Paranoid Fear escrita por alfrinn


Capítulo 1
Battleground


Notas iniciais do capítulo

Essa one shoot veio de um sonho meu, e o texto eu escrevia com a ajuda das músicas que estão nas notas finais. É bem parecido com a letra delas, pois é.



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Pare. Escute. Eles se aproximam rápido, as bombas ecoam logo atrás de você. Você pode ouvir os rosnados, sedentos pelo seu sangue. A moeda deles é a sua carne e o resto dos seus ossos, descansando sobre os destroços de uma cidade que já foi sua. De uma vida que você já viveu, da sua família, do modo ridículo de como sua mãe e esposa sofreram, enquanto tijolo por tijolo os edifícios se consumiam em si próprios.

Todos cumprimentaram os cachorros de guerra, agora eles querem seu trocado de volta, querem que sua dívida seja paga. Você pensou. Porque não continuou ingênuo? Porque suas perguntas o irritam tanto? Mas há outro som ao fundo, bem forte. Pode escutá-los? Os tambores anunciam sua perseguição, as correntes foram soltas, estão atrás de você. São rápidos, sabem onde você está, eles sentem seu cheiro repugnante, mesmo misturado a toda tragédia que já aconteceu por suas mãos deformadas. Cruze seus dedos, querido amigo... Eles não têm piedade e cruze-os agora, porque talvez não os veja mais. É a natureza da besta. Abrace seu terço, para que nenhum ferro estenda-se sobre o seu caminho e que o faça se curvar aos cachorros.

A respiração fragilizada, o ar já rarefeito nos seus pulmões defeituosos pelas máquinas, pela fuligem, pelos canhões. Não há esperança de ajuda, todos foram pelos seus próprios modos e todos morreram pelos mesmos. Quer algum amigo para te apoiar no momento? Olhe para os lados, vejam os corpos estendidos, vejam os órgãos abertos para quem quiser ver. Se sobreviver o que comerá? Olhe seu alimento, o mesmo que compartilhará com o corvo que gralha desesperadamente chamando seus companheiros. Hora da comida, a presa está servida.

Por qualquer preço eles te mutilam inteiro, te esquartejam, te jogam em qualquer lugar como qualquer objeto insignificante. Medo? Nem para isso você terá tempo. Você quer sobreviver, você tem um objetivo é o instinto clamando pela sobrevivência. Mas não seria certo chamar pela morte? Ela é mais piedosa em seus meios, mas você não quer acreditar. Corra! Corra! Não está ouvindo os tambores? Eles cessaram. Cessaram, pois todos deles foram soltos. Todos atrás de você, querido merecedor da pior penalidade que a lei pode dar. Todos eles têm esse lado perverso, obscuro. Você está rodeado. Encurralado. Pode escapar? Não. Mesmo que você não queira, não a lugar para voltar. O tabuleiro é deles, o jogo é manipulado, o campo de batalha já foi rendido. Só resta a sua morte. Você merece morrer lentamente pelas patas desses cachorros imundos.

Eles vão ser seus amigos, vão mentir, vão te ajudar, mas o que você não percebe é que tem que desejar que esteja com os olhos atrás da cabeça, porque existe uma pequena massa atrás dela. A confiança se retirou, a traição está com o dedo no gatilho apontado para sua nuca, louca para apertar aquela deliciosa alavanca embaixo dos seus dedos. Eles querem ver sua cabeça se explodindo, querem ver seu cérebro escorrendo por sua cabeça cortada, também anseiam pelos seus ossos partidos por uma marreta. Eles querem. Eles podem.

A névoa que te rodeia, eles não estão aqui? Perderam-se? Suplica a Deus, mas já sabe a resposta a isso. Não. Eles te jogaram no chão, te amarraram. Você tem que morrer para alimentá-los, eles têm que viver e você cooperará para isso. Se eles querem, você dá, sem nenhuma negação.

Sinta seus membros serem amarrados, seu pescoço ter como colar um corda firme, com um nó que te incomoda. Eles não negociam meu amigo... Estão puxando. Sinta. Agora. Isso. Seus braços e pernas serem puxados para lados diferentes, sinta a dor deles se partindo. As articulações sendo estouradas, o coração tentando bombear um sangue que se espalha pelo concreto, poeira e areia.

Não seria melhor ter clamado pela morte? A boca deles é fria e você caiu bem dentro dela. Ouça a trilha sonora do momento. Gargalhadas. São lunáticos. Sua vida está sumindo. Seus olhos ainda procuram por esperança. Mas não se vá, meu amigo... Eles ainda não acabaram com você.

Aquilo é uma serra? Não, espere... Os cachorros estão famintos, você não desejava alimentá-los? Fique quieto agora, calma... Procure o gramado dos seus sonhos, enquanto sente a serra em sua perna, sinta ela rasgando-lhe a carne, serrando-lhe o fêmur. Grite! Grite! Isso mesmo. É deste jeito que deve ser.

Sua carne é fácil. Os olhos são vendados, mas mesmo assim você ainda é encontrado.

Covarde. Procure uma cova agora, enterre as evidências sobre suas ideias. Cale-as!

O que irá fazer agora? Eles são homens de ódio. Banhados em sangue sujo, ninguém manda em ninguém. Todas as teias são tecidas em silêncio, em mistério, em enganações... Quando tem a oportunidade são esmagados. Os mais fortes são os que vencem.

E agora, o que fará com o seu desprezível corpo? Você morrerá. Seu contrato com eles? Não existe fidelidade com os cães de guerra. Foi assinado, selado, mas o que quer dizer? Nada. Você não serve para nada e foi descartado.

Sua perna? Os cachorros se alimentam como petisco. Arrancam suas veias, jogam fora suas unhas, mastigam a carne, lambem seu osso. Aí está o alimento principal. Porque você ainda está vivo? Deve morrer. Ataquem! Ataquem! Arranquem seus olhos para que não veja mais. Você já viu demais. Mas, fique em silêncio na sua cova. Nunca conte o nosso segredo. Ainda temos muitos para matar.

Você tentou mudá-lo meu amigo. Mas eles vão sempre continuar, torturando a todos que falarem. A guerra não mostra compaixão. Não importa o que faça. Não há diferença.

 Um mundo. Um mesmo inferno.


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Notas finais do capítulo

Músicas base:
*Dogs - Pink Floyd
*Paranoid Eyes - Pink Floyd
*Brain Damage - Pink Floyd
*Dogs Of War - Pink Floyd