Vida De Monstro - Livro Três - A Guerra escrita por Mateus Kamui


Capítulo 2
II - Arvendui


Notas iniciais do capítulo

Mias um capitulo saindo do forno queridos leitores, e lembre-se que ainda pode haver algumas alteraçoes nesses capitulos iniciais e caso elas ocorram eu deixarei avisado nos avisos



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II – Arvendui

Era uma sensação estranha e ao mesmo tempo muito boa lecionar naquele colégio:

-Olá queridos alunos – falei entrando na sala do terceiro ano, parecia que o professor de geografia deles havia ficado doente e eu estava de substituto já a duas semanas

-Olá querido professor! – gritaram todas as alunas em um uníssono, elas realmente gostavam de mim, mais do que eu gostaria já que algumas chegaram a me cantar, mas de acordo com o professor Klaus aquilo era comum, por sorte nenhuma delas percebia minhas orelhas de elfo que eu tentava ao máximo disfarçar

-Bem hoje nós teremos uma rápida aula sobre hidrografia e então vocês poderão tirar o resto da aula para fazerem o que quiserem

Acho que era isso que os alunos gostavam em mim, eu sempre acabava as aulas rapidamente e eles podiam ter muito tempo livre e de acordo com os próprios alunos minhas aulas podiam ser rápidas, mas uma única aula rápida minha valeu por todas as outras do antigo professor e isso me deixou muito feliz, aqueles jovens realmente me cativaram.

Terminei novamente a aula em tempo recorde e o resto do tempo os meninos ficaram discutindo, se xingando e jogando bolinhas de papel uns nos outros enquanto as meninas vinham tirar dúvidas comigo, cá entre nós elas queriam tirar mais do que dúvidas, mas por sorte eu era um elfo controlado.

Quando deu o toque para o fim da minha aula andei para a sala dos professores, minha próxima aula só seria após o recreio na outra turma do terceiro ano, uma turma bem peculiar por sinal já que ela tinha alguns alunos “transferidos”, alguns elfos com rostos ainda jovens e que queriam aprender mais sobre os humanos então vieram pra cá. Na mesma sala também existem três anões, os três são brigões e mal educados, mas são super inteligentes e respeitosos comigo mesmo sabendo da minha origem e não gostando muito disso.

Sentei em uma das confortáveis cadeiras que haviam ali e comecei a beber um pouco daquela divina bebida chamada café, nunca havia tomado aquilo, meu pai dizia que eu era novo demais para beber então sai da Terra sem nunca ter provado e por algum motivo não existiam pés de café em Arcádia e também de outros vegetais, mas em compensação existiam ali animais que não existiam na Terra:

-Olá professor Ari – falou a professor Sophia de matemática entrando na sala, por sinal Ari era o nome que usei quando cheguei à escola já que as pessoas poderiam achar estranho meu nome élfico peculiar

-Olá professora Sophia, como foi a aula?

-Terrível, os alunos do segundo ano são insuportáveis certas horas, são bons garotos, mas eles tem momentos que parecem possuídos pelos piores demônios

-Conheci alguns demônios que não são tão ruins assim

-Existem suas exceções, como em todas as raças – a professora era o que muitos chamavam de kitsunes, as raposas demônios das terras nipônicas, criaturas realmente interessantes para se conversar de vez em quando e também excelentes parceiras de bebida

-Sim isso é uma verdade – dei mais um gole no café e comecei a pensar no fato que o diretor havia me dito a alguns dias atrás

O fato dos deuses estarem de volta, ou pelo menos um deles, se as historias que meu pai me contou sobre os deuses eram reais então seria bom que pelo menos um deles fosse uma exceção ou então nos estaríamos exterminados, além disso já fazia um mês desde que William Maquiavel havia voltado para o inferno e desde então parecia que a jovem maga tinha ficado péssima, não depressiva ou algo do gênero, mas péssima de qualquer forma, ela era uma jovem forte pelo que percebi dela, mas ela realmente gostava do demônio e por mais forte que você seja você sempre sofri com a perda de alguém especial, essa era a lição mais importante que a vida havia me dado.

Inalei a deliciosa fragrância do café e dei mais um bom gole na bebida, café era a melhor bebida para me deixar acordado e eu precisa me manter bem acordado, pelo menos até meu povo se firmar perfeitamente na Terra, mesmo depois de um mês nós ainda estamos tendo vários problemas, alguns simplesmente não suportam a nova comida que comparada a nossa parece lixo, outros se sentem mal respirando o ar poluído e vários já ficaram doentes, por sorte as fadas vieram conosco e o Feé delas ajudava bastante os doentes.

Fiquei apenas sentado e conversando o resto do tempo todo com a professora até dar o toque para o começo do intervalo, em poucos minutos todos os professores se reuniram na sala, era muito bom conversar com todos, eram todos boas pessoas, principalmente o professor Klaus, ele era uma das pessoas mais agradáveis que já tive o prazer de conhecer.

As conversas duraram até o toque para o fim do intervalo e então todos nos dirigimos para nossas respectivas salas. Quando entrei em sala todos os alunos já estavam nos seus lugares e os anões trocavam insultos com os outros humanos, quem olhasse para aquela conversa pensaria com certeza que todos ali se odiavam e que deviam ser inimigos jurados de guerra, mas ao fim da onda de xingamentos todos trocaram socos e foram para seus lugares com pequenos sorrisos nos rostos, homens humanos e anões eram realmente incompreensíveis para mim:

-Olá querida classe! – falei colocando minhas coisas em cima da mesa e encarando aquelas alunas sorridentes

-Olá querido professor!

A aula foi exatamente a mesma da que lecionei na outra turma, e até mesmo os olhares, as indiretas e os suspiros foram os mesmos, fosse por parte das humanas, fosse por parte de algumas monstros, no fim todos eram iguais independente da raça mesmo, só precisam encontrar o que era esse igual e seu significado, se não tivesse encontrado isso provavelmente meus elfos teriam entrado em pé de guerra com elfos da noite e não teria terminado bem.

Ao fim da aula andei para fora do colégio, dei uma longa inspirada e então o ar impuro entrou nos meus pulmões me fazendo tossir, tínhamos que mudar aquilo o mais rápido possível. A campanha de conscientização que iniciei estava sendo um sucesso, até onde eu soube já faziam nove dias que não havia mais nenhum único papel nas ruas da cidade e cada vez mais pessoas andavam de bicicletas no lugar de veículos automotores, de acordo com o diretor isso só foi possível porque coloquei o meu rosto no cartaz e quase que instantaneamente todas as mulheres da cidade aderiram a campanha e forçaram seus parceiros a contribuir também. Mas mudar apenas uma cidade não mudava muita coisa, nós ainda temos que mudar o resto do mundo ou então a mudança jamais será percebida, o diretor disse que devo viajar para uma conferencia e divulgar a minha campanha, ele disse que se eu fosse tudo mudaria muito mais rápido e não duvido disso.

Andei em direção a densa floresta que havia nos arredores do colégio e comecei uma rápida trilha, estava tentando medir o número de metros quadrados que aquele lugar tinha, mas a floresta parecia nunca ter fim por mais que eu andasse. Quando senti o sol no zênite cobrindo a floresta soube que tinha que voltar, aquele lugar não tinha perigo nenhum, mas eu não podia perder mais tempo ali.

Cheguei ao campus e andei em meio aos estudantes que pareciam mais felizes do que o normal, eles comentavam algo sobre a fantástica aula que teriam hoje no curso deles, eu já havia ouvido falar no tal curso, todos os membros de lá usavam roupas laranjas e cordões com o pingente em forma de sol, o curso parecia ser milagroso já que tornou péssimos alunos em estudantes modelos, se um curso realmente era capaz disso então era realmente algo invejável e eu tinha que vê-lo com meus próprios olhos, mas não consegui entrar, parecia que apenas os alunos podiam entrar no prédio e as inscrições para novos alunos já haviam se encerrado:

-Professor Ari! – vi Amy correndo na minha direção acompanhada de outras duas jovens que deveriam ser suas amigas

-Olá minha querida – dei um sorriso para as garotas e elas não se importaram em quase desmaiar na minha frente, por sinal as duas carregavam os pingentes

-Eu poderia pedir a sua ajuda em uma questão aqui? O senhor é professor do terceiro ano e dizem que é muito bom – ela só podia estar brincando com a minha cara falando um negocio daqueles

-São apenas historias, mas vou ajudá-la com tudo que tiver ao meu alcance

-Ótimo, é que eu e as meninas estávamos discutindo sobre poluição e sobre combustíveis não poluentes e já que o senhor é líder da campanha de preservação ambiental da cidade acho que o senhor é o melhor pra nos ajudar aqui

-Certo então, podem começar a falar, se ainda conseguirem é claro – e as garotas fizeram questão de suspirar soltando um longo ahhhhh de satisfação

A conversa foi mais demorada do que eu pensava e em poucos minutos já haviam mais de vinte alunos ao meu redor fazendo diversas perguntas e perguntando como podiam ajudar na campanha e após mais de uma hora e meia conversando o pessoal se dispersou deixando apenas uma sorridente Amy ao meu lado:

-Suas amigas fazem muitas perguntas sabia disso? – falei encarando a garota que não parava de sorrir

-Eu sei, mas agradeça por isso, quando as conheci elas não passavam de um bando de patricinhas, as melhores amigas do mundo, mas mesmo assim não se importavam com o colégio, mas nos últimos tempos tudo mudou e até pensei que elas nunca mais falariam comigo, mas nas ultimas três semanas a gente voltou a se falar e se não fosse por isso.... – ela não terminou a frase

-Você não teria agüentado o sumiço do seu namorado? – terminei por ela e o sorriso sumiu de seu rosto – Ele vai voltar

-Eu sei, eu sei – ela realmente parecia saber, como se até pudesse dizer a data e o horário – Mas como anda sua vida de professor?

-Excelente, tenho fãs até em outras turmas pelo que percebi

-Não tenha duvidas quanto a isso, todas as alunas adoram o senhor, e me incluo nesse grupo mesmo não sendo pelo mesmo motivo que elas

-Há há há – ri daquela confissão e devo dizer que não ria daquele jeito a um bom tempo – O que posso fazer não é mesmo?

Segui meu caminho rumo a cidade enquanto a jovem andava rumo ao dormitório do colégio, mas aprecia estar indo em direção ao dormitório dos monstros masculinos e não das humanas.

Amy parecia forte por fora, mas sabia que ale estava muito abalada por dentro, não só por perder o namorado, mas também sua liberdade. John Winchester havia proibido a própria filha de praticar magia e não podia culpá-lo por isso, ele disse que se soubesse sobre um único feitiço ele não ignoraria mais o código dos caçadores e faria o que tinha de ser feito. A maga Morgana concordou com a decisão de John e nunca mais a vi andando por ali.

Caminhei por aquelas ruas rumo ao prédio onde estava morando, o local era arborizado e cheio de vida animal, era um dos poucos prédios da cidade que permitia a criação de animais nos apartamentos e isso ajudava bastante a dar um ar mais vivo ao prédio.

Enquanto me aproximava do prédio senti a vida fluindo pela cidade, as dríades e alguns espíritos da floresta estavam investindo pesado ali para tornar o local o melhor possível para os elfos e os outros e também soube que muitos já estavam indo para as cidades adjacentes para ajudá-las a melhorar.

Entrei no prédio, falei boa tarde para o porteiro e subi de escadas para o terceiro andar onde se localizava meu quarto, o 302. Abri a porta calmamente e adentrei meu apartamento, pensei que ao chegar em casa teria paz, mas quando você chega em casa e vê uma elfa da noite nua deitada no céu sofá vendo um filme de ação e gritando horrores cuspindo saliva e pipoca você sabia que poderia ter tudo, menos paz:

-Poderia vestir alguma coisa, por favor? – perguntei tentando cobrir a vista

-A, por favor, não diga que o pirralho ainda não se acostumou a vista? – disse a “chefe” dos elfos da noite se erguendo do sofá e andando na minha direção

-Não é uma questão de costume ou algo do gênero, eu só não gostaria que você andasse nua pelo meu apartamento

-Nosso senhor rei dos elfos – disse a “chefe” cutucando meu peto – Não se esqueça que nós dois vivemos aqui

-Você não me deixa esquecer “chefe”, e também eu que escolhi isso, precisávamos provar que os elfos e os elfos da noite agora eram uma família só e pensei que essa seria a melhor forma, mas me questiono isso agora 

-Não precisa ficar tão irritado com a minha presença aqui elfo, pelo contrario, eu poderia tornar nosso convívio muito mais prazeroso se você permitisse – a elfa se aproximou do meu corpo e senti sua pele gelada tocando na minha, não podia negar a beleza dela e que realmente me sentia atraído por aquele jeito libidinoso e sem pudor dela, mas não podia me relacionar com ninguém novamente, pelo menos não por enquanto

-Desculpe “chefe”, mas acho que não – afastei o corpo dela de uma maneira mais receosa do que realmente gostaria

-Você é irritante rei, será que ainda não superou a perda da sua rainha? – ela sempre sabia como bater na tecla certa, como me derrubar com uma simples frase

-Gostaria de dizer que sim, mas acho que no fundo não consigo odiá-la tanto quanto pensei que a odiava, se tudo não tivesse acontecido daquela forma eu ainda estaria com ela, amando-a como amava na época que ainda era cego

-Pobre e amargurado rei, você só precisa encontrar um novo amor e vai ver como vai se esquecer da louca rainha das fadas facilmente

-Quem dera fosse tão fácil

-E é rei, você só precisa abrir os seus olhos e procurar

A “chefe” se aproximou novamente e dessa vez por mais que quisesse eu não a afastei.

Acordei no outro dia procurando minhas roupas, estava nu na cama minha cama, nenhum problema até ai, mas ao meu lado estava uma adormecida “chefe” dos elfos da noite. Achei minhas roupas em um canto do quarto e comecei a me vestir, se não saísse rápido do prédio chegaria atrasado ao colégio:

-Você faz barulho demais ao acordar rei – disse a “chefe” se espreguiçando e abrindo aqueles olhos brancos que pareciam enxergar tão facilmente através de mim 

-Estou atrasado para o trabalho, diferente de você eu tenho um

-Por opção, o diretor disse que não precisávamos pagar por esse lugar, mas seu altruísmo, senso de justiça e honra te forçaram a bancar o substituto

-É um excelente trabalho e não me arrependo de ter aceitado o cargo

-Você poderia passar o dia inteiro comigo e eu poderia abrir ainda mais os seus olhos para o óbvio que se passa entre nós dois

-Acho que não

Terminei de me vestir e saí do quarto, sabia que se ficasse mais tempo ali poderia acabar voltando para a cama e acabaria não me levantando tão cedo, era inegável para mim o quanto as duas eram parecidas de rosto e de atitudes, sempre com aquele jeito superior e as habilidades motoras se assim posso dizer, elas eram parecidas, mas não eram a mesma pessoa, nem mesmo tinham a mesma raça.

Estava atrasado então resolvi andar ir de bicicleta para o colégio, além de ser um bom meio de transporte me permitia esquecer de tudo enquanto pedalava, o céu estava belíssimo essa manhã, cheio de vida como nunca percebi antes, ou o mundo tinha mudado de um dia para o outro ou então é que havia mudado minha forma de ver o mundo da noite passada para essa manhã.

Eu escutava os pássaros cantando e as pessoas conversando, tudo parecia maravilhoso, mas então senti uma terrível sensação correndo pela minha espinha, algo muito ruim estava para acontecer logo mais, a própria Terra já havia percebido isso e já dava para escutar suas lágrimas de sangue ecoando pelo solo, lágrimas pelos filhos que ela logo ira perder.


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Notas finais do capítulo

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