Marley estava dormindo profundamente quando a voz da enfermeira no corredor lhe acordou. Fora dormir muito tarde ontem pensando no turbilhão de coisas que tinham acontecido.

- Mas a senhora não pode entrar ainda – disse a enfermeira calmamente- ela ainda está dormindo e o horário de visita eh só as 16:00 hrs.

 - SENHORA????? MAS QUE MANE SENHORA EH ESSE????? SENHORITA, PR FAVOR, NE?! E COMO ASSIM ELA TA DORMINDO AINDA? ACORDA ELA UE! E EU NÃO VOU PODER VIR AS 16:00 TENHO OUTRAS COISAS PRA FAZER SENAO FICAR DISCUTINDO COM UMA VELHA ENFERMEIRA RABUGENTA.

“Santana” – pensou Marley.

- Mas que falta de respeito eh essa! Seguranças, tirem essa louca daqui - Santana já estava se debatendo com os seguranças quando Marley falou abrindo a porta do corredor:

- Não! Por favor, deixem ela entrar. Ela eh uma amiga minha, completamente inofensiva por menos que pareça.

A enfermeira olhou para Marley, olhou para Santana que lhe lançou seu melhor olhar “não te disse?” e suspirando fez um sinal para que os seguranças soltassem Santana.

- Está bem. Mas apenas meia hora.

A latina entrou no quarto rapidamente e fechou a porta enquanto Marley se deitava.

- Precisa de ajuda? – perguntou Santana.

- Não, eu ainda consigo me enfiar numa cama, por incrível que pareça – disse a paciente com um sorrisinho. Santana sorriu também.

 - Então, como tem passado? Ai, cheiro de hospital me dá náuseas, blergh ...

Marley riu e lembrou de Kitty por incrível que pareça.

- Bem, estou bem. Sabe não eh o melhor lugar do mundo mas também não eh insuportável ...

Santana fitou Marley por um segundo. Era um olhar misto de culpa e arrependimento.

 - Marley, eu ... me desculpa, ta?

- Te desculpar pelo que, Santana? Você não me fez nada.

 - Pois eh. Eu não fiz nada com aquela historia dos laxantes, mas poderia ter feito. Eu sabia que era a Kitty – Santana olhou envergonhada para o chão. –Sou conhecida por humilhar as pessoas, mas também consigo defender meus amigos. Mas dessa vez não sei o que aconteceu.

- Ei, - disse Marley segurando a mão de Santana e fazendo a latina levantar a cabeça – você fez o que podia. Eu sei que você percebeu que eu estava me metendo numa encrenca, eu também percebi. Não sei por que persisti nesse negocio estupido ...

- Porque você eh uma garota comum Marley. Insegura, confusa, indecisa, vulnerável e volúvel. Estão cheia de meninas como você, que não conseguem aceitar o próprio corpo e na verdade são maravilhosas. E também existem pessoas como a Kitty que invejam ser que nem você.

- Eu?! – perguntou Marley confusa- por que raios a Kitty iria querer ser igual a mim?

- Ah, Marley sinceramente, olhe para você. Você tem tudo. Inteligente, bonita, gentil, tímida, charmosa, talentosa ... Eh a garota dos sonhos de qualquer garoto. Não eh a toa que dois se apaixonaram por você. E a Kitty quer ser você. Ela quer que os garotos se apaixonem por ela também. O que ela não descobriu ainda, eh que assim como Jake e Ryder gostam de você pelo que você eh, outros também devem gostar dela, ou vão gostar dela pelo o que ela for.

Marley ficou boquiaberta com o discurso da latina

- Santana, isso foi ... impressionante.

-  Pois eh, eu sou demais. Além desse corpo maravilhoso desse rosto lindíssimo, sou uma filosofa!

Marley caiu na gargalhada

 - E engraçada.

Santana apontou para Marley rindo também.

 - Resumindo, uma diva – disse Santana parando de rir.

Marley se recuperou e dessa vez olhou seriamente para Santana

 - Santana por que você nunca mostra esse lado doce e engraçado para as pessoas? Quando eu te conheci tive ate um pouco de medo mas se eu soubesse que você era assim, teria dito a mim mesma para deixar de ser estupida.

Santana sorriu e suspirou. Na verdade era uma pergunta que ela mesma se fazia todos os dias.

 - Acho que eh uma estratégia de defesa, minha. Sabe, também não tenho uma autoestima boa por incrível que pareça (Santana deu risinho) e acho que os outros podem perceber minhas fraquezas. Por isso eu humilho as pessoas. Assim elas tem medo de mim e não me zoam. Mas eu mostro meu lado doce só pra quem merece. As pessoas que eu acho que nunca vão me fazer mal e que eu amo e protejo.

 - Bem, estou orgulhosa de ser uma delas- disse Marley contente – Quem são as outras?

 - Minha mãe e a Brittany. Claro que as vezes eu dou um “break” no meu alter ego Snixx e fico legal por 5 segundos, especialmente no Glee club. Mas eh raro.

 - Falando na Brittany, você e ela voltaram?

Santana olhou para baixo cabisbaixa.

- Não. Eu realmente sinto falta dela, mas acho que não suportaríamos um relacionamento a distancia. Ainda mantenho minha decisão.

- Ela fala de você todos os dias no coral. Quer dizer, falava já faz um tempo que não a vejo, ou melhor que não os  vejo.

- Ah, garanto pra você que varias coisas mudaram.

- Santana – disse Marley pegando na mão de Santana e olhando para a latina com lagrimas se formando – eles estão bravos comigo?

- Não sei, Marley. Realmente não sei. Não visitei muito o McKinley ultimamente. Mas se estiverem eles serão uns babacas e pode chamar a tia Snixx aqui que ela vai dar um jeito.

Marley riu mais uma vez e as duas estavam rindo quando a enfermeira bateu a porta

 - Com licença, senhorita, mas já deu meia hora.

 - DESULPE MADAME MAS DA MEIA HORA QUANDO EU QUERO E ...

Santana já ia armar um circo, quando Marley disse-lhe para parar e ir embora. Santana concordou afinal já tinha causado muito problema por hoje.

 - Ok. Mas só por que a minha amiga pediu – e ela apontou para a Marley – Tchau querida – Santana deu um beijinho na testa de Marley – melhore.

 - Obrigada Santana. Tchau.

Santana deu um ultimo aceno antes de ir embora pela porta do hospital. Mal saiu e já estava trocando umas “palavrinhas” com a enfermeira. “Se você tratar ela mal eu processo esse lugar ok? Sou de Lima Heights e...”

Marley riu.

“Gostaria de ser como a Snixx algumas vezes”