Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 25
Pedro


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente! Eu passei muito mal anteontem e ontem minha internet caia toda vez que eu tentava postar! Vou colocar triplicado hoje!
Boa leitura :3



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Quando acordei levei um grande susto. Eu estava deitada em uma cama de casal macia e confortável num quarto grande bem decorado e com enormes janelas de vidro.
Minha cabeça girava um pouco e mesmo assim levantei a fim de saber onde estava.
–Vai a algum lugar? – perguntou uma voz vinda de uma porta do lado do quarto.
Olhei para o lado e me deparei com Pedro. Ele usava um moletom e estava sem camisa.
–Onde estou? – perguntei.
Sentei na cama. Pedro veio até mim e sentou ao meu lado.
–No meu apartamento – disse ele – você foi expulsa do Drink Bar por uso de drogas.
As coisas iam ficando claras na minha mente aos poucos.
–Ai meu Deus – disse eu – onde eu vou morar agora? Eu não posso simplesmente voltar para minha casa!
Pedro me abraçou.
–Calma Jessye – disse ele – você pode ficar um tempo aqui comigo. Eu moro sozinho, meu pai me sustenta. Vamos brincar de Romeu e Julieta, que tal?
Pensei por um tempo. O que ele estava querendo dizer com Romeu e Julieta? Mas a ideia não me parecia a das piores.
–Você disse que seu pai te sustenta é isso? – perguntei para ele.
–Sim – respondeu – ele é o prefeito dessa cidade.
Notei certo desapontamento em seus olhos e em sua fala.
–Só por isso mesmo? – perguntei.
Ele respirou fundo e deitou na cama com os braços abertos. Deitei ao seu lado relaxando minha cabeça em seu peito.
–Na realidade eu não gosto muito de falar sobre a minha vida – disse ele – eu não sei o porquê, mas sinto que em você eu posso confiar Jessye.
Ele me deu um beijinho na testa e me contou sua historia.


***


Pedro era um menino simples e sozinho. Sua mãe havia morrido dias depois de seu parto. O mais velho dos filhos de Geraldo Costa era Douglas, o filho exemplar que cursou faculdade de direito é que atualmente é um ótimo advogado. Geraldo diz que Douglas é o filho perfeito, pois é ele quem da um jeito de apagar todas as provas dos roubos financeiros que o prefeito faz na cidade. A irmã do meio era Clarisse, uma jovem de coração rebelde que fugiu de casa para viver um romance adoidado com um ex-presidiário, seu pai jamais a perdoou por tal ato. Pedro era a maldição da família, segundo seu pai. Foi por culpa dele que sua tão linda e amada mulher morreu. Pedro era a desgraça ,e quanto mais longe aquele menino magrinho de olhos tristes estivesse melhor seria para Geraldo.

Pedro passou boa parte de sua infância sofrendo abuso dos garotos maiores que insistiam em chamá-lo de filho de chocadeira, já que ele era o único menino do colégio que não tinha mãe. Todos os dias quando voltava para casa ele chorava escondido em seu quarto, quando sentia que as lagrimas não iam parar ele afundava a cara no travesseiro tentando amenizar a todo custo o choro, pois se seu pai descobrisse ou o ouvisse chorando, certamente a surra seria bem dolorida. No ensino médio ele arrumou um amigo chamado Paulo, eram inseparáveis. Paulo era um bom garoto, tirando o fato de acreditar plenamente que era filho do demônio. Mas Pedro não ligava, e até agradecia de vez em quando ao demônio por ter tido um filho tão legal e bacana. Porem sua relação com o pai piorava a cada dia.
Certa noite, há não tanto tempo atrás, enquanto jantavam na solitária e sombria casa da família Costa, Douglas comunicou que sua namorada estava grávida. Geraldo ficou muito feliz em saber que iria ganhar um neto. Pedro ficou quieto olhando de fora a alegria do pai e do irmão. Mas a paz que ele estava sentindo logo foi virando outra briga entre ele e seu pai. Enquanto mastigava sua costeleta de porco o velho perguntou:
–E você Pedro – aquela voz grave sempre o assustava – você não tem namorada?
Pedro hesitou e ficou meio corado.
–Não pai – respondeu ele timidamente enquanto bebia seu copo de guaraná.
Naquele momento Geraldo e Douglas o olharam com certo espanto.
–Qual a sua idade Pedro? – perguntou Douglas.
–17 – respondeu ele timidamente.
Geraldo e Douglas se entreolharam deixando Pedro sem entender absolutamente nada.
–Você é virgem Pedro? – perguntou Douglas o deixando completamente constrangido.
Geraldo arregalou os olhos quando não houve resposta de seu filho mais novo.
–Isso não pode ser verdade! – disse ele levantando da mesa – levante menino, vamos levante!
Geraldo pegou as chaves de seu carro e foi andando em direção a porta.
–Aonde vamos? – perguntava Pedro seguindo os passos rápidos de seu pai.
–Vamos solucionar esse problema seu – disse o velho.
Pedro não entendeu o porquê de a virgindade ser um problema para seu pai. Ele não tinha namorada e nunca namorou antes, pois era muito tímido, então obviamente que ainda não havia desfrutado desses prazeres que julgava ser tão bobos.
Pedro entrou no carro de seu pai e depois de darem muitas voltas pelas ruas pararam em frente a um lugar boêmio chamado Drink Bar. Geraldo exigiu a melhor menina da casa para ensinar alguma coisa útil para seu filho inútil.
–Ele é tão inútil, que nem comer uma garota ele sabe ainda. – dizia seu pai
Quando entrou no quarto com aquela garota de programa ele sentiu vontade de fugir, mas depois de transar ele viu que nem era tão ruim como ele imaginou ser. Então ganhou gosto pela coisa e ficou bom no que fazia.
A única felicidade de seu pai era em vê-lo com uma garota diferente todas as noites.
As coisas foram melhorando aos poucos. Pedro terminou o ensino médio, mas disse ao pai que não queria ir para faculdade, pois seu trabalho era transar. De certa forma Geraldo sentiu orgulho de seu filho, e decidiu bancar os gastos de seu filho inútil. Comprou um apartamento para ele em um ótimo prédio e todo mês depositava uma grande quantidade de dinheiro em sua conta bancaria.
Na realidade Geraldo queria se livrar do filho o mais rápido possível, por isso fazia questão de bancar seus luxos para que ele ficasse a quilômetros de distancia.
Pedro leva a sua vida desse modo, transando com garotas.


***

Eu fiquei escutando aquilo calada e imaginando os fatos. E naquele momento eu pude perceber que tanto eu como ele tínhamos relacionamentos conturbados com nossos pais.
Ficamos um tempo ali abraçado um ao outro sem tocarmos em qualquer palavra.
Pedro tirou uma mecha do meu cabelo e sussurrou em meus ouvidos.
–Você é especial Jessye, fica comigo?
Engoli a saliva da boca e perguntei.
–Ficar aqui por essa noite?
Ele respondeu depois de intervalos de segundos.
–Não – sua voz era seria – fique aqui a vida inteira.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?