Entre Livros E Pinceis escrita por TJ Carvalho


Capítulo 2
Capítulo 2




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§ Segurava o pincel desenhado traços suaves no tecido§ O vento balançava levemente as folhas das arvores, desprendendo algumas pétalas da grande cerejeira e as fazendo flutuar calmante como em uma dança ao redor do casal idoso que servia de modelo para minha pintura, dando-lhe um ar ainda mais harmonioso.

A primavera com suas cores brandas, sua brisa perfumada, suas flores que embelezam a vida dos seres humanos, sempre foi minha estação favorita. Os amores que nasciam nessa época sempre eram tão cheio de afeto e compreensão.

O casal a minha frente com seus sorrisos ternos , seus orbes acinzentados pela ação dos anos mostravam a dedicação que tinham um para com outro, mostravam exatamente esse amor privaneril.

“Quanto é o quadro minha querida?” perguntou-me o senhor idoso já com a carteira em mãos

“Não custa nada senhor!” sorri nunca se passou pela minha cabeça cobrar pelas pinturas, porque pintar para mim não era um modo de ganhar dinheiro e sim de expressar sentimentos, retratar as belezas escondidas dos olhos dos apresados.

Expliquei-lhes que deveriam deixar a pintura secar ao livre eles agradeceram e saíram levando-a.

Voltei para casa em passos curtos e calmos observando as pessoas, as arvores, sentindo os cheiros da natureza da pena cidade de Termonfeckin. Era uma pequena cidade no norte da Irlanda. Rodeada de montanhas, bosques e rios era um lugar esquecido do mundo, ideal para pessoas como eu, voltados à arte de pintar ou escrever. Era dali que muitas lendas haviam surgido, e era ali o lugar que eu escolhi para viver daqui para frente.

Sinceramente eu não poderia ter escolhido lugar melhor que esse para viver por sei - lá quantos anos. A cidade era pacata e belíssima, e dava-me uma sensação de paz... a sensação ideal para se começar uma nova historia.

Eu poderia fazer uma continuação para meu ultimo livro... humm acho que não... eu simplesmente matei o personagem principal , não iria fazer o menor sentido eu fazer uma continuação sem ele. Tudo bem continuação descartada!

Pensando nesse ultimo livro me veio em mente instantaneamente a imagem de um rapaz, Ciaran que tinha ficado com o meu manuscrito a pouco mais de duas semanas e não tinha me dito nada sobre o livro. Então minha mente completamente maluca começou a imaginar a hipótese de ele ter achado o livro uma porcaria e não ter terminado de ler.

 Esse era o meu maior medo. De acharem as minhas obras ruins.

 “Você tem esse costume de andar por ai e se esquecer do mundo Sophia?” uma voz grave e claramente masculina tirou-me da minha viagem pelos pensamentos.

“Ola Ciaran! Como você esta?” falei ignorando veemente o comentário anterior, ele só deu um sorriso de canto de boca.

“Eu estou extremamente triste! Sobe por quê?” ele perguntou parando a minha frente com o manuscrito que eu pedido para ele ler em mãos “ Você fez a crueldade de matá-lo! Eu ... eu...” vi seus olhos  castanho esverdeados marejarem ficando ainda mais verdes, assustei-me com isso “ que bobo que sou não é? Quase chorando por causa de uma historia!”

Estávamos os dois parados em frente ao portão da minha casa, não sei por que, mas peguei-o pela mão e o puxei para dentro de casa não lhe dando tempo de protestar.

“O livro esta tão ruim assim?” perguntei levemente desapontada, eu detestava que as pessoas não gostassem de algo que eu levei tanto tempo para finalizar  “ta certo que ele é bem diferente das outras obras, mas...”

“Não, eu amei o livro... mas foi muita maldade de sua parte fazer isso” ele fechou os olhos e respirou fundo “você poderia ter o deixado vivo né? Porque não fez isso?”

“ Porque era impossível para ele viver, ele era portador de uma doença mortal  e eu estaria apelando de mais se do nada ele começasse a se curar” sentei no sofá da sala indicando com a mão o local ao meu lado para ele se sentar

“Sophia ele merecia viver poxa! Ele lutou a historia toda para sobreviver e você simplesmente mata ele, e deixa a Katie sosinha!” seus olhos embora mais calmos demonstravam uma fagulha de tristeza

“A vida não como em um conto de fadas, Ciaran, na vida real ele teria morrido como morreu no livro” meu coração começou a descompassar, falar sobre isso me trazia lembranças dolorosas “mas então você gostou?”

“Eu gostei muito sim da historia, mas se você for colocá-lo a venda tem que colocar um aviso para cardíacos, porque eu quase tive um lendo esse livro!” vi um sorriso mesmo que pequeno em seu belo rosto

“Se ele esta aprovado então vou colocar o meu monstrinho a venda!” sorri amplamente, mas esse foi diminuindo aos poucos, pois a minha frente eu via aquele homem tão jovem começar a chorar  “Ciaran oque ouve?”

“Sabe, eu minha mulher Anne, estamos passando por uma época bem turbulenta e ela quer se separar, mas eu não posso, pelo meu filho pelo meu pequeno eu não posso deixar ela ficar com ele, Anne não sabe nem fritar um ovo... ela conserteza vai deixar Ryan nas mãos de uma baba ... eu... será que algum dia vou ser realmente feliz?!

“Sinceramente eu não sei” Falei o mais docemente possível levantando e me ajoelhando a sua frente, peguei suas mãos grandes entre as minhas e sorri “Não irei mentir para você e dizer que tudo dará certo entre você e sua esposa, pode ate ser insensível de minha parte estar dizendo isso, mas... Às vezes é melhor dar um tempo do que continuar junto e só se machucar com isso” senti uma lagrima quente cair em minha mão “sabe eu já sofri na minha vida, e aprendi com uma pessoa que a felicidade depende mais da gente do que se imagina”

“Sofia eu a quero, quero a felicidade, mas não consigo encontrá-la” Sua voz estava rouca e era praticamente só um suspiro melancólico.

“A felicidade é como o ar, esta sempre ali sempre ao nosso redor, mas nos só sentimos quando o vento sopra forte. O vento nunca vem com a mesma intensidade nunca é o mesmo vento, mas esta sempre ali mesmo estando diferente do que era antes às vezes ele vem e é mais intenso do que da ultima vez, e assim é a felicidade ela vem e vai, volta, mas não é a mesma, mas sempre esta ali ao alcance das nossas mãos.”

“Você é mesmo uma romancista, vê um mundo diferente do que eu vejo , vê um mundo que eu jamais vou conseguir ver ainda mais na situação em que me encontro” a respiração de Ciaran era pesada e ele falava entrecortado por soluços.

O puxei com toda a força fazendo-o se levantar.

“Vem comigo!” levei par o meu jardim “vê aquelas gardênias ali?” falei apontando para o arbusto florido e perfumado, fui ate lá e retirei uma flor entregando-a para Ciaran “sinta o perfume dela, é bom ou ruim?”

“È um perfume ótimo, mas porque esta me perguntando isso não entendo” ele falou com os olhos avermelhados pelo choro recente, seu rosto marcado pelas salgadas lagrimas.

“Sabe gardênias só florescem na primavera e não importa quanto dano ela receba, ela sempre acaba florescendo novamente, as flores caem, mas voltam a nascer ano após ano, porque elas estão vivas!” falei sorrindo,

“Não são em todos os momentos que conseguimos ter forças para sermos felizes Ciaran, mas a jeito de amenizar a dor é só lembrar que temos algo especial que sempre vai estar ali por nós, mesmo que muitas vezes não nos lembramos deles... E quando a força faltar para fazer um sorriso nascer no seu rosto, peça ajuda a um amigo... Ele pode fazer você lembrar onde foi que escondeu sua felicidade... Mesmo que a resposta seja tão simples.” Ao final do meu discurso sorri o sorriso maior e verdadeiro que conseguia.

“Sofia, você me ajudaria a encontrar a minha felicidade escondida?”

“Mas é claro que sim” falei e resolvi fazer um apequena brincadeira com ele “mas só se você me ajudar em algo suuuuper difícil que eu tenho que fazer.”

“E isso seria?” ele perguntou-me curioso

“Ajudar-me a fazer um bolo...”

A expressão dele naquele momento foi impagável, uma mistura de desconcerto com incredulidade, eu só gargalhei, e o abracei.

“Agora chora, bota tudo para fora” susurei com minha cabeça em seu peito senti seus braços fortes corresponderem e ele ir ao chão me levando junto , então encostou sua cabeça em meu ombro e chorou, um choro triste e continuo...


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