Invisible Girl escrita por Edson Esperança


Capítulo 1
A chegada no inferno




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E eu, menina ingênua, que pensava que passar o resto de minha vida com a minha mãe alcoólatra enquanto meu pai esta preso seria a pior coisa que poderia me acontecer, pelo visto estava enganada, pois ninguém quer ser a novata estranha do ensino médio, já to até vendo as piadinhas sobre mim, só de pensar nisso já entro em um tipo de colapso nervoso, mas o que eu poderia fazer afinal, minha mãe é alcoólatra, meu pai foi preso por roubar um carro e meu padrasto tem problemas com drogas – “eita família boa essa” – a única pessoa boa da minha família é a minha avó, mas nem ela me quer por perto, com esses problemas, que garota poderia pensar em beleza?!, nessa altura do campeonato eu já estava com cara de mulher de 20 anos, tive que amadurecer forçadamente, aprender a me virar sem a ajuda da minha mãe, eu trabalho em um restaurante no final da rua, pois se eu não trabalhasse seria obrigada por minha mãe a virar uma prostituta, e acredite, ser prostituta é a ultima coisa que eu quero ser.
Daqui a dois dias, estarei no novo colégio fazendo o ensino médio, já posso até sentir o cheiro das lagrimas dos nerds, o suor dos atletas e o perfumes das patricinhas, isso tudo me dá enjoo, já posso enxergar as briguinhas sócias, as fofocas, os apelidos e etc. Afinal, isso se chama ensino médio.
Por mais que eu odeie esse tipo de pessoas, eu daria tudo para ser umas daquelas patricinhas malvadas do ensino médio, que só fazem estalar o dedo e tem todos ao seus pés, poder conseguir qualquer menino que quisesse, por mais inquietante que isso seja, eu adoraria ser assim, pelo menos por um dia, até porque sempre fui a menina mais estranha de todos os colégios que eu já passei, o único namorado que eu já consegui arrumar foi um tal de Lucas – o menino loiro que todas as meninas cobiçavam - do 6° ano do ensino fundamental, no final de tudo descobri que ele era gay e estava me usando para dar uma de machão com os seus amigos, a partir daquele dia eu me prometi que nunca mais pensaria em relacionamentos de novo, e eu com certeza vou cumprir essa promessa.
Hoje foi mais um daqueles dias normais, fui trabalhar de manhã, voltei para casa, minha mãe tentou me estrangular de novo, tudo ocorreu “perfeitamente” normal hoje, minha mãe me trata como se eu fosse a única parede que separa ela da fama, não posso culpa-la, afinal, quem vai querer uma garota de 16 anos problemática!?
A única coisa que eu quero fazer o resto do dia é ir para o terraço do meu prédio, pois lá é o único lugar onde eu esqueço todos os meus problemas, um lugar só meu, onde ninguém pode me aperriar, a não ser que tenha a chave da porta. Quando acabo de subir as escadarias me deparo com a porta aberta e vejo um menino ruivo logo no meu canto, olho para ele e pergunto:
– O que você faz aqui? – digo-lhe em um tom de raiva
– Eu perguntei do porteiro se tinha algum lugar calmo por aqui, e ele me indicou esse terraço, por mais esquisito que seja ele é ainda mais calmo do que aquele parque – Diz ele suavemente. – E você, o que faz aqui?
– Bem, esse é meu lugar, espero que você respeite, pois você está em cima dele.
– Oh, desculpa, não sabia que esse lugar significava tanto pra você
– Não, tudo bem. – Respondo-o
– Bom, meu nome é Carlos e o seu?
– Clara.
– Acho que vou deixa-la sozinha então – ele se vira, fecha a porta e some.
Então eu fico lá, com raiva do porteiro por ter dado uma copia da chave do meu local para aquele novo morador do prédio, mas a única coisa que penso em fazer é ficar ali sentada no chão, esperando o tempo passar, minha mãe a essa altura deve estar louca atrás de mim lá em baixo, mas eu me permito passar mais alguns minutos aqui em cima.
Quando me dou conta ouço um estranho cantar de um pássaro, não acredito que dormi ali no chão, minha mãe já deve estar louca, quando estou me levantando pra sair dali ouço uma voz:
– Você quase me matou de susto ontem garota.
– Olha, veja quem está sóbria, finalmente né dona Laura? – Digo-lhe isso quase furiosa.
– Quando você vai começar a me chamar de mãe? – Diz ela em um tom mais calmo.
– Quando minha “mãe” parar de tentar me matar. – Digo-lhe em um tom irônico.
Passo correndo por ela, desço as escadarias, corro pro meu quarto e fico lá o dia inteiro deitada, sem comer, sem tomar banho, sem pensar em nada, a única coisa que faço é dormir, pois amanhã começará o inferno, ainda não estou preparada para as aulas, ainda não.


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