Imortal escrita por Carola


Capítulo 9
Sangue... E dor!




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Carl se levantou e começou a descer a escada, desviando de todos os outros feixes de luz que emanavam de Jason. O homem aparentava estar diferente; parecia mais novo e muito mais bonito e encantador. Ele nunca tinha parecido tão interessante como naquele momento. Carregava um semblante maligno, como se fosse o mais poderoso do universo; e naquele instante, ele era mesmo.

Jason parou com as suas tentativas de acertar Carl e saiu correndo para tentar alcançá-lo. O homem descia as escadas lentamente, como se estivesse fazendo uma entrada triunfal, o que facilitaria Jason a chegar até ele mais rápido, porém ao encontrar o topo da escada, o garoto não conseguiu mais passar. É como se ali existisse uma parede invisível que o impedisse de prosseguir.

_ Droga! – Jason berrou furioso.

_ Inútil! – Carl disse e riu.

Jason começou a se debater contra o nada, se afastou e começou a lançar mais poderes para tentar desfazer aquele feitiço.

Enquanto isso Carl ia se aproximando, e eu me encolhia cada vez mais. Stephan suava frio e recuava, ficando mais perto de mim.

 _ Você acha mesmo que pode protegê-la? – Carl disse ironicamente.

_ Eu não acho... Eu vou protegê-la. – Stephan disse dando ênfase a palavra “vou” e logo em seguida, tomou a atitude mais estúpida que poderia ter tomado naquele momento; ele deu um soco no rosto de Carl, que cambaleou e caiu no chão. De imediato eu soube que tudo estava realmente perdido de vez, mas não consegui tomar nenhuma atitude a não ser arregalar os olhos e tampar a boca, escondendo timidamente a vontade de gritar que surgiu subitamente.

Carl ria maleficamente, permanecendo com a cabeça baixa, enquanto Stephan arfava, contendo sua mistura de raiva e medo. O homem se levantou formosamente, arrumou sua roupa e subiu a cabeça em um movimento lento, fixando um olhar penetrantemente gélido em Stephan que até eu consegui sentir, mesmo escondida atrás do garoto.

_ Vocês humanos me fazem rir muito.

_ É mesmo? – Steph respondeu irônico.

Carl avançou e segurou o garoto pelo pescoço, tirando seus pés do chão e sufocando-o parcialmente com as grandes mãos que possuía.

_ Acho bom você parar de me desafiar, entendeu garoto? Isso aqui não é uma briguinha de escola e eu tenho quase certeza que você não vai querer começar esta guerra comigo, porque sabe que suas chances são completamente zero.

Antes que Stephan pudesse pensar em tomar alguma atitude, Carl o jogou rumo à escada; mesmo que o garoto não tivesse sido arremessado com força suficiente para se chocar com a escada, o ato provocou muita dor. Stephan caiu no chão com tanta força que era quase impossível que ele não ficasse inconsciente, e foi o que realmente aconteceu... Mas por apenas alguns incontáveis segundos.

Ao certo parecia que meu namorado havia machucado uma das pernas, pois não conseguia se levantar. A única vantagem que surgiu com essa crueldade foi a distração de Carl. A partir do momento em que ele ficou com raiva e se concentrou em infernizar Stephan, se esqueceu de manter o “bloqueio” que impedia Jason de descer as escadas, permitindo com que o garoto parasse de se debater contra o “nada” e nos alcançasse.

Jason desceu as escadas com muita rapidez, mas parou para acudir Stephan que fazia caras feias de dor. Os dois até queriam avançar para atacar Carl, mas de nada adiantaria, e isso provavelmente só irritaria mais ainda o bruxo, por isso ficaram ali mesmo onde estavam e Jason disse:

_ Carl, me entrega ela! – Era incrível a precisão com a qual Jas falava.

_ Ah claro, você crê mesmo que eu vou ser bonzinho e te entregar Carollyne porque você está pedindo? Quanto senso de humor! – Carl riu.

_ Ela não merece isso seu idiota. Carollyne não teve chance de escolha e foi amaldiçoada pelo destino com algo que ela não deveria nem fazer parte; acho que você deveria levar isso em consideração. – Jason se pôs de pé ao lado de Stephan, que ainda estava caído ao chão.

_ E aqui está um Jason que eu não conheço... Piedoso; preocupado... – Carl me pegou pelos braços e me colocou de pé. Eu ainda estava algemada, mas ele sabia que eu não fugiria em nenhuma hipótese porque o medo me dominava e travava minhas pernas. – Sabe, eu estou começando a gostar muito dessa situação em que nos encontramos. – Carl me rodeava.

_ Para! – Eu sussurrei.

_ Parar? Não minha querida, estamos apenas começando... – Ele continuava andando vagarosamente ao meu redor, interrompendo Jason todas as vezes que o mesmo tentava falar.  – Vamos recapitular tudo para ver se eu entendi direito. Carollyne tem duas almas; a dela e a de Anne, o que lhe deu o poder que eu tanto preciso para poder dominar tudo e todos...

Stephan levantou a cabeça e apoiado no chão apenas pelos braços, tentou dizer algo, mas Carl o impediu.

_ E aquele é Stephan, o homem que antigamente amava Anne e a protegia, exatamente como faz agora, só que a vítima da história é você né Carollyne? Coitadinha... Nunca passou pela sua cabeça que ele só está com você por querer Anne? Ele sempre amou e ainda ama ela e você é uma tola se não crê nisso. – Ele continuava me rodeando.

Eu sabia que aquilo era mentira, mas mesmo assim não consegui olhar para Stephan e fingir que não doía ouvir tudo aquilo, porque doía mesmo. As lágrimas de dor insistiam em cair, mas eu precisava ser forte.

_ Cala a boca seu idiota. – Stephan berrou, arfando de dor em seguida.

_ Como se você não soubesse que eu tenho toda a razão... Mas, vamos continuar! Bem, e ai está você, Jason... Completamente mudado. Porém temos uma incoerência. – Carl parou ao meu lado. – Você e Stephan deveriam ser inimigos... Afinal, eu nunca vi um homem gostar da namorada do outro, e ainda sim serem amigos.

Stephan e Jason se entreolharam e talvez tenha rolado uma certa tensão entre os dois. Steph já não gostava muito de Jas e os dois só estavam juntos porque precisavam me proteger.

_ Carl, não fala o que você não sabe! – Jason gritou.

Um silêncio torturante se instalou no recinto e para que não se estendesse por muito tempo, eu engoli as lágrimas e disse:

_ Carl, onde estão meus pais?

_ Seus pais? Eles estão no lugar em que deveriam estar.

_ Onde eles estão Carl? – Eu dei um grito que até estranhei.

_ Eu já disse!

_ Solta eles...

_ Soltar? Mas eles não estão presos!

_ Fizemos um combinado, seu estúpido! Eu viria com você e meus pais estariam livres.

_ Carollyne, você escutou direito o que eu acabei de dizer? Seus pais não estão presos e muito menos aqui. Devem estar em casa procurando por você uma hora dessas.

_ O que? – Gritei.

_ Como foi fácil te enganar. O desespero não te deixou pensar direito né? Na verdade o vôo dos seus pais atrasou, e com isso eu pude me aproveitar e criar uma mentirinha para te capturar. Olha, foi mais fácil do que eu pensei.

_ Eu não acredito. – Eu abaixei a cabeça e não consegui conter as lágrimas.

_ Você não presta! Desgraçado! – Stephan gritou.

_ Calma garotos; a brincadeira ainda não começou... – Carl passou a mão pela minha cintura.

_ Não se atreva a fazer isso! – Stephan gritou.

_ Fazer o que? – Carl estava atrás de mim e agora passava a mão na minha barriga.

Eu não tinha opções a não ser ficar parada, mas sentia nojo; nojo dele, nojo de mim; nojo de tudo.

Stephan quis correr e me tirar de lá, mas como tinha o tornozelo direito torcido, não conseguiu fazê-lo. Jason tinha a mesma vontade, mas sabia que seria impossível conseguir, porém, à medida que Carl foi me tocando e provocando, a raiva só aumentava, até que o garoto não aguentou e saiu correndo.

_ Larga ela!

Carl fez um rápido movimento com as mãos e então magicamente parou Jason na metade do caminho.

_ Ah Jason! Você fez uma péssima escolha. – Carl caminhou até uma mesa e pegou uma caixa um pouco pequena. Parecia ser velha e toda coberta por um tipo de couro preto. O conteúdo era um mistério, que não durou muito. O homem voltou para o meu lado e então abriu a caixa. Era toda forrada por um veludo de cor bonina, e para minha surpresa, ali se encontrava uma adaga branca, cuidadosamente esculpida e com pequenos detalhes.

Eu arregalei os olhos e fui tomada por um desespero misturado ao medo, pois sabia a utilidade que seria conferida ao instrumento. A mesma reação teve Jason e em seguida Steph, que tentou se movimentar, mas sem sucesso, apenas conseguiu se sentar.

_ Ah Carollyne, tão linda... Tão jovem... Pensar em morrer assim deve ser tão doloroso, estou errado? – Carl me virou de frente para ele, sendo assim, Jas e Steph me viam de lado. O homem andou até parar atrás de mim, então jogou meus cabelos ruivos e grandes para um lado e beijou meu pescoço nu, colocando a adaga na minha cintura. – Como sua pele é macia... – Ele deu mais um beijo e então se posicionou novamente em minha frente, encarando-me.

_ Carl, não faz isso! – Jason gritou não conseguindo mais conter seu desespero.

Tudo que eu conseguia fazer era pensar em como havia sido tola. Entreguei-me tão facilmente... Era como se eu tivesse aceitado partir, deixando para trás meus pais, Steph, Jason, e Lauren. Ah, minha melhor amiga que agora nem sabia o que se passava comigo. Talvez já soubesse do meu sumiço, ou não... Meus pais provavelmente já estariam desesperados, pois já era dia e eu tecnicamente já deveria ter voltado do baile. Eu nunca mais veria ninguém e doía mais que tudo concluir isso.

_ Se eu tivesse outra opção, não te mataria, mas te possuiria... Só minha. Ah, que desejo insaciável.

Eu senti nojo ouvindo aquelas palavras.

Carl se aproximou de mim e colocou seus lábios nos meus. Repentinamente veio a dor insuportável. Ele se afastou o suficiente para que eu pudesse ver que ele acabara de enfiar a adaga em meu coração. Eu caí de joelhos, mas não olhei para baixo. A dor era terrivelmente forte que quase me impedia de respirar. E então, fechei os olhos e todas as lágrimas que estavam acumuladas escorreram rosto abaixo. Como conseqüência, meu corpo, no que lhe restava de força e vida, desabou sobre o chão que sustentava, até então, meus joelhos cansados. O sangue brotava da ferida e escorria pelo lado direito do meu corpo.

_ Não! – Stephan gritou, expulsando a palavra juntamente com as lágrimas e soluços que se sucederam.

Jason caiu de joelhos e afogou o rosto nas mãos, tentando esconder falhamente suas lágrimas e a dor que havia lhe tomado por inteiro.

_ Trabalho feito! – Carl disse com um sorriso maléfico no rosto e de repente sumiu, deixando apenas meu corpo fúnebre e os garotos no salão.

O encanto que prendia Jason foi desfeito, mas o garoto não conseguiu se mover do lugar em que estava. A única coisa que conseguia fazer era chorar.

Stephan com muito custo conseguiu engatinhar até meu corpo, intercalando sua respiração com o choro.

_ Meu amor... – Ele sussurrou enquanto arrastou meu corpo para seu colo. – Desculpa... – O garoto pôs sua testa sobre a minha e chorou muito. Suas lágrimas percorriam seu rosto e se repousavam sobre os meus cabelos. – E-eu não f-fui capaz de t-te p-proteger... – Ele dizia entre lágrimas e soluços, e colocava toda a culpa em si.

Jason continuava chorando, um pouco distante, procurando forças para se levantar e chegar ao meu corpo. Não as encontrou.

Aquele cenário estava coberto de tristeza e melancolia, assim como meu peito se encontrava da cor rubi, repleto de sangue.

Steph levantou a cabeça e olhou para a adaga que não era mais completamente branca, sendo agora marcada pelo sangue que a envolvia. Cuidadosamente o garoto pôs a mão no objeto e o puxou para fora de meu corpo, jogando-a no chão e produzindo um ruído que ecoou por todo o salão. O movimento foi tão suave que parecia que Stephan tinha medo de que eu sentisse dor. Ele passou a mão no meu rosto e em meio as lágrimas, tentava dar um sorriso.

Jas olhou para Stephan e viu algo branco saindo do bolso do casaco do garoto e então finalmente teve coragem e se levantou.

_ O que é isso?

Stephan desviou sua atenção do meu corpo sem vida e olhou para Jason como quem não entendia nada.

_ Do quê você está falando? – Ele perguntou.

_ Isso ai no seu bolso, o que é? – Jas respondeu enquanto caminhava até a direção de Stephan e pegava o envelope que se encontrava no bolso do garoto.

Os dois olharam para aquele envelope branco que Jason segurava. Stephan quis pegá-lo, mas como suas mãos estavam sujas de sangue ele decidiu deixar com Jason.

_ Abre! – Stephan disse.

_ Tem certeza? – Jason retrucou.

_ Absoluta! Essa é a carta de Anne que nos esquecemos de abrir quando chegamos.

_ Ah...

Jason abriu o envelope cuidadosamente para não estragá-lo e tirou dali um papel escrito com uma caligrafia impecavelmente linda. O garoto não leu em voz alta, mas para si, dando atenção total para cada palavra que lia, e ao terminar de ler a carta, se encontrava tão surpreso que apenas disse:

_ Stephan, pega o corpo de Carol e me segue.

_ Em? – Stephan ficou completamente confuso.

Jason olhou para a escada e saiu andando em direção à saída daquele lugar.

_ Isto ainda não acabou...


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