Lilysbela e o Prisioneiro de Azkaban escrita por Lucy Holmes


Capítulo 3
O vilão




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Cap. 2 - O vilão

Ao contrário da chuva que caía na pacata cidade onde ocorreu uma pequena encenação, aquele cemitério era iluminado por uma lua minguante. Antes, porém, um homem acendeu uma vela de libra e a depositou numa esquina.
- Essa vela, meu Merlin - dizia, enquanto acendia a vela. - É para mais um que eu mando aí pra cima, pra conversar contigo. Receba-o bem.
Cinco minutos depois, esse mesmo homem arrastava um pobre coitado pela blusa.
- Por favor, não me mate! Eu tenho duas mulheres e uma penca de filhos pra criar!
- Isso não é problema meu - disse Rodolphus Lestrange, sem olhar para o homem.
- Mas será que eu posso saber pelo menos por que tenho que morrer? - implorou o homem.
- Não sei. Saber o motivo da pendenga amolece o coração do profissional. - Rodolphus jogou o desconhecido contra uma tumba e tirou a varinha do bolso - Faça suas preces, que seu fim não tarda.
- Não me mate! - o homem começou a chorar - Eu sou um pobre coitado, não tenho nada de valor, tenha piedade! Se poupar a minha vida, ficarei lhe devendo pelo resto da eternidade, mas não deixe minhas duas mulheres viúvas, nem meus filhos sem pai!
Rodolphus encarou o homem nos olhos, a varinha apontada para o peito do sujeito. O homem soluçava e tremia por inteiro. Rodolphus recolheu a varinha.
- Escute, como eu vi que você parece uma boa pessoa, vou deixar você viver. Além do mais, estou com o espírito mais leve, é um bom sinal para você.
- Obrigado! Obrigado! - ele começou a beijar as vestes de Rodolphus, que recuou enojado.
- Vá logo! Senão eu posso me arrepender.
- Eu nunca vou esquecer o que o senhor me fez! - disse o homem, começando a correr - O senhor é a melhor pessoa do mundo!
Rodolphus esperou que ele ganhasse distância.
- Dos melhores, sou o pior. - disse, apontando a varinha para o homem - Avada Kedavra!
Um raio verde saiu de sua varinha, atingindo o alvo em cheio. Ele deu uma reviravolta no ar e caiu no chão.
- Odeio deixar um homem morrer triste.
Guardou sua varinha e caminhou para fora do cemitério.




Lily assistia a mais um filme de aventura. Lucius a acompanhava, entediado enquanto ela lhe falava dos detalhes.
- Olha ali o bandido. Bandido que é bandido fala com calma, como se não estivesse nem aí pra nada. Agora o mocinho, não. O mocinho xinga o tempo todo.
- Fascinante - Lucius resmungou, quase dormindo na poltrona.




- Bella, você não me contou que seu marido era um matador profissional e tinha um apelido tão ridículo. - Sirius pegava as roupas, espalhadas pelo chão.
- Deram esse apelido só porque ele gosta de acender uma vela de libra para recomendar o morto. E qual a diferença? - Bella não se deu ao trabalho de se levantar.
- A diferença é que já tem alguns querendo nossas cabeças, inclusive o seboso do namorado da sua irmã, se bem que ele só quer matar o James.
- Ah, eu nunca vou entender a Narcissa - Bella voltou a se sentar na cama - Ela tem um gosto tão estranho para namorados, espero que pelo menos faça um bom casamento. Já pensou se ela pega um... Um... Um lobisomem, por exemplo?
- É... Já pensou? - Sirius se vestia depressa.
- Claro que isso seria impossível - Bella riu - Um lobisomem andando entre nós, onde já se viu. Mas poderia ser pior, e se fosse um trouxa? Isso seria a morte para mamãe, já nos basta Andrômeda para envergonhar a família.
- Bem, em todo o caso, melhor eu ir.
- É muito cedo, primo. - Bella se levantou e o abraçou pelas costas - E meu marido está viajando. Ou será que está com medo dele?
- Medo, eu? - Sirius largou toda a roupa no chão e se virou para Bella - Você acha que eu sou um bruxo que tem medo?
- Bella! - uma voz fez-se ouvir da sala.
Os dois se alarmaram e começaram a se vestir logo. A porta do quarto se abriu e Narcissa e Remus invadiram o cômodo.
- Sirius, vamos embora! - disse Remus - Ou por acaso você quer morrer?
- Narcissa, o que faz aqui? - Bella pergunta.
- Fugi de casa, cansei do meu antigo namorado, então vim atrás do meu Lupin. - ela respondeu, abraçando Remus pelas costas.
- Sirius... - Remus falou em tom suplicante - Vamos sair daqui logo. E se o marido dela chega?
- 'Tá tudo bem - disse Sirius - Bella me garantiu que ele está viajando.
Houve um estrondo e a porta da frente se abriu de repente. Todos se sobressaltaram.
- Então? Estou com o carro pronto - era James. Todos suspiram aliviados.
- Saiam todos do meu quarto! - Bella gritou - Não autorizei ninguém a entrar na minha casa, muito menos no meu quarto!
- Só entrei porque você deixou a porta destrancada - justificou James.
- E nós entramos porque a Narcissa sabia onde você guardava a chave - disse Remus, com Narcissa se apoiando em seu ombro.
- E você me deixou entrar - disse Sirius.
- Você eu sei, idiota. Aliás, todos para fora! Sirius fica. - ela segurou Sirius pelo braço.
James ia abrir a porta do quarto, quando ouviram mais um barulho da entrada.
- Bella, voltei! - era a voz de Rodolphus.
- É meu marido! Escondam-se já!
Houve um alvoroço, até que James chamou a atenção.
- Não dá pra aparatar daqui de dentro?
- Não, seu idiota. - respondeu Bella - Só tem como aparatar lá de fora.
- Bella, estou ouvindo vozes, quem está aí com você?
- Minha irmã veio me fazer uma visita, ela e o novo namorado - disse Bella, terminando de se vestir. Narcissa segurava Lupin, que teimava em querer entrar debaixo da cama.
A porta se abriu. Rodolphus observou Narcissa sentada na cama ao lado de Remus, que preferia estar a mil léguas de distância. Bella estava sentada no banco da penteadeira.
- Que história é essa de homem dentro do meu quarto? - Rodolphus perguntou.
- É que na sala estava muito frio, meu bem. - Bella foi ao encontro do marido e o abraçou - Voltou cedo, pensei que você fosse ficar mais tempo fora.
- Adiantei um serviço, não demorou muito. Mas não quero saber de homem no meu quarto, não interessa se é namorado da sua irmã, nem se fosse seu irmão eu ia querer.
- Desculpe a invasão, Rodolphus. Estamos indo embora - disse Narcissa, se levantando, acompanhada por Remus.
- Mas o que trouxe vocês aqui a essa hora?
- Estamos de passagem. - respondeu Remus - E como estava chovendo, resolvemos visitar Bellatrix até que a chuva passasse.
Rodolphus encarou Remus nos olhos. Este podia sentir uma gota de suor sair de sua testa.
- Você tem cheiro de lobisomem. E dizem que os lobisomens são covardes.
Remus sustentou o olhar. Ficou em silêncio por um tempo, até que se manifestou.
- E você tem cheiro da morte. Anda de mãos dadas com ela. - depois sorriu, tentando descontrair - Cuidado com o caminho que ela pode lhe levar.
- Isso é uma ameaça? - Rodolphus tirou a varinha. Remus não se mexeu.
- Não. - Remus ainda sustentava o olhar - É só uma observação. Boa noite.
- Boa noite, Bella. - Narcissa se despediu - Rodolphus.
Rodolphus os acompanhou até a porta. Sirius saiu do armário.
- Canalha! Esse merece ser corno.
- Já podemos ir embora? - James saiu do guarda-roupa.
Bella saiu do quarto sem responder, indo atrás do marido, que voltava correndo.
- Ouvi vozes no quarto. Tem mais alguém aí?
- Só eu, quem mais seria?
- Um homem - ele entrou no quarto e não viu ninguém. Mas continuava ouvindo o som.
Bella entrou no quarto. Ouviu apenas o som.
- 104,3, a rádio bruxa do seu dia!
- Viu? É só o rádio que eu liguei. - Rodolphus começa a mexer nos botões, Bella então fala alto - Por que você está mudando de estação?
James, que fazia o som do rádio, começou a falar como se houvesse interferência de transmissão.
- Não tem música que preste. - Rodolphus respondeu, agora mexendo no volume.
- Não precisa aumentar o volume, meu amor - disse Bella, ao passo que James começou a cantar mais alto.
"Sei que aí dentro ainda mora
Um pedaço de mim
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento"


- Ah, essa música - Rodolphus se volta para Bella, com um olhar de selvageria.
- O que tem essa música? - ela pergunta, ainda afobada.
Ele a conduziu até a sala e eles começaram a dançar no ritmo de bolero.

"Não é coisa de momento
Raiva passageira
Mania que dá e passa
Feito brincadeira
O amor deixa marcas que não dá para apagar"
¹

- Se lembra do dia em que te conheci? Era o funeral da minha tia-avó.
- Claro que lembro, como se fosse hoje - Bella respondeu, sem muito ânimo.
- Depois fomos a um bar e estava tocando essa música.
- E aí você me disse que era um matador de aluguel e que torturava trouxas. - completou Bellatrix, enquanto Rodolphus beijava seu pescoço - E que ia me ensinar como fazer.
Nesse momento, Sirius e James tentavam abrir a janela sem chamar a atenção.
- Um momento.
- O que foi?
- A música. Parou.
Rodolphus se dirigiu ao quarto e o som continuava.
- "As borboletas estão voando, A dança louca das borboletas..."² - agora era a voz de Sirius.
Rodolphus mexe em um dos botões, e voltava para a sala quando se deu conta de um pequeno detalhe.
- Mas o que está acontecendo? Como a música continua tocando, se eu desliguei o rádio?
Silêncio. Bella olhou para os lados, procurando alguma rota de fuga. James estava bem escondido, mas não sabia o que fazer. Sirius, cansado de tanto silêncio, se denunciou.
- É que a pilha é nova, então funciona até desligado!
Rodolphus saca a varinha e aponta para o móvel.
- Avada Kedavra!
O móvel se espatifou, sem ninguém dentro. Sirius abre a porta do guarda roupa, jogando um vestido em cima de Rodolphus, enquanto James saía debaixo da cama, não antes de dar uma rasteira no matador de aluguel.
- Vou matar os dois! - gritou Rodolphus, enquanto James e Sirius conseguiam correr até a porta de entrada.
Os dois continuaram correndo, perseguidos por Rodolphus. Remus já havia levantado acampamento e os aguardava na caminhonete, com o motor ligado. Ainda em sua casa, Bella arrumou uma mala e saiu. Rodolphus perseguia os dois, atirando para todo lado.
- Por que vocês não aparataram até aqui? - gritou Remus, pouco antes de seus amigos alcançarem a caminhonete e ele acelerar.
- O desespero não nos deixa pensar, Remus - disse James, arfando.
Já Rodolphus continuava atirando na caminhonete, mas não conseguiu abrir um furo sequer; devia estar enfeitiçada contra ataques de feitiços. Conseguiu alcançar apenas uma parte do cartaz, onde tinha a imagem de Merlin estampada.
- Vocês podem fugir, mas eu encontro. - disse, guardando a foto - E quando encontrar, vocês vão sofrer muito antes de morrer.
Na caminhonete, eles se recuperavam do susto.
- Remus, onde está a Narcissa? - James pergunta, olhando para os lados.
- Bem, eu pedi a ela que fosse pegar alguma comida para levarmos e ela foi. - Remus suspirou - Não tenho culpa que ela não chegou a tempo de sairmos.
- Você é um lobo sem coração, Remus Lupin. - disse Sirius, rindo - Ah, bem... De qualquer forma, se quer se livrar dela é só dizer que é um lobisomem.
- Por falar nisso, acho que Rodolphus descobriu.
- Não duvido. Provavelmente é puro sangue, para ser aceito pela família.
- Alguém conseguiu ver a cara dele? - James perguntou - Eu só vi um vulto.
- Eu também, fiquei mais preocupado em fugir.
- Eu vi - disse Remus - E não é a pessoa mais simpática da face da terra.
Ficaram em silêncio. Toda aquela aventura os tinha desgastado de certo modo, e só lamentavam que sua caminhonete não fosse enfeitiçada para voar. Um bom vôo acalmaria os ânimos.
- Pontas, dá uma olhada no mapa. O que tem de bom aí?
James, que estava na boléia, passou para o banco de carona e pegou o mapa no porta luvas.
- Hm... Olha só que nome esquisito para uma cidade: Azkaban. O que será que tem de bom lá?
- É um nome agourento, na minha opinião - disse Sirius, na boléia, fazendo uma careta.
- Interessante. - Lupin opinou - Um lugar diferente, deve ter algo que chame a atenção.
- Vamos para lá - disse James, entusiasmado.
- Ah, bem... Se forem dois contra um, fazer o quê? - Sirius fechou a cortina e sumiu na boléia da caminhonete.




Lilysbela assistia uma cena de fuga. Com toda a sua empolgação, soltava gritinhos de vez em quando, acordando Lucius, que cochilara. Quando o filme terminou, ela o cutucou.
- Amanhã o mocinho e a mocinha vão se conhecer.
- Como você sabe disso?
- Porque já mostrou a mocinha e já mostrou o mocinho separados. Agora tem que mostrar os dois juntos. - ela respondeu, toda alegre.



¹NA: Música: Espumas ao vento, Elza Soares
²: Música: A dança das borboletas, Zé Ramalho e Sepultura.

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