Minha Aurora Boreal escrita por Trevor Boots


Capítulo 17
Capítulo 17




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Dia Trinta de Dezembro de 2012

De: Eduardo

Para: Leitor 

Nunca tinha pensado em ser escritor, mas depois daquele dia, foi como se aquela idéia tivesse ficado fixada na minha mente, sabe?!

 Cheguei em casa naquele dia com aquilo na cabeça, será que eu podia ser escritor?, será que as pessoas comprariam ou leriam minhas obras?, será que ia dar certo?, isso me deixou intrigado pelo resto do dia, não fiz nada além de sentar na cadeira e não parar de olhar para a janela, enquanto pensava sobre isso, e lembrando do que meu psiquiatra me disse depois que avaliou meu texto, meu desenho e meu questionário.

- Gostei do seu texto Eduardo, você sabe explicar tudo detalhadamente, de modo que desse pra entender qual é a sensação exata, foi um texto pequeno, mas eu gostei – deu uma pausa, e continuou – seu desenho ficou ótimo, não sei o que falar sobre ele, e o seu questionário me fez perceber uma coisa...

- O quê? – interrompi

- Que você escreve tão bem descreve tudo perfeitamente que chega a um certo ponto que você não percebe, porque é seu jeito de escrever, você nasceu pra escrever, Eduardo. Cada frase de resposta me passou uma passiva perspectiva sobre sua vida, como se fosse um filme e eu fosse o expectador sentado na poltrona assistindo-o enquanto como pipoca e tomo refrigerante.

Depois que me falou isso, fiquei sem ação, até ele me avisar que o tempo já tinha acabado e então me levantei, retirei-me da sala e fui até a escada onde ele pediu pra eu esperar, me falou “Pense no que eu te disse” concordei com a cabeça e ele falou mais uma vez “Caso queira ajuda, estou aqui” concordei mais uma vez com a cabeça, então não me segurei fui até o mesmo e o abracei, e o disse algo como “Você é o melhor amigo que uma pessoa pode ter” e ele apenas sorriu, então desci as escadas e voltei pra casa.

Fico realmente pensando, se eu fosse escrever, se eu fosse escritor, sobre o que eu escreveria?, vampiros, zumbis, lobisomens, anjos, demônios?, pois era disso de que a sociedade estava cheia, pessoas só liam livros de coisas paranormais, eu gostava mas não muito, não sei, então era sempre a mesma história, uma garota inocente se apaixona por um menino no colegial, ai depois descobre que ele é um vampiro, ou um anjo ou um demônio, convive com o mesmo, o namora, pede pra ser transformada no mesmo ser que ele, ele nega, diz que não pode, diz que não se perdoaria, e no final ela acaba virando o mesmo ser que ele, e lutam contra o mal, depois vivem feliz para sempre, com um filho ou uma filha, não sei se um feliz para sempre ajuda, mas quem sabe, então, ou talvez posso escrever sobre uma distopia, uma utopia quem sabe, ou sobre um adolescente que se apaixona por uma menina num hospício, pois é tudo isso que faz sucesso nos tempos de hoje, até que são legais as histórias, são realmente legais, mas não sei se terei criatividade pra escrever uma parecida, ou pra começar e terminar um livro, se eu começar não sei se termino, mas tem gente que realmente tem criatividade, e que realmente sabe o que escrever, podia escrever sobre minha vida, mas quem vai querer ler sobre a vida de um adolescente em crise que tem visões de uma aurora boreal que ninguém sabe o que é, nem mesmo ele, daria tudo pra descobrir o que são essas visões que eu tenho, mas realmente não sei o que significa, não me passa nenhuma mensagem como a música Just One Last Time, tentei entender, tentei interpretar em minha cabeça o que realmente significava, mas não dava, era impossível, pelo menos pra mim, não sei se meu psicólogo tinha alguma resposta, então voltei a falar com ele, e ele apenas disse pra esperar, as dores de cabeça ficavam mais freqüentes, ficavam piores chegavam a me fazer ficar tonto, eram horríveis, então em plena quinta feira enquanto descia as escadas o pior me aconteceu, a dor de cabeça me atingiu mais uma vez e dessa vez eu desmaiei, meus pais estavam na sala então me socorreram, me levaram pro hospital, acordei enquanto ainda estávamos no carro perto do estacionamento, minha cabeça parecia explodir, era uma sensação horrível, não desejo pra ninguém, então entramos, fomos atendidos logo porque segundo a enfermeira era um caso urgente, não via urgência numa dor de cabeça, mas então fomos a sala do médico onde ele começou a fazer um interrogatório perguntou como eram, onde se localizavam as dores, e se eu estava sentindo-as ultimamente, eu respondi tudo, e então ele nos pediu pra fazer um raio x, pra ver se tinha alguma coisa, assim fomos até a ala de raio x e esperamos numa demorada sala de espera, fiquei vendo TV enquanto jogava no meu telefone pra descontrair, então chamaram meu nome, fui com minha mãe, mas só eu pude entrar, então deitei numa cama e eles tiraram as fotos da minha cabeça, eles falaram que dentro de quarenta e cinco minutos seria chamado no mesmo médico, então atravessamos o hospital mais uma vez, então passou quarenta e cinco minutos e nada, depois de uma hora e quinze minutos de espera me chamaram então eu pedi pra entrar só, assim pedido, minha mãe e meu pai entenderam, então fui, quando me sentei ele estava abrindo um envelope com um papel diferente dentro, preto, que eu sabia ser o do raio x, então ele apenas disse, “Sente-se Eduardo” me sentei e ele ficou observando a imagem na parede onde tinha uma espécie de caixa só que rasa, onde ele colocava as folhas do papel do raio x e onde tinham luzes, para ficar mais visível, e eu enfim olhei, e deu pra observar duas manchas brancas perto do cérebro, fiquei apreensivo não podia ser o que eu imaginava, o médico estava calmo, viu que eu estava começando a ficar nervoso e ele tentou me acalmar, pediu para eu ficar calmo, tentei, e depois de um tempinho consegui, ele falava pausadamente e calmamente:

- Eduardo, esse aqui é seu raio x, não quero que se preocupe com eu vou lhe dizer...

- É câncer doutor? – interrompi – se for, fale- me logo

- Pedi pra ficar calmo.

- Será que isso tem alguma coisa haver com as visões? – pensei alto de mais e o médico acabou me ouvindo.

- Fale-me mais sobre essas visões – fiquei meio tímido mas acabei contando tudo pra ele, falei que fui num psiquiatra e etc... depois ele disse – Então tudo está explicado Eduardo

- Tudo explicado? Como assim? – perguntei

- Você tem dois anjos na cabeça – falou, fiquei indignado que numa hora dessa esse doutor fosse tirar brincadeira comigo, ele continuou – Você não está calmo Eduardo, fique calmo.

- Não dá, estou com duas coisas na cabeça e você vem me dizer que são anjos? – disse meio irritado

- São anjos, olhe como eles brilham – e apontou para o quadro na parede onde estava meu raio x – veja

- Brilham por causa da luz, mas não é nada além de dois tumores, eu sei doutor.

- Você está enganado, eu lhe disse que são dois anjos em sua cabeça e vou lhe explicar o por quê – deu uma pausa, e continuou – você foi presenteado com esses dois anjos, e você pode sentir coisas que ninguém sente, ver coisas que ninguém vê, como essa aurora boreal que você me contou, você pode observar, e como esponja absorver o que observou, então tudo que você absorve fortalece seu anjo e cada vez ele fica melhor e mais feliz, e ele está em você com um propósito, que você descobrirá logo mais, não te garanto que seja coisas boas, pode ser alguma coisa ruim, , mas se você ficar feliz ele fica feliz, se você fica triste ele fica triste.

- Já pode parar de me tratar como criança e assumir que eu tenho dois tumores doutor

- Você não entende?, essa aurora boreal é fruto dos anjos, meu filho, eles querem te mostrar algo com ela, algo que você não descobriu antes, algo que você nunca sentiu antes, que quando descobrir vai ser quando a missão deles em você acabará e eles saíram de você.

- Ok doutor, Ok – falei meio indignado e saí da sala

- Não conte a seus pais, se fizer algum exame eles podem sofrer e lembre-se eles são você, se eles sofrem você sofre, por isso as dores de cabeça

Saí da sala falando a meus pais que estava tudo bem, que era só enxaqueca e com uns remédios passava, então no carro vim pensando no que o médico tinha me dito, será que era verdade, será que eu realmente descobri porque tinha essas visões, será que tinha acabado o suspense?, se fosse realmente verdade eu ainda não sabia a missão dos dois “Anjos” em minha cabeça, sentiria coisas que nunca senti, viveria coisas que nunca vivi, o que poderia ser?, será que é um trocadilho bobo do médico ou será que é apenas o que realmente irá acontecer? 


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