Imortal escrita por Carola


Capítulo 7
Máscaras?




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Eu não sabia o que estava acontecendo naquele exato momento e nem onde estava. Só me lembrava de estar no baile de formatura, depois disso sei que me encontrei com Carl e no final me despedi de Jas e Steph, e desapareci. Eu não sabia onde os garotos estavam, nem se estavam bem.

Mais uma vez estava tudo escuro e isso me fez voltar até as lembranças do primeiro dia... Aquele dia no monte Fibs... O dia em que todo o curso que eu seguiria na vida mudou... Quando eu fui vítima de uma armadilha; Aquela na qual eu já havia me submetido a aceitar.

Eu sabia que não poderia escapar e nem adiantaria tentar. É lógico que se os garotos me achassem e conseguissem me levar embora, Carl me encontraria em um estalar de dedos. Ele era milhões de vezes mais forte que eu, e não era humano. Não havia maneiras de derrotá-lo. Eu pelo menos não sabia, e mesmo que tivesse algum jeito, com certeza eu não seria capaz de fazê-lo.

De repente, uma luz foi acesa. Fechei os olhos rapidamente reagindo ao brilho repentino que me cegou por um instante. Fui abrindo os olhos e me acostumando aos poucos com aquela luz muito forte. Um lugar completamente estranho e desconhecido surgiu em minha frente.

Era uma espécie de salão muito grande e com uma escada central. Dava para ver o segundo andar de onde eu estava. Era contornado por uma varanda que se ligava à escada. Eu estava no que parecia ser uma espécie de altar, deitada em um divã de cor verde e só depois percebi que estava presa com algemas douradas. Luzes grandes iluminavam todo o salão. Havia diamantes coloridos enfeitando tudo; Lustres, portas, janelas... E que reluziam com os efeitos das lâmpadas, criando feixes de luzes de diferentes cores que faziam o lugar se parecer com um arco íris gigantesco. Estava completamente lindo. Aqueles raios de luzes prendiam toda a minha atenção, eu estava até de boca aberta. Provavelmente era o esconderijo de Carl e apesar desse detalhe bastante relevante, eu estava maravilhada e apaixonada com aquele lugar.

_ Está admirada minha querida? – A voz saiu de algum lugar indefinido, e é claro que eu sabia que a voz era de Carl. – Esse lugar é maravilhoso não é? Eu demorei décadas para construir e enfeitar todo esse lugar que eu chamo de “Palácio”. Esse realmente é o meu maior orgulho. Minha posse, só minha.

_ Tenho que admitir que o lugar é lindo. Se foi você quem decorou isso tudo aqui mesmo, você possui muito bom gosto. – Apesar de eu estar com raiva, eu tinha que admitir que aquilo era maravilhoso.

_ Seja sincera, você não gostaria de morar em um lugar assim?

_ É, talvez.

_ Por que talvez?

_ Porque eu não ia querer morar em uma imensidão dessa e ser sozinha como você. E eu acho que você deveria parar de fazer cena, seu idiota. – Eu disse ironicamente e revirando os olhos. – Se quer me matar, mata logo e para de fazer esse seu drama todo, por que isso não me impressiona nem um pouco. E, aliás, se você precisa tanto de “poder” – Eu abri aspas no ar. – Você já está perdendo tempo, porque eu não vou juntar sua alma com a de ninguém; Até porque eu nem sei fazê-lo. Então, meu filho, se vira.

Carl surgiu na ponta da escada. Ele estava parecendo um rei que admirava toda a sua posse, e literalmente se parecia com um, pois estava com uma capa felpuda pendurada nas costas, mas ela não era vermelha, era branca.

_ Ah Carollyne... A tão doce Carollyne. Você precisa entender que não é tão simples e fácil assim como você pensa... – Ele ia falando e descendo as escadas, até que cruzou todo o salão e chegou a mim. – Eu gosto do sofrimento; De pessoas enraivadas por alguma dor, seja ela qual for. Se eu simplesmente te matasse agora, não teria diversão nenhuma. O bom dessa história toda é ver aqueles dois inferiores sofrerem, de revoltarem contra mim e acharem que podem fazer algo útil para te ajudar, porque ai eu terei mais dois rivais para me servirem de passatempo, e sabe, isso me agrada uma quantidade... – Ele disse com um sorrisinho, mas dessa vez sarcástico.

_ Como é que é? – Eu fiquei com tanta raiva que berrei, e a frase ecoou por todo o salão.

_ É fácil... Eu terei mais dois brinquedinhos para torturar! – Ele disse enquanto mexia nos meus cabelos.

_ Sai daqui seu estúpido! – Eu dei um puxão e balancei a cabeça para tirar meus cabelos de suas armas. – Você disse que não faria nada com eles se eu me entregasse.

_ E você acredita em mim?

_ Bom, eu pensei que pudesse acreditar... E pelo visto eu estava tristemente enganada – Eu disse desapontada, e abaixei a cabeça.

_ Sério? – Ele disse surpreso.

_ Sim. – Levantei a cabeça e o fitei, com os olhos frios e sem resquícios de esperança.

O silêncio constrangedor cortou nosso momento.

_ Por que você tem que ser tão cruel assim?

Carl estava perplexo e congelado. Seu olhar estava preso em algum lugar, talvez alguma memória. Ele não estava aqui... Parecia estar viajando. Mas de repente piscou os olhos e então a maldade e a frieza retomaram sua face gelada.

_ Para de conversa garota. Deixa de ser iludida. Eu sempre fui mal. – Ele me deu as costas e foi embora.

Eu não sabia se aquilo era um teatro, ou era real; Mas eu realmente vi um toque de humanidade, digamos assim, em Carl. Ele parecia muito surpreso, e por outro lado, magoado. Pela primeira vez eu senti pena dele, mesmo sem ter um motivo concreto para tal fato.

Em contrapartida, eu também estava com muita raiva. Ele não deveria machucar os garotos. Era o combinado. Mas Carl não cumpriria esse acordo porque sua intenção era o sofrimento de cada um que entrasse em sua vida, e ele havia deixado isso bem claro. De fato, eu tinha sido uma tola de acreditar que aquilo seria verdade, e agora me arrependia de ter me entregado facilmente, pois se isso tivesse acontecido ou não, meus garotos também iam pagar. E eu dizia “meus garotos” porque me sentia segura com ambos; Via proteção e carinho nos olhos dos dois.

Comecei a pensar em meus pais. Eu ainda não os tinha visto em lugar algum, até porque eu estava presa ali naquela sala incrivelmente grande e linda. Eu achava muito estranho não ter ouvido nem um barulho sequer de ambos. Será que estavam mesmo ali? E se estavam, será que estavam vivos? E se estivessem, o que aconteceria com eles? Agora que eu não podia confiar em Carl, eu temia intensamente por meus pais. Pensando bem, eu nunca pude confiar em Carl, e realmente me sentia uma imbecil de ter imaginado a possibilidade de ele se comover e não matar ninguém... Exceto eu. Do jeito que aquele cara era louco e maléfico, podia simplesmente perseguir meus pais, torturá-los cruelmente e no fim matá-los sem se importar com nada; Sem nenhum sentimento de pena ou arrependimento que pudessem fazê-lo recuperar um pouco de sua humanidade, e quem sabe talvez mudar para uma pessoa incrivelmente melhor.

Infelizmente agora estava tudo perdido de verdade, e como eu conhecia Stephan e Jason muito bem, eles lutariam até o fim, mesmo sabendo que não eram capazes de conseguir alguma coisa. Ou seja, “até o fim” realmente significa que eles se sacrificariam por mim, inutilmente, pois Carl nunca mudava sua opinião, e não era agora que isso aconteceria.

Eu estava cansada. Cansada demais para esperar o que aconteceria dali para frente. Aos poucos fui deitando-me naquela cama bastante confortável, esperando pela hora da minha sentença se concretizar. Fui fechando os olhos e adormecendo, até dormir completamente.

Carl desceu novamente as escadas, em silêncio para não me acordar, sentou-se ao meu lado e ficou me olhando. Passou a mão levemente pelos meus cabelos ruivos, como se estivesse massageando plumas macias de pássaros. Ele carregava uma expressão triste, de sofrimento, como se alguma coisa o atordoasse ao ponto de criar um conflito entre seu verdadeiro eu e aquela máscara onde ele se escondia. Ficou ali por um tempo, mas eu estava tão exausta que não acordei.

Uma máscara... Aquilo tudo era uma máscara. Eu estava começando a achar que Carl havia passado por alguma coisa que o deixou assim: Aparentemente muito mal e sem consideração. Eu precisava descobrir o que era antes de morrer, e talvez isso fosse a chave para a minha liberdade, e quem sabe, a minha chance de continuar vivendo. Uma pontinha de história qualquer que pudesse me fazer raciocinar ao meu favor. Eu só tinha que descobrir, e usar toda essa trama contra aquele homem, fazendo-o entrar em um conflito desgastante. E eu esperava que caso conseguisse algo, tivesse resultados bastante positivos. Não ia fazer nada a toa, para deixar Carl enfurecido... Mais enfurecido.

E por fim, o que eu mais queria agora era alguma notícia dos garotos, e alguma forma de poder distraí-los, e levá-los para bem longe. Eu não queria que se desgastassem por mim, mas infelizmente meu coração dizia que provavelmente, aquilo não passaria apenas de um desejo utópico criado pelo desespero constantemente presente em minha mente descontrolada e abarrotada de cansaço, dúvida e medo.


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