Novamente a batida do relógio foi soada, indicando que era agora madrugada.Eu me localizava na janela olhando o céu limpo e cheio de estrelas, imaginando se ele também estaria  o observando de algum lugar desconhecido.
 Enquanto minha mente dizia que não tinha mais volta e que o melhor era eu aceitar logo a situação, meu coração não aguentava mais, não poder toca-lo ou ao menos ve-lo era doloroso, e o fato de nunca mais trocar juras de amor e leves caricias sob o céu estrelado me deixava cada vez mais angustiado.
 O céu antes tão intenso e emocionante, agora não passa de uma manta azul escuro cheia de pontos insignificantes que cobriam o planeta.Por que isso não me cativava mais?
 Queria você de volta ao meu lado mesmo sabendo ser impossivel, pois quando chovia e o barulhento trovão iluminava brevemente o meu quarto era você quem vinha tapar meus ouvidos carinhosamente, sendo o unico a saber do meu grande pavor, pois quando eu chorava por motivos inuteis, você era o primeiro a me oferecer o ombro e pois mesmo quando eu estava extressado você era o unico que conceguia me fazer calar a boca com um simples beijo.
 E vale ficar lembrando disso agora?
 Seu olhar sempre defensor, passava uma enchente de sentimentos e emoções enquanto lacrimejava, ainda lembro da sua boca tentando sussurrar-me algo indecifravel antes de seu sono eterno o encontrar.
 Sentindo o vento contra meus braços nus, fechei a janela, esfreguei-os tentando inutilmente me aquecer, e ao perceber ser impossivel fui ao armário a procura de algo, mas... O que encontrei na verdade, foi seu amado echarpe, podia ainda sentir sua essência nele e meu coração se apertou num desespero mudo, precisava te encontrar Aoi! Nem que para isso eu precisa-se me matar!
 Peguei minha jaqueta depois de tanto procurar e fui até a porta fechando o olhos e tendo certeza do que faria, abri a porta e sai do minusculo apartamento em que vivia sozinho por 8 anos e acreditando que nunca mais pisaria ali, dei uma última olhada apenas para que ficasse gravado na minha mente. Por fim fechei a porta, trancando-a em seguida e me dirigindo ao elevador.
 Chegando ao estacionamento, fui até minha moto colocando meu capacete e montando nela.Dei partida e sai arrancando dali, a sensação de pilotar uma moto era incrivel, praticamente igual ao jogo da vida...Leva tempo para aprender o jeito certo mas quando você aprende é uma vitória, embora ainda existam alguns caminhos que você não conheça e muitos dos seus atalhos dão errado, sempre há uma placa para ajuda-lo a seguir no caminho certo, e a decisão de segui-la ou não, é toda sua.
 Sentia o vento gelado batendo contra mim como se dissesse para parar, mas continuei firme indo adiante. Olhei a paisagem da praia e a lua refletida no mar, aquilo me emocionava, então só agora percebi que lágrimas molhavam minha face alva e meus olhos começavam a se embassar. Mas não podia fraquejar agora! Meu destino estava perto e eu estava decidido!
 Me concentrei mais na estrada mas mesmo assim flashs do passado me atacavam. O último momento de vida de meu amado, as palavras sussurradas que não consegui ouvir, e até a minha solitária infância. O dia em que nos conhecemos e os seus ultimos dias na cama do hospital martelavam na minha cabeça.Vê-lo tão frágil, tossindo sangue e a cada dia pior me deixava mais triste...
 Finalmente cheguei ao lugar que queria, saltei da moto, tirei meu capacete e o joguei em qualquer canto do chão pouco me importante se alguem o roubasse.
 Assim...Andei mais a frente e logo pude ver o local onde as cinzas de Yuu foram jogadas.Era uma alta colina de onde podia se ver toda a cidade, fui até a ponta e me sentei começando a conversar com o nada, rezando para que Yuu de onde estivesse pudesse me ouvir.
 - Lembra Yuu? - comecei. - Este lugar guarda muitas lembranças nossas...O dia em que nos conhecemos, o nosso primeiro beijo, a nossa primeira relação...Me admiro que ninguem tenha nos achado aqui.- soltei um breve riso triste e olhei para baixo. - Mesmo aquela doença horrivel tendo te levado para longe de mim, sinto que você permanece no meu coração.Só que sua presença já não está mais aqui para me guiar, sinto tanta falta do seu cheiro, de seus beijos...De suas
caricias...Ahh - suspirei mais leve, não chorava mais, e a leve brisa secava minhas lágrimas passadas. - Mas sabe.Não preciso mais me preocupar pois logo estarei com você. E então, nunca mais nos separaremos! - me levantei e senti algo tentando me levar para longe da beirada.Mas permaneci forte e estatico, respirei fundo.- Aishiteru Yuu... - disse em um sussurro me preparando para cair.Fechei os olhos e ao tomar coragem me inclinei para que a gravidade fizesse seu trabalho.
 Enquanto caia o sorriso de Yuu veio em minha mente e logo abri os olhos podendo encherga-lo caindo junto comigo.
 - Yuu...- tudo passava em camera lenta e derepente o senti me abraçar carinhosamente.
 - Kou, ainda não é sua hora...E não poderei deixa-lo morrer, você tem uma vida pela frente, viva-a! E quando sua hora chegar...Estarei te esperando. - ele sorriu para mim, não entendi mas preferi ficar calado, seus lábios se juntaram ao meu num rápido beijo, e então me disse por fim... - Aishiterumo Kou, ...*
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Acordei e pude ouvir várias vozes a minha volta.Ainda sem abri os olhos fiquei imaginando se estaria no céu, logo um sussurro invadiu minha mente ''Ganbatte ne Kou-chan...Mou nakanai yo''
 - AOI!! - gritei logo abrindo os olhos e me levantando bruscamente.Olhei para os lados e só consegui ver Reita e Ruki que veio me abraçar com os olhos marejados.
 - Kou-chan!!
 - Onde eu estou?? Por que vocês estão aqui?? - e em um flash lembrei das palavras de Aoi e minha expressão desesperada voltou ao normal e mesmo sentindo sua falta eu sorri e percebi o que ele queria dizer.
 - Relaxa.- era Reita quem se manifestava agora. -Eu e Ruki encontramos você inconsciente na sua casa, e por mais que o chamassemos você não acordava, chamamos uma ambulância e trouxemos você pra esse hospital e...
 - Seu idiota! - Ruki me olhou bravo. - Você nos preocupou bastante! Os médicos não sabiam o que você tinha! Meu Deus! Você ficou inconsciente por quatro dias!
 - Qua-quatro dias??Na minha casa? - falei espantado e confuso.
 - Exatamente.- disse o doutor entrando no quarto acompanhado de Kai que suponho ser quem o chamou. - Bem, Takashima-san precisarei fazer alguns exames se não se importar, sim?
 - Hanm, tudo bem... - olhei para os meus amigos e sorri recebendo seus sorrisos gentis também.

 A tarde passou lentamente de exames seguidos de exames, e logo quando anoiteceu me levaram denovo ao quarto dizendo que mesmo que estivesse bem era melhor esperar até amanhã para poder receber alta.Ruki e Reita foram para suas casas já que não poderiam ficar aqui comigo e eu...Estou aqui deitado olhando novamente o céu estrelado, mas agora o céu voltou a me cativar.Lembrei do que Aoi me disse e fiquei pensando se tudo aquilo não foi um sonho.Mas logo esse pensamente sumiu quando senti seu perfume entrar em minhas narinas.Uma energia nova e boa me fez sentir leve e pude perceber algo me abraçando por tras, virei bruscamente sem conseguir ver nada, fui até a cama e percebi um bilhete em cima da mesma.O peguei e em seguida uma avalanche de emoções passou por mim fazendo uma lágrima correr pelo meu rosto, não por tristeza, não por saudade, mas por felicidade.

                    ''Não esqueça que eu estarei sempre ao seu lado.''

                                                                     By:Aoi