Foi num dia comum do mês de março que ele a viu pela primeira vez, toda vestida de branco e azul celeste. Estava lá, em pé, pensando na vida, no meio do bosque. Era pequena e frágil, como uma princesa de contos de fada. Usava sandálias rasteiras, um vestido brando de saia aos joelhos, um colete azul celeste e uma fita no cabelo, também azul. Seus longos cabelos castanho-claros dançavam com o vento.

Ele queria falar com ela, queria ir até lá. Pensou em tudo que teria se não perdesse essa chance. Poderiam voltar a esse bosque e lembrarr como se conheceram, talvez com seua filho e sua caçula, correndo livres pelos caminhos. Voltariam depois para casa, felizes e contentes. Levariam seus filhos para a escola, para a aula de piano, para o cursinho. Festejariam a formação de médico de seu filho e de dentista de sua filha. Viajariam pelo mundo, vendo a Torre Eifell, a Grande Muralha da China e as ruínas de Macchu Picchu. Morreriam juntos, felizes e amados. Então ele acordou e ela tinha ido embora. E ele viveu, casou, teve três filhos, um médico e dois advogados, viajou o mundo e morreu. E ao fechar os olhos pela última vez, entristeceu-se ao ver não sua esposa, mas a garota de azul celeste.