—Sabia que isso funcionaria. Vem. — Disse Santana pegando no braço de Rachel.

—Funcionaria o que?—Rachel faz força para a vampira soltá-la, mas era inútil. — Me solta.

— Os vampiros de Jesse se reuniram em volta daquele pedaço de carne inútil. — Santana aponta para a casa. — E Quinn tentou resgatá-lo, agora preciso de você. Vou te levar até Jesse e implorar para ele deixar Quinn viva.

— Não precisa me obrigar ir com você, eu faço tudo pra salvar a Quinn. — Santana não gosta das palavras da menina. — Mas qual é seu plano? Trocar Quinn por mim? — Santana afirma com a cabeça e Rachel revira os olhos. — Isso não vai adiantar. Jesse quer muito Quinn morta. Ele não vai ceder e além do mais ele tem a Kurt que acabaria com você em dois segundos e aí eu seria uma vampira e Quinn estaria morta. — Santana solta o braço de Rachel, afinal a menina parecia ter razão. — Obrigada. — Rachel passa a mão em volta do braço onde Santana apertava. — Vou com você, mas preciso pegar algumas coisas. — Santana faz careta e anda atrás de Rachel. — Ah! Você pode hipnotizar ele? — Rachel pergunta ao pular Finn que estava na porta caído. — Santana solta uma gargalhada e Finn abre os olhos.

— Rachel ela não... — Santana pega Finn pelo braço e olha nos olhos do menino antes dele terminar a frase.

— Cale a boca e fique dentro dessa casa. — Rachel já estava dentro de casa quando viu a cena.

—Quem o mordeu?— Rachel pergunta.

— Não fui eu! — Santana levanta as mãos e fala em tom debochado, Finn vai para o sofá.

— Coloque gelo nisso. — Rachel diz secamente. — Tem uma caixa de primeiros socorros na cozinha. — Vou pegar uma mochila. — Rachel fala a última frase olhando para Santana na porta do lado de fora com expressão insatisfeita. Rachel sobe as escadas e entra no quarto dela e do Sebastian, pega uma mochila velha e coloca um casaco do Sebastian e uma toalha, vai para o outro quarto onde teve sua noite de amor e olha para cama tendo uma pequena lembrança de Quinn, ela sentia o medo crescendo dentro dela só de pensar no que Jesse poderia fazer com ela. Ela acelera os passos e abre uma gaveta com coisas de papelaria que seu pai usava para escrever, ela tira de lá a maior quantidade de objetos pontiagudos e cortantes colocando na mochila. Abre a gaveta de baixo e tira um celular velho que sua mãe costumava usar quando ficava naquela casa. Pega uma blusa para Quinn caso ela precisasse trocar e sai pela porta se despedindo do quarto.

— Vamos logo, se depender de você Quinn morre. — Grita Santana e Rachel vai para cozinha pegando biscoitos, água, gaze e soro.

— Pronto. — Ela olha para Finn que estava com gelo deitado no sofá. — Quando eu voltar eu juro que vou te matar. — Finn faz um som de desculpa, mas Rachel ignora fechando a porta e olhando para Santana.

— O que Quinn vê em você?— Santana a analisa e Rachel a encarar sem medo.

— Tudo o que ele não vê em você. Agora vamos?!

— Você sabe que eu posso te matar não sabe?— Santana solta um sorriso pensando na possibilidade.

— Sei. Mas também sei que não vai. Agora vamos. — Rachel coloca a mão na cintura e Santana bufa jogando a menina nas costas.

— Poderia me carregar de um jeito mais confortável?— Rachel reclama de estar sendo carregada feito um saco de batata.

— Está confortável para mim. — Santana solta uma gargalhada e corre.

— Merda! — Rachel fecha os olhos tentando evitar as imagens que passavam de pressa a deixando tonta. — Você sabe para onde ele foi? Como sabe que os vampiros eram de Jesse? Eu tenho um plano.

—Porque eu estava com eles. — Santana grita.

— Que? — Rachel abre os olhos sentindo um bocado de poeira a cegar. — Para!— Santana sorri e corre ainda mais rápido. — Se não parar vou vomitar em você. — Santana diminui a velocidade, parando.

— O que é garota chata?— Ela coloca Rachel no chão que cai sentada tossindo e limpando o rosto. Santana coloca as mãos na cintura e joga o cabelo para trás esperando sem paciência a menina se recuperar.

—Conte... Essa história... Direito. — Rachel tossia por causa da poeira que estava na sua boca.

—Saco. Estamos perdendo tempo.

— Deixe de ser idiota Santana. Eu quero salvá-la tanto quando você ou até mais. —Rachel levanta do chão sentindo-se meio tonta. — Mas sem plano não vai adiantar. — Rachel fixou os pés no chão e Santana estranhou a menina. — Ou você é idiota o bastante para achar que me entregar para Jesse vai fazer que Quinn fique viva e livre para correr com você por aí?— Santana curva a testa pensando que Rachel falava igual a Quinn.

—Isso é sexualmente transmissível?— Santana debocha pensando que Rachel se mexia parecido com ele também.

— Que? — Rachel não entende fazendo cara de dúvida.

—Esquece. Qual o seu plano?

—Não sei. — Rachel ajeita o cabelo que estava todo bagunçado. —Mas...

—Ótimo! Por um momento estava achando que transar com Quinn te deixou mais esperta. — Rachel fica vermelha com o comentário. “Será que Santana também tinha ouvido?”

—Jesse não vai matá-la até ela falar onde eu estou e pelo que conheço, Quinn não vai falar.

— Você não está contando que Jesse pode hipnotizá-la. — Rachel engole em seco se lembrando de Emily falando que Lea morreu pensando que tinha matado Quinn. — Rachel não tem um jeito esperto de fazer isso e paradas aqui, você só está colocando a vida dela mais em risco. Falta algumas boas horas para chegarmos lá. — Rachel tentava pensar em algo, ela precisava ter uma solução.

— Já sei. Como encontro Noah?

— Que?— Santana sacode os cabelos.

— Você vai indo para Jesse e eu vou procurar Noah.

— Pirou?Ele quer matar você desde que era um bebê.

— Isso só porque Emily não contou a verdade para ele, Noah está sendo enganado tanto quando a gente. Ele não vai me matar.

— Que?— Santana solta uma gargalhada. — Eu sei que a noite deve ter sido muito boa mais sinceramente você ainda está nas nuvens. Noah te mataria na primeira oportunidade.

— Entre na minha cabeça. — Rachel precisava mostrar aquilo que não tinha tempo pra falar, mostrar para Santana a verdade a daria trunfos para jogar contra Jesse.

— Que?

— Entra logo na minha cabeça. Não tenho tempo para explicar você precisa ver o que eu sei.

— Merda! — Santana revira os olhos castanhos.. — Tudo que eu queria. —A vampira se concentra e vê tudo escuro, uma parede e impede. — Não me bloqueie! — Santana reclama.

—Não estou bloqueando, na verdade nem sei fazer isso.

— Não consigo Rachel. — Santana fala em tom furioso.

— Como não, Quinn conseguiu hoje cedo. —Santana sente ciúme e balança a perna.

—Rachel fale logo o que tiver que falar. Sua presença me irrita.

—Eu e Quinn somos a alma da namorada do Noah que Jesse matou.

—Que?

— Tá vendo, seria mais fácil você ver.

— É, mas sua cabeça está bloqueada como a de um vampiro. — Rachel arregala os olhos.

— Meu Deus!

— O que foi agora?—Santana não tinha a menor paciência.

— Eu estou virando um vampiro?!— Santana revira os olhos.

— Transar com um, não te torna um. Você morreu com sangue de um no organismo?

— Não que eu lembre. — Rachel tentava passar em sua cabeça tudo que aconteceu até aquele momento.

— Eu consigo ouvir seu coração, então se morreu ainda não se transformou, agora conte logo essa história. — Santana ignorava o comentário de Rachel, afinal ela podia sentir o quão viva a garota estava.

— Você nunca entrou na cabeça de outro vampiro?— Santana coça a cabeça.

— Só quando ele está vulnerável e mesmo assim depende do vampiro, quando bebem sangue humano é muito difícil, eu diria impossível. — Rachel queria perguntar se ela já havia entrado na cabeça de Quinn, mas isso só atrasaria a conversa. — Agora com humanos é fácil não sei qual o seu problema. — Santana estava intrigada e sem a menor paciência.

—Então um vampiro precisava ficar vulnerável. — Rachel solta um sorriso como quem teve uma ideia.

—É. Estamos paradas há quase dez minutos, vamos logo ou vou levar você e fazer tudo do meu jeito.

— Beba meu sangue. Eu não vou conseguir contar tudo a tempo, são detalhes que vão lhe ajudar a entender Jesse e salvar Quinn. Na minha cabeça eu posso estar errada, mas Jesse não deve saber a verdade sobre Quinn e se souber ele não a matou até hoje por algum motivo e esse pode ser um. Tome. — Rachel estende o braço e Santana olha passando a língua nos lábios.

—Isso pode doer. — Santana estava espanta com a atitude da menina.

— Eu sei. — Rachel disse lembrando-se da mordida de Kitty. — É pela Quinn.

— Se ela souber disso ela vai me matar. — Santana reclama e pega no pulso da menina.

— Espero que tenha controle. Estou confiando em você. — Rachel disse mentindo para ela mesma, ela não confiava na vampira, mas dava para ver no rosto de Santana que ela sentia algo forte pela Quinn e era naquele sentimento que Rachel estava confiando para dar seu sangue aquela vampira desconhecida.

—Pense somente no que quer que eu saiba, não quero ficar vendo coisas pessoais, se é que me entende. — Santana fala antes de cravar os dentes em Rachel que solta um pequeno gemido de dor.

Rachel faz o que Santana disse e pensa no seu sonho com Emily e todas as coisas que ela lhe mostrou, até o plano que ela tinha em sua cabeça para salvar Quinn. Santana não sente nenhum bloqueio na mente de Rachel e assiste cada detalhe como um filme que passa em segundos diante dos seus olhos. O sangue de Rachel era amargo como as revelações que Santana via. Aquilo explicava porque Quinn não conseguia esquecer Lea e porque Rachel era tão importante para ela, tudo fazia sentido. Santana sentia um pequeno incomodo em seus olhos, uma vontade de chorar por saber que mesmo que tentasse, nunca a completaria como Rachel completa ou como Lea a completou. Santana sentia vontade de beber todo sangue daquela alma que sempre impediu de ter Quinn, mas ela sabia que aquilo não adiantaria. Santana tira os dentes do pulso de Rachel, largando a mão da menina.

— Você está bem?— Santana pergunta limpando os lábios e fingido estar bem com tudo que viu. — Rachel sentia-se fraca e faz sim com a cabeça. — Você está pálida menina. — Santana apoia as costas de Rachel. — Vou te dar um pouco de sangue.

— Não! — Rachel empurra Santana. — Estou bem. — Ela tira a mochila das costas e pega as gazes enrolando no pulso de um jeito que não caísse e estancasse o sangue.

—Tem certeza?— Santana pergunta olhando para dentro da mochila da menina.

— Tenho. E você? Está bem?— Rachel repara que a expressão da vampira é diferente. Santana a ignora.

— Então é esse o plano? Você vai para a jaula do leão sozinha.

— Tem um plano melhor?— Rachel pergunta pegando um pacote de biscoitos e fechando a mochila. Ela sabia que Santana tinha visto em sua cabeça seu plano o que facilitava tudo.

—Acho que não. Daria tudo para ver a cara da Quinn quando soube que ela dormiu com Jesse e Noah. — Santana solta um sorriso.

— Você precisa ir. Eu vou ficar bem. — Rachel diz abrindo o pacote e colocando alguns na boca. —Isso precisa dar certo. — Aquela frase era quase um apelo. Ela não se imaginaria sem Quinn. — Você consegue?

—Acorda menina a pergunta é: você consegue? Eu sou uma vampira e além do mais sou ótima em atrasar pessoas. — Santana soltar um sorriso sarcástico que faz Rachel lembrar se de Quinn.

— Que bom. Agora vai. — Rachel tentava parecer confiante para Santana, mesmo sabendo que a vampira ouvia os batimentos aceleradas do seu coração.

— Noah pode matar você. Tem certeza que esse é um bom plano? —Santana disse olhando para o jeito indelicado que Rachel comia

— Você quer salvar a Quinn, não quer? Já morri antes. Ah!— Rachel abre novamente a mochila pegando o celular. —Toma, preciso saber se o plano está dando certo.

— Eu não quero esse aparelho horrível. Eu tenho o meu. — Santana tira o Black Berry no bolso da calça. — Sou uma vampira moderna. Não precisa me passar o número eu já vi na sua cabeça. — Santana solta um sorriso. —Pode deixa que eu te ligo.

—Mas eu não vi na sua, então me passa. — Santana revira os olhos e Rachel fecha a mochila tirando um vidrinho de soro que pegou na caixa de primeiros socorros.

— No caminho eu te ligo. Preciso ir. — Rachel segura o braço da vampira.

—Espera. — Rachel derrama o soro.

— O que você tá fazendo?— Santana pergunta não entendendo nada.

—Me dá seu sangue.

— Que?

—Santana, coloca seu sangue aqui logo.

— Que ótimo, agora tenho que obedecer a uma adolescente. — Santana morde o pulso e deixa escorrer seu sangue para o pote de soro que Rachel segurava.

— Obrigada!— Diz Rachel vendo o pulso da vampira se cicatrizar.

— De nada. — Santana solta um sorriso debochado.

— Diga a ela que eu a amo, caso eu não a veja...

—Cala boca! Se você morrer ela me mata. Então não morra. — Santana faz careta e sai correndo. Rachel fecha o pote e coloca na mochila andando em direção a Lima.

Rachel não estava longe de onde desejava, ela pega um atalho e tenta chamar menos atenção possível, ela passava pela beira da cidade observando cada pessoa, eram pessoas conhecidas e desconhecidas a cidade parecia estar mais cheia que o normal, ela solta os cabelos tentando tampar o rosto e acelera os passos. Dentro de poucos minutos ela está de frente para uma casa branca desejando com toda força que aquele plano idiota desse certo. Ela sobe os degraus em frente à casa e toca a companhia esperando ansiosamente para a porta se abrir, tudo ali estava desconfortável e a luz do sol estava mais fraca.

— Rachel?!

— Oi Brittany, preciso da sua ajuda.