Prólogo - Cores.

A primeira vez que eu realmente a vi eu já a conhecia há muito tempo. Acreditava realmente que poderia descrevê-la como ela era, mas, no fundo, eu nunca pude. Havíamos vivido por um longo tempo sob a constante ameaça da nossa simetria.

Eu nunca a vi de verdade.

Eu a havia podado e ela tinha feito o mesmo comigo. Cortamos nossas asas mutuamente, na esperança de matarmos nossas cores. Eu queria arrancar-lhe todos aqueles sentimentos nem que fosse na faca, e ela queria que eu me separasse da nossa loucura. Me diferenciasse do desespero.

Mas, apesar de seus esforços, eu sempre fui cinza. E acabei lhe arrancando os tons ao longo do caminho.

Eu tentei matá-la todas as vezes que toquei meus lábios nos dela, mas ela, em sua ingenuidade característica, achava que poderia me salvar. Aquela sua confiança cega e muda de que eu nunca a deixaria cair.

Mas como se salva alguém dele mesmo, Andie?