Diário De Rachel escrita por jessysodre


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Último dia do ano, merece a última postagem do ano.
Esse capítulo mostra melhor a vida da Lea pra quem tava querendo saber, rs.
Boa leitura.



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Rachel se aprofundava em sua dor. As lágrimas molhavam o lençol de seda e o travesseiro de plumas. Tudo o que ela queria não podia ter, nem sua casa, nem seus amigos e agora nem mesmo Quinn. Por mais que ela tentasse sentir raiva de Quinn por ela não ter contado nada, ela não conseguia.

Um barulho na porta. Rachel não olha, uma voz diz:

_Senhora! Posso entrar?

_Deixe-me sozinha! _ Rachel não estava interessada em saber quem era, ela queria curtir sua dor antes de se tornar uma vampira.

A porta faz um pequeno rugindo e Kurt entra, Rachel levanta a cabeça e seu olhar encontra o de Kurt fazendo Rachel sentir algo estranho.

_ Quem é você? _ Rachel pergunta.

_Kurt!Você não lembra?_ Kurt sorri e fecha os olhos fazendo com que a escuridão do quarto sumisse nas chamas das velas que ela acendia com o poder da mente.

_Como você fez isso? _ Rachel olhava assustada para o quarto em tom alaranjado por causa da mistura das chamas das velas com os painéis vermelhos que cobriam quase todas as paredes.

_ Sou um bruxo Rachel. _ Kurt segura um livro marrom com aspecto de velho._Você precisa se preparar para o ritual.

_Você que fez o feitiço?

_Costumávamos ser muito amigos. _ Kurt tinha um sorriso sincero que fazia Rachel lembrar-se de Marley.

_Se éramos amigos porque me deixou morrer?Por que quer me transformar em vampira?_ Kurt sorri e estende a mão com o livro.

_Sua morte não foi culpa de ninguém.

_ O que é..._ Antes de Rachel perguntar, Kurt faz sinal de silêncio para ela. Rachel pega o livro e um bilhete cai. Kurt pisca para ela como se confirmasse algo, Rachel pega o papel e lê.

“Você pediu para eu te entregar isso, cumpro minhas promessas. Agora, por favor, não deixe Jesse saber, tranque a porta do quarto e quando ele bater esconda o diário.”

 Rachel faz sim com a cabeça dizendo.

_Saia do quarto, por favor, eu quero ficar sozinha.

_ A senhora precisar comer.

_ Saia!

Kurt sorri e passa pela porta, Rachel vai atrás dele e tranca a porta como ele havia pedido. Ela olha para o livro que tinha uma capa de couro velho, ela limpa o rosto molhado e senta na cama. Alguma coisa em sua cabeça dizia que ela conhecia aquilo, ela abre o livro.

“Diário Lea Sarfati”

22 de junho 1712

Meu pai está muito doente, desde que minha mãe morreu ele parece ter morrido também. Nenhum médico sabe o que ele tem direito, ninguém me ajuda , estou com medo.

25 de junho de 1712

Tudo parece piorar, não temos mais dinheiro eu não sei o que fazer, meu pai não come e nem fala.

26 de junho de 1712

Hoje aconteceu algo incrível, um médico novo chegou à cidade, eu fui vê-lo para saber se ele poderia consultar meu pai. Ele me olhou de um jeito tão diferente, parecia ver minha alma, seu olhar era charmoso, não consigo parar de pensar nele. Amanhã ele ficou de visitar meu pai aqui em casa, eu falei pra ele que não tinha dinheiro para pagar a consulta, ele sorriu dizendo:

_ Seu sorriso paga qualquer coisa.

27 de junho de 1712

Esperei-o dia inteiro e já quase anoitecendo alguém bateu na porta, corri para atender e quando abrir seus olhos me fizeram sorrir.

_Senhorita Sarfati!

_Ola Doutor.

_ Me chame de Jesse._ Ele beijou minha mão e um frio correu pela minha espinha.

_Pensei que não fosse vir.

_ Não faço promessas que não posso cumprir.

Sorri sem graça e o convidei para entrar, ele andava tão levemente que parecia flutuar sobre o chão. Levei- o até a cama onde meu pai habitava.

_ Ele não sai da cama tem dias, antes ele saia pelo menos para comer agora nem isso.

_Lea? Posso te chamar assim?

_Claro! _ Sorrio.

_ Pegue para mim uma vasilha com água quente.

_Claro!

Fui até a cozinha e demorei alguns minutos, quando voltei Jesse estava de pé próximo a cama e meu pai dormindo.

_ O que aconteceu?

_Dei um remédio a ele, quando ele acordar vai estar muito melhor.

_Não vai precisar da água? _ Eu disse achando tudo tão estranho.

_Desculpe Lea, mas acho que não!

_ Tudo bem!

_Preciso ir agora.

_Espere. Como posso te agradecer?

_Sorrindo! _ Ele me olhou nos olhos e uma chama de calor subiu em meu corpo.

28 de junho de 1712

Hoje acordei com um barulho na cozinha, levantei e mal pude acreditar quando vi meu pai sentado a mesa comendo um pedaço de bolo que eu tinha feito a dois dias atrás.

_Pai!_ Eu gritei e corri para abraçá-lo. Lágrimas de felicidade brotaram do meu rosto. Ele parecia tão bem, parecia vivo novamente. Mas apesar de suas bochechas rosadas e seu corpo em pé, sua expressão ainda era de dor e tristeza, ele não retribuiu os sorrisos que eu soltava, mas isso não me incomodou. Assim que eu pude, saí de casa a procura de Jesse. E precisava agradecê-lo pelo milagre que tinha feito.

Fui até o hospital, ele não estava lá, rodei pela cidade e nada dele. Poucas pessoas sabiam de quem eu falava e mesmo as que sabiam não ajudavam muito, pois só me diziam que ele era um médico novo e bonito.

Voltei para casa, meu pai estava deitado novamente, ele olhava para o horizonte como se visse algo que eu não podia ver, ele não falava, preparei uma comida e fui dormir.

29 de junho de 1712

Tudo continuou do mesmo jeito, meu pai está comendo graças ao Jesse que infelizmente eu não achei para agradecer.

Queria que meu pai voltasse a falar, mas acho que isso é pedir muito, então vou agradecer a Deus por ter colocando Jesse em nosso caminho.

30 de junho de 1712

Acordei e fui à igreja agradecer pelo meu pai estar melhor e no caminho de volta encontrei com Theo, ele tinha pedido minha mão em casamento ao meu pai antes do acidente com minha mãe.

_ Olá Lea!

_Olá senhor!

_Sabe que não precisa me chamar assim, somos quase casados.

Um sorriso sem graça apareceu em meu rosto, não queria e nem quero casar com ele, mesmo meu pai tendo dito que ele era um homem nobre e que teria muito bens para me agradar, nada daquilo me enchia os olhos quando olhava para ele e via seus olhos me olhando como um pedaço de carne.

_Acho que não senhor._ Eu disse voltando a caminhar.

_Como não? Se não me engano irá fazer 1dezessete anos logo, logo.

Ele tinha razão faltavam poucos dias para meu aniversário e pela tradição eu me casaria com dezessete anos. Um desespero tomou conta de mim, meu pai precisava ficar melhor antes que Theo desse um jeito de me casar com ele sem a permissão final de meu pai.

_Preciso ir, meu pai me espera.

_Soube que ele está melhor, é verdade?

_ Sim o doutor St.James  o ajudou muito.

_ Doutor St James?

_ Sim! Um doutor novo que estava na cidade.

_ Ele foi até sua casa?

_ Sim! _ Theo pegou em meu braço.

_Lea não e de bom grado receber homens em sua casa quando seu pai está doente.

_Ele é um médico.

_Como o pagou?

_Isso não é de sua conta Theo! Preciso ir.

Puxei meu braço e caminhei o mais rápido que puder me misturando com as pessoas que passavam pela rua.

Voltei para casa e meu pai estava de pé na porta, ele tomava alguma coisa que não sei bem o que era.

_ Pai! _ Ele não me respondeu e voltou para cama. Fui atrás dele, precisava dizer a ele que não queria me casar.

_Pai, faltam seis dias para meu aniversario, Theo quer que eu case com ele, por favor, diga que não aceita.

Ele me olhou nos olhos, mas nada foi dito, eu sentia que tudo estaria perdido se meu pai não voltasse a falar. Theo tinha a palavra que meu pai iria pensar e aquilo era o mais próximo de casamento que uma mulher sem família poderia chegar. Já havia escurecido quando um barulho na porta me chamou atenção.

_ Quem é?

_ Sou eu, Theo!

_ O que faz aqui?Já é tarde.

_Eu sei Lea, mas quero conversar com seu pai.

_ Ele está dormindo, volte amanhã. _Eu não confiava nele para abrir a porta de minha casa.

_Está mandando embora seu futuro marido?!

_Theo, não abro a porta para homens a essa hora, volte amanhã.

_Tudo bem Lea voltarei amanhã. _ Ele foi embora e eu dormi com medo dele aparecer. O que ele queria falar com meu pai?

01 de julho de 1712

Levantei antes de o sol nascer, minha noite tinha sido péssima depois de Theo ter feito àquela visita inesperada. Fui para o campo colher algumas ervas para fazer chá para meu pai. Voltei e tive a infelicidade de encontrar com Theo na porta de minha casa.

_Bom dia senhor.

_Bom dia Lea, onde estava tão cedo?

_Fui ao campo colher ervas e o senhor o que faz aqui tão cedo?

_Vim visitar a senhorita e seu pai, será que agora posso entrar?

_Theo acho que meu pai ainda está dormindo.

_Está me evitando senhorita?

_Não senhor, só acho que...

_ Não deve achar nada Lea, mulheres foram feitas para serem esposas e cuidar de seus maridos e não para achar algo.

_ Creio que está sendo um tanto grosseiro para quem ainda não tem domínio sobre a moça. _ Fala uma voz atrás de mim que me faz suspirar.

_Quem é você?_ Pergunta Theo.

_Sou o Doutor St. James. _ Ele olha para mim e sorri, eu tento o máximo não corresponder aquele sorriso, mas meus lábios se abrem.

_Olá doutor.

_ Bom dia senhorita, como está seu pai?

_ Muito melhor Jesse.

_Jesse? _ Fala Theo em tom firme e abafado

_Sim. _Jesse responde com graciosidade e eu abro a porta.

Eles entram Jesse olha para meu pai, Theo senta próximo à cama e eu vou para cozinha fazer um chá.

Tiro as ervas da cesta coloco água para ferver, uma mão aperta minha cintura me dando um susto.

_ Ai! _Grito derramando água em meu vestido.

_ Assustada Lea? _ Diz Theo sorrindo.

_ O que o senhor quer?

_Você sabe._ Ele olha para a parte molhada de meu vestido eu sinto o medo cobrir meu corpo.

_O senhor não queria ver meu pai?

_ Sim, mas queria saber se precisava de ajuda aqui na cozinha.

_Não senhor. Não preciso!

_ Lea! _ Jesse aparece na cozinha.

_ Sim!_ Eu suspiro de alivio.

_Senhorita Lea, por favor._ Diz Theo se dirigindo a Jesse.

_Theo, por favor, me deixe falar com o doutor._ Eu disse sem pensar, ele sorriu debochadamente

_Como foi o pagamento que senhorita Lea lhe deu? _ Eu senti a humilhação tomar meu corpo, segurei as lágrimas e prendi o ar.

_Nem todo homem é igual a senhor. Faço meu trabalho com gosto, não preciso me aproveitar de ninguém._ Jesse diz sorrindo como se estivesse falando palavras doces._ Agora seria melhor o senhor deixar a senhorita em paz.

Theo sai sem ao menos se despedir e eu volto a respirar.

_ Desculpe doutor St James.

_Tudo bem Lea. Você está bem?_ Ele se aproximou de mim pegando minha mão.

_Sim! É que ele me causa arrepios. _ solto um sorriso de nervoso.

_ Ele é seu noivo?

_ Não! Na verdade não deveria. Ele pediu minha mão em casamento dias antes do acidente que matou minha mãe. Meu pai disse que pensaria e que estava grato por um homem tão cortejado querer a mão de sua filha. Então depois meu pai sofreu o acidente e nunca mais falou.

_ Sendo assim ele se sente no direito sobre você?

_Acho que sim, meu pai não me deixaria casar com ele se soube que ele e olha desse jeito tão estranho.

_Você não precisa casar com ele.

_Gostaria de pensar assim, mas faço dezessete anos daqui a cinco dias e a tradição da família diz que as mulheres se casam dez dias após seu aniversario de dezessete anos.

_Eu disse que não precisa casar com ele!_ Ele sorri me enchendo de emoção e medo. Ele voltou para o quarto eu continuei a preparar o chá.

_Trouxe um chá para vocês.

_Obrigado! _ diz Jesse me olhando.

_ O que meu pai tem Jesse? Ele vai voltar a falar?

_ Ele está bem, só precisa de um tempo para se adaptar._Jesse se levanta e eu dou uma xícara para ele e outra para meu pai.

_Beba pai, é verbena.

_ Verbena?!_ Jesse diz quase em um grito.

_Sim! O senhor não gosta?

_Vocês sempre bebem verbena?

_Meu pai gosta muito!

_Eu preciso ir! _ Jesse sai pela porta sem que eu possa impedi-lo.

Meu pai acompanha-o com olhar e quando penso em levantar ele diz:

_Fique longe dele!

02 de julho de 1712

Depois de ontem pensei que meu pai voltaria a falar mais foi engano meu, ele virou para o lado e não disse mais nenhuma palavra. O doutor sumiu novamente, não consegui entender o que meu chá tinha de tão ruim assim. Theo não voltou aqui, mas mandou um recado por um de seus criados que já estava ajeitando a festa do nosso casamento. Quando eu li isso meu coração disparou. Corri até meu pai.

_ Pai eu preciso que o senhor diga a Theo que não aceita o pedido dele de casamento.

Meu pai desviou o olhar e se virou, as lágrimas escorriam pelo meu rosto.

_Pai, por favor, eu não gosto dele. _ Nada acontecia, ele continuava fingindo que não me ouvia, saí pela porta sentindo dor e tristeza, já estava escuro corri para o rio que costumava ir com minha mãe.

O rio era afastado da civilização, quase nunca aparecia alguém, eu tomava banho lá algumas vezes, a água era tão limpa e bonita que me acalmava.

Tirei meu vestindo e fiquei somente com minha roupa de baixo, entrei na água limpa e gelada e pude sentir meu corpo se acalmando. Fiquei ali durante muitos minutos olhando as estrelas e sentindo a água preencher meu organismo com sua calma e leveza.

_Olha só o que eu encontrei _ Uma voz tira a beleza da noite.

_Theo?_ Eu me escondo na água.

_Lea, não sabia que se aventurava nas águas geladas e frias com seu corpo quase nu._ Eu não conseguia falar, me sentia com tanto medo que minha voz não saia direito.

Ele pegava meu vestido e levava até o nariz.

_ Seu cheiro é tão excitante. Sabe, queria poder esperar até o casamento para poder ter você, mas acho que não vai ser necessário.

Para meu desespero Theo começou a tirar a roupa.

_O que está fazendo? _ Pergunto Quase em um grito.

_Fique calma que tenho certeza que irá gostar.

_Fique longe de mim Theo! _Eu dizia me afastando cada vez mais de Theo._ Eu vou gritar!

_ Tenho certeza que ninguém vai ouvi-la. _ Ele falava entrando nas águas e antes que eu pudesse nadar para  a parte mais funda do rio ele me puxa me pressionando a beirada do rio onde havia deixado minhas roupas.

_Me solte, está me machucando, me solte! _ Na medida em que eu gritava mais forte ele pressionava o corpo sobre o meu. Eu fazia força para me soltar, mas seu corpo entrava entre minhas pernas._ Pare, Pare! Não!_ Meus gritos eram interrompidos com sua mão que tentava tampar minha boca. Eu fazia força para manter minhas pernas fechadas, mas sentia que era em vão, seu quadril pressionou o meu na hora em que um vento tão forte passou e o arrancou de cima de mim, não pude entender exatamente o que estava acontecendo, mas barulho e gritos abafados surgiam das águas. Minha respiração era forte e tensa quando escuto.

_A senhorita este bem?_ Lágrimas escorreram do meu rosto, não conseguia falar nada, eu me sentia com vergonha e completamente com medo. Jesse se aproximou de mim e me envolveu com seu casaco. _ Venha, pare de chorar, você vai ficar bem.

Eu estava ralada e com a boca um pouco ferida devido à violência que a mão de Theo tentou tampar minha boca, Jesse não olhou para meu corpo exposto e sim para meus olhos.

_ Já passou Lea! Ele não te machucou, machucou?_ Eu passei a mão na testa e mostrei o sangue que escorria a Jesse que sorriu dizendo:

_ Vamos tratar disso.

_Me leve para casa._ Eu disse colocando meu vestido todo molhado e sujo.

_ Claro.

Jesse me acompanhou até em casa, eu ainda sentia as palavras e gestos de Theo percorrerem minha memória.

_Lea você não me parece bem._ Diz Jesse na porta de minha casa.

_Estou assustada, só isso. Obrigada por tudo.

_Não precisa ficar assustada, ele não vai fazer isso novamente.

_Como sabe? Ele vai casar comigo, eu vou ser obrigada a deitar todos os dias do lado do homem que tentou tirar minha virtude á força._ Eu voltei a chorar._ Aquele rio era um lugar onde eu tinha boas lembranças, onde eu me sentia bem e agora nunca mais voltarei lá.

_Fique calma Lea _ Jesse passava a mão nos meus cabelos molhados e despenteados._ Nem tudo está perdido. Vá deitar e durma um pouco, tenho certeza que amanhã será um dia melhor.

03 de julho de 1712

O dia amanheceu chuvoso, eu levantei me sentindo péssima por tudo que estava acontecendo, olhei para meu pai e preparei um café para ele, queria contar o que aconteceu, mas não adiantaria. Então fiquei quieta o dia inteiro encolhida olhando para a chuva e pensando em como Jesse foi gentil.

04 de julho de 1712

Faltavam três dias para eu completar dezessete anos e tudo que eu pensava é que queria morrer. Nada mais era como eu queria, minha mãe morreu, meu pai está quase morto e eu vou ser obrigada a ter uma vida infeliz pelo resto da minha vida.

Sentei na varanda e vi Jesse se aproximando, ele era bonito delicado e um pouco sério, mas isso o deixava ainda mais charmoso.

_ Olá senhorita!

_Olá!

_Está frio aqui fora, pode pegar um resfriado.

_Talvez assim eu me sinta melhor, morrer não deve ser tão ruim quanto viver.

_Não faça assim, quando chamamos a morte ela pode aparecer._ Eu sorri e o encarei.

_Tudo bem doutor vou tentar melhorar._ Ele sorriu.

_ Sabe Lea, estive pensando... Eu vou embora da cidade em poucos dias e talvez você quisesse ir comigo o que acha? _ Minhas mãos começaram a suar.

_ O que? _Eu quase gaguejei

_Isso é claro, se quiser. Podemos nos casar e nos mudarmos dessa cidade. _ Ele estava me pedindo em casamento, eu me sentia com nervosa demais para falar alguma coisa, me levantei. _O que foi? Eu disse algo de errado?

_Não! É que eu não posso aceitar, eu não posso._ Tentei entrar, mas ele segurou meu braço.

_Deixe-me tentar te fazer feliz, nunca te farei mal, você poderá fazer o que você quiser e ter o que quiser se ser casar comigo. Não te obrigarei a se deitar comigo nunca._

Eu queria dizer sim, mas eu não podia deixar meu pai aqui, não podia resolver as coisas assim, me sentia confusa com medo.

_Jesse você é maravilhoso e está sendo um anjo, mas eu só queria ter minha vida de volta, minha mãe, meu pai e nossos momentos juntos. Eu adoraria ter te conhecido em outras circunstâncias, mas agora me sinto tão incompleta e vazia.

_ Eu sei como é essa sensação, eu também sentia isso antes de te conhecer, mas agora é diferente parece que com você ao meu lado eu posso viver._ Aquela declaração me deu um friozinho na barriga, eu queria dizer sim, mas ao mesmo tempo eu não queria.

_Desculpe! _ Eu entrei o deixando na varanda

05 de julho de 1712

Acordei e meu pai estava na cozinha preparando um chá, ele estava com uma expressão boa, porém que me amedrontava.

_Pai você está bem?

Ele empurrou a cadeira e eu me sentei, sentindo meu coração acelerar na esperança dele falar alguma coisa.

_ Theo está morto! _ Essas foram as palavras de meu pai, não sei se senti felicidade ou tristeza por meu pai está falando em Theo mesmo depois de eu ter implorado para ele falar comigo.

_ Porque o senhor não falava comigo?

_Você sabe quem o matou? _ Eu poderia falar que depois que Jesse o arrancou de cima de mim eu não o vi mais, mas preferi ficar quieta.

_Não! Mas não acredito que o senhor não falou comigo esse tempo todo e agora simplesmente pergunta sobre esse mostro do Theo.

_Ele iria ser seu marido!

_ O senhor sabia que eu não queria casar com ele, porque não falou comigo?_ Eu levantei da mesa.

_Lea volte aqui! Eu sei que foi o médico que fez isso._ Eu parei de andar, sentindo um aperto no peito, ele não poderia ser preso por me salvar daquele mostro do Theo.

Saí de casa e comecei a procurar por Jesse, andei o dia inteiro e nada de encontrá-lo, quando estava quase desistindo uma mão fria toca em meu ombro.

_ Lea?!

_Jesse! _ Eu o abracei sem perceber, ele me retribuiu o abraço me causando uma sensação de paz e tranquilidade. _ Você matou o Theo?_ Eu perguntei em seu ouvido.

_ Porque está me perguntando isso? _ Ele me afasta e me olha nos olhos.

_Meu pai falou hoje e disse que Adolfo estava morto ele insinuou que eu sabia quem tinha sido.

_Seu pai falou?

_ Sim! O senhor não tem ideia de como isso me causou sensações horríveis, eu passei dias pedindo a ele para falar comigo e ele me ignorava._ Eu falava rápido demais e acho que ele percebeu.

_Fique calma! Eu não matei Theo.

_Não? _ Fiquei tão surpresa que não pude disfarçar

_ Não! _Ele solta um sorriso _ Mas se eu tivesse matando acho que a senhorita não me entregaria certo?

_Ele tentou me violentar, não sinto dor pela sua morte. Só não quero que prendam o senhor por tentar me ajudar.

_Fique tranquila tudo está resolvido.

_Resolvido? Ficou louco! Meu pai está falando comigo como se eu fosse uma estranha.

_Ele só deve estar confuso. Venha, eu vou te levar para casa e falar com seu pai.

Fomos até minha casa e quando entramos meu pai não estava. Eu andei até a cozinha

_ Pai! Pai!

E quando menos esperei uma sombra surgiu às costas de Jesse.

_Eu vou te matar seu mostro! _Antes que meu pai pudesse disparar a arma, por algum motivo eu me coloquei a frente de Jesse e senti uma dor percorrer todo meu corpo me deixando completamente imóvel. Braços fortes me pegaram, eu podia sentir um jeito delicado ao me colocar em cima de algo. Vozes altas e confusas invadiam minha cabeça e tudo ficou escuro e vazio.

06 de julho de 1712

Quando eu abri os olhos vi Jesse próximo de mim,olhei para as paredes e não era nada parecido com a minha casa;

_O que aconteceu? Onde eu estou?

_Estamos na casa de uma amiga

_Cadê meu pai? Porque ele tentou atirar em você?

_ É uma longa história.

_Preciso voltar para casa ele deve está se sentindo péssimo por te atirado em mim.

_ Lea, seu pai está confuso é melhor você não ir lá.

_ Confuso? Com o que? Foi você que matou Theo não foi?

_Não Lea,  eu só o coloquei do outro lado do rio.

_Mas foi tão rápido. _ Me senti confusa

_Eu nado muito rápido, mas juro que não o matei. Agora me escute, por favor, e fique aqui.

_Não posso Jesse. Onde pegou o tiro? _ Eu procurava a marca do tiro, mas não encontrava.

_Pegou de raspão não te feriu diretamente _ Diz Jesse.

_Mas eu senti a bala invadindo meu corpo.

_Foi somente a sensação. ­_ Eu levantei da cama pequenina e desconfortável.

_Não vá Lea, por favor. Eu não posso ir com você agora, espere até anoitecer.

_Eu preciso ver meu pai.

Saí da pequena casinha surpresa por Jesse não tentar me impedir. Andei sem sentir dor alguma, parecia que meu corpo estava curado de qualquer dor que eu tivesse, eu me sentia com disposição e com vida. Cheguei a varanda de minha casa, abri a porta e não vi ninguém, chamei.

_ Pai, eu estou bem! Cadê você?Pai?!

Algo me puxou prendendo meus braços e me deixando imóvel. Não consegui ver quem era. Me arrependi por não ouvir Jesse.. Gritei.

_Socorro pai!

_ Você não é mais minha filha_ Disse meu pai se aproximando.

_ Pai o que é isso? O senhor está com problemas, eu sou sua filha._ Eu sentia lágrimas de desespero saírem dos meus olhos e percorrem meu rosto, a medida que meu pai se aproximava de mim com uma estaca.

_ Sinto muito não ter evitado que isso acontecesse, Theo me avisou que aquele vampiro iria te transformar.

_ Theo?_ Não consegui ouvir mais nada, pois uma risada soou em meu ouvindo, fiz força para ver quem me segurava. Não consegui olhar para ele, mas já sabia que pelo jeito de me segurar tão próximo ao seu corpo não poderia ser outra pessoa._ Pai! Theo tentou me agarrar não acredite nele!

_Já disse sua maldita você não é minha filha!

Uma dor invadiu meu peito, memórias de minha infância tomaram conta de mim, minha mãe, meu pai, eu correndo no campo descalça, o cheiro das flores especialmente o das gardênias, as risadas e gargalhadas na beira do rio com minha mãe. Era como se eu pudesse viver tudo novamente em pequenos segundos antes de olhar no fundo dos olhos do homem na minha frente e senti meu coração parar.


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo pessoal!
Desejo a todos todos os "ésses" que a gente precisa.
Saúde, sorte, sucesso e sexo!
Prazer e luz



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