Be Mine escrita por Tuany Nascimento, Aline Bomfim


Capítulo 5
Capítulo IV - Wide Awake


Notas iniciais do capítulo

Katy Perry - Wide Awake
Oi meninas. Eu sei que os posts em Be Mine são normalmente nas segundas, mas devido ao grande número de comentários e aos capítulos já estarem finalizados até o capítulo treze, estou adiantando esse.
Entenderemos finalmente o porquê de toda essa animosidade de Edward com sua família.
Obrigada pelo apoio, gente. Leio todos os comentários e agradeço o suporte e o carinho de todas.
Enjoy it.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/296309/chapter/5

BE MINE – CAPÍTULO QUATRO

(Wide Awake)


I was falling hard with an open heart.

(Eu estava caindo com força com um coração aberto.)




POV Terceira Pessoa


O London Heathrow Airport estava abarrotado de pessoas. Eram paparazzi, repórteres, funcionários, passageiros de vôos comerciais e seguranças espalhados por cada canto do terceiro aeroporto mais movimentado do mundo.


– Alguma novidade? – uma repórter bem vestida perguntou ao seu cameraman, que checava seus equipamentos mais uma vez.


– Acabei de saber que um avião de médio porte aterrissou. Pode ser um jatinho, como pode ser um vôo comercial. – ele respondeu.


Representantes da mídia do mundo inteiro estavam em um pequeno espaço reservado a eles, que esperavam por todos os empresários, sociólogos e alguns líderes mundiais que chegavam à Londres para uma reunião importante no ExCel London – um belíssimo centro de convenção à beira-mar –, onde discutiriam sobre a atual crise do Euro.


Quase todos os empresários convidados para a reunião já haviam chegado, menos dois.


Edward Cullen, o temido presidente executivo da Cullen Enterprise e Isabella Swan, a poderosa CEO da Swan Company. Os dois eram os mais aguardados pela imprensa e pelo público. A curiosidade ao redor deles era algo palpável, afinal, era raro qualquer tipo de imagem de ambos. Os dois se mostravam apenas em eventos e premiações muito importantes.


– Acabei de saber que onze pessoas desembarcaram. Parece que viram o sobrenome Swan marcado em algum lugar. Prepara sua câmera, cara. – um dos fotógrafos disse a um colega de profissão.


A segurança começou a trabalhar. Sam e Brad, seguranças de Isabella, juntaram-se a Tyler, o segurança de Edward, e os três foram conferir a movimentação, que a própria equipe de guardas do aeroporto, avisou que havia começado. Olharam ao redor, conversaram entre si e por um microfone pequeno, que os comunicava com os outros dois seguranças da herdeira caçula e o outro do empresário. As secretárias foram as primeiras a sair, não sendo reconhecidas e nem fotografadas. As três se encaminharam para um dos dois Land Rover pretos que estavam estacionados na frente e atrás da linda limusine preta de Edward. Os fotógrafos já estavam impacientes por não saberem quem havia chegado. Poderia ser tanto ele, como ela. E eles não poderiam perder nenhum momento disso. Os cameramen já haviam posicionado suas câmeras nos tripés, enquanto as repórteres arrumavam seus cabelos e empunhavam seus microfones.


Bastou a ponta do Manolo Blahnik vermelho de Isabella aparecer para os flashes pipocarem em cima do rosto dela. Vozes começaram a falar ao mesmo tempo em vários idiomas. Tudo isso durou dois segundos, pois assim que eles avistaram Edward atrás dela, tudo dobrou de proporção.


O entusiasmo pelo os dois estarem chegando juntos aumentou, o que ocasionou na ruptura da corda de contenção na área da mídia e a próxima coisa que os dois viram foi uma mar de câmeras em seus rostos. Seus seguranças formaram uma roda de proteção em torno deles. Isabella estava acuada e irritada com as luzes inconvenientes em seu rosto. Edward, em um ato protetor inconsciente, postou-se na frente da jovem empresária, arruinando o alcance das lentes sob a bela mulher de 23 anos.


Isabella, um pouco amedrontada pela multidão e pelo assédio, agarrou a parte de trás – na altura das costas – do caro terno italiano dele, sendo praticamente rebocada por Edward e pelos seguranças.


Em longos cinco minutos, cruzaram o saguão do aeroporto e depois já estavam seguros e isolados na limusine. Seus seguranças entraram no outro Land Rover e os três carros seguiram caminho para a enorme mansão da família Cullen.


Quinta-Feira, 10h22min


Acordei disposto e revigorado. Tive uma ótima noite de sonhos quentes com Isabella, o que resultou numa puta ereção matinal e em uma masturbação temporariamente satisfatória. Vesti uma roupa confortável, já que a reunião começaria no meio da tarde. Desci as escadas, já sentindo o cheiro de um delicioso bolo de laranja. Entrei na cozinha e encontrei Lilly – nossa governanta inglesa de 63 anos – cantando alguma canção antiga. Lilly foi meu maior porto seguro durante meus últimos seis meses conturbados na capital britânica.


– Bom dia, sweet Lilly.


– Bom dia, garoto. Quer um pedaço de bolo?


– Por favor! – pedi quase suplicando.


Em dois minutos dois pedaços enormes de bolo de laranja estavam na minha frente, com um enorme copo de suco. Lilly sentou-se comigo, comendo uma tigela de cereais coloridos com leite.


– Como estão as coisas? E Esme e Carlisle? Aliás, soque seu irmão e dê um puxão de orelha em Alice por mim. Ambos nunca mais vieram me visitar. Ingratos. – ela disse rabugenta e com um biquinho nos lábios.


– Estão todos bem e sim, pode deixar que irei socá-los com prazer. E aqui, como está tudo?


– Bem. Ontem à noite tive a oportunidade de conhecer sua convidada. Linda garota. – ela disse dando uma piscadinha – Ela estava na biblioteca, vendo alguns livros e conversamos um pouco. Tão jovem e tão séria. Lembrou-me você.


Antes que pudesse lhe responder, Angela – a assistente pessoal de Isabella – entrou na cozinha apressada, desejando um bom dia e arrumando uma xícara de chá com algumas gotas de limão. Enquanto isso, nós ouvimos barulhos de saltos se aproximando. Isabella entrou na cozinha com um terninho executivo justo e cinza e sapatos pretos de salto.


– Bom dia, Lilly. Bom dia, Edward. – ela nos cumprimentou.


– Bom dia. – a respondemos juntos.


– Seu chá está pronto, Srta.Swan. Seu carro já está lhe aguardando. Sam, Brad e Emily já estão prontos para irmos. – sua secretária lhe informou.


– Não tomarei chá, Angela. Eu preciso de café. Vamos logo, pois tenho compromisso à tarde.


– Quer que eu lhe espere para irmos juntos à abertura da reunião? – eu perguntei.


– Não. Eu não irei à abertura. É entediante e desnecessária. Bom, eu voltarei antes do jantar. Angela, vamos. Incompetência e demissões me esperam na filial.


As duas saíram e depois ouvimos o ronco de um motor. Lilly suspirou e balançou a cabeça, enquanto eu me concentrava em esmigalhar meu último pedacinho de bolo.


Ótimo! Eu ficarei o dia inteiro sem ver Isabella e com uma semi-ereção por imaginá-la demitindo funcionários e exalando o poder natural dela.


– Sabe, garoto, você deveria disfarçar um pouco mais quando ela está por perto. Sua baba escorreu até o chão quando ela entrou. Ah, e tente também fechar a boca.


Lilly simplesmente disse isso e saiu gargalhando da cozinha, indo arrumar alguma coisa. Bufei irritado e fui para a sala de televisão, querendo passar o tempo assistindo filmes e depois pensar em me arrumar para a reunião.


Assisti dois filmes, liguei para Esme, liguei para Emmett para saber da empresa e depois fui escolher algum dos milhares de ternos que Alice me mandou trazer. Liguei a televisão da minha suíte e deixei em algum canal bobo de fofocas.

–... Com certeza já formam um dos casais mais fofos de Hollywood. – a voz da tal Giuliana Rancic encheu o ambiente.

– E por falar em casal, G, um novo casal está provocando reações de surpresa e agitando Londres: Edward Cullen e Isabella Swan.


Na hora eu saí de dentro do meu banheiro e corri até a cama, me jogando lá e prestando atenção no que Ryan Secreast falava sobre mim.


O casal de executivos está em Londres para a reunião de discussão da crise do Euro. Ambos farão palestras e participarão do baile de gala no domingo. Ontem, eles chegaram causando agitação na mídia internacional. Edward Cullen chegou no jatinho particular avaliado em 19 milhões de dólares da família Swan, acompanhado da herdeira caçula. No aeroporto, eles mostraram intimidade, apesar de todo o assédio em cima deles.


Umas fotos começaram a aparecer e mostravam Isabella segurando meu terno na parte de trás e eu caminhando na sua frente, protegendo-a dos flashes. Olhei tudo aquilo confuso e com raiva pela imprensa estar criando mentiras e também irritado porque eu queria que Isabella e eu formássemos um casal de verdade. Antes que eu ficasse muito puto, desliguei a televisão e fui tomar banho.


22h18min


Isabella estava certa. A abertura havia sido desnecessária e completamente entediante. Muitos políticos com sorrisos falsos, muito sociólogos achando que tinham respostas para tudo, muitos bajuladores e claro, os engraçadinhos que me perguntaram dela. Amanhã teria um discurso do Embaixador Espanhol e de um sociólogo alemão que não fiz questão de lembrar o nome. Também seria o dia da minha palestra.


Cheguei em casa com Jessica me perguntando se eu precisava de alguma coisa ou se queria uma massagem. Estava irritado com tudo e ela ainda ficava de gracinhas. Quase a mandei para a puta que pariu. Ela entendeu e saiu com a cabeça baixa, indo para seu quarto. Desfiz o nó da gravata vermelho sangue e joguei minhas chaves em algum lugar da mesa de centro. Eu precisava de um drinque.


Segui para a biblioteca/escritório louco para me afogar em um copo de whisky. Ao me aproximar ouvi uma melodia conhecida de alguma partitura de Tchaikovsky. Abri a porta e deparei-me com Isabella tocando com perfeição as notas no enorme piano de cauda preto de 1876. Seus olhos estavam fechados e seu corpo balançava minimamente. Apoiei-me no batente da porta e fiquei a observando. Vi o exato momento em que uma lágrima caiu por sua bochecha.


Ela tocou a última nota e parou. Ficou quieta por uns minutos e depois abriu seus enormes olhos castanhos em minha direção. Seu rosto estava brilhoso por conta do leve suor que brotava de sua pele e o redor de seus olhos estava vermelho.


Ela havia chorado.


– Desculpe-me. Eu simplesmente não resisti e comecei a tocar. Também acabei roubando um vinho de sua adega. – sua voz saiu baixa e fraca.


– Não tem problema. Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupado.


Ela olhou para baixo, mordendo o lábio inferior e com uma ruguinha entre os olhos. Entendi aquilo como um não é do seu interesse e decidi deixá-la sozinha. Talvez eu ligasse para Alice e pedisse para ela telefonar para a amiga.


– Espere. – ela pediu quando eu girava sobre meus calcanhares para ir ao meu quarto.


Voltei meu olhar para ela e aquilo me fez arfar. Todo meu sangue concentrou-se na região no meio de minhas pernas e eu não conseguia desviar meu foco dela. Isabella estava usando um collant preto, que moldava seus seios e cintura perfeitamente. Eu tinha uma bela visão deles. Seus seios caberiam perfeitamente em minha mão e meu braço encaixaria perfeitamente com sua cintura. Suas pernas estavam cobertas por uma meia-calça negra, o que as deixava à mostra, mostrando o quão torneadas e sensuais eram. Uma saia fina, transparente e preta tampava parcialmente seus quadris. E Deus! Ela usava sapatilhas de ponta negras também. Sapatilhas me-possua.


Olhei para meu piano e olhei para ela. A vontade de jogá-la sobre ele e fodê-la ali mesmo era enorme. Controlei minha respiração e foquei na pintura do século XVII atrás dela.


– Por que não pega alguma coisa para comermos enquanto tomamos essa garrafa de vinho? Por favor, eu não quero ficar sozinha. Acho que será bom conversar com alguém.


Apenas acenei com a cabeça. Não confiava em minha própria voz para falar algo a ela. Praticamente corri até a cozinha, quase tropeçando em meus pés. Isabella era a porra de uma bailarina fodidamente fodível.


Coloquei em um prato alguns frios: queijos, salaminhos, azeitonas, presuntos e uvas. Demorei um pouco na minha tentativa falha de ornamentar o prato. Durante o caminho, me livrei da parte de cima de meu terno, arranquei minha gravata e arregacei as mangas da minha camisa social branca.


Abri a porta e Isabella estava sentada no chão, sobre o tapete felpudo bege, com várias almofadas jogadas ao seu lado. Duas taças de vinho estavam sobre uma mesinha de centro, ambas com o líquido tinto até a metade. Ela sorriu e deu um tapinha no espaço ao seu lado. Avancei até ela como um cachorrinho seguindo suas ordens, coloquei o prato na mesinha e sentei-me perto dela.


– Sabe que eu nunca havia te visto? Eu sempre soube que Emm e Allie tinham um irmão, mas eu só via fotos de você pequeno. Também nunca te vi na empresa. – ela disse.


– Eu sempre estou lá, talvez seja por isso. Desde que voltei para NY, não saio e nem me envolvo muito com as badalações de meus irmãos. E eu me culpo por isso todos os dias.


– Eles são maravilhosos. Alice é a cunhada mais fofa e neurótica do mundo, ela é perfeita para meu irmão. E Emm... O grandão me conquistou com seu primeiro sorriso com covinhas e sua primeira brincadeira. Ele vai ser ótimo para Rose também.


– Emm realmente gosta dela. – eu falei.


Ela acenou com a cabeça e esticou-se para pegar a sua taça. O movimento me permitiu ver o decote do collant na região das suas costas, as deixando nuas e prontas para o meu toque. Endireitei-me e peguei minha taça também, sorvendo um bom gole do líquido suave.


Ela abaixou o olhar e ficou brincando com sua saia típica de bailarina. Depois ela pegou uma almofada e abraçou, ficando assim por um tempo. O silêncio entre nós era confortável. Eu estava dando a ela o tempo que precisava para poder se acalmar e se abrir comigo.


Nunca me imaginei nessa posição. Esperando. Contendo-me. Querendo ouvir as lamúrias de uma mulher. Minha obsessão por Isabella estava pior do que eu imaginava. Mas eu não sei, cada vez que a olhava meu peito se enchia de calor. Era ardente. O fogo possuía todas minhas veias e meu coração martelava em meu peito por causa dela. Tudo envolvendo a herdeira me deixava inebriado e curioso. Era uma questão de possessão, como se eu precisasse dela em todos os sentidos e de todas as maneiras.


Ela ergueu o olhar e seus olhos chocolates e fascinantes me esquadrinharam em busca de algo. Eles começaram a brilhar pelas lágrimas que se acumulavam. Aquilo me doeu. Eu queria saber o que aconteceu. Eu queria acabar com o filho da puta que a estava fazendo chorar ou então ir até o fim para acabar com o que a machucava.


– Não acredito que desabafarei meus problemas com você. O cara que derrubou minha bolsa, quase me derrubou, que me chamou de absurda e infantil e que conheço há uma semana e meia.


– Eu não me importo em ouvir, Isabella. – eu disse sincero.


Ela respirou fundo e olhou para o chão.


– Você, assim como eu, deve saber o quão desgastante essa vida é. Reuniões, palestras, viagens, relatórios, licitações, planilhas, balancetes, números, contas, cotações, dinheiro, bajuladores, mídia... Tudo isso é massacrante tem horas. Eu nunca pensei que seria assim, não nessa magnitude. Você deve ter visto que inventaram um namoro entre nós dois só porque você chegou comigo. Deus! Não se pode mais dar uma carona a um colega?


Ela perguntou retoricamente, fechando as mãos em punhos. Ela bufou e bebeu mais um gole de sua taça e beliscou um pedacinho de queijo.


– Bom, você deve estar estranhando a minha roupa. Eu estudei ballet dos cinco aos vinte anos na School of American Ballet. Parei porque assumi a empresa. Já estava difícil conciliar as aulas de dança com a faculdade, mas mesmo assim continuei. Meu professor e mentor, Sir. Bernard Williams, voltou para Londres depois de 27 anos lecionando em NY. Aqui ele montou um pequeno estúdio de dança, onde leciona com sua mulher. Quando soube que eu viria, ligou-me e convidou-me para uma conversa e um chá à tarde. Eu aceitei, pois já havia decidido não ir à abertura.


“Cheguei lá com meus seguranças e ele como sempre me olhou com aquele sorriso paternal. Eu me senti em casa. Senti-me livre de um peso de 33 bilhões de dólares. Era apenas uma pequena mulher que sonhava em dançar uma vez mais. Conversamos por uma hora e então ele me entregou essa roupa. Pediu para eu dançar para ele. Sir. Bernard falou que fui sua melhor aluna na School of American Ballet. Que nunca se esqueceu de minha última apresentação oficial. Foi a mesma peça da primeira apresentação que ele me viu.”


“Eu aceitei. Vesti a roupa e fui correndo para o centro do palco. Era como se essas sapatilhas fossem extensões de meus dedos e aquilo me encheu de alegria. A música de Tchaikovsky, de Lago dos Cisnes começou. Eu fui a primeira bailarina na minha última apresentação. Eu fui perfeita na época. Eu precisava que minha despedida das sapatilhas de ponta fosse perfeita. E foi. E dessa vez, eu consegui me sentir plena novamente. Sem ter que pensar em minhas ações e em como uma decisão minha pode afetar centenas de pessoas.”


“Eu dancei Cisne Negro – sem toda aquela histeria do filme – e terminei sendo aplaudida não só por ele, mas por alguns alunos que estavam ali me vendo, por meus seguranças e por sua mulher, que foi a primeira bailarina do Ballet Russo Bolshoi.”


Ela contava a história com os olhos brilhando de emoção e de lágrimas, que rolavam livremente por suas bochechas. Eu ouvi tudo com atenção e imaginando ela dançar.


– Mas, por favor, não se engane comigo. Eu amo o que faço. Desde pequena sempre me imaginei sentada da cadeira executiva mais alta da Swan Company, administrando tudo com o mesmo fervor e amor que minha família há décadas. Não me arrependo de minhas decisões. Amo os números por mais que eu reclame sobre eles. Amo a energia de ir à New York Stock Exchange e ver as pessoas gritando por ações, batalhando por aquilo que querem. Não trocaria isso por nada.


Ela ficou quieta e terminou sua taça, e eu fiz o mesmo. Eu ainda pensava em tudo o que ela disse. Era a mais pura verdade. Por mais que fosse fatigante essa vida, era o que eu amava fazer. Desde o momento que eu decidi cursar Administração e Relações Internacionais em Oxford.


– Edward? – ela me chamou.


– Sim.


– Por que você é assim? – ela perguntou baixinho.


– Assim como?


– Distante.


Uma única palavra me atingiu como um soco no meio do estômago. Um gosto amargo fez-se presente na minha boca e coloquei mais vinho em minha taça, sorvendo-a logo depois. Isabella me fitava com aqueles intensos olhos castanhos. Minhas mãos se fecharam com força e minha respiração saiu pesada.


– Por que diz isso? – perguntei.


– Porque Emm sempre fala que ele perdeu o irmão dele. Alice disse que não sabe mais o que fazer para se reaproximar de você e ser sua irmãzinha caçula de novo. Eles te amam e sentem sua falta, Edward. Não só eles. Carlisle e Esme também.


Suas palavras me acertaram de novo. Forte. Bem mais forte. Lágrimas se acumularam em meus olhos e me controlei para elas não caírem. Eu não seria fraco. Não de novo.


– Eu sei. E eu me culpo por isso todos os dias. Mas eu simplesmente não consigo mais olhá-los e fingir que não fui o homem mais babaca da Terra por causa de uma vadia.


– Vadia? – ela perguntou confusa.


– Eu fiz minhas faculdades em Oxford. No meu segundo ano conheci a menina mais desejada de toda a faculdade. Tanya Denali. Uma linda e sedutora canadense. Loura, seios turbinados, bunda arrebitada e inteligente. Ela fazia Direito e tinha notas boas. Todos a queriam. Ninguém a tinha. Eu, por uma infantilidade, a desejava também. Eu já tinha uma pequena fama: filho do magnata Carlisle Cullen, herdeiro da Cullen Enterprise, rico e bonito. Eu a queria por capricho. Para mostrar a todos meu poder.


“Ela se interessou por mim, mas fez charme, fez-se de difícil. No começo eu só queria sexo fácil por uns três meses. Ela era boa. Tudo estava bem. Eu acabei me apaixonando. Ela era loura, mas não burra. Sabia o que eu gostava, sempre me agradava, sempre me elogiava, aumentava meu ego, me apoiava, me ajudava com os cursos. Ela era a namorada perfeita. Todos me invejavam e eu me sentia o próprio rei.”


“Depois de cinco meses de namoro, ela passou a morar no meu apartamento, do lado do campus. Era tudo maravilhoso. Tínhamos uma vida sexual ativa e boa, mesmos interesses, mesmos gostos, ela nunca brigava ou se alterava. Simplesmente a namorada que sempre sonhei.”


“No nosso último ano, eu já estava transformado. Eu havia virado um boneco em suas mãos manipuladoras. Eu torrava meu dinheiro com ela e o dinheiro dos meus pais. Comprava tudo o que me pedia, sem me importar com o preço. Ela me agradecia com sexo. Ela não gostava de minha mãe e nem de Alice. Dominou-me e colocou idéias estapafúrdias na minha cabeça, me colocando contra as duas mulheres mais importantes da minha vida. Eu maltratava Alice, ignorava minha mãe e mal falava com Emmett. Só ligava para Carlisle para pedir mais dinheiro.”


“Quando meu pai decidiu dar um fim nisso, eu já não era mais o mesmo. Eu não queria saber deles. Queria apenas ela e a posição de diretor da nossa filial aqui em Londres ou na de Paris. Quando meus pais vieram conversar comigo, eu os tratei da pior maneira possível. Xinguei eles, os expulsei de meu apartamento e ferrei com tudo. Saí para ir beber em um bar e voltei de noite. Quando abri a porta, a vadia estava fudendo com um de meus amigos da faculdade. E gemendo que ele era melhor do que eu na cama. Quase matei ele de tanto bater. Ela me disse que não era o que eu pensava, que me amava e pedia meu perdão. Eu tinha visto. Com meus olhos. A enxotei de meu apartamento aos berros e empurrões, a deixando apenas com o lençol imundo que cobria seu corpo. No outro dia, mandei meu segurança lhe entregar suas coisas.”


“Vendi o apartamento, vim morar na mansão, terminei minhas faculdades com honras e nunca mais a vi. Voltei para NY e lá percebi o estrago que havia feito. Carlisle mal me olha, Esme é cuidadosa quando fala comigo, Emmett é indiferente com tudo e minha irmã, bom, Alice é Alice. E desde então, me enterrei nos negócios e desisti. Acho que talvez eu espere um milagre dos céus que faça minha família me perdoar.”


Ela ficou me olhando por um bom tempo e depois deu um sorriso fraco, enquanto passava a mão na almofada branca que segurava.


– Parece que nós dois temos fantasmas no passado. – ela murmurou.


– Você quer voltar a dançar? – perguntei.


– Não sei. Sou apaixonada pela empresa. Mas adoro a dança também. O ballet foi minha rota de escape quando todos só queriam que eu fosse perfeita. Eu concluí minha faculdade aos 18 anos. Sabe o quão estranho é isso? Eu amadureci mais rápido do que os outros. E hoje, eu tenho 23 anos e comando uma das maiores empresas do mundo e tenho uma cadeira executiva em outra. Não sei se será possível um dia eu voltar a dançar. E talvez quando isso acontecer, eu já não esteja mais em forma ou com condições físicas boas para isso.


Balancei a cabeça concordando com o seu ponto de vista. Relaxei um pouco mais no tapete, esticando minhas pernas e agarrando uma almofada.


– E você? Ainda está apaixonado por ela? – me perguntou.


– Não. Sinto repulsa. Apenas isso.


– Isso já é o começo para se reaproximar de sua família. Não os perca, Edward. Eles são preciosos.


Ela levantou-se e um cheiro de morango me impregnou. Deus! Essa mulher ainda me faria perder a cabeça. Ela bebeu o resto de vinho em sua taça e pegou uma azeitona. Ela foi até uma poltrona e pegou seu celular e sua bolsa.


– Boa noite, Edward. – desejou com um sorriso pequeno nos lábios.


– Boa noite, Isabella.


Ela acenou e caminhou para a porta, mas parou e virou-se para mim.


– Pode chamar-me de Bella. Eu prefiro.


– Boa noite, Bella.


Ela sorriu e saiu andando. Tomei mais uma taça e comi alguns dos aperitivos. Repassei nossa conversa inteira e sorri. Ela confiou em mim e se abriu. E eu fiz o mesmo. Sentia-me mais leve por ter desabafado e contado tudo. E havia decidido a reconquistar minha família.


Sexta-Feira, 14h58min


Minha palestra começaria em dois minutos. Passei o dia sem ver Bella, já que ela acordou cedo, saiu para tomar café com não sei quem, chegou mais tarde na reunião e sentou-se do outro lado da sala de conferências. A única coisa que fez foi me mandar um tchauzinho de longe.


Subi no palco um pouco emburrado e comecei a discursar. Quis socar algumas pessoas que simplesmente me olhavam como se eu fosse um pedaço de ouro bruto. Quis ir embora quando vi que as pessoas estavam sorrindo falsas para mim. Quis voltar para NY e deixar eles resolverem tudo.


Meu humor só melhorou quando a porta dos fundos abriu-se e Bella entrou com seu vestidinho social justo e creme. Nos pés aqueles saltos pelos quais eu simplesmente sou fascinado. Ela sentou-se em uma das cadeiras da primeira fila, deu um sorriso e concentrou-se em mim. Passei a ministrar a palestra com mais entusiasmo e no final estava sendo aplaudido de pé por todos. Aplaudido de pé por ela.



Sábado, 14h56min


Eu estava sentado na primeira fila, apenas esperando Bella subir no palco e começar sua palestra. Ontem depois da minha, fui para casa onde cheguei cansado e com fome. Recebi uma mensagem de texto de Bella onde ela dizia que ia jantar na casa de seu antigo professor de ballet e sua esposa. Irritei-me e fui dormir mais cedo, depois de devorar alguma coisa qualquer. Hoje o dia foi igual ao de ontem. Não a vi em nenhum momento. Apenas durante o discurso do diretor do Banco Central, sentando-se à minha frente e me cumprimentando com um sorriso.


Agora eu a esperava e do meu lado estava o Embaixador Russo e do outro um diretor de alguma instituição econômica. O auditório estava lotado. Fotógrafos oficiais e autoridades se misturavam.


Em dois minutos, Isabella subia no palco, com um microfone pequeno no estilo headphone. Ela usava saltos azuis Louboutin, uma saia de cintura alta preta e uma blusa de renda azul. Ela olhou para todos e não sorriu. Cumprimentou-nos e começou a fazer seu discurso sobre as metas da empresa na Europa e a ajuda financeira que ela propunha para os países em crise, como Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha.


Descobri que Bella além de ser CEO da Swan Company, também tinha uma cadeira executiva na HS Industry, que na verdade se chama Hale-Swan Industry. A HS foi uma parceria de Charlotte Hale, uma grande engenheira e empresária, com Charlie Swan, um visionário no mundo dos negócios. Depois da morte da esposa, Charlie manteve a HS trabalhando em um nível mais baixo. Depois, Rosalie, formou-se em Engenharia Mecânica pelo MIT e tornou-se a CEO da empresa. Jasper formou-se em Direito e Relações Internacionais em Harvard, ajudando as duas irmãs a comandarem as duas empresas, auxiliando-as nas questões jurídicas e com as filiais ao redor do planeta.


Eles administravam tudo com perfeição. Os três eram bem sucedidos e bilionários. Aumentaram o patrimônio de quase um século da família e transformaram-se em exemplos para todos os empresários ao redor do mundo.


Bella terminou a palestra de duas horas de duração sendo aplaudida de pé. Ela lançou-me um sorriso antes de sair e eu decidi ir embora. Jessica me seguiu até o carro, jogando alguns comentários ácidos e desnecessários sobre a palestra. Simplesmente a ignorei e depois falei que era paga para trabalhar e não para fazer críticas a negócios que não lhe pertenciam. Ela ficou muda, com lágrimas nos olhos e isso não me afetou. Foda-se ela. Só queria minha casa, minha televisão e Isabella ao meu lado.


E amanhã tudo se encerraria com o baile.


Só quero saber o que nos espera amanhã à noite.


I wish I knew then what I know now, wouldn't dive in, wouldn't bow down.

(Queria saber naquele momento o que eu sei agora, não mergulharia de cabeça, não me curvaria.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Surpresas? Bom, Tanya ainda dará dor de cabeça para Edward e no próximo capítulo teremos o Baile de Gala! Tudo pode acontecer com os dois nessa festa.
Próximo capítulo: Sway
Meninas, indiquem a fanfic para suas amigas/amigos, comentem muito e recomendem também. Demonstrar o carinho pela fanfic é o que impulsiona os autores a escreverem!