“Bom dia” – anunciava a repórter da TV – “Hoje é dia 12 de junho de 2080. Vocês que nos acompanham vão conferir o novo ataque no estado de Washington que ocorreu hoje pela manhã. Novas tropas mandadas pelo então Presidente não estão resistindo. Fiquem agora com o repórter...”.

Kristen ignorou o começo da outra reportagem, estava mais ocupada tentando fazer com que o pai a levasse até a escola:

– Vamos pai! Já está na hora, tem certeza que quer enfrentar outra reunião de pais pelos meus atrasos diários?

– Tem razão – ele abre um fraco sorriso – vamos! – O Sr. Martin andava muito cansado ultimamente, com todas essas guerras que estavam ocorrendo no país e sem mais alguém para cuidar de sua filha, ele tinha que conciliar tudo sozinho. A filha estava com medo de tudo e ele não sabia o que fazer para ela acreditar que tudo seria passageiro.

Já houve tantas e tantas guerras diante deste país, guerras estudadas nas escolas, presentes em livros de História e Geografia, guerras vencidas... E também perdidas. Ele tentara afastar o pensamento negativo, mas ainda assim se perguntava: O que aconteceria com o país, com a nação construída ali se tudo fosse dominado? E o futuro que tanto desejou para sua filha como ficaria? Essas são algumas das muitas respostas que ele não sabia responder para si mesmo e que ficava pensando sempre.

Enquanto ele repensava sobre tudo isso foi o tempo certo de chegar a escola e Kristen lhe desejar um bom dia.

Após uma longa manhã e um começo de tarde cansativos na escola, Richard foi buscar Kristen para irem almoçar em algum bom restaurante. Eles eram ricos, moravam em uma mansão no estado da Indiana na capital Indianópolis. Richard tinha uma grande empresa na cidade mas mesmo com tudo isso ainda presava costumes antigos e vivia como uma família de classe média sem muitas mordomias. Tinha dinheiro para pagar domésticas para ajeitarem sua casa, para um motorista para buscar sua filha no colégio, mas mesmo assim ele ainda fazia o trabalho de mãe, pai, doméstico, motorista entre outros, não por falta de dinheiro é claro, mas sim por ter sido educado daquela maneira. Ele viera de uma família que fazia de tudo e mais um pouco para ele ter uma boa vida apesar de serem pobres, fizera várias faculdades e hoje é um grande empresário.

Depois do almoço Kristen tinha combinado com sua amiga Carly para ir até a casa dela para lhe ensinar Álgebra.

– Tudo bem Kris, mas meu amor me avise com mais antecedência. Vou ter que cancelar alguns compromissos para ir lhe levar até lá. – A casa de Carly ficava do outro lado da cidade.

– Desculpe-me pai, se preferir, por favor, volte ao seu trabalho e pode me deixar em casa como sempre. – Ela deu um leve sorriso.

– Não tudo bem querida, mas da próxima vez já sabe!

Enquanto o Sr. Martin prestava atenção no trânsito, Kristen resolve procurar sua folha digital para verificar suas redes sociais. Logo na sua home page, ela lê a notícia que dizia que os Estados Unidos perdera mais um conflito.

– Pai... – Chamou ela com a voz um pouco trêmula.

– Sim? – Ele perguntou sem tirar os olhos do trânsito.

– Acabei de ler aqui uma notícia que... Nós perdemos mais um conflito, e está dizendo também que a guerra vai avançar para os outros estados.

– Impossível querida – O sinal logo a frente indica “vermelho” e ele agora olha para sua filha – Temos um elemento surpresa aqui perto, não conte a ninguém – Agora ele sussurrava como se alguém além deles dois pudesse escutar – tenho muitos amigos que estão envolvidos com tudo isso e eles afirmaram que temos um elemento surpresa em alguns dos estados perto daqui e que eles não vão conseguir invadir.

O rosto de Kris se iluminara com essa novidade. Parecia impossível o seu país vencer tudo isso.

– Impressionante. – Fala ela estupefata.

– Estamos nos Estados Unidos da América. - Ele coloca a mão no volante e volta a dirigir.

– Tinha esquecido disso – E eles começam a ri.

Depois de uma tarde divertida ensinando Álgebra a Carly, Kristen janta em um restaurante qualquer e depois volta para casa, estava exausta e resolve ir dormir.

Sua manhã se repete. Kristen chega ao colégio e logo se depara com Carly:

– Cara, nossa! Valeu por ter me ajudado ontem com Álgebra! Fiquei sabendo agora que vai ter prova! – Ela dá uma risada como se tivesse satisfeita consigo mesma. Kristen ri junto a ela. Ela resolve olhar ao redor e repara em um garoto que nunca vira antes. Ele era bonito, muito bonito. Cabelo castanho de lado, como usado nas décadas passadas, olhos de um azul que não via fazia muito tempo, pele branca, e tinha um estilo incrível e o que ela achou melhor: Estava olhando diretamente para ela.

– Nossa Carly! – Ela estava com um sorriso imenso.

– O quê Kris?

– Disfarçadamente...

– Fala logo!

– Olha para o garoto da minha direita! – Mas é claro que ela não olhou disfarçadamente! Ela simplesmente deu um giro de 360° e depois apontou para o garoto.

– Aquele?

– Carly! Era disfarçadamente!

– Já foi Kris. Mas olha... Ele é um gato.

– É... Eu sei! E ele tava olhando pra mim! Acredita?

– Deve ser porque você é a mais rica de todo o colégio!

– Por favor Car! Não começa com isso! – Quando elas iam iniciar uma discussão o sinal toca.

Hora do almoço. Kristen está entretida com sua conversa sobre roupas com Carly e não percebe quem vem logo à frente.

Alfred também não percebera que logo a frente estava a garota a qual ficou olhando pela manhã e acaba esbarrando nela.

– Meu Deus! Minha roupa! – Grita Kris. O refeitório todo para, e olha.

– E-eu... – Alfred tenta falar.

– Nossa! Por que você resolveu pegar logo macarrão com molho hoje? Droga.

– Desculpe-me! Eu sinto muitíssimo! – Alfred tentava se desculpar.

Kristen percebeu que suas desculpas eram sinceras e resolve desculpa-lo.

– Não estou a fim de confusões hoje. Tudo bem. – Ela ficou sem jeito depois que encarou os olhos dele. – E-eu vou me trocar. Bom almoço.

Alfred se impressionara com a doçura daquela garota que nem seu nome ele sabia. Ele havia lhe prejudicado, e ela ainda lhe desejou um bom almoço. Ele resolveu ir atrás dela.

– Ei! Espera! – Gritou ele. Ela olha para trás e espera. – Eu sinto muito mesmo.

– Tô sabendo – E solta um risinho.

– Qual o seu nome?

– Kristen. Kristen Martin. E o seu?

– Alfred. Alfred Thomas. – Ele estende a mão para ela e ela retribui.

– Bem Alfred... – Ela fala sem jeito – Eu tenho que ir me lavar. Licença. - Ela começa a andar e ele a chama.

– Espere! Fique aqui! - Alfred agarrava o braço de Kristen desesperado.

– Por que? – Ela pergunta rindo.