Selena caminhava sobre uma névoa estranha. Ela usava suas mesmas roupas que estava usando na missão, tinha suas armas e usava o mesmo penteado. Mas algo estava estranho. Por que ela estava ali? Onde estava? Tinha morrido?

Então, uma mulher de cabelos encaracolados como os de Selena e com a pele morena e de pálpebras caídas surgiu da névoa. Usava uma blusa e uma calça listradas de branco e cinza e tinha um leve sorriso no rosto.

–Quem é você? – perguntou Selena tentando, a custo, formular uma pergunta melhor do que aquela mas a mulher gargalhou alto, impedindo Selena de pensar.

–Tem certeza que não sabe? – perguntou a mulher e a garota se deteve a negar com um aceno de cabeça. – Sou Belatriz Black Lestrange. É familiar para você? – ela perguntou gentilmente.

–Sim. Você é minha parente? – perguntou Selena desejando ter feito uma pergunta melhor, mas algo naquela mulher, impressionava Selena e a prendia ali.

–Sou. Faço parte da linhagem de sangue da família Black. O que faz aqui? – perguntou Belatriz com leve interesse enquanto encaracolava os cabelos ainda mais.

–Eu ia fazer a mesma pergunta a você. – disse Selena olhando ao redor. – Onde estou?

–Na minha mente. – respondeu Belatriz gentil mas tinha um sorriso de deboche no rosto, como quem desejava dizer algo mas não queria magoar. – Aliás, quem é você mesmo?

–Você não sabe? – perguntou Selena mais e mais desconfiada e confusa naquela situação. Belatriz não respondeu. Continuou encaracolando os cabelos e encarando Selena com grande interesse.

–Sou Selena Black Jayne. – respondeu a morena e Belatriz sorriu, mas não com deboche, o que surpreendeu Selena, mas surpresa como se o nome da garota fosse algo que ela nunca tivesse ouvido na vida.

–Jayne? Por que Jayne? – perguntou Belatriz.

–Não sei. – respondeu Selena. Nunca tinha parado para pensar naquilo.

–Interessante. Jayne. Bonito. Selena também é um nome bonito. Então, quantos anos você tem? – perguntou Belatriz com interesse.

–13 anos. – respondeu Selena. – Por que?

–Nada, nada. – apressou-se a dizer Belatriz mas continuava a encarar Selena com interesse e curiosidade. – Você é bruxa, certo?

–Sou. – respondeu Selena sem saber porque respondia as perguntas da estranha Belatriz.

–Mestiça. – disse Belatriz e Selena notou que não era uma pergunta, era uma afirmação. – Você é interessante, Selena. Mas me conte, como veio parar aqui?

–Estava em missão. – respondeu Selena.

–Que tipo de missão? – perguntou Belatriz curiosa.

–Ah, esquece. Tem como eu ir embora? – perguntou Selena e Belatriz não respondeu. – Por que você faz tantas perguntas?

Selena notou, com um susto, que Belatriz estava chorando. Mas seria um choro de verdade ou algo falso?

–Você é tão parecida com seu pai, e ao mesmo tempo, tem semelhanças comigo. – disse Belatriz e Selena continuou a encarando incrédula. – O Lorde das Trevas, me proibiu de cuidar de você, logo que você nasceu.

Selena continuou pasma. Ela estava falando com sua mãe?

–P-perai. – gaguejou Selena e respirou fundo. – Você é minha mãe?

–Sim, sou. – respondeu Belatriz secando as lágrimas com rapidez como se não quisesse compartilhar com Selena algo impróprio. – Eu gostaria de poder te contar mais coisas, só que não posso.

–Por que não? – perguntou Selena inesperadamente.

–Primeiro, tenho que te explicar uma coisa. Eu não sou quem eu pareço ser. Você é inteligente e vai entender. Eu fui, e ainda sou se o Lorde das Trevas continuar vivo, em algum lugar, eu sou uma Comensal da Morte. – respondeu Belatriz e Selena entendeu. Comensais da morte, foram partidários de Lord Voldemort. – Você é Oclumente pelo que posso ver para entrar na minha mente desse jeito. Acho que isso é de família. Eu também sou uma Oclumente e Legimente.

–Por que você não pode explicar mais coisas? – perguntou Selena desesperada quando Belatriz se virou.

–Porque você não suportaria uma conexão de tanto tempo. Você é muito jovem. – respondeu Belatriz se virando novamente para Selena. – Eu estou presa em Azkaban no momento. A prisão dos bruxos. Cometi muitos crimes e estou em prisão perpétua.

–Se Voldemort retornar, mude de lado. – implorou Selena nem sabendo o porque fazia aquilo. – Não continue sendo uma Comensal da Morte.

–Eu sempre fui a mais fiel, mais recompensada pelo Lorde das Trevas. Quando você nasceu, eu mudei um pouco meu modo de pensar. Cai na realidade e notei como estava sendo tola. Mas eu já era uma Comensal da Morte, não poderia voltar atrás, se não seria morta. Fingi que ainda estava fiel ao Lorde das Trevas por mais uma semana, até que ele decidiu ir atrás dos Potter’s.

–Como você conseguiu enganá-lo? – perguntou Selena incrédula.

–Eu sou boa Oclumente, já disse. Consigo formar barreiras que apenas eu, ou uma pessoa que eu permita e que também seja Oclumente, consegue ultrapassar. Assim, defini um novo perfil na minha mente. A mentira. Dividi em duas partes e a verdade, o lorde nunca conseguiu acessar. Ele apenas via o que eu queria que ele visse. Foi difícil enganá-lo. – disse Belatriz com um suspiro. – Mas eu tinha que te protegê-la.

–Mas você disse que Voldemort não permitiu que..,

–Snape descobriu sobre você. – disse Belatriz com amargura. – Ele me viu cuidando de você na minha mansão. Então, contou para o Lorde das Trevas antes deste partir para a casa dos Potter. Ele veio atrás de mim com fúria, e tentou penetrar minha mente, tentando descobrir algo que desse a ele o motivo para matá-la, mas eu consegui fazer uma mentira que pareceu verdade para ele, aflorar na minha mente. Eu o enganei mais uma vez e ele pensou que você fosse uma legítima Lestrange e não a matou. Apenas não permitiu que eu cuidasse de você, e que a levasse para alguém cuidar. Eu fui até a primeira pessoa que eu encontrei, e que achei seguro: Alvo Dumbledore. – disse Belatriz.

–Dumbledore? – perguntou Selena incrédula e Belatriz assentiu e sorriu para a garota.

–Você tem todos os motivos para duvidar de mim, em relação às coisas que lhe contei agora. Eu ainda não sei que parte de mim tornar-me no futuro, se o Lorde das Trevas retornar; a comensal assassina, ou a bruxa prestativa com os heróis. Mas tenha certeza de uma coisa, tudo que eu fizer, será para te proteger. – disse Belatriz sorrindo e mais lágrimas rolaram por seus olhos. – Tudo que você fizer, todos os caminhos que você escolher, eu estarei no final deles para te aconselhar ou proteger. Se o Lorde das Trevas retornar, eu estarei te aconselhando mesmo que eu tenha que me juntar à ele e me tornar perversa e assassina para sobreviver, para que ele não me mate ou descubra mais sobre você. Agora, acho melhor terminarmos essa conexão. Eu estou muito fraca e creio que seja melhor para você. – disse Belatriz. – Mas não conte para ninguém sobre mim, sobre eu ser sua mãe. Acho que apenas Dumbledore poderá fazer isso. Além do mais, todos poderão ter medo de você por minha causa.

Selena assentiu sem saber se acreditava em Belatriz, na mãe que a abandonou, ou se confiava nela.

–Adeus. – disse Belatriz sumindo pela névoa e barreiras se fecharam impossibilitando Selena de ver sua mãe.

A garota abriu os olhos, respirando com grande dificuldade. Olhou ao redor. Estava montada em um cavalo-marinho. Percy adormecera em um e Annabeth estava com o Velocino de Ouro nas costas e estava junto de um cavalo-marinho. Selena tocou sua testa e viu que tinha um curativo. Tyson estava agarrado a outro cavalo-marinho e Clarisse estava em Arco-Irís. Grover roncava em cima de um dos cavalos também.

Selena encostou a cabeça no seu cavalo-marinho, pensando.

Sua mãe era Belatriz Lestrange. Mas o que tinha acontecido realmente? Como Belatriz tinha se interessado por um deus olimpiano?
Será que a comensal da morte, mais conhecida por ter torturado os Longbottom, tinha se tornado boa? Será que Belatriz, era de fato, boa mesmo ou estava fazendo um joguinho para fazer Selena acreditar nela e se meter em uma grande enrascada, no futuro?

“Ela pode até ser má”, pensou Selena com seus botões. “ Mas ela deve mesmo gostar de mim, senão, não teria me salvado de Voldemort.”

E com esses pensamentos, Selena Black Jayne adormeceu, não tendo sonhos, não tendo pesadelos, e muito menos entrando na mente de alguém acidentalmente.