– E-ei, Francis... P-pode me ajudar a t-terminar i-isso...?

Não importava como, porque, o motivo, a razão: Matthew sentia-se extremamente feliz. O coração, que batia com suavidade, embora agitado e descompassado estava agora mais tranqüilo. Talvez isso se chamasse “Alegria”, depois de tudo. Matthew não sabia. Era apenas um sentimento bom, agradável, doce... Maravilhoso e fantástico. Quase (senão talvez) perfeito.

– Hum? O que, Matthieu?

O jeito como pronunciava seu nome, como sorria, como o olhava... Principalmente toda a atenção que o dava e o modo carinhoso que o tratava... Isso tudo o fazia esquecer o quão era “invisível” por um pouco. Alias: Fazia-o não importa-se com isso, pois, a verdade é que não importava... Enquanto Francis pudesse vê-lo, não importava-se se ninguém mais o notasse. Isso porque Francis era... Único. Era especial, era importante. Francis era o melhor.

– E-eu estava t-tentando p-pintar algo... Mas você é melhor q-que eu n-nisso... Então, eh... – O Francês sorriu, afagando a cabeça do menor, que só então, notou que ele vestia apenas as roupas de baixo. Acabou um pouco corado.

– O que está pintando? – Matthew olhou janela a fora aquela noite quente em Paris. Na tela a sua frente a mesma paisagem que podia ser vista do lado de fora: Um céu azul escuro, incontáveis estrelas e alguns traços de uma Torre Eiffel cintilante. Francis sorriu. – Está perfeito, Matthieu! Por que precisa da minha ajuda? – O menor corou novamente.

– Paris, a Torre Eiffel... A-as cores estão opacas... E-e... Quando você olha tudo parece brilhar tanto... E-eu queria poder dar a isto o brilho adequado... P-para poder pensar em você c-como você realmente é q-uando eu olhar...

Matthew fechou os olhos, sentindo o rosto queimar pela terceira vez, tingindo-se de vermelho. Pensando que não deveria ter dito tanto. Ele não costumava ser tão sincero, então, por que com Francis sentia como se não houvesse problemas em falar? Com Francis não sentia-se mal. Claro que haveria certos assuntos aos quais não conseguiria tratar nem consigo mesmo, quanto mais os expor assim em voz alta, mas... Não havia problemas em ser honesto enquanto estava com Francis. Em ser ele mesmo.

O francês também seguiu com um misto de emoções: Ficou surpreso, corado, incrédulo, feliz, encantado. Apaixonado. E sorriu. Sorriu e sorriu, sem conseguir tirar esta expressão maravilhada de seu rosto. Abraçou Matt, manchando seu peito e as roupas do Canadense de tinta. O rosto do menor voltou a tingir-se de vermelho, como as várias rosas espalhadas pelo jardim do mais velho.

– F-Francis...?

– Par Dieu, Matthieu... – Manteve o sorriso no rosto e o Canadense em seus braços. – Je t’aime tellement, Matt...

Ah, era isso. Era essa a sensação, era esse o sentimento. Era esse o como, o porque, o motivo, a razão: Amor. Era Francis, era doce, era Amor. E o mundo voltou a brilhar quando seus lábios se tocaram com suavidade e gentileza. E então tudo. E então nada. E então tudo e então nada importava. E então Matthew era feliz e Francis era feliz. E ambos eram amados. E não havia nada mais para se “ser” nisso. E assim havia um presságio de felicidade naquele lugar... E assim...

– Je t’aime trop, France... – O francês, surpreendentemente, corou. Mas sorriu.

– Je t’aime plus, Canada.

– P-plus?

– Oui. – Piscou para ele. – Et sera toujours l’amor.

Borrões de tinta cobriram a tela. Ou seria o próprio céu? Não, era apenas seu coração, que agora se tingia de felicidade.