Acordei com o barulho irritante da campainha tocando e os gritos animados de Sophia, assim que minha irmã caçula disse "Jess, olha a minha fantasia nova de princesa", abri um sorriso ainda de olhos fechados e todo enrolado nos vários cobertores deitado na cama.

Ela não poderia vir em momento melhor, mesmo eu não sendo o garoto certo de namoros e mesmo todos sabendo que esse meu namoro iria acabar rapidamente - durou mais do que eu esperava -, a visita dela nunca era em vão.

Eu odiava magoar as mulheres então é por isso que eu não me envolvia tanto com elas, eu sou novo demais para namorar e aproveito minha vida apenas me divertindo.

- Ei, preguiçoso. - ouvi uma voz muito familiar e abri os olhos direcionando meu olhar pra porta encontrando aquela anã sendo puxada pela pestinha para o quarto mais rosa que existe no mundo.

Por um momento todo o sono que eu tinha passou então me animei para levantar, demorei uns quinze minutos tentando me desenrolar dos cobertores e quando finalmente consegui me desenrolar de todos, levantei e fui para o banheiro.

Fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa qualquer e fui para o quarto do lado do meu. 

Encostei-me ao batente da porta e fiquei vendo minha irmã mostrando todos os vestidos de princesas que ela tinha, não eram poucos. Eram todos basicamente iguais só que com cores diferentes.

- Nossa, pensei que você estava morto, estava até comprando seu túmulo. - Jessica disse fazendo o drama de todos os dias.

- Jason, eu falei pra Jess morar aqui em casapuqueela quer ir embora, mas eu não quero que ela vai embora. - Sophia disse fazendo bico.

Como assimir embora? 

Encarei Jessica confuso e ela engoliu a seco, visivelmente nervosa.

- Da onde você tirou isso Sophia? - perguntei rindo um pouco, tentando convencer a mim mesmo de que aquilo era só uma bobagem de criança.

- A Jess tava lá conversando com a mamãe e eu ouvi tudinho, ela falou que vai embora. - minha irmã disse toda manhosa. 

Encarei Jessica a esperando dizer alguma coisa.

- Precisamos conversar. - ela disse e eu ri então isso é mesmo verdade.

Ela foi andando até o meu quarto e sentou na minha cama meio desconfortável e ficou encarando as mãos, a segui e continuei a encarando com meus braços cruzados a esperando dizer alguma coisa que explique tudo isso.

 - Não vai falar nada? - disse em um sinal sugestivo. Ela levantou a cabeça e me mirou com os olhos levemente marejados, eu odeio vê-la assim.

- Você sabe que esse é o nosso último ano no colégio e você também sabe que eu recebi propostas de várias faculdades e... - eu a interrompi.

- E eu também sei que você disse que eu seria o primeiro, a saber, da sua escolha e que você veria faculdades aqui na Califórnia.

Ela pareceu ignorar o que eu tinha dito e continuou: - Eu recebi uma bolsa em Oxford e... - a interrompi novamente.

- Jessica, seus pais são ricos e podem muito bem pagar qualquer porra de faculdade pra você.

- Jason, Oxford é uma das melhores faculdades do mundo e eles me enviaram um convite de honra pra passar pelas semanas de classificação lá, eu não posso recusar.

- Inglaterra? Você quer mesmo ir pra Inglaterra? E aquele papo de "ingleses falam estranho e eu nunca me veria morando no mesmo país do Big Bang"?  - eu perguntei já descontrolado, fazendo voz de vadia para imitar a voz dela, não que ela tenha voz de vadia, mas essa é a minha versão de imitar vozes femininas.

- As coisas mudam Jason, eu não posso parar a minha vida por você. - ela falou se levantando da cama para ficar de frente pra mim, pude ver uma lágrima escorrer por seus olhos e ela secou o rosto automaticamente, tive que me segurar para não abraça-la.

- Parar sua vida por mim? Eu que parei e paro minha vida por você. 

Como assim ela parar a vida dela por mim? Eu sempre me sacrifiquei por ela e agora ela simplesmente quer ir embora me deixando aqui com cara de merda.

- Me diga como você parou sua vida por mim? - perguntou desafiadora.

- Você acha que eu e a Cassie terminamos por quê?  - perguntei nervoso. 

- Ah, então eu sou culpada pelo término de vocês, entendi. - disse sarcástica.

- Sim, você é. 

- Eu tentei te avisar que esse namoro não ia dar certo, eu tentei te avisar desde o inicio, mas você disse que estava feliz então eu deixei. Não me culpe por isso, eu te avisei. - agora éramos dois descontrolados discutindo no quarto.

- Cassie tinha ciúmes de você, ela quis terminar porque achava que nós tínhamos algo. 

- Então por que você não se afastou de mim? - ela perguntou e eu não soube responder, eu não consigo me afastar dela e essa é a verdade... Por isso que eu não posso deixa-la ir pra Inglaterra.

- Quando os boatos de que vocês tinham terminado se espalhou, a primeira coisa que eu pensei foi em ir para a única loja que vende o maior saco deSour Patch Kids e comprar vários pra você, foi em ir naquela sorveteria do shopping que você trabalhava para comprar o maior pote do único sabor de sorvete que você gosta e em alugar seus filmes favoritos e o filme "Lanterna Verde", mesmo você odiando e assim mesmo vendo todos os dias, em comprar todas as temporadas de Friends para assistirmos juntos. Eu ia fazer tudo isso mesmo sabendo que você não está magoado, sabe por quê? Porque você é meu melhor amigo e eu não suporto a ideia de te ver nem um pouco mal.

Ela chorava e eu também chorava, nós nos olhávamos e eu tinha certeza de que tudo o que ela tinha dito era verdade. 

- Eu te amo. - disse com a voz embargada, eu sempre desistia quando o assunto era ela.

- Eu também te amo. - ela respondeu e me abraçou, retribui com o dobro da força. 

- Não... Eu estou falando sério. 

- Eu também, ué. - ela disse afrouxando um pouco os braços em volta do meu pescoço, nos separou um pouco e ficou de frente pra mim,bemperto...Bemperto. 

- É que... Eu estou apaixonado por você. - desviei meu olhar de seus lábios carnudos e avermelhados pros olhos mais lindos que já vi.

Pode parecer meio gay, mas eu estava nervoso, o que ela estava pensando? Que eu sou um louco? Vai que ela sai correndo e nunca mais olha na minha cara?...Não foi bem assim. 

Ela sorriu fraco mostrando um pouco os dentes e apertou um pouco mais os braços nos meu pescoço, fez carinho na minha nuca e me puxou pra mais perto colando nossos lábios, só de sentir aqueles lábios maravilhosos juntos aos meus eu pudi sentir um arrepio percorrer por toda a minha espinha. Envolvi sua cintura com meus braços e a puxei para ainda mais perto colando totalmente nossos corpos, pedi passagem pra língua preguiçosamente e ela logo cedeu, explorei todos os cantos de sua boca e depois nossas línguas se envolveram deixando o beijo ainda mais apaixonado, fiz carinho em sua cintura e a puxei novamente quase fundindo nossos corpos, senti a língua dela passar lentamente pelo meu céu da boca fazendo uma leve cócega, ela mordeu meu lábio inferior e paramos o beijo com alguns selinhos.

Encostei nossas testas ainda com os olhos fechados e ela tirou os braços do meu pescoço e desceu os arrastando por todo o meu braço, abri meus olhos encarando aqueles hipnotizantes olhos castanhos me encarando, ela abriu um sorriso e eu abri outro, quase rasgando o meu rosto. 

A dei outro selinho ainda com os braços em sua cintura e bateram na porta que estava fechada.

- Filho, Jess, vamos descer o almoço está na mesa. - minha mãe colocou a cabeça pra dentro do quarto e piscou pra mim ao ver a posição que estávamos, Jess corou na hora.

- E-eu marquei de almoçar com meus pais hoje, me desculpa, mas não vai dar pra ficar. - ela disse.

- Por favor, fica. - sussurrei só pra ela ouvir. 

- Não vai dar, é sério. 

- Tudo bem então. - eu disse e a dei um selinho, minha mãe soltou um "awn" e saiu.

Levei Jess até a porta, trocamos, mas alguns beijos e eu a assisti andando até em casa que não era tão longe da minha. 

[...]

2 semanas depois...

Não sai de casa nos últimos dias, Jess tinha me avisado que ia embora hoje pra tal semana de classificação, discutimos de novo e desde aí paramos de nos falar. Logo agora que eu me declarei ela tinha que ir embora? Chorei só de pensar em sentir falta dela, eu simplesmente não aguentaria.

E aqui estou, me arrumando para ir ao aeroporto me despedir, se eu não fosse me sentiria culpado e ainda tenho essa carta pra entregar. Passei o perfume masculino que Jessica mais gosta e perfumei a carta, a coloquei em um envelope roxo, sua cor preferida, e fui a caminho da despedida mais dolorosa de toda minha vida. 

Quando soube que Jess não moraria conosco, Sophia chorou e se trancou no quarto, mas meia-hora depois saiu porque estava com fome e tudo ficou bem, mas está até agora chateada com isso tudo. 

Cheguei ao aeroporto já atrasado por conta do trânsito maçante de San Diego e entrei correndo tentando achar o portão de embarque. 

Pude reconhecer aquele cabelo castanho de longe e corri ainda mais, a abracei por atrás e senti o cheiro maravilhoso de morango do cabelo dela.

Ela virou pra trás e eu percebi que ela estava ainda mais linda que antes, a abracei e a beijei como se nunca mais fizéssemos isso, e talvez eu esteja certo.

A entreguei a carta e ela sorriu ainda mais. 

-Isso é pra você. - eu disse sorrindo tímido enquanto a entregava o pequeno envelope perfumado.

Ela ia abrindo o envelope quando eu a parei. 

- Só leia no avião. 

- Tudo bem. - ela disse ainda sorrindo e me beijou de novo. 

Uma voz robotizada soou pelos alto-falantes do aeroporto anunciando o voou, ela se afastou e eu senti uma puta pontada no coração. 

A vi ir embora e meus olhos se encheram de lágrimas, levantei minha cabeça para que nenhuma lágrima caísse e para evitar vê-la partindo.

E assim, o amor da minha vida se foi...

Jessica P.O.V

Segurei-me para não chorar na frente dele, Jason é literalmente meu anjo. 

Quando o avião já tinha decolado, abri o tal envelope para ler a carta que dizia: 

"Jessica Brook, 

Estou me sentindo a pessoa mais idiota em estar escrevendo isso pra você já que não sei o que dizer, não sei nem por onde começar...

Acho melhor começar dizendo que te amo como nunca amei alguém, é sério. Arrependo-me por demorar tanto tempo para declarar a minha paixão por você, se eu soubesse que sentiria seus lábios sobre os meus, teria dito no minuto que nos conhecemos, talvez não porque nos conhecemos com dois anos e você sabe isso foi um jeito de falar. 

Nesse exato momento que você está lendo esse parágrafo, pode ter certeza que estou arrependido de te entregar essa carta, você deve estar me achando um gay idiota que se perdeu no mundo e está escrevendo uma carta para uma garota, mas eu tenho coisas pra te dizer então não pare de ler. 

Vou sentir sua falta, vou sentir falta da sua risada escandalosa quando assiste Friends, da sua cara de nojo quando vê o lagarto de estimação da Sophia, do seu sorriso envergonhado quando eu digo que você está linda, das suas caretas aleatórias enquanto está com tédio, do seu pavor de avião o que é algo irônico já que está dentro de um agora - se estiver tendo um ataque agora, saiba que não foi minha intenção te lembrar disso -, de fazer tranças no seu cabelo enquanto você está dormindo, de te ver quase dormindo quando vamos ao cinema na madrugada, eu vou sentir falta de tudo isso e isso só me faz te odiar cada vez mais por não te ter comigo. Isso dói, sabia?

Odeio o fato de o meu travesseiro ter seu cheiro e não me deixar dormir por ficar pensando em você, odeio o fato de você ter colado uma foto nossa no meu armário com aquela cola especial que sua mãe comprou pra você no México porque assim sempre que eu for trocar de roupa, vou lembra de você - com malícia, por favor -, odeio ter que te ver de biquíni e não te levar para um quarto imediatamente, odeio não poder te beijar toda hora por não sermos namorados, odeio quando você aperta meu amigão lá de baixo de brincadeira e me deixa seriamente excitado, odeio ter que ir para Inglaterra sempre que quiser te ver, ou abrir meu armário - meu armário não é igual aqueles de Nárnia que faria eu aparecer na Inglaterra pra te ver -, odeio você por me fazer odiar cada detalhe perfeito de você apesar de amar cada detalhe imperfeito de você. 

Eu te amo e já sinto sua falta, sempre que quiser matar as saudades, olhe para a estrela mais brilhante porque serei eu olhando por você e vendo todas as bobagens que você estiver fazendo, você sabe, eu sou muito brilhante. Não perca essa carta, tem meu cheiro nela e saiba que aquela sua blusa preferida que você "perdeu" está aqui em casa e eu só durmo sentindo seu cheiro nela e no meu travesseiro, depois vou na sua casa pegar outra coisa que tenha seu cheiro quando o cheiro das coisas que eu tenho acabar. 

Não se envolva com nenhum inglês, ainda estou esperando por você.

Sou perdidamente apaixonado por você, bruxinha. 

Com amor, 

               Você sabe quem escreveu essa carta.”

Depois de chorar e rir lendo a maravilhosa carta que Jason escreveu, decidi que assim que chegar na Inglaterra vou voltar para San Diego e arranjar uma universidade boa por lá, Jason fará parte do meu futuro e eu não posso perde-lo, não posso nem brincar em formar uma família sem ele.

Olhei para janela do avião e mirei pra baixo, estava escuro e chovendo, me lembrei de quando estava na casa de Jason e chorei quando chovia e a luz havia sido cortada, eu também estava com saudades. Disse entre lágrimas olhando para a estrela mais brilhante do céu:

- Eu sou perdidamente apaixonada por você, bruxinho.