Duality escrita por Alexei
15 de Novembro – 19:46
Hoje eu acordei meio cansado, não sei o que houve, continuo tendo aquele sonho estranho, sinto apenas uma respiração pesada, como se algo estivesse atrás de mim.
De qualquer modo, a investigação de ontem me deixou preocupado , as coisas estão se desenrolando demasiadamente rápido, dadas as circunstâncias, mais cedo ou mais tarde terei que dar um jeito nesse gordo metido a detetive, oh, falando no diabo, olha quem balança o rabo, recebo uma ligação do garoto:
-Pronto? –atendi. –
-Alô? Du? –atendeu Gustavo. -
-Eu mesmo.
-Bichinha, eu andei conversando com outros professores, e eles me disseram algumas coisas boas. –disse o rapaz, parecia animado. –
-É mesmo? O que?
-Relataram que o professor era dono de um Ford Ka preto.
-E na casa dele não havia nenhum carro?
-Isso mesmo, talvez ele pudesse ter sido morto fora de casa, ou tentou fugir do assassino.
-Mas isso não explica a casa totalmente arrumada.
-Pode ser, mas e se o assassino deu um sumiço no carro?
-Talvez, o problema seria encontrar o carro.
-Um grande problema, não temos acesso a todos os carros da cidade.
-E nem teremos, não estamos em um seriado policial.
-Isso mesmo, mas temos contatos que possam ter visto o carro. –Rebateu Gustavo. –
-Vizinhos?
-É... Vai fazer algo hoje à noite?
-Não, planeja entrevistar algum deles, hoje?
-Óbvio que sim
-Então até mais.
-Falou, bitch.
-Falou, gordo.
Ao desligar o celular, fui falar com a patroa, vulgo mãe, que estava cansado, e não queria ser incomodado, então fui ao meu quarto, tranquei a porta e sorrateiramente pulei a janela, e fui ao encontro do gordo.
Chegando, lá estava ele, realmente animado, mais do que eu pelo menos, batemos à porta de um dos vizinhos, ninguém respondeu:
-Bem, parece que não há ninguém- disse eu.
-Não faz mal, há outros vizinhos por aqui. – disse Gustavo
Batemos em outra porta, um homem de estatura mediana nos atendeu, deveria ter uns 38 anos:
-O que querem?- Disse o homem.
-Ahn, nós viemos aqui fazer algumas perguntas. – disse Gustavo
-Não quero responder nenhuma pergunta.
-Mas senhor, é sobre o seu vizinho.
-O Frare?
-Esse mesmo.
-Não quero responder do mesmo jeito.
-Por favor, é sobre o assassinato dele!
-Gu! Não seja tão direto assim! – Retruquei
-Assassinado? Como assim? – Respondeu o vizinho.
-É só uma possibilidade, não é certeza ainda- tentei apaziguar a situação.
-Não, realmente temos certeza de que ele foi assassinado.
“Ah então foda-se” pensei comigo, ele que fale com o vizinho, nisso o vizinho responde:
-Assassinado? É uma pena saber disso, por uns acaso, vocês não tem algum vínculo com a polícia, paisana, nem nada disso?
-Não, pode fica tranquilo, só queremos resolver este caso, não é do nosso interesse se o senhor for um traficante internacional procurado pelo FBI ou algo parecido. –Respondeu Gustavo
-Ah, tudo bem, entrem, entrem.
Adentramo-nos à casa do sujeito, uma casa bem modesta por sinal, parecia ser solteiro, encostei em uma parede e deixei Gustavo conversar com o homem, para ver no que ia dar:
-Tem notado algum comportamento estranho do professor nas últimas vezes que o viu?
-Não, estava tudo normal, recebendo visitas da namorada, chegando em casa tarde, nada de estranho, apenas uma visita que ele recebeu há algumas semanas.
-Visita? Como assim?
Dei um leve sorriso, essa visita era eu, vamos lá Gustavo, estou bem aqui, venha me pegar, quando você vai descobrir? Estou esperando, ah, voltemos à conversa:
-Isso, aparentemente era um adulto, a julgar pela altura, devia ter mais ou menos 1,80 por aí.- Disse o rapaz
-Hm. Havia algum sinal de que era um aluno?
-Bom, ele estava de mochila e o chamou de professor.
-Entendo. –disse Gustavo enquanto anotava algo em seu caderno.
-Querem saber mais alguma coisa?
-Conseguiu ver o rosto do sujeito?
-Não, estava de noite.
-Algo mais? Qualquer coisa?
-Bom, após 20 minutos mais ou menos, escutei o carro do professor sendo ligado, e depois disso nunca mais vi o professor.
-É, então ele foi mesmo assassinado, porque o senhor não chamou a polícia?
-Não sei, não ouvi nenhum grito, achei que eles iam dar uma volta.
-Tá me sacaneando.
-Não, e além do que, não gosto de policiais aqui por perto.
-Puta merda, conseguiu ver aonde o carro foi pelo menos?
-Sabe aquela estrada de terra?- Disse o moço apontando em direção à estrada.
-Hmmm...- Grunhiu Gustavo.
-Eu sei. -Intervi finalmente
-É, então, só posso lhes dizer isso, não sei para onde eles foram.
-Tudo bem, já temos informações suficientes, vamos embora. –Disse Gustavo
-Ok, espero ter ajudado, qualquer coisa voltem aqui se precisarem de algo.
-Pode deixar, senhor...
-Marcos.
-Obrigado, Senhor Marcos.
-E vocês? Como se chamam?
-Eu me chamo Gustavo, ele se chama Eduardo.
-Ok, muito prazer.
-Adeus.
Nos despedimos e fomos embora daquele recinto, partimos caminho e voltei à minha casa, incrivelmente, ninguém deu por minha falta, minha cabeça continua doendo, vamos nos deitar, afinal, investigar crimes que eu mesmo cometi cansa, não é mesmo?
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