Face Your Fate escrita por Lella


Capítulo 1
Capítulo único




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Já não há retorno mais”

“Você me enganou...” a acusação que sussurrei pairou por alguns instantes. “Eu confiei em você, e você me enganou!” Eu não podia mais suportar aqueles olhos azuis cheios de ódio que faziam eu me encolher. Havia tanta frieza naqueles olhos que era impossível dizer que pertenciam a um ser humano. “É o anjo um demônio?

“Não pense que estou com alguma paciência pra você, Christine” o demônio disse entre os dentes.

Céus, como toda essa tragédia se enrolou tão fácil em minha vida? Como que aquele em que eu confiava me traiu daquele  jeito? E ainda prejudicando todos que eu mais amava, pessoas que nem ao menos sabiam o que estava acontecendo. Pessoas que não mereciam. Meu melhor amigo de infância, uma amizade eterna que durou apenas um verão, mas que agora se revelou ser minha paixão. Meu amante. Tentando me salvar, ele acabou preso nas mãos  daquele maníaco.

O demônio tinha uma corda em mãos, e na outra extremidade, preso ao portão e a ponto de ser em forcado, estava Raoul. O olhar dele gritava para mim. Ele estava ali para dar a própria vida por mim. Mas eu não podia permitir um sacrificio. Uma vida por uma liberdade? Não. Eu não podia fazer essa escolha. Não suportaria causar qualquer mal. 

 “Faça sua escolha!” berrou furiosamente o demônio, ameaçando terminar de matar o jovem visconde, que tentava engolir seu gemidos de dor.

RAOUL! – eu queria poder correr para perto dele e distribuir-lhe mil beijos, entregado sua liberdade e secando as lágrimas que ele derramava agora mesmo tentando segurar.

Eu queria poder dizer que ele estava livre e que seríamos felizes. Que teríamos nossas vidas juntos como prometemos.

Mas eu continuava olhando para ele explicando que não havia como os dois escaparem ilesos daqui. Com os olhos, continuamos com os  pedidos desesperados. Mas como eu podia fazer o que ele pedia? Eu nunca teria capacidade de dar a vida dele para comprar a minha. Eu me mataria antes de feri-lo. E ele sabia disso, por isso partilhávamos aquele olhar desesperado. Ele tentava me convencer a agarrar minha oportunidade de ser livre, mas eu ignorava, pedindo desculpas enquanto me afogava uma última vez naqueles olhos de mel.

Eu permiti que  o  peso daquela me fizesse desabar no  chão. Minha voz saiu estrangulada.

“Deixe-o ir” as lágrimas escorriam sem qualquer controle “Eu escolho você, mas pelo amor de Deus, deixe-o ir”. Ergui a cabeça, sentindo que a terra iria abrir debaixo de mim.

Não havia nenhum sorriso nos lábios deformados do demônio, mas seus olhos brilhavam enquanto ele saboreava sua vitória e zombava de nós por isso.

“Está ouvindo esse som, minha doce Christine?” perguntou ele, de repente “Seu amiguinho evocou uma multidão”

Olhei de esguelha para Raoul, que parecia estar quase desmaiando com aquela corda fazendo tanta pressão no pescoço, mas ele sustentava a cabeça na minha direção com o rosto a batido e cheio de lágrimas silenciosas. Raou., Raoul... Mantenha-se consciente, por favor...

“Eu já te escolhi!” choraminguei, sem o olhar. “Porque não o solta agora?”

“Que tal esperarmos que aqueles selvagens que estão vindo por ali o façam?” provocou, soltando a corda, mas Raoul ainda estava amarrado nas grades.

“Por favor...” implorei “Ele está fraco e sangrando”

O monstro apenas saiu da água com passos furiosos e me chacoalhou pelo braço, por cima de seu ombro eu podia ver Raoul já inconsciente e pálido. Sua vida estava sendo sugada porque ele veio tentar me salvar. E eu precisava ser salva porque havia feito coisas estúpidas. Mas ninguém merecia algo tão terrível como destino quanto o que eu estava ganhando. De qualquer jeito era tudo culpa minha, e agora eu estava destinada a passar o resto da minha vida infeliz ao lado de um assassino.

Eu ofegava, enquanto o braço em que o demônio apertava parecia que ia explodir. “Vamos logo, garota imprudente”

“Deixe eu cuidar dele antes que eu não o veja nunca mais...” pedi me sentindo patética.

“Não” rugiu, agarrando um candelabro e destruindo um dos espelhos, revelando uma passagem escura. Não tem tentei resistir quando ele me arrastou para dentro daquele túnel úmido.

Por favor, querido Deus, rezei, que Raoul sobreviva!

“Para onde estamos indo?” indaguei, e não recebi resposta. “Podemos ir ao menos um pouco mais devagar? Estou quase tropeçando nos meus próprios pés”.

“Cale-se!” esbravejou. “Maldita”

Eu olhei novamente para o demônio, tentando achar nele qualquer traço que eu tivesse conhecido há anos atrás. Nada. Sequer um ser humano. Nunca que aquilo poderia ter sido meu anjo da música alguma vez. Anjos não feriam seus protegidos, anjos da música não gritavam coisas tão horríveis para suas pupilas.

Funguei, resignada.

Uma vez, o que parecia  fazer muito tempo, eu acreditei que aquele era o anjo que papa prometera enviar, o  anjo que  viria  me  salvar. Mas então eu descobri que o anjo era um homem, e não tinha asas emplumadas e brancas como as que apareciam em meus sonhos. Ele era apenas um homem. Porém, aquela criatura a minha frente sequer parecia sentir algo. Não era mesmo um ser humano. Ele era uma carcaça de rosto e alma deformada, era horrível e merecia a morte. Um monstro que não era digno sequer do meu desprezo.

Ele sorria com o sofrimento das pessoas.

Ele parou, passando suas mãos nuas pelo meu rosto sem realmente tocá-lo. Eu tentei me retrair, mas de alguma forma ele me segurava. E então, ignorando minhas lágrimas salgadas, ele me beijou.

Um demorado toque de lábios.

Eu queria  ter escolhido me  afastar com nojo, empurrá-lo para longe e gritar com ódio. Mas  ainda estava petrificada com a mudança chocante que minha vida tinha tomado,  e nada fazia  sentido o suficiente para que eu me manisfestasse

Ainda assim minhas lágrimas escorriam enquanto eu tentava compreeender o porque de meu destino cruel.

“Você é minha agora”


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