Meia Alma escrita por Monique Góes


Capítulo 8
Capítulo 7 - Nômades


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, podem me matar por dois motivos:
1. Eu sumi
2. Eu apaguei 4 capítulos.
Sinto muito por isso... Percebi que do jeito que a fic estava me atrapalhava, então para dar continuidade, esqueçam tudo o que aconteceu, tudo bem?



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         - Olha só esse céu azul! E essa grama verde! Isso é que é cenário!

- Menos Larry. – Alma o repreendeu enquanto chegávamos a uma planície na qual ainda se era possível se ver ao longe, atrás de nós a densa névoa acinzentada de neve a qual demarcava o norte.

- Mas olha isso! Essa paisagem tem cor! Melhor que só aquela coisa branca e cinza que a gente via dia e noite!

Ao menos nisso eu tinha de concordar.

O vento soprava, fazendo a grama verde farfalhar suavemente de modo quase inaudível. O tempo estava agradável, não estava tão quente, nem tão frio, bem melhor do que os sete anos só de neve no norte. Talvez fosse primavera, ou talvez verão mesmo. A nossa frente estendia-se a planície, mas ao longe se era possível ver a densa imagem verde escura de uma floresta. Ao nosso passo, talvez chegássemos antes mesmo do anoitecer.

- Faz mais de 10 anos que eu não saía do norte! – Moko exclamou, a voz fina fazendo meus ouvidos doerem, suas patas dianteiras estavam pousada em meu ombro esquerdo e as traseiras no meu ombro direito, as asas retraídas para que não ficassem roçando contra minha cabeça.

- Menos pessoal, temos que ser discretos, se tiver alguém da Ordem por essas redondezas, já deve ter nos escutado!

- Menos Nina, não sinto a Aura de ninguém por aqui. – Alec disse, soprando sua franja.

-... Eu estou chamando mais atenção do que uma árvore de natal com a Moko aqui. – Falei em voz baixa.

- Árvore de Natal? – Maurice me perguntou, franzindo o cenho.

- Na Terra, quando se aproxima o mês de dezembro, os humanos pegam um pequeno pinheiro e decoram com bolinhas, estrelas, luzes que piscam, enfim. – expliquei. A minha missão na Terra há doze anos acabara por me dar algumas informações incomuns por aqui.

- Hã... Pra quê?

- Sabe-se lá, parece que é para comemorar o nascimento de um menino chamado Jesus, coisa assim. Chamam ele de Filho de Deus por lá.

- Jesus, Maria, José, minha gente, que coisa é essa? – Diego riu e falou com um sotaque estranho, e eu o encarei. – Qual é, eu também já fui pra Terra, e para onde eu fui, o meu vizinho tinha o costume de falar mais ou menos assim.

- Que lugar era esse?

- Nordeste do Brasil, passei um ano lá em missão quando tinha dezesseis. Voltei com um sotaque nordestino que me zoavam muito.

- Percebe-se.

- Qual é, eu já perdi ele.

Dei de ombros, enquanto começávamos a andar novamente em direção a floresta a nossa frente. Era bom sair daquele monte de neve depois de tanto tempo. Dizem que um local branco é bom para se pensar, mas quando se está num local como o norte era, é completamente enlouquecedor.

O bom de andar com um grupo de híbridos sendo um híbrido é que todos são rápidos, então cobrimos o que daria algumas horas para um humano em alguns minutos, embora não estivéssemos correndo. Pelo menos por hora, não estávamos com pressa. Não estávamos sendo perseguidos nem nada parecido, portanto, não precisava.

Logo adentramos a floresta repleta com os sons de animais como grilos, insetos e pássaros, um som que deve ter animado a maioria, pois ninguém escutava sons como aqueles há quase uma década.

Apesar de tecnicamente não devermos chamar a atenção, a maioria estava conversando em voz baixa enquanto andávamos. Não havia ninguém por perto naquela região, que ainda chegava a ser considerada o norte.

Moko continuava em meus ombros, mas não dizia nada, o que já era o suficiente para mim. Nada de vozinhas irritantes de bichinhos animados zunindo em meus ouvidos, então, estava tudo bem.

Apesar de todos estarem mais ou menos relaxados, eu rastreava a área em silêncio, visualizando se não havia nada por ali, como outros híbridos, monstros ou Despertados. A única coisa a qual eu sentia eram os calores característicos de animais, e pouco mais a frente de nós, um grande aglomerado que me dizia que deveria ser algo como humanos e animais misturados. Provavelmente eram nômades.

- Vou ver uma coisa. – falei, tirando Moko de meus ombros pela pele de seu pescoço, então disparei a frente dos outros, indo em direção ao aglomerado de calores a minha frente.

Depois de provavelmente meio segundo cheguei a encosta de uma montanha. A frente de mim havia o que eu havia previsto, algumas dezenas de pessoas, todas com capas negras parecidas com as nossas, e somente então lembrei que normalmente nômades trajavam capas como essas, porém era possível se ver de longe que possuíam vários bordados nelas, talvez para demarcar seus clãs. Havia carros de leins sendo conduzidos repletos de coisas, cachorros correndo, alguns bay cams e outros pássaros nos ombros dos indivíduos.

Do modo que eles avançavam e do modo que os outros avançavam, provavelmente acabaríamos alcançando-os logo. Esperava que eles não quisessem arranjar briga.

Voltei para onde os outros estavam, que haviam continuado a andar, porém mais lentamente.

- O que aconteceu? – Diego perguntou.

- Nômades logo à frente, vamos chegar neles logo. – falei.

- Vamos fingir que a Moko é o nosso bichinho de estimação. – Alma disse.

- O quê?! – ela exclamou.

- Ou você vai sem falar ou vai dentro de uma bolsa, o que prefere?

Ela ficou quieta com a sua versão de careta emburrada, mas logo deu pra perceber que por enquanto ela se manteria calada. Com um ruflar de asas ela voltou para meus ombros e voltamos a andar.

- Droga, vamos ter que cruzar com eles mesmo?

- Só tem um caminho por essa montanha. Poderíamos saltar lá de cima, mas eles provavelmente atirariam em nós.

- Nômades são supersticiosos, não são? – Raquel perguntou.

- Por isso mesmo.

- Ruivos tecnicamente são considerados amaldiçoados. – Ygor comentou, puxando o capuz sobre sua cabeça a modo de esconder também seus olhos. – Pois possuem a cor do sangue em seus cabelos.

Então sou duplamente amaldiçoado.

- Que se danem, vamos ter que passar por eles de qualquer jeito.

- Ainda sinto falta do tempo em que você falava algo assim e fazia uma piada.

- Continue sentindo. – retruquei secamente.

Seguimos rapidamente por entre as árvores chegando a trilha da montanha. Percebi que a maioria ajeitava os capuzes para esconder os cabelos brancos, mas apenas baixei um pouco meu olhar para esconder meus olhos. Usar a franja na altura dos olhos é uma vantagem em momentos como esse.

Logo estávamos atrás da caravana e eles percebera-nos, e logo percebi que nos olhavam com desconfiança, mas conseguia ver que vários olhavam com interesse para Moko. Vi vários olhares desconfiados e amedrontados voltados para.

- Eles trazem má sorte. – ouvi uma velha murmurar.

Contive um suspiro irritado, somente seguindo em frente. Conseguíamos seguir em frente, desde que não batêssemos em nada. Vários cachorros começaram a latir e a nos acuar e bay cams chiavam, mas saímos de lá rapidamente.

- Vamos nos livrar do Hideo, ele traz má sorte.

- Cala a boca Larry.

-... Tá bom.

- Que tal vender a Moko pra eles?

- É uma boa ideia.

Imediatamente senti o olhar assassino da Despertada que não podia dizer nada sobre mim.

 A epopeia da hora de ir dormir.

Que inferno.

Sentei sentindo minhas costas estalarem juntamente com as raízes da árvore. Parei momentaneamente para verificar se meus movimentos não haviam acordado ninguém, porém não havia.

A chama da fogueira estalava fracamente, prestes a morrer enquanto alguns mosquitos voavam rapidamente ao redor da chama, os sons dos animais noturnos e dos insetos tão coordenados que chegavam a parecer uma orquestra.

Todos estavam dormindo pelo chão, usando as capas como cobertores ou sob seus corpos e vi um bungle andando calmamente por entre os corpos adormecidos, cheirando-os calmamente. Sentei fazendo as raízes estalarem ainda mais, então o bicho se assustou e foi embora, pulando.

Cocei minha nuca saindo de perto da árvore antes que acordasse alguém, isso é, se eu ainda não havia acordado. Desviei das botas de ferro – estava usando apenas as de couro. – e levantei aos trancos e barrancos, tomando cuidado para que ninguém acordasse. Talvez a melhor coisa a se fazer no momento fosse dar uma olhada na paisagem antes que acordasse alguém em minha insônia.

Adentrei a trilha silenciosamente, escutando os sons dos insetos e dos animais. Conseguia escutar os pequenos passinhos dos seres batendo contra as árvores ou contra o solo, e também o som de quando eu pisava encima deles, esmagando-os. Aquela insônia era terrível, eu simplesmente queria dormir, mas não conseguia, meu peito doía, parecia que um vento frio corria dentro de mim. Odiava aquela sensação, mas ao mesmo tempo agradecia por não estar mais no norte. Aquela paisagem toda me depreciava ainda mais.

 Nesse exato momento alguém pôs uma espada contra meu pescoço.      


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem da mudança... Capítulo completamente diferente virá, amanhã talvez.
Dúvidas, assassinatos? Tudo nos reviews!



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