto muito, será muito corrido ao ponto de só poder ver a Lana aos fins de semana. Não quero que isso soe como um adeus, até porque não gosto de despedidas, mas que soe como um até logo ou um te vejo depois.

Até Logo. 

Eduardo A. Oliveira



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