Fogo e Gelo escrita por Débora Falcão


Capítulo 15
Premissas




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"Quer dizer que a garotinha anda sentindo..." Jezebel fez uma careta espectral, "...amor? Blergh!"

"O que você está fazendo aqui?"

Sheba se viu cercada pela sombra de Jezebel. Após o encontro com Gabe, buscou um pouco de privacidade na 8ª dimensão, em um lugar onde ela pensava estar desabitado há milênios, não visitado inclusive por seres espirituais.

Jezebel riu, e sua fumaça espiralada se moveu junto com o som da risada em movimentos fantasmagóricos. "Ah, Sheba, criança. Você é tão ingênua! Acha mesmo que eu não a seguiria até aqui? Eu viajo por dimensões há milênios, enquanto você está aqui há tão pouco tempo, acha que é muito? Acha que pode enganar um demônio como eu?" A sobrancelha negra de Jezebel se ergueu até quase tocar um de seus chifres de ônix.

"Por que não pára de me azucrinar? O que você ganha com isso? Se eu sou uma reles demônio, imbecil e ingênua demais para alguém como você, por que perde seu tempo me perseguindo?"

"Ora, ora, Sheba, está muito malcriada. Eu faço o que quero. Se quero perder tempo te infernizando, por que não? É divertido. Aliás, sou tão ruim no que faço que sempre arruino a tempo de sobra para te infernizar."

Sheba revirou os olhos. "Agora que conseguiu, deixe-me. Preciso causar alguns acidentes ainda!"

Jezebel riu. "Está certo, pequena demônio apaixonada. Cuidado para não ficar com piedade também. Aí, não vai conseguir fazer mais nada." E desapareceu. O ódio que cresceu em Sheba a deixou mais calma. Agora precisava destruir alguma coisa.

***

Gabe pensou em tudo o que ocorrera. Ele era um semi-anjo. Apaixonado por uma demônio. Uma criatura do mal que, contra toda a sua natureza, o amava. Não sabia se ficava feliz ou em choque, ou mesmo em desespero. Mas a queria para si. Queria salvá-la, resgatá-la do mal, ajudá-la, ampará-la... Mas tudo isso só faria mal a ela, a deixaria infeliz. E aquilo que a deixaria feliz, era justamente o que mais ele abominava.

Estava tão confuso que nem percebeu seus pais entrarem e falarem com ele.

"Gabriel! Acorde!" falou Mitzrael firmemente.

"Pai, desculpe. Eu... estava distraído."

Mitzrael troca um olhar com a mãe de Gabe. Gabe suspira. "Vou para meu quarto". E se retira.

"Precisamos fazer alguma coisa!"

"Eu sei", disse Mitzrael. "Mas ainda não sei exatamente o quê. Nosso filho está apaixonado por quem não devia. Talvez..."

"Talvez...?"

"Talvez eu deva procurar alguém."

"Alguém? De quem exatamente você está falando, Mitzrael?"

"De meu superior. Aquele que cortou minhas asas quando decidi ficar com você. Uriel."

"Não, Mitzrael, você não vai procurá-lo. Ele pode matá-lo. Além do mais, você nem saberia onde o encontrar."

"Eu tenho meus meios."

"Não faça isso..."

"Preciso ir."

Mitzrael se retira.


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