Eu, Fora De Controle escrita por Lionardo Fonseca Paiva


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Há 12 anos eu lancei um livro em minha cidade. Na época foi amplamente adotado nas escolas. Contudo chegou o momento de dar um reboot na história para ir em busca de um lançamento nacional da obra.
Então, estou publicando o romance aqui no site com o objetivo de expor a obra e também conhecer a opinião de todos vocês sobre a história. Os comentários são muito importantes para mim.
Vou publicar agora o primeiro capítulo. Os demais já estão sendo reescritos e serão imediatamente publicados aqui.



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PROLOGO                      

Saulo sentou no sofá olhando para os lados com uma expressão curiosa. Seu corpo afundou na espuma macia e, se não estivesse tão inquieto e embaraçado por estar ali, encostaria as costas e deixaria o pescoço inclinar para trás. Não era homem de muito luxo e até pregava que as pessoas deveriam desapegar, mas quando tinha estes momentos não perdia a oportunidade de aproveitar.

Contudo, a figura que estava em sua frente não o deixava relaxar, e não era a proposta estranha que aquele individuo fez que o intimidava. Era o seu olhar seguido de um sorriso escandalosamente falso. Tentava passar a imagem de um amigo que não era e nunca fora.

— Você quer dizer que o dinheiro não lhe atrai? — disse o homem arrastando uma cadeira e sentando na frente dele. — Isto não é um pouco egoísta da sua parte? Afinal sua família merece conforto e se você tem a chance de dar isto a eles então tem a obrigação de fazê-lo. Abrir mão disto é ser injusto com sua mãe. Ela perdeu o pouco que tinha por sua causa e você se acha no direito de não devolver?

— Não quero dinheiro que venha desta maneira. Acha mesmo que minha mãe gostaria de ver o filho dela como um assassino?

— Saulo, por favor, as pessoas que me falaram de você já abriram o jogo. Você não é nenhum santo. Somente está aqui hoje falando comigo porque cometeu seus crimes quando era menor, mas isto foi há dois anos. Não se passou tanto tempo assim para me convencer agora que é outra pessoa.

— Eu não sou outra pessoa. Sou a mesma pessoa. Nunca fui criminoso mas alimento raiva e me pego com pensamentos horríveis sobre as pessoas que não gosto. A sociedade me trata como marginal por eu ser negro e pobre. Mas tenho orgulho e me cansa sofrer preconceito porque não faço questão de ser agradável com ninguém.

Saulo quis levantar do sofá, mas o assento estava tão aconchegante que resolveu continuar falando na mesma posição:

— Você só me faz esta proposta porque me rotulou como bandido.

O homem cruzou as pernas e olhou com um sorriso debochado para Saulo. Ficou nesta posição por alguns segundos e depois começou a rir dizendo:

— Saulo, vou levar isto na esportiva. O que você não é verdade. Eu não sou promotor e nem policial. Não precisa dessa conversa tola de inocente comigo. Você sofre preconceito porque roubava das pessoas, vandalizava os bens públicos e ainda gosta de se vestir assim... — e apontou a mão para seus trajes negros — Mas enfim, cometeu esses crimes e o que ganhou com isto? Prisão, internação e uma ficha suja.

O homem deu uma pausa, fez uma cara séria e continuou:

— Não vou insistir com você. Estou lhe dando a chance de cometer o que pode ser o seu ultimo delito, mas sair dessa rico. Nesta sacola ao seu lado está somente a metade. E eu sei que isto já é mais do que sua família ganhou a vida inteira.

Saulo olhou para a sacola novamente. Tinha uma cor amarela nada discreta. Estava semiaberta e as notas de dinheiro se destacavam na pequena abertura. Ali estava uma fortuna para os seus padrões. No íntimo, estava triste consigo mesmo por aquele homem estar propondo que ele matasse alguém. Esta proposta somente foi lhe apresentada porque cultivava uma aparência sinistra, fazia cara de mau, era negro, usava adereços anti-sociais como caveiras, figuras bizarras, suásticas e argolas pelo corpo. Tinha um prazer explícito de chocar. Mas no íntimo ele não era a pessoa que sua imagem apresentava. No passado sofreu acusações injustas devido a isto e agora vem esta proposta devido a esta aparência revoltada que cativava.

Respirou fundo, tentou desviar o rosto daquelas notas. Fez uma careta e voltou a olhar novamente pensando: “O verdadeiro criminoso é este louco querendo matar o próprio irmão, mas com esta pinta de galã ninguém vê quem ele é. Mas quanto a mim todos acham que veem o que não sou”.

— Não fique olhando Saulo. Abra a sacola. Veja e imagine tudo que você vai conseguir comprar com isto. — Falou o homem como se estivesse vendendo um produto.

Com dois dedos ele abriu um pouco a sacola. Seu corpo relaxou e conseguiu recostar-se totalmente no sofá. Nunca havia sentado em algo tão confortável. Pensou que dormir naquele sofá devia ser tão agradável quanto sentar. Nos momentos que esteve preso dormia num papelão e se achava afortunado pois muitos compartilhavam o chão frio. Não era uma boa lembrança. Encarou novamente as notas no interior da sacola e teve uma visão que somente em filmes de gangsteres tinha visto. Aquilo foi feito para lhe impressionar.

E conseguiu.

Pensou no seu amigo que aquele homem queria ver morto. Fazia alguns anos que não tinha noticias dele. Era um rapaz apaixonado e criativo. Não sabia dizer se era feliz, pois sempre passava a impressão de não ser. Aliás, ele era totalmente fora de controle.


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Notas finais do capítulo

Comentários e Críticas são bem vindos.



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