Fairy Glitter escrita por Anny Taisho


Capítulo 9
Mistakes




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Mistakes

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Olá minhas queridas...

Essa foi uma coisinha que fiz no domingo de Páscoa, sabe, eu sempre imagino como deve ter sido a vida do Gildarts e Cornelia. Eu acho que foram felizes apesar de tudo, mas infelizmente sem um happy end.

Boa leitura...!

Gildarts Clive X Cornelia Alberona

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Naquele dia, sua esposa havia lhe dado um ultimato. Ou ele passava a trabalhar menos, ou não precisava voltar. Ela afirmou que não precisava de um marido apenas alguns dias do ano e que se ele não estivesse disposto a crescer, podia dar as costas para nunca mais voltar. O jovem Clive apenas sorriu, sempre tinham aquele tipo de discussão, se bem que daquela vez havia algo diferente nos olhos dela.

Infelizmente, era jovem demais para notar. Na verdade, quase vinte anos teriam de se passar antes que Gildarts fosse capaz de desvendar o que havia escondido nos olhos violeta determinados de sua esposa. Naquele dia apenas riu despreocupado e a prendeu em um abraço de urso dizendo que jamais poderia viver sem ela. Passaram a noite toda juntos, mas antes de amanhecer, ele tinha que ir.

Havia um mundo inteiro a sua espera. Cornelia o havia conhecido em uma missão, era uma maga também, sabia que no fundo ela o compreendia. Era muito mais forte do que podia controlar. Missões normais já não eram capazes de satisfazê-lo. Todas tão simples que nem dava graça. Olhou para a casa que dividiam com um sorriso nos lábios, sabia que por maior que fosse a raiva dela ao acordar, passaria. Receberia todos os xingamentos e objetos que seriam atirados quando voltasse dali algum tempo com prazer.

Cornelia sabia que não importava o quão longe fosse ou quanto tempo passasse afastado, no final, sempre voltaria para ela.

E Gildarts sabia que ela esperaria...

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Quase um ano depois ao colocar os pés na pequena vila em que escolheram para ter uma casa, o Clive não podia se conter tamanha a saudade. Cornelia era tempestuosa, a mulher mais bonita que conheceu e com certeza a que mais bebia, era escandalosamente forte enquanto maga e tinha os olhos mais interessantes. Ela vinha de família cigana, o que talvez explicasse um pouco a obliquidade de seu olhar...

Foi se aproximando da casa de pedra e estranhou o fato do jardim frontal estar tão mal cuidado, a esposa gostava tanto de flores. Ignorou o fato e juntando toda a força de vontade que tinha bateu na porta rezando para que ela não se desfizesse, a ultima coisa que precisava era irritá-la mais.

Bateu uma, duas, três, quatros vezes, mas infelizmente o pedaço de madeira não se mexeu um milímetro. E foi então que a vizinha ouvindo o barulho saiu de sua própria casa e se apoiou no muro baixo para falar com ele.

- Cornelia-san não mora mais aí, Gildarts.

- Nani? – o homem sabia que a conhecia, mas simplesmente não lembrava-se do nome –

- Ela foi embora já faz quase um ano.

- Como? Como assim? Para onde ela foi?

- Não sei, cerca de uma semana depois de sua última visita ela arrumou as coisas e avisou que estava indo. Desculpe.

Dito isso, a mulher se afastou com um olhar de pena diante a expressão desolada que o homem sustentava na face.

- Deveria procura-la, Cornelia-san vai precisar de você.

Oh... Aquelas palavras seriam um tapa na cara do velho mago muito anos a frente, mas ali não significaram muito. Com um pouco de força empurrou a porta e encontrou a casa empoeirada e sem vida. Caminhou por todos os cômodos a procura dela, não podia ser verdade, sua Conny não iria embora, ela jamais o deixaria.

Claro que não! Aquela mulher só podia estar louca, a esposa só devia estar fazendo uma missão e estaria de volta logo, tudo o que tinha que fazer era esperar alguns dias. Ela o esperou por tantas vezes, dessa vez seria ele a esperar!

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Um mês se passou antes de Gildarts aceitar que Cornelia não voltaria mais.

Simplesmente não podia acreditar que ela o abandonou, ele tinha saído na surdina sim, mas ela sabia que ele voltaria. Sempre voltava para ela. Não importava o quão perto da morte chegasse, jamais se deixou abater por ela. Sempre com a lembrança de seus olhos de ressaca.

Sim, era assim que podia descrevê-los. Eram como uma manhã de ressaca no mar, conturbados, perturbadores, mas incrivelmente belos. Naquela noite límpida de verão, o coração do grande mago mais forte da Fairy Tail se partiu. As palavras dela naquela noite martelaram em sua cabeça, nunca acreditou que poderiam ser verdade. Nunca se quer cogitou que ela seria capaz de abandona-lo.

Por que foi isso que ela fez vilmente! Ela o abandonou! Pisou nos votos de casamentos que fizeram depois de um trabalho que quase os matou! Por incontáveis anos do final de sua juventude alimentou uma raiva imensa daquela mulher e seus olhos de ressaca.

Foi embora daquela pequena vila no meio da madrugada mesmo, deixando aquela casa com suas malditas recordações para trás. Se ela não queria que ele voltasse, estava feito, não voltaria jamais.

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Depois disso, o Clive caiu em uma onda de alcoolismo e promiscuidade. Procurando em cada corpo, olhar e cabelo sua amada Cornelia. Não admitiu isso para si mesmo até muitos anos mais tarde quando a empáfia e turbulência da juventude o abandonaram, deixando apenas a experiência. Foram anos escondendo lágrimas atrás de risadas e raiva atrás de missões cada vez mais perigosas.

Tornou-se imprudente, afinal, não tinha mais para quem voltar.

Afundou-se na dor até não restar nada daquele amor, até os anos com a inconstante Cornelia não passarem de vultos em suas lembranças. Talvez, se não estivesse tão machucado, quebrado e destroçado, tivesse notado aquela pequena criança de olhos violetas.

Os mesmo olhos de sua amada esposa.

Mas nunca notou, assim como nunca notou a tristeza que aquela criança carregava sempre a vislumbrar o mar. O mar de ressaca que sempre que via lhe lembrava alguém, alguém do fundo das lembranças e com certeza alguém que gostaria de esquecer.

E foi diante do mar que soube da morte dela, dez anos após tê-la deixado em casa dormindo.

Diante do mar a conheceu.

Diante do mar ela o renegou.

Diante do mar beberam juntos.

Diante do mar passaram sua primeira noite juntos.

Diante do mar casaram-se.

E infelizmente, foi diante desse mesmo mar que soube que há ela já morrera.

Foi meio que por acaso, um amigo em comum do passado o encontrou sentado bebendo, no dia em que completaria quatorze anos juntos, não que estivesse bebendo por causa disso, foi apenas coincidência. Foi totalmente sem querer que tocaram no assunto Cornelia...

- Ela faz falta, não é? – indagou –

Ele não sabia que haviam se separado muitos anos antes.

- Para quem? Ela quem me abandonou...

- Acho que ela diria a mesma coisa se fosse você quem tivesse morrido em missão.

E foi então que novamente o coração do Clive se partiu.

- Como? Como assim? Cornelia morreu?

- Como assim, Cornelia morreu? Já fazem quatro anos, eu soube da última vez que visitei mestra Blair na Heart Kreuz.

- E... E... Eu não sabia...

- Como não? Vocês eram casados!

- Nos separamos há dez anos, ela foi embora... Desde então nunca mais soube nada dela...

- Oh... Por kami, velho amigo, desculpe então te falar isso assim. Não sabia disso. Foi um acidente tolo, mestra Blair não entrou em detalhes, mas parece que ela tinha muita pressa de voltar para casa e acabou sendo acertada por um Grox... E você sabe o quão venenoso esse bicho pode ser.

Naquela noite Gildarts bebeu até cair.

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Somente cinco anos após descobrir de sua morte foi que conseguiu saber da localização do túmulo. Levou flores do campo para ela, eram suas favoritas. Ou talvez fossem as favoritas de alguma outra mulher, tinha se empenhado tanto em esquecê-la que os anos fizeram fragmentos importantes desaparecerem.

Ali, já não tinha mais a raiva da juventude... Apenas uma saudade.

Não conseguia acreditar que sua pequena e amada tinha ido embora, principalmente de maneira tão tola. Quantos perigos maiores não enfrentou descuidadamente e ainda estava vivo e ela tinha perdido a vida por tão pouco.

Ali na frente da terra batida, deixou todas as lágrimas que guardou durante aquela década caírem. Estava lancinado por dentro. Podia muito bem sentir raiva de uma mulher vil que o deixou sem uma palavra, mas não podia sentir raiva de uma pessoa que nunca mais veria.

E foi então que a ficha caiu, jamais poderia ver de novo os olhos de ressaca de sua amada Cornelia... Nunca poderia saber o porquê dela tê-lo abandonado e muito menos descobrir o que ela lhe escondeu naquela noite. Tudo agora era apenas escuridão e lembranças confusas.

Voltou para a guilda naquele ano, não estava em condições de trabalhar.

E naquele ano num vislumbre do álcool viu um vulto na praia atrás da guilda. Os mesmo cabelos castanhos, o mesmo corpo esguio, e os mesmos olhos de ressaca... Era sua Cornelia, mas ao mesmo tempo não era ela. Piscou algumas vezes tentando se situar, mas sempre ficava nesse lusco-fusco do alcoolismo.

Quem estava ali era Cana, estava admirando o subir e descer da maré, aprendeu com a mãe a gostar do mar. Lembrava muito vagamente dela falando que o amor era como as ondas, iam e vinham inconstantemente. Ora te de derrubando, ora simplesmente passando por debaixo dos pés e sempre se perdendo.

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Naquele final de tarde em Tenroujima, quando Cana lhe contou tudo fez sentido de repente. Ficou alguns segundos perdido em contemplação. Então foi um filho que a fez ir embora, Cornelia com certeza não queria ensinar uma criança a lidar com sua inconstância, foi por isso que aquela vizinha disse que deveria ter ido atrás dela, e foi por isso que aqueles olhos violetas lhe eram tão familiares.

Todas aquelas mulheres que citou, todas as lembranças que vieram, todo o tempo que passou o levou até aquele momento onde Gildarts Clive descobriu o preço de seus erros. A esposa tinha lhe dito, sim, ela tinha dito por detrás daquele ultimato... Por que não ficou pelo menos até o amanhecer? Ela teria contado se achasse que ficaria...

Se soubesse o preço que pagaria por querer conhecer o mundo, teria ficado.

Nenhuma aventura recompensava toda dor e solidão com que teve que ficar.

Um filho.

Um filho da mulher que mais amou.

Uma criança que esteve boa parte da vida sempre tão perto, se tivesse simplesmente parado para olhar.

Definitivamente, sua vida estava cheia de “e se tivesse”...

Porque se tivesse ficado, com certeza teria uma história diferente para contar.

Um homem carrega consigo o peso de suas escolhas.

E até o último dia da vida carregaria o peso da ausência, não era ela quem deveria ter esperado, mas sim ele que jamais deveria tê-la abandonado. Porque não importava quanta certeza Cornelia tivesse de seu amor, ela não tinha obrigação de espera-lo para sempre.

Owari...


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que não Gruvia ou Gale, mas eu juro que estou terminando ones com eles, mas é que a inspiração anda faltando!!! Eu imagino que ninguém vá comentar isso, mas mesmo assim obrigada pela atenção!!!



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