Dia vinte e três de Dezembro de 2012

De: Eduardo

Para: Leitor

Fiquei paralisado depois que ela me perguntou aquilo, soltei até a mão dela, não porque eu quis, mas foi algo que eu não pude controlar, então eu fiquei sem resposta, não sabia o que dizer, não era uma pergunta qualquer era um “Dorme aqui em casa hoje?”, acho que a Vivian não teria coragem de me pedir aquilo, então a Lana olhou pra mim novamente e perguntou mais uma vez “Dorme aqui em casa?”, e eu perguntei a ela algo como “Sua mãe não vai se importar?”, não lembro muito bem, pois estava falando por impulso não porque eu queria, então pelo que eu lembre ela disse “Não, ela não liga”, então eu não pude negar isso a ela, disse que iria, então nos levantamos da areia, nos limpamos e fomos andando até seu prédio, pois era perto da praia, o trânsito já estava fluente, claro, já era cinco e meia da manhã, então fomos até seu edifício, chegando lá, pegamos o elevador e subimos, assim que chegamos no seu andar, saímos do elevador e a mãe dela estava saindo de dentro do apartamento, estava usando uma roupa formal, ia trabalhar, não sabia que a mãe dela trabalhava nos sábados, então ela nos deu “Oi”, e a Lana só falou uma coisa, “Mãe, o Eduardo vai dormir aqui em casa, ok?”, e eu me surpreendi com a resposta da mãe dela, ela só disse, “Ok”, e depois terminou falando “Eu só volto as cinco, até lá vocês tem a casa toda pra vocês”, e soltou um sorrisinho, fiquei ali parado sem reação, não sabia que a mãe dela era tão liberal, e antes da porta do elevador fechar ela disse, “Deixei dinheiro pro almoço em cima da geladeira” e o elevador se fechou e desceu, então eu falei com a Lana, disse algo como “Sua mãe é sempre assim?, liberal?” e ela respondeu “Sempre foi”, então eu dei um sorrisinho de lado pra ela, e entramos, quando entramos perguntei onde eu iria dormir, e ela respondeu sem demora “No meu quarto, claro”, então eu fiquei parado novamente, eu sabia muito bem o que podia acontecer, nós sozinhos no quarto dela, sozinhos até as cinco da tarde, então fomos, liguei pra minha mãe pra avisar, mas acho que ela não ouviu bem, pois só concordava, então depois ela voltou a dormir, pelo que eu presumo, então desliguei o celular, e me sentei na cama de casal que tinha no quarto da Lana, e a mesma entrou no quarto e veio até mim, e me beijou não parou de me beijar, então tirei meus sapatos, com o pé mesmo, então ela se jogou contra mim, e caímos deitados na cama dela, ela sobre mim, não paramos de nos beijar, então começou a acontecer o que eu presumia, a mão dela passou sobre minha camisa, e quando eu me deparei já estava sem, depois de um tempinho ela também, eu acho que não fui eu que tirei, não me lembro bem, o efeito do álcool poderia estar me afetando agora, não me lembro de quase nada, então depois a mão da mesma veio ao encontro da minha calça, tirou meu cinto e depois estava despido sem a calça, depois de um tempinho aconteceu minha primeira vez, sim foi aos quinze anos, com a pessoa que eu mais gostava no mundo, foi como eu queria, não igual a esses meninos que fazem com qualquer uma, acho que só é bom por causa do amor, não só pelo prazer, então depois dormimos, e quando eu acordei estávamos pelados em sua cama, eu e ela, com as cobertas sobre nós, ela estava me abraçando, acho que dormiu assim, quando eu acordei, coloquei minha roupa, e acho que eu a acordei, então ela fez o mesmo, e então ela perguntou se eu queria tomar um banho, e me deu uma toalha, e eu fui, depois quando voltei, ela disse que eu podia ligar a TV e esperar ela terminar de tomar banho, assim dito, liguei a TV e não passava muita coisa legal na mesma, então olhei as horas, eram duas da tarde, depois de não muito tempo, ela voltou, e então fomos almoçar num restaurante que tinha na frente do seu prédio, depois ela me chamou pra andar pela praia mais uma vez, então fomos, andamos penso eu que muito, e quando estávamos voltando, encontramos o Nicolas, a Vivian e mais um Garoto, ela estava de mãos dadas com ele, igual a mim e a Lana, então paramos pra falar com eles, cumprimentei o Nicolas, e o garoto, e dei apenas um “Oi” pra Vivian, não porque não queria falar com ela, mas não ia abraçar-la com o namorado ali por perto, presumi eu, que era seu namorado, e depois se comprovou, sentamos com eles por um tempinho, a Lana conversava com a Vivian, e eu estava falando com o Nicolas, perguntava a ele coisas como, “Sua perna ta melhor?” e “Quando vai ter uma próxima festa”, depois da segunda pergunta ele riu um pouco, e ele me perguntou coisas também como “Ela é sua namorada?” e disse “Eu percebi desde da festa que você estava gostando dela”, e passamos um pouquinho de tempo com eles, depois a Lana me chamou pra voltarmos e eu a acompanhei, dei tchau pro Nicolas, e para o resto do pessoal, e fomos, chegando no elevador, ficamos sabendo que ele tinha quebrado, com duas meninas lá dentro, a Lana foi perguntar quem eram, e o porteiro disse que eram a filha do síndico, e a amiga dela, as meninas das risadas bobas, então a Lana voltou comigo até a escada, e disse:

– Achei bom, elas ficam de brincadeira no elevador e agora tão presas – e depois deu uma risada, não ri, pois não achava que isso era coisa pra se desejar a outra pessoa, mesmo que elas não fossem suas amigas, mas não comentei nada, ela podia achar que eu estava defendendo as outras, depois de subirmos quatro andares de escada, cheguei lá em cima exausto, ela abriu a porta do apartamento e ficamos vendo TV por um tempinho, ela colocou no canal de músicas, e você não imagina que música estava tocando, Just One Last Time, essa música vinha me perseguindo ultimamente, e me persegue até hoje.

Destino, será que tinha alguma mensagem na música?, depois de um tempinho resolvi voltar para casa, já estava ficando tarde, e eu acho que minha mãe pensou que eu tivesse morto, então voltei pra casa e quando saía do apartamento me deparei com a mãe da Lana saindo do carro, ela me abraçou e perguntou “Aproveitaram?”, e eu apenas sorri, acho que a Lana ia contar mais tarde o que aconteceu a mãe, elas eram muito unidas, pareciam irmãs, então por isso acho que ela contaria, se ela contasse, não ia me preocupar, não fiz nada de errado fiz tudo “certo”, como meu pai me disse pra fazer, então..., depois de falar com ela, peguei um taxi, e cheguei em casa, e como eu disse minha mãe me disse “Já estava fazendo tuas malas, pensei que tivesse se mudado” e depois riu, eu não ri, estava cansadíssimo, mesmo ter dormido todo aquele tempo, então subi e dormi mais um pouco, minha mãe perguntou se eu tinha almoçado eu disse que sim, então ela fechou a porta do quarto e eu consegui dormir, depois de um tempinho acordei com minha mãe me chamando, o Rolf estava lá em casa, me surpreendi, ninguém nunca ia lá em casa, com exceção da Vivian, então eu desci e chamei ele pra ir pro meu quarto, e ele subiu, e me contou da noite dele com a Lucy, me falou que quando saíram eles tinham ido pro mesmo parque que ela me levou, e eles passaram o dia conversando, então eu contei a ele de mim e da Lana, e então ele se surpreendeu, ele me perguntou como tinha sido eu disse que tinha sido perfeito, como todo mundo sempre quis, então pedi a ele pra não contar pra mais ninguém, e ele disse que não ia, e então o telefone dele tocou, e o toque por incrível que pareça era Just One Last Time, ele disse que era a Lucy chamando ele pra sair, e eu disse pra ele ir, e ele foi, então não esperei mais nenhum segundo, entrei no computador e peguei a letra da música pra traduzir, então achei alguns trechos que me tocaram, como:

Esse é o fim

Mas eu não consigo ir embora de você

Essa é a beira da paciência

Mas você provará você mesma para mim

Você ainda drena minha alma

Apesar de machucar eu consigo ir devagar

Muros estão se fechando eu eu atinjo o chão

Com um eco de "Não há amanhã" em minha mente

Apenas uma última vez

E então entendi o verdadeiro significado da música, só queria mais uma última vez, só queria fazer tudo mais uma vez, “com um eco de não hã amanhã em minha mente”, temos que viver o agora, não vou ligar pro passado, nem vou pensar no futuro, quero viver o hoje, pois amanhã posso não acordar, amanhã posso sofrer varias decepções, mas se o hoje foi bom, pra mim vai valer a pena.

Daqui a uns dias é o natal, queria passar com a Lana e com meus amigos, mas minha mãe diz que natal é pra se passar com a família, não acho que isso seja uma obrigação, mas vou ter que viajar, odeio viagem de família, sempre tem aquelas tias chatas, e como vocês sabem ficam fazendo piadinhas sem graças, ainda bem que não são todas, e tenho trilhões de primos, e a casa da minha avó vai ta cheia de criança, criança chorando, criança brincando, criança brigando, alguém me socorre por favor, mas o importante de tudo é que eu gosto do natal estando onde eu estiver, natal pra mim, representa um clima que não sei explicar, como se tudo fosse perdoado por uma só noite, todos os problemas fossem esquecidos, como se a gente entrasse no paraíso por um dia só.