‘‘... Nada de mal pode acontecer. Somos perfeitos um para o outro, diz ele, e eu sei disso... Me enterro em seus braços, como se, de alguma forma isso me fizesse sentir segura... Ele se virou para mim, olhando em meus olhos, chega mais perto e mais perto até que nossos lábios se tocam... ’’

Tock,tock,tock

—Acorde, não vai querer chegar atrasada no seu primeiro dia de aula vai?

Mesmo antes de tirar as cobertas de cima da cabeça, eu sabia que era Penn quem me chamava, umas das poucas pessoas que não se afastaram de mim por medo devido ao acontecido...

—Não se preocupe Penn, já estou me arrumando. – Disse, quando na verdade ainda estava deitada, mas tinha de deixar a preguiça de lado e ir para o inferno.

Já no carro, eu simplesmente não conseguia parar de pensar em meu sonho, estou começando a acreditar no que as pessoas dizem, devo estar realmente louca, eu só vi aquele garoto num shopping uma vez e já estou até sonhando com ele, pode até ser por ele ser um gato, sim, ele era lindo, mas esse sonho pareceu tão real, como se a gente já se conhecesse há séculos.

—Aloou Terra para Luce. - Disse minha querida amiga que eu amo demais, e que nem me azucrina abanando a mão na minha frente.

—Você anda muito desligada, desse jeito não vai conseguir se formar esse ano. – Continuou ela, agora com as mãos no volante e olhando para a rua.

—Eu sei, mas vou melhorar, só estou... Passando por uma fase difícil, você sabe. – Disse a primeira coisa que vinha a cabeça, não ia contar que estava pensando num sonho que tive com um garoto que eu nem conheço.

—Luce, eu sei que perder os pais não é fácil, mais tem de superar isso, e eu acho que essa vai ser a oportunidade perfeita, afinal, é o nosso ultimo ano! – Disse encontrando uma animação na voz, o sonho dela é se formar no ensino médio, para fazer uma faculdade, de preferencia fora do estado e ter sua própria vida.

—Você tem razão Penn. – Disse me contagiando com a sua animação, por isso eu amo minha amiga.

A escola estava lotada, todos esperando o primeiro dia de aula começar. Eu comecei a andar pelo campus para ver se tinha algum rosto conhecido, e por fim não encontrei ninguém, oque era um alivio, não queria ver as pessoas me olhando e apontando.

Eu estava caminhando como sempre fazia desde que entrei na escola, quando olho para o lado e vejo um garoto que me chamou muita atenção, o olhei atentamente, ele era alto e magro, tinha cabelos pretos repicados, e grandes e profundos olhos verdes. Seus lábios eram cheios e de um cor-de-rosa natural que a maioria das garotas mataria para ter. Na nuca, uma tatuagem preta no formato de sol quase parecia brilhar na pele branca, subindo pela gola de sua camiseta preta. Ok, além de louca estou ficando tarada, só pode ser. Estava quase me esquecendo de Penn, quase...

—Quem é aquele gato ? – Perguntou minha amiga super conveniente bem alto para a escola inteira ouvir.

Quando ia me virar para responder algo bem desaforado sinto um dedo me cutucando, assim que me viro eu gelo, era ele, será que ele ouviu? Porque outro motivo ele viria até agente, claro, a menos que esteja afim da minha amiga. Sim, a Penn era tipo pegadora, aposto que já ficou com metade desse colégio, e ele seria sua próxima vitima pelo visto, e claro que ela o conseguiria, pois ela era simplesmente linda, não sei nem porque quis ser minha amiga, ela poderia estar na mesa dos populares, ou até mesmo podia entrar para as lideres de torcida, por que habilidade ela tinha, só não sei porque ela nunca quis se inscrever.

—Oi, eu me chamo Cameron, mas pode me chamar de Cam, - Disse dando um sorrisinho de canto e me olhando nos olhos, e que olhos, eles eram verdes, totalmente intensos e sedutores.

—Ah, - Percebi que fiquei o olhando parada que nem uma idiota enquanto ele esperava que eu dissesse o meu nome. -Oi, meu nome é Lucinda, mas pode me chamar de Luce. – Disse retribuindo o sorriso

— E eu me chamo Penn, quer dizer, esse não é meu nome de verdade, é só meu apelido, mas gostaria que me chamasse assim, fica mais intimo. – Falou minha amiga o dando uma piscadela, sim, ela era louca.

—Hã muito prazer Penn. – Disse Cam meio incerto, acho que se assustou com minha amiga simpática.

—O prazer é todo meu, pode ter certeza. – Ok, agora ela está praticamente se jogando em cima dele.

—Bom, eu sou novo na escola, estou meio perdido, será que vocês podem me dar uma ajudinha até chegar na minha sala ? – Perguntou um pouco tímido.

—Oque você tem agora? – Perguntei educada, já que ele já deve estar com medo da gente, quer dizer, de Penn especificamente.

—Hum, deixa eu dar uma olhada. – Ele tirou de dentro da mochila dele um papelzinho, provavelmente com os horários dele. – História. - respondeu por fim.

—Ótimo, também tenho história no primeiro, podemos ir juntos até a sala e enquanto isso já vou te mostrando a escola.

—Perfeito. - Respondeu somente. Depois nos despedimos da Penn, que tinha o primeiro período de Biologia, e o Logan, nosso professor, detestava atrasos.

Eu não tinha muita experiência com meninos, mas eu acho que Cam ainda vai querer ficar comigo, sabe, eu não sou tão feia, eu parei de me arrumar, sim, depois do acidente, mas era bom saber que tem alguém interessado na gente sabe, quem sabe para me dar um animo, não vou deixa-lo escapar.

O caminho inteiro eu falava sobre a escola, as regras, que nem eram muitas, mas era bom ele saber, falei sobre os professores, já conheço todos, alguns são bem legais, mas outros simplesmente é difícil aturar, e eles arranjam implicância com qualquer aluno por qualquer motivo, vai entender.

Eu até que estava gostando do papo com o Cam, mas, assim que ele abriu a porta da sala de aula para mim, meu mundo parou, a primeira imagem que vi assim que entrei naquela sala, foi do garoto que vi no shopping, e que consequentemente sonhei com ele justamente hoje. Assim que o enxerguei, não consegui tirar os olhos dele. Na verdade tudo o mais em volta empalideceu de tal forma que, por um momento, até me esqueci de onde estava e com quem estava conversando, deixando o pobre Cam falando sozinho. Isso de simplesmente o mundo a minha volta parar andava acontecendo muito atualmente, falei para minha tia, que tem a minha tutela, e ela quis me levar no médico, ai inventei qualquer desculpa, mas para aquele lugar eu não voltava.

Eu analisei melhor ele agora, seus cabelos eram de um bronzeado dourados, as maçãs do rosto eram altas, os óculos escuros lhe cobriam os olhos, e o formato delicado em seus lábios, ah seus lábios, conseguiam ser mais atrentes que o de Cam, eram menos carnudos, mas para mim foi simplesmente perfeito. Eu precisava saber como se chamava.

Ele tinha um áspero de preocupação, principalmente quando olhou para mim, mais logo desviou o olhar.

Eu acho que já estava a alguns segundos em meu ‘transe’, não conseguia parar de encara-lo, e as pessoas da minha sala já estavam começando a falar.

—Lucinda Price? – Graças a Deus meu professor de história me chamou, antes que a turma começasse a fofocar mais ‘’ A menina estranha ficou encarando o garoto novo hoje na sala’’, não, eu não queria que isso acontecesse.

—Sim, sou eu mesma. – Respondi rápido.

—Pode se sentar ao lado de Daniel Grigori. – Disse e apontou justamente para Ele, sério, esse professor é abençoado, tenho de me lembrar de agradece-lo mais tarde.

—Pelo seu currículo escolar você não é muito boa em história, acho que ele lhe ajudara bastante. – Além de bonito é bom em história? Essa eu pago para ver, ninguém consegue tirar nota boa na aula do Sr. Petrova.

Daniel, seu nome, parecia bem concentrado em algo no livro, e, nossa, como pode? Eu não conheço, mas sinto como se ele fosse perfeito para mim, não, eu não posso estar me apaixonando, eu nunca acreditei nessa coisa de amor à primeira vista, até isso acontecer comigo.