Toda a história possui o seu inicio, não importa a maneira como ela começou e sim como tudo começou e o desfecho que a história possui. A maneira como ela é desenvolvida e escrita, de qualquer forma para atingir o leitor, para fazer o como se quem ler sentir o que o personagem sente. Na vida não é diferente, cada história seja ela de amor, familiar ou até mesmo o que se passa no dia-a-dia acontece por alguma razão, que nem mesmo a ciência tem uma explicação completamente óbvia. Tudo o que acontece tem uma razão, mas só devido aos últimos acontecimentos de minha vida é que eu percebi isso.

Meu pai morreu no trabalho quando eu tinha 14 anos, como a minha mãe me abandonara quando eu tinha 5 anos e desde então permaneceu desaparecida, vivi até os meus 17 anos com a minha avó, no Canadá, o que eu menos esperava é que eu encontrasse a pessoa que teve coragem de abandonar a própria filha por lá.

Eu passeava com a minha prima, Annie, de seis anos no parque que tinha na região em que morava, quando a vi. Ela estava lá, aparentemente da mesma maneira que eu me lembrava dela, com seus cabelos avermelhados como o fogo até o meio de suas costas e na mesma tonalidade de pele pálida que possuía no dia em que eu a vi partir. Ela se virou e me encarou, com aqueles seus olhos azuis claros, porém profundos, na qual eu não me recordava muito bem até aquele momento. Ela pareceu ficar nervosa ao me ver, mas abriu um sorriso após me analisar de cima em baixo. Eu tivera o incrível azar de me parecer com ela, a diferença é que os meus cabelos eram de uma tonalidade avermelhada, não muito forte, porém mais puxada para um castanho do que para o vermelho, apenas no sol era possível ver que eu era ruiva, e meus olhos eram de um azul escuro, minha pele não era completamente pálida, porém apenas branca, eu me considerava normal, mais as feições de meu rosto lembrava ela e toda vez que eu me olhava no maldito espelho eu via a pessoa que ao que parece nunca se importou verdadeiramente comigo. E para piorar, em homenagem a ela, quando eu nasci ganhei o nome de Katherine.

Ela se aproximou de onde se encontrava eu e a pequena Annie se encontrava. Peguei a mesma no colo e estava me virando para partir quando a ouço chamar o meu nome.

-Katherine? É você? –Disse a pessoa que um dia eu tive a alegria de chamar de mãe.

-Sim, sou eu. –Eu respondi seca enquanto colocava a Annie no chão, ela sorriu e se aproximou de mim e me abraçou. Eu estranhei, afinal faz 12 anos desde que ela partiu, ou melhor abandonou a nossa família. Assim que ela me soltou e eu pude ver o seu rosto, havia nele um sorriso que eu vi apenas 3 vezes. Ela aparentava estar feliz em me ver, porém não podia me iludir com isso, afinal ela me abandonara.

-Como você cresceu, está tão diferente, bonita... –Ela disse e eu ri internamente, ela esperava o que? Que eu ainda fosse aquela criancinha de 5 anos que ela abandonara.

-Fazer o que né, eu mudei muito desde que você... –Eu ia dizendo, porém não encontrava a palavra correta. Apesar de tudo o que ela me fez, minha vó e meu pai me ensinaram a preservar os sentimentos das pessoas, e ela parecia feliz em me ver, mesmo eu não sentindo o mesmo seria falta de educação de minha parte, trata-la mal.

-Me abandonou? Pode falar o que queria Katherine, eu sei que eu errei, mereço ouvir qualquer coisa, mas isso jamais apagará o erro que eu cometi. Sinto muito Kathy. –Disse a pessoa que um dia eu chamei de mãe. Seu nome era Katherina.

-Acertou era realmente isso que eu iria dizer. Não acha tarde demais para pedir desculpas? –Eu disse e em seguida peguei a pequena Annie no colo e estava saindo quando sinto um toque no meu ombro esquerdo.

-Espera, quero recuperar o tempo perdido. Por favor, vá jantar lá em casa qualquer dia desses, não importa qual, quero que a minha família a conheça, minha filha. Por favor, aqui está o meu telefone e o meu endereço. Me ligue, quando quiser ou puder ir me visitar. –Ela disse e me deu uma vontade de rir. Ela quer que a família dela conheça a filha que ela abandonou e ainda por cima me chama para jantar com ela e de minha filha? Como assim, por acaso ela acha que agindo dessa maneira apagará o que ela fez comigo? Peguei o cartão de sua mão e fui em direção a casa de minha vó com a Annie no colo. Não disse ao menos um Tchau, afinal ela não merecia. Podem me julgar da maneira que quiserem, mas vocês não sabem o que foi ver a sua mãe sair com as malas nas mãos de sua casa, você correr em sua direção e ser empurrada pela mesma para longe dela. O problema é que eu sei.

Essas lembranças são de um tempo não muito distante do que eu vivo agora. Algumas semanas depois a minha vó morreu de enfarte e por não possuir outro parente próximo e pela minha mãe ainda ser viva. Tive que ir morar com ela, afinal o encontro no parque não foi em vão, já que eu consegui o seu número e o seu endereço, o que ajudou a justiça a localiza-la e a constata-la para eu morar com ela. E como eu disse anteriormente determinados acontecimentos resultam em coisas maravilhosas ou ruins. No meu caso esses acontecimentos de minha vida resultaram nele, resultou no amor de minha vida. Resultou no Erick, mas nada é um mar de rosas e quando eu fui morar com a minha mãe passou bem longe de ser um momento de pura alegria. E para ajudar naquele mesmo dia o conheci e digamos que não foi um dos melhores momentos da minha vida na época, mas hoje é um dos melhores afinal foi justo naquele dia que eu o conheci.