Pov. Keyko

– O que são mangás?- Soma me perguntou curioso

– São histórias em quadrinhos japonesas- respondi

– Ah ta- ele sorriu- então esta combinado, vamos nesse tal de star bucks e depois a gente te acompanha até a banca, que tal depois que a Keyko sair do psicólogo?

– Bem... pode ser- eu disse um pouco envergonhada

– Ok- Ciel disse indiferente

Bem, pra alguns ele estaria sendo o Ciel de sempre, pra mim ele parecia perdido em pensamentos. Já era de se esperar depois de tudo que rolou ontem, quero manter uma boa distância desse atrevido.

O resto do dia passou bem rápido, logo nos fomos sair, o shopping era perto de casa, por tanto era perto da escola. Eu tinha que ir até o psicólogo, então falei para os meninos que poderiam ir na frente, mas Soma fez questão de ficar esperando até eu sair, e o bocchan teve que ficar junto com ele.

Bem, hoje não foi muito diferente do outro dia, com a diferença que eu estava exalando o odor do desespero. Bem, o que eu diria a ele? "Ah cara, meu chefe me acediou no trabalho ontem, e seu sobrinho fofo quer que eu saia com ele", never!

Conversamos normalmente, até que ele comentou que Soma havia falado de mim, e eu corei. Ele riu e disse que estava feliz por ele ter arrumado amigos novos, pois ele geralmente era muito excêntrico. Mas assim foi, ele me fez perguntas sobre minha família de verdade, e eu disse que não sabia nada sobre ninguém. Conversamos também sobre minha banda, e ele disse que um dia gostaria de me ouvir tocar.

A consulta durou mais ou menos cinquenta minutos, eu sai da sala de Agni, e Ciel e o príncipe estavam sentados ao lado da porta. Bocchan estava dormindo, e Soma estava mexendo no celular. Nós seguimos para o shopping. O indiano ficou realmente surpreso por ver o shopping daqui, ele disse que nunca viu algo parecido, pois os shoppings de seu país eram diferentes.

Nós tomamos café no star bucks como combinado, mas o que eu realmente aguardava era a banca, óh senhor, é a banca das bancas. Eu morava longe dali, mas sempre vinha até aqui quando podia, só pra comprar meus mangás, a dona do lugar era minha amiga até. Chegamos la após pegar um elevador, e o príncipe não parava de tagarelar.

– Yo Agata-sama - eu disse acenando para moça alta atraz do balcão da banca que na verdade parecia mais uma livraria

– Yo Keyko-chan- ela acenou de volta e ajeitou os óculos- veoi buscar novos mangás de qual coleção?

– Não sei... Já chegaram os novos do Zettai Kareshi?

– Já sim, separei eles pra você- ela sorriu

Os meninos começaram a mexer em todos os tipos de mangás, eu ri e fui até uma das prateleiras, minha favorita, olhei em volta vendo se os meninos não reparavam, e comecei a folhar vários mangás. Agata veio em minha direção com uma cara maliciosa.

– Nunca abandona isso?

– Sh!!- eu tapei a boca dela- não precisa de espalhar pra todo mundo

Ela remexeu a prateleira e me entrou um mangá.

– Esse aqui chegou ontem, disseram que é bem interessante- ela sussurrou rindo

Eu olhei a capa, de Uraboku, e a observei bem.

– Vou levar esse também- sussurrei

Senti uma mão em meu ombro.

– Ei Keyko, que isso?- Ciel perguntou

– N-nada- eu escondi o mangá

– O que é esse mangá?- Soma perguntou inocente e curioso

– É-é específico para garotas, nada que vocês gostem- tentei disfarçar

– Calma Key-chan- Agata disse pegando o mangá de volta- não precisa se envergonhar por ser uma fujoshi- ela riu e entregou o mangá nas mãos do meu mestre

– Não!- eu peguei da mão dele mas Soma pegou de mim e jogou de volta pro Ciel- por favor não abra isso

A vendedora ria sem parar e eu ainda tentava tomar a pequena revista das mãos o garotos, até que o príncipe segurou meu braço e Ciel o abriu. O rosto dele ficou brutalmente corado, ele fechou o mangá lentamente com os olhos arregalados.

– O-o q-que é-é i-isso?

– Nossa! Que cara é essa Ciel- Soma o sacudiu pelo ombro depois de me soltar

– É normal, ele só esta em choque- ela bateu de leve no ombro de Ciel que entregou o mangá pra mim

– Viu isso que da querer roubar mangás de uma fujoshi- eu ri

– O que tem nesse mangá?- o príncipe perguntou

– Gay! Gay! Gay!- o mestre voltou a si e começou a repetir

Todos rimos.

– Como você consegue ser tão pervertida a ponto de ler isso?

– Ora, fujoshismo- Agata respondeu

– Eu não sabia que esse era lemon...- tentei disfarçar

Fui até o balcão e paguei os cinco mangás que escolhi, e escondida ainda peguei uns dois ou três outros volumes de shounen-ai. Fomos até em casa conversando, o hotel onde Soma estava hospedado era bem pertinho da mansão. Quando chegamos, ja eram três e meia, Ciel entrou, mas o estrangeiro pediu para que eu esperasse um minuto.

– Keyko...- ele disse parecendo envergonhado- nos conhecemos a pouco tempo, mas quero te fazer uma pergunta

Um frio percorreu todo meu corpo, o garoto moreno me encarava com seus olhos dourados, espero que não seja aquilo.

– Eu queria saber... Hoje anoite, é minha festa de aniversário, gostaria de ir?

"ufa ufa ufa ufa ufa ufa ufa ufa ufa ufa"

– Não sei se meu chefe deixa... Mas eu adoraria- sorri meio constrangida

– Se quizer eu mesmo falo com ele- ele segurou minha mão e disse indo em direção a porta da casa do conde

– Bem... Não sei se é uma boa

– Qual o nome dele? - ele perguntou esperançoso

– Ciel- respondi rindo

– O mesmo nome, nossa- ele se assustou, eu não pude conter a risada

– Não bobo, eu trabalho pro Ciel, nosso amigo

– Sério!?- ele se espantou

– Sim- falei envergonhada por dizer que era empregada

– Então vamos agora mesmo perguntar- ele me puxou pela mão até a porta da mansão e me pediu para abri-la

– Ciel!- ele chamou

Bocchan apareceu com um biscoito na boca.

– Oi- falou com a boca cheia

"KAWAII!"

– Keyko pode ir na minha festa hoje anoite?

Bocchan se surpreendeu.

– Ah, sei la...

– Não- Sebastian apareceu do nada no salão de entrada

– Ué, quem é esse?- Soma perguntou

– Meu mordomo- Ciel disse terminando seu biscoito

– Porque não?- ele insistiu

– Porque eu não deixou

Eu fui em direção a ele e o puxei pelo braço até o corredor.

– Papai! O que foi?

– Não vou deixar você sozinha com esse garoto

– Ah que isso! Ta achando que eu sou que tipo de garota?- falei brava- ele é só meu amigo

– Você é comportada, só não sei ele, e outra você tem que ficar aqui, se lembra que dia é amanhã

– Primeiro que é amanhã, e segundo, pô, o Ciel pode ir também

– Outro problema- ele riu

Eu senti meu rosto queimando.

– Ta certo, mas se eu ficar sabendo de coisa a mais...- ele ameaçou sorrindo

Voltamos para sala, e os dois garotos estavam meio "poker face". Eu sorri para Soma que entendeu o recado, e me entregou um convite, e outro a Ciel.

– Não precisam de se preocupar com presentes, ta legal? Eu espero você la- ele sorriu de orelha a orelha

Então ele foi embora. Eu não pude deixar de pensar sobre o jeito que Sebastian foi super protetor, e o jeito que eu tratei ele, foi tão normal que até pareceu que morávamos juntos a anos.

Não tive muitas tarefas hoje, mas antes de qualquer coisa, depois de me trocar eu corri para o quarto de bocchan que ja estava no video game e abri todas as janelas. Estava um calor insuportável, se ele ficasse naquele quarto fechado o dia todo de novo, queria só ver pra limpar amanha. Ele riu, eu sai do quarto e fiz tudo que tinha que fazer o mais rápido o possível.

Já estava bem perto da hora marcada, fui tomar um banho então. Coloquei um vestido branco com rendas e outros detalhes em azul marinho, que eu havia ganhado da minha amiga uma vez e nunca usei, coloquei minha rasteirinha azul da mesma cor, e prendi meu cabelo num rabo de cavalo com um laço preto

Sai do quarto e bocchan ja estava me esperando, ele estava usando uma bermuda jeans, uma camiseta azul da hering, com um colete preto por cima e um tênis azul do mesmo tom da camisa. Já estava quase na hora, oito e meia começava a festa e ja eram oito horas. Ele olhou pra mim com aquela roupa e fez questão de me zuar.

– Olha, você esta vestida de de menina- ele riu

– Ta falando que minhas roupas normais parecem de menino?

– Mais ou menos isso

– Ata, sei...- cruzei os braços

– Que isso, eu tava brincando, você esta muito bonita- ele disse corando

– Ah, v-valeu, você tamb...

– Vamos- papai apareceu novamente do nada

– H-hai!- eu disse disfarçando

Sebastian nos levou de carro até o hotel onde o príncipe estava hospedado. Ele estava na porta nos esperando, papai olhou pra mim e encarou os meninos sem que percebessem. Eu ri. Nós entramos, e Sebastian foi embora. Seguimos o príncipe até um pequeno salão, onde haviam muitas pessoas desconhecidas. Vários e vários indianos e algumas pessoas que eu podia jurar que conhecia de algum lugar, mas não havia muita gente.

O príncipe parecia muito feliz, estava vestido em seus trajes comuns da Índia, e com o cabelo preso. Ele me elogiou e disse que eu estava muito bonita, Ciel parecia entediado mas mesmo assim ele nos puxou pelo braço até um círculo de três pessoas. Uma menina mais ou menos da minha altura, ruiva e usava óculos, um garoto loiro com cara de crianção e um mais alto com cara de ser mais velho.

– Mey-rin, Finny, Bard!- Soma chamou- Keyko, Ciel esses são meus amigos Bard- ele apontou para o mais alto- Mey-rin - apontou para garota que acenou envergonhada- e Finny

– Oi- falamos juntos

– Eu conheci eles aqui, e descobri que são da nossa escola- ele sorriu- são da sala B

– Ata, eu tinha certeza que ja havia visto vocês antes- sorri

Nós conversamos um tempo, eles eram bem legais. Conforme tocavam algumas músicas, Soma as vezes dançava sozinho e ria, era bem fofo. Bard era engraçado e gostava de contar piadas, ele é irmão mais velho do Finny e esta no terceiro ano do ensino médio, Finny era bem fofinho, e ele fica constrangido bem fácil, e Mey-rin que só parece contida, eu descobri que é uma fujoshi, assim como eu.

Soma saiu por um momento de nossa rodinha e disse que voltava logo. Continuamos nas conversas paralelas até que algumas músicas eletrônicas começaram a tocar. Os três puxaram a mim e a bocchan para dançar, mas nenhum de nós sabia dançar, foi engraçado. Logo depois de ter ficado um pouco com cada convidado, o príncipe voltou para rodinha, que agora dançava muito feliz. Até mesmo Ciel estava se divertindo.

Ele havia trazido uma moça com ele até nós. Alta, olhos da mesma cor que os dele, cabelos longos e cor ameixa, e a pele morena.

– Essa é minha irmã mais velha, Mina- ele sorriu- ela veio ontem a tarde pra cá, e vai passar a semana aqui

– Oi- todos falamos e sorrimos, mas ela parecia enojada, e logo saiu dali

O clima ficou um pouco ruim, mas logo Soma quebrou tudo isso e voltamos a nos divertir. A festa ja havia se estendido até dez horas da noite. Mas foi de boa, Ciel parecia feliz e não disse nada. Até que para uma festa de estrangeiros, era bem divertida. Alguns amigos indianos dele vieram falar conosco, o que foi engraçado, pois eles não sabiam falar inglês direito.

Ja eram onze e meia, tudo ao meu redor começou a girar, e minha cabeça doía muito. Coloquei a mão na testa, e eu estava quente. Todos repararam minha queda repentina de humor.

– Esta tudo bem?- Mey-rin perguntou

– Acho que sim- eu ri um pouco desanimada

Soma me olhou nos olhos e colocou a mão na minha testa.

– Nossa, você esta muito quente! Tem certeza que esta tudo bem?

– N-não se preocupe comigo- eu sorri

– Melhor nós irmos embora não é?- Ciel disse

Soma concordou com a cabeça, e então fui obrigada a concordar, Ciel ligou para meu pai, que não demorou muito para chegar. Nos despedimos dos nossos novos amigos e o indiano nos acompanhou junto a Agni até a porta. Eu comecei a ficar pior e sem querer quase cai em cima de Ciel.

– Desculpa não poder ficar mais aqui Soma- eu disse

– Não, que isso, vocês ficaram bastante, muito obrigada por vir, foi bem divertido, espero que você fique melhor

– Ah, fique calmo não deve ser nada- eu tentei sorrir mas estava ficando com mais dor de cabeça- não se preocupe

– Ta certo- ele me abraçou, eu corei um pouco mesmo involuntariamente- até amanha

– A-até- eu disse envergonhada e fui em direção ao carro

Agni me encava de um modo estranho, parecia não confiar em mim.

– Ah é! Keyko!- Soma chamou

– Oi

– Esqueci de perguntar, quando é seu aniversário?

– Ah isso... Não se preocupe, não precisa saber- tentei raciocinar, mas não me lembrava de quando era

– Vamos me diga

Algo de relance bate em minha mente e me lembrei.

– Amanhã

– Sério?- ele pareceu surpreso

– Sério- eu ri- mas nem se preocupe com isso, não ligo muito para essas datas

– Ta certo então... até amanha- ele riu

– Até

Fomos embora, a mansão não ficava longe, mas mesmo assim o trânsito estava um pouco parado no caminho. Eu comecei a me sentir pior do que ja estava, e acabei apagando e caindo em cima de bocchan, que estava sentado no banco de traz comigo.

***

Pov. Sebastian

Keyko havia caído em cima do jovem mestre no banco de traz, parecia desacordada. O carro estava parado, então me virei, a expressão do Ciel era de espanto.

– Keyko- ele a cutucou- ei Keyko

– Ela esta desacordada- eu falei e estiquei meu braço entre os bancos e coloquei minha mão sobre a testa da menina- como eu pensava- murmurei

– O-o que foi?- bocchan perguntou ainda assustado

– Ela estava passando mal não estava? Então, ela desmaiou

Ele se assustou e voltou a olhar a menina desacordada, deita com a cabeça em seu colo. Por sorte não demorou muito para chegarmos na mansão. Pedi para que ele saísse com cuidado pela outra porta, e tirei keyko do carro. eu a carreguei até seu quarto e a deitei em sua cama, Ciel me seguiu, e parecia preocupado.

– O que será que aconteceu?

– Não sei- encarei a menina deitada

– Sebastian- ele indagou

– Diga senhor

– O que esta havendo?

– Como assim?

– Parece preocupado, porque se preocuparia com ela? Tem alguma coisa que eu deva saber?

– Não senhor

– Esta escondendo algo de mim- ele cruzou os braços a procura de uma resposta- você tem agido meio estranho com ela ultimamente, que tipo de relação vocês estão tendo?

Eu não pude deixar de rir dos pensamentos do jovem mestre.

– Não é o que esta pensando bocchan- eu tente não rir- é outra coisa

– Se vocês não estão... juntos- ele corou- o que é então?

– Bem, o senhor não entenderia

– É uma ordem, me conte

– Certo

Fui até Keyko e pedi para que ele se aproximasse. Mesmo sendo indevido e fiz, aproximei minha mão da parte de cima do vestido de minha filha.

– O-o que acha que vai fazer?- ele perguntou com o rosto rubro

– O senhor quer que eu explique que esta havendo certo?

– T-ta

Eu puxei um pouco o vestido da menina, deixando assim meu mestre conseguir ver a marca um pouco acima dos seios da menina.

– O-o que e isso?

– É a marca de nosso contrato senhor

– Mas, porque ela tem isso? você tem um contrato com ela maldito?

– Não senhor, ela é um akuma

Ele arregalou os olhos.

– Me conte essa história direito Michaelis!- ele disse autoritário e bocejou

– Esta tarde senhor, vá dormir, pois isso é o máximo que eu posso lhe dizer agora

Ele ficou emburrado, e saiu do quarto. Eu fechei a porta, e troquei as roupas da menina. Ela mesmo dormindo, tinha uma expressão de dor e sofrimento, ainda estava com a temperatura muito alta. Logo eu tive que sair, e fui "dormir".

"Como imaginei, é poder de mais para que o corpo dela suporte, só há uma coisa a fazer agora, e infelizmente é esperar"