- Não precisava ser assim Helena. – bufou irritado.

- Você não iria parar... E sabe disso tão bem quanto eu. – Me virei para ele bruscamente e o peguei me encarando profundamente.

E nesse momento uma duvida cruel surgiu em minha cabeça, uma duvida que me deixou assustada e atordoada.

O que eu sentia por John naquele momento?

Raiva? Ódio por sua trilha incansável de sangue? E o pior de tudo... Eu gostava daquilo?

Sempre tive medo de que John me matasse... Desde quando estávamos juntos ele nunca se importou com ninguém e seu jeito badboy foi o que me deixou completamente “apaixonada”, tivemos um breve caso durante nossas matanças.

Lembro-me claramente da paixão, da adrenalina que vivíamos constantemente, lidávamos com outros psicopatas e John me mantinha segura perto de si. Algumas vezes mandava-me esperar longe enquanto torcia para que ele estivesse bem e quando chegava a casa era um alivio pra mim.

Pela primeira vez em anos em vi John como o homem que eu amei e que dizia sentir o mesmo por mim.

Como se lesse meus pensamentos e soubesse o que eu sentia vi seus olhos encherem de lagrimas e aquilo foi algo inesperado, John não choraria jamais na minha frente e eu não o faria passar por isso.

Desviei meus olhos dos seus e olhei novamente para o vidro. O ouvi suspirar e logo em seguida ligar o carro.

- Helena... – chamou-me repentinamente enquanto dirigia.

Não o olhei, mas murmurei algo para que ele continuasse.

- Diga-me a verdade. – pediu e eu me virei para ele, curiosa.

- Sobre?

- Você sente falta? – perguntou e por um momento seus olhos encontraram os meus enquanto eu ainda tentava me recuperar do choque da pergunta.

- Do que exatamente? – perguntei de volta com a voz afetada.

Se ele soubesse o efeito que tem sobre mim. – pensei.

- Você sabe... – voltou à atenção para a estrada. – Sente falta da matança? De toda a ousadia? De... – olhou-me novamente com expectativa. – De nós dois?

Tentei absorver a pergunta o mais rápido possível, mas o choque foi inevitável.

Meu coração palpitava e minha boca estava seca enquanto o encarava, o que eu responderia?

- Nós dois... Nós dois John... Sempre foi um caso complicado...

- Mas você se apaixonou por mim não? – me interrompeu, encarando-me profundamente sempre que podia.

Eu sentia que poderia morrer com o coração apertado a qualquer momento.

- Sim. – murmurei tremula.

- Eu... – suspirou. – Também me apaixonei por você. Mas e agora Helena? Você foi embora há quatro anos alegando não me amar mais... Isso é verdade? – perguntou rapidamente e eu senti a angustia em sua voz.