Quando fui morar com a minha mãe, me senti, digamos assim como se eu fosse um E.T aqui na Terra, por mais que a Katherina se esforçasse ela nunca conseguiria ser a minha mãe, afinal já faz 12 anos desde o últimos contado de mãe e filha que tivemos e digamos que não foi lá um dos melhores.

No aeroporto de Los Angeles, me esperava um garoto alto e de cabelos castanhos avermelhados com profundos olhos esverdeados. Seu nome era Seth, ele era filho da Katharina com o homem pela qual ela abandonara a família. O Paul, ela fugiu com ele quando eu tinha 5 anos, alegando estar apaixonada. Mas acho que amor nenhum justifica o fato de ela ter abandonado a própria filha.

-Olá. Você é Katherine Brocks? –Perguntou o meu digamos assim irmão. Alguém que mais tarde se tornaria o meu melhor amigo. Eu só ainda não sabia disso.

-Sim sou eu e você é Seth Denarc? –Perguntei, a Katherina me disse que seu filho mais velho  iria me buscar, por incrível que pareça, ele era mais velho do que eu, a minha mãe tivera um caso com o Paul que resultara nele, digamos que uns  2 anos antes de eu nascer. Ela e meu pai ainda não se conheciam, parece ser da natureza dela abandonar os filhos já que largou o Seth quando ele tinha 2 anos para ir morar com o meu pai, logo que casou com o meu pai engravidou de mim e 5 anos mais tarde nos abandonou para viver novamente com Paul e Seth. Alguns anos mais tarde, 3 para ser mais exata, nasceu Sophie. Acho que ela é a única na qual a minha mãe não abandonara.

-Sim sou eu. Vamos? –Perguntou o Seth. Seguimos para a casa de Paul e Katherina, levamos menos de quarenta minutos para chegarmos. Assim que desço do carro me deparo com um garoto alto, de pele levemente branca, cabelos castanhos bagunçados, olhos castanhos escuros e sua vestimenta era apenas de ruma calça jeans rasgada e um tênis All Star preto, ele possuía uma tatuagem de um dragão nas costas e jogava bola com alguns outros meninos. Por um certo tempo esqueci como se respirava e como se falava até ouvir a risada de Seth ao meu lado e em seguida a sua voz.

-Não perca tempo com ele, ele é uma alma perdida. Nenhuma garota nunca parece ser o bastante para ele. –Disse o meu irmão, o Seth.

-E quem disse que eu ia perder o meu tempo? -Respondi e em seguida nós rimos. Apesar de ter os meus problemas com a minha mãe, não podia deixar isso afetar o meu relacionamento com os demais da casa. Como o Seth, fiz amizade com ele em um Record que nem eu sabia que eu conseguiria bater. Quando estávamos na entrada da, digamos assim minha nova casa, sinto uma batida forte nas minhas costas, quando me viro era o menino que eu vira a pouco tempo que ao que aparenta jogou a bola e ela pegou em mim.

-Foi mal bonequinha. –Ele disse e meu sangue ferveu, quem ele pensa que é para me chamar assim? Odeio ser chamada de boneca, parece que sou uma patricinha, e eu odeio gente assim.

-Quem você pensa que é para me chamar assim? –Perguntei e em seguida peguei a bola e joguei em sua direção, ele e a pegou e a jogou no chão novamente.

-Te chamar de que? Bonequinha? Que foi não gosta de ser chamada assim? –Ele disse irônico e eu só ouvia a risada do Seth atrás de mim.

-Não vou perder o meu tempo respondendo perguntas idiotas e ainda mais quando são feitas por pessoas como você. –Respondi e o olhei dando um sorrisinho irônico.

-Que seja então. Só quis ser educado, já que ao que parece te acertei com a bola. –Ele disse e eu me acalmei um pouco. Acho que digamos assim extrapolei um pouco, mas eu não suporto ser chamada de boneca e bom afinal ele não sabia disso. Foi uma discussão um tanto quanto besta.

-Então se considere perdoado. –Respondi e dei um sorrisinho torto em seguida. Estava prestes a entrar na casa quando escuto novamente a sua voz.

-A propósito me chamo Erick. –O menino que me acertara a poucos minutos disse.

-Eu me chamo Kathy. –Respondi, odiava ser chamada de Katherine, era em homenagem a minha mãe e eu não suportava ser chamada assim.

-Posso saber o seu nome verdadeiro? Isso é apenas um apelido. –Disse o Erick e eu me irritei, que garoto enxerido.

-Não, você não pode saber, terá que se conformar em saber apenas o meu apelido. –Respondi e vi em seu rosto se formar um sorriso.

-Misteriosa? Gostei disso. –Ele disse e riu em seguida. Que garoto estranho, pensei. Assim que entramos na casa Katherina veio me cumprimentar, fui educada e a cumprimentei de volta, sem ao menos uma vez chama-la de mãe que ao meu julgamento ela não merecia. Conheci Paul e Sophie. Eles eram bastante educados e Sophie tinha 9 anos e era uma menina doce e educada até demais, ela não parecia uma criança. A pedido de Katherina, Seth me levou ao meu novo quarto, me ajudou a carregar as minhas malas e me mostrou o resto da casa.

-Gostou do Erick? –Perguntou o Seth assim que entramos no meu novo quarto.

-Talvez, posso saber o motivo da pergunta? –Disse e em seguida ouvi a risada de Seth ecoar pelo meu quarto.

-Nada, só toma cuidado, ele não tem uma fama muito boa. –Ele disse e eu me permiti me sentir curiosa em relação ao ser que praticamente acabei de conhecer.

-Como assim não possui uma boa fama? –Perguntei e em seguida ouvi Seth suspirar pesadamente.

-Ano passado, ele foi pego com drogas na escola. A polícia as encontrou em sua mochila, devido ao histórico de sua família, na verdade apenas do seu pai para eu ser mais exato. Ele acabou ficando preso por uns dois dias por falta de provas de que ele as traficava. –Disse o Seth e em seguida sorriu. Ok, então o ser lindo que eu acabara de conhecer era um traficante? Me senti desapontada por um instante.

-Nossa. –Foi o máximo que eu me permiti dizer. Seth sorriu e em seguida foi saindo do quarto, acho que era para me dar um tempo para organizar as minhas coisas e como consequência a minha cabeça.

-Resumindo, só toma cuidado com ele. –Disse o Seth e saiu do quarto logo em seguida fechando a porta atrás de si.

Desfiz as minhas malas e comecei a organizar o meu quarto. Troquei a roupa de cama, que antes era de seda rosa, por uma que eu usava na minha antiga casa, uma roupa de cama roxa com detalhes em preto. Coloquei porta retratos no criado mudo, com fotos minhas sozinha, acompanhada de meus amigos, com o meu pai e alguns outros familiares. Na penteadeira que ficava ao lado do banheiro que eu possuía no meu quarto, coloquei os meus produtos de beleza, arrumei os meus livros na estante que tinha no quarto, na escrivaninha coloquei o meu Notebook e alguns livros escolares. Arrumei as minhas roupas no Closet e quando fui trocar as cortinas por uma que o meu pai me dera antes de morrer, me deparo com aquele garoto chamado Erick, na janela da casa do lado, trocando de roupa. Pois é, ele era o meu vizinho. Troquei rapidamente as cortinas e fechei a janela.

Depois de organizar as minhas coisas e fazer os últimos retoques para que o quarto parecesse mais comigo, tomei um banho e troquei de roupa e me sentei na já nela de meu quarto, com o meu livro em mãos.

Agora aqui estou eu sentada na mesma janela, na qual eu fiquei com vergonha no primeiro dia em que cheguei, ao ver aquele que seria o amor da minha vida mais para frente, trocando de roupa. O problema é que agora, ele não estava mais lá, seu quarto estava vazio, mas do mesmo jeito que ele deixara. E eu estou o encarando ainda na esperança de vê-lo ali, sorrindo para mim e escrevendo e em um papel o que gostaria de dizer para mim e me mostrando logo em seguida. Ainda lembrando os momentos em que passei com ele, mas agora não possui mais lágrimas para chorar, parece que elas simplesmente secaram.