Megan

Sério mesmo, eu não sei por que me abri com ele. Eu não sou esse tipo de garota que sai por aí fazendo pose de coitadinha por qualquer coisa. O fato de eu ser adotada não é triste! Afinal, eu tenho uma vida ótima! Mas sei lá, quando eu o vi sorrindo daquele jeito, como se me entendesse mesmo sem ter ouvido a história...

Ele me dá uma sensação de conforto.

Já estava anoitecendo então eu fui embora da casa de Lia junto com os meninos. Eles se ofereceram para me deixar na porta de casa. Eu ri e disse que não precisava.

Não queria que eles descobrissem que eu moro na “rua dos famosos” e que sou filha de um dos melhores diretores atuais. Para entrar na minha rua temos que nos identificar. É como se fosse um condomínio. Como eles sabem que eu moro ali, obviamente nem pedem minha identificação. Lia também, praticamente mora ali então ela já é conhecida, mas os meninos... Seriam barrados, identificados e revistados. Acho que é obvio que eles perceberiam alguma coisa, afinal, não são tão lerdos assim!

Chego em casa cansada e no caminho para a cozinha, escuto uma conversa e uma voz que me parecia familiar... PAI! Ele voltou! Começo a correr e quando o vejo, me atiro em seus braços.

Ele havia ido fazer uma de suas muitas viagens para gravar as cenas do seu próximo filme.

–E aí filha! Como acha que foi no exame hoje? – Ele pergunta se afastando do abraço.

–Muito bem! – Respondo sorrindo. Ele ergue as mãos para eu bater nelas. Eu rio e bato. – Vou tomar um banho! – Digo subindo as escadas.

Meu pai não é daquele tipo que quando vem para casa depois de uma viagem de trabalho, se atira no sofá e fica vegetando, não dando bola para quem está ao seu redor. Acho que pelo fato do trabalho dele ser “divertido” e é algo que ele ama, ele chega em casa disposto.

Sabe, mesmo estando longe quase sempre, ele é muito mais presente que muitos pais que trabalham na cidade mesmo. Por exemplo, os pais da Lia. Eu não consigo entender como ela consegue ser tão responsável com os pais longe dela praticamente 24hrs por dia. Eles saem cedo de casa e só chegam à noite quando Lia já está na cama.

Não estou falando que eles não a amam! Muito pelo contrário! Só digo que eles são ausentes.

Terminei o banho, ponho meu pijama e vou para baixo falar com meus pais sobre o jogo de amanhã.

–Papai... – O chamo enquanto me sento na mesa para jantar. Ele olha para mim já sabendo que eu queria algo. Eu rio. – Não, não é nada disso... Só quero saber quando você vai voltar para New York...

–Volto quinta-feira de tarde. – Que alívio. – Por que quer saber, filha?

–É que amanhã vai ter um jogo de basquete lá na escola, eu e Lia vamos assistir e depois vai ter uma festa. Eu só queria saber por que se você fosse amanhã eu não ia. – Me explico.

–Ah bom... Sendo assim eu vou amanhã. – Ele diz sorrindo para mim.

–Pai! – Falo indignada, mas rindo. – Eu já tenho 16 anos, acho que posso ir a festas... – Digo tentando fincar uma ervilha com meu garfo.

Acordei e já era uma e meia. Dei um pulo da cama e fui correndo para o guarda-roupa, pegar alguma coisa útil para vestir em um jogo de basquete E em uma festa.

Estava praticamente impossível porque ou eu pegava uma roupa muito arrumada ou uma muito chinelona, até que eu achei um vestido azul marinho. Vesti-o e coloquei uma jaqueta de couro por cima e meu All Star preto.

Liguei para Lia e perguntei onde ela estava. Ela disse que saia de casa então eu pedi para que ela passasse aqui antes, assim poderíamos ir juntas. Desci para a cozinha e encontrei meus pais almoçando.

–Bom dia, dorminhoca! – Minha mãe fala me dando um beijo na testa.

–Bom dia! – Respondo cumprimentando meu pai e pegando uma maçã na fruteira. – Lia está passando aqui em casa para irmos ao jogo... Vou voltar tarde da festa, não me esperem acordados. – Disse rindo e saí de casa.

Sentei no meio-fio e comecei a pensar no dia de ontem.

Quando eu cheguei ao prédio de Lia e vi os meninos parados em frente à porta do apartamento dela e minha amiga só de calcinha, a primeira palavra que veio em minha cabeça foi: FUDEU.

Acho que a minha situação era um pouco melhor que a dela, mas minhas pernas estavam de fora também...

–Fala aí desleixada! – Lia diz rindo e se senta ao meu lado.

–Fala aí cachinhos dourados! – Rimos. – Vamos? – Pergunto me levantando.

–Ah qual é, falta muito tempo ainda. – Ela fala erguendo-se ao meu lado. - Tua mãe fez bolo, quem sabe a gente não pega um pedaço antes de ir?

Dito e feito. Pegamos um pedaço do bolo e fomos comendo no caminho.

Nosso colégio fica há uns dois quarteirões da minha casa. Não demora muito para chegarmos lá. Assim que entramos pelo portão, vimos a quantidade de gente que foi assistir o jogo, a maioria da nossa escola obviamente.

Fomos para o ginásio, e assim que entramos, estava praticamente vazio. A maioria do povo estava do lado de fora. Só os jogadores conversando. Eu olho para Lia e ela dá de ombros. Assim que volto minha cabeça para frente, vejo Colin e Chase acenando para nós. Sorrio e vou em direção deles. Lia me segue um pouco atrás. Assim que chegamos, nos cumprimentamos.

Assim que vou abraçar Chase, ele dá um abraço um pouco mais apertado e pergunta:

–Tudo bem, pequena?