Quione (narrador).

 A deusa da neve andava calmamente em direção a porta branca, que brilhava como gelo, o que era verdade, uma fechadura de prata estava bem no meio da porta, ela tirou um colar do pescoço e inseriu a chave que tinha na fechadura, instantaneamente a porta se abriu, revelando uma sala retangular, feita totalmente de gelo, com estalactites saindo do teto, espadas enfeitavam as paredes, um trono dourado estava no meio da sala.

  Bóreas se sentava nele, tinha dois metros de altura, cabelos e barbas brancas, seus olhos eram pálidos, usava uma toga grega branca, sentava-se imponente e observava a deusa rudemente.

  – Quione – ele retumbou – Você não podia ter feito isso!

  – Pai. – Ela implorou, se ajoelhando em sua frente. – Por favor!

  – Por favor, nada, você me traiu, você prometeu que não faria isso. – Ele gritou – Como você pode esconder a menina de mim por todos esses anos?

  – Pai...

  – Diga.

  Ela engolia em seco.

  – Hécate. – Disse simplesmente.

  – Claro aquela deusa de meia-tigela te ajudou, ela lhe devia alguns favores, não? – Bóreas parecia furioso.

  – Pai... Perdoe-me, ele era... É gentil, boa pinta, eu não resisti.

  Ele virou uma bofetada no rosto dela.

  – A garota, é perigosa, o pai dela nem se diga, fique feliz ao saber que acabei com ele.

  Foi como se Quione recebesse um balde de água fria.

  – C-Como assim? – Gaguejou.

  – Tony está morto. – Ele deu um sorriso maligno.

  – Não, não pode estar – ela levantou e começou a recuar – Pai, o senhor...

  – O matei, algum problema?

  Um grito horrível escapou da boca de Quione, a deusa, furiosa, invocou uma pequena tempestade de neve e jogou em Bóreas, que foi atingido surpreso, mas lançou uma energia transparente na deusa, que se jogou para o lado.

  – Você. Não. Podia. Ter. Feito. Isso. – Disse Quione entre dentes, invocando uma dúzia de adagas, e lançando-as em seu pai, este desviou-as com uma rajada de vento.

  – Garota tola – Bóreas balançou a cabeça e deu um grito, as espadas nas paredes saíram voando e pararam em um semicírculo em volta do deus. – Acabem com ela.

  As espadas avançaram em direção a Quione, ela lançou um olhar raivoso para seu pai e apontou um dedo para o alto, quatros estalactites caíram no chão, bloqueando as espadas, mas uma passou por cima das estalactites e seguiu na direção do coração de Quione.

  A deusa da neve se abaixou e a espada atingiu a parede, ela arrancou-a, segurou com as duas mãos e apontou para Bóreas, que deu uma risada.

  – Acha que isso pode me deter? Então venha, filhinha, vamos lutar.

  Ele fechou o punho e uma espada surgiu em sua mão, de dois gumes e feita de prata.

  Quione avançou, quando estava a alguns metros de distância, deu um salto mortal e girou a espada para trás, deu um sorriso de satisfação ao constatar que atingira carne, entretanto, quando pousou no chão, sentiu uma dor aguda nas costas e colocou a mão nas costas, tirou-a de lá, encharcada de icor.

  Ela se virou, de olhos arregalados para seu pai.

  – Você não fez... Isso... – Ela murmurava. – Pai...

  – Filha – ele imitou seu tom de voz – Vá para o Tártaro.

  E segurando a espada com as duas mãos, o punho virado para seu peito, ele enfiou a espada no coração de Quione, que começou a se desintegrar.

(...)

  Bóreas balançou a cabeça ao ver os restos de sua filha, ela podia não estar morta, mas ferida gravemente e demoraria algum tempo para voltar ao seu castelo, muito tempo.

  O deus voltou para seu trono e pegou um pergaminho do braço do trono, riscou dois nomes: Tony e Quione.

  Os próximos na lista eram: Lyra, Nico di Ângelo, Mike, Frank e Hazel. Sua senhora ficaria feliz ao saber que dois já foram, mas alguns seriam difíceis de matar, Nico e Hazel, por exemplo.

  Filhos de Hades, muito fortes, incontroláveis e imprevisíveis, vários desastres foram causados por eles, vulcões em erupção, fendas na terra, incêndios que ninguém soube dizer de onde vieram, todos causados por filhos do deus dos mortos.

  Já os outros, a garota filha de Quione, o filho de Apolo e o de Marte seriam mais fáceis, ele, Bóreas, saberia como atrair cada um deles a uma armadilha, e algumas pessoas seriam as iscas ideais.