Sonhos Mortais escrita por Nanuque


Capítulo 29
Capítulo 4 - Escrito nas Paredes




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Estava consciente enquanto ele me carregava túnel adentro. Estava acordada, mas não podia sentir. Nada é real além da dor. Os barulhos de passos e as vozes em minha cabeça estavam despedaçando minha alma. De relance lanço um olhar para trás e vejo um homem, suas feições são atemporais ele podia ter 17 ou 37 anos, seus cabelos eram de um louro quase branco, sua pele chegava a ser quase transparente. Seus olhos me fitando com um olhar malicioso. Debatia-me nos braços de Kyle e ele me jogou no chão tampou minha boca dizendo para fazer silêncio, havia um desespero oculto em seus olhos. Ele pegou algo no chão que pareciam ser minhas roupas. Olhei novamente para o corredor e desta vez não havia nada. Relaxei e Kyle me levantou de novo. Ele me levou até seu quarto. Ele me colocou em sua cama. Meus músculos não pareciam mais existir. Ele foi até o banheiro e pude ouvir o barulho da água caindo, por um momento simplesmente fechei os olhos e me concentrei nisso, mas parecia impossível... o cheiro de sangue exalava de mim e embrulhava meus estomago. Mãos tiraram primeiro minha blusa e desabotoaram minhas calças estava debilitada demais pra fazer qualquer tipo de objeção. Braços fortes me ergueram e a voz de Kyle sussurrou em meu ouvido:

– Calma, Lizzy. Não se empolgue. Só vou te colocar no banho.

E tudo que eu consegui fazer sair de minha boca um balbuciado de palavras sem sentido. Ele me colocou no chuveiro. Deixou que a água morna caísse sobre meu corpo, fazendo com que todo o rastro de horror daquela noite fosse ralo a baixo. Tive coragem de finalmente abrir meus olhos. E lá estava ele, encostado na parede atrás de Kyle, o homem que havia visto no túnel. Porque ele me encarava com seus frios olhos azuis?

­ – Quem é você? _ consegui sussurrar

– Liz? Sou eu Kyle.

O homem exibiu um sorriso torto.

– Não você seu, idiota – disse para Kyle

Kyle olhou para trás verificando cada canto do banheiro.

– Liz... não tem niguém aqui.

A misteriosa figura do olhar congelante continuava continuou sorrindo para mim. Um frio percorreu minha coluna e tive vontade de gritar. Coloquei meu rosto entre minhas mãos. Apertei minhas mãos contra meus olhos. Isso não é real! Não é real! Não é! NÃO É REAL! Quando olhei novamente não havia ninguém, somente eu e Kyle me lançando um olhar confuso. Estávamos sozinhos. Ele me ajudou a colocar minhas antigas roupas que pelo menos não estavam sujas de sangue.

– Você tem que voltar pro seu quarto antes que percebam, vamos – ele disse

Seria uma idiota dizer que não estava apavorada de pisar naquele túnel novamente. Me apoiando nele, entramos na escuridão familiar. Informei do jeito que pude onde era meu quarto. Quando finalmente chegamos pude sentir seus músculos ficarem rígidos.

– É aqui?

Assenti com a cabeça. Ele não parecia confortável. Ele me ajudou a entrar. Pude ver o garotinho aninhado na cama ao lado. Qual era seu nome mesmo? Anthony? Acho que era isso... Kyle me colocou na cama, estava tão exausta que adormeci antes de vê-lo sair.

Escuridão. Aprisionando-me. Tudo que enxergava eram horror e caos. Um grito me levou de volta a realidade, demorei alguns segundos para perceber que havia sido meu grito. Anthony me encara pálido e assustado, foi quando Kyle entrou no quarto.

– Não estava conseguindo dormir, então fiquei andando pelos túneis e ouvi seus gritos. Você está...

Ele cortou frase abruptamente. Suas feições estavam tomadas pelo horror. Olhei para minhas mãos. Estavam cheias de sangue e farpas de madeira. Farpas das madeiras da parede. E nas paredes estava escrito:

Agora sei que existem muitos jeitos diferentes de morrer

Queimaram minha alma

não posso viver...

não posso morrer...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem



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