O Melhor Troféu Do Mundo escrita por Mait Capistrano


Capítulo 1
Capítulo 1




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  Por que minha cabeça esta girando?

- Ei, Shuichi. Acorda!

- Hiro!?

- Não acha que já chega de dormir?

- Como?

- Faltam trinta minutos  para a premiação começar e você nem tomou banho.

  Ah, é! Havíamos sido chamados para nos apresentar no final da premiação anual de grandes talentos. Nem acreditei quando fomos chamados, era uma responsabilidade e tanto tocar na premiação mais importante do Japão. Também me lembro de terem indicado o Yuki ao prêmio de literatura. Na verdade, este foi o real motivo de eu ter tomado tal susto a ponto de ficar quase vinte e quatro horas dormindo e o Hiro ter que me acordar tão bruscamente.

  Quer dizer... não que eu não esperasse que o Yuki fosse ser indicado, afinal, ele é um dos escritores mais renomados da atualidade no Japão. Só que eu não poderia encontrá-lo. Não que eu não quisesse, só não posso. E se ele ainda me odeia? E se ele atirar em mim com uma bazuca?

- Ei, Shuichi, o que tá resmungando? – e ele atirou uma toalha em mim.

- Hã? Ah! Não é nada, Hiro – quem me dera que não fosse nada.

-  Se o problema é com o tal de Eiri Yuki, é só relaxar. Não vou deixar aquele monstro chegar perto de ti. Não faça essa cara – passou a mão na minha cabeça para tentar me consolar.      Como foi que ele leu meus pensamentos? – quero ver o meu Shu-chan radiante como sempre  – e deu uma piscada de olho para me animar.

- O-bri-ga-do, Hi-ro-chan! – tentei fazer a melhor expressão de felicidade possível, peguei a toalha que ele havia jogado em mim e fui e direção ao meu banho.

- Aliás, é bom se arrumar logo. A cerimonia começa em vinte e cinco minutos. Já deixei uma roupa social pronta para que você vista e não invente de subir no palco com uma das suas fantasias idiotas, afinal, essa apresentação é para ser bem formal, né!? Além de precisarmos dar tudo que nós temos para mostrar ao Japão inteiro do que a Bad Luck é capaz!

- Você quem manda, Hi-ro-chan!

  Já eram sete horas da tarde quando chegamos no hotel que aconteceria a entrega dos prêmios.

  Chegamos na entrada do hotel. Havia uma multidão de fãs frenéticas que os seguranças seguravam para que não ultrapassassem o limite estabelecido por fitas vermelhas. Por que não colocaram grades?

  A imprensa não sabia que eu e o Yuki havíamos brigado e não nos falávamos a meses. Portanto, enquanto eu, Hiro e Fujisaki caminhávamos em direção ao saguão da premiação, os repórteres não paravam de nos cercar ( principalmente a mim) e fazer perguntas sobre o meu relacionamento com o Yuki. A cada pergunta em que mencionavam seu nome, era uma lágrima dolorosamente engolida.

  O duro foi avistar o Yuki entrando logo a nossa frente, e, mesmo com toda a motivação que o Hiro me oferecia para superar o Yuki, eu não conseguia parar de pensar nele.

Sentamos em nossos lugares que estavam rente a parede e ficamos aguardando a nossa chamada até o palco. Na reta da nossa mesa, na parede do outro lado do saguão, estava a mesa do Yuki, que fiquei observando e cuidando o tempo inteiro. Não dei importância para cada pessoa que era chamada para subir ao palco e receber seu prêmio. Isso até ouvir o nome do Yuki e cuidando cada um de seus movimentos em direção ao palco, que, como era de se esperar, havia conquistado o primeiro lugar. Pelo visto ele não estava tão empolgado ou, sequer, interessado com a tal premiação. Dava para perceber isso pela roupa vestida de maneira despreocupada. Ele usava um conjunto de roupa social preta, o que era adequado para a ocasião, exceto pela falta da gravata e uma camisa bordo por baixo do terno aberto.  Ainda assim, isso o tornava a pessoa mais linda de todas, mesmo com seu jeito desleixado.

  Quando Bad Lucky foi chamada para o palco, foi como se um piloto automático de mim tivesse sido ligado. Não me desesperei e nem fiz nada fora do previsto (como costumo fazer em todos os shows, acho que é por isso nossos shows acabam por lotar; só para ver o Shuichi surtando no palco); o tempo todo o Yuki estava lá e não olhou um segundo sequer para mim.  Como pode ser tão cruel? Mas toda essa consideração e honra de finalizar a premiação não era nada importante, pelo menos enquanto o Yuki estivesse por perto.

  A cerimonia terminou pouco antes das dez horas da noite e, para nossa segurança, teríamos que ficar no hotel devido a enorme quantidade de fãs na rua. Os seguranças tiveram que conter uma multidão de fãs frenéticas e enlouquecidas pelo Yuki – e as que estavam na minha volta, é claro - (O meu Yuki!). Ouvi uma das fãs comentar que o Yuki estaria no quarto 302. Era longe do meu quarto, o que poderíamos considerar como um ponto positivo.

  O Hiro me deixou na porta de meu quarto e foi para o seu, que era bem na frente do meu.

  Deitei na cama e me revirei a nela por cerca de duas horas. “Yuki. Yuki. Yuki. Yuki.” -, era a única coisa que passava pela minha cabeça. Tomei a coragem necessária de sair do meu quarto e ir em direção ao dele. Os corredores estavam vazios e os seguranças continuavam a conter as fãs para que não entrassem no prédio.

  Cheguei no 302 e a porta estava aberta. Tentei bisbilhotar mas o Yuki percebeu que eu estava ali. Ele me olhou de canto e voltou a dedicar sua atenção ao seu notebook. Estava sentado no meio de muitas almofadas, o que o fazia parecer um marajá. Entrei no quarto, fiquei ali parado enquanto o meu precioso Yuki continuava digitando em seu notebook. Fiquei estático por cerca de cinco minutos, até que duas fãs aparecerem na porta do quarto:

- É mesmo o quarto dele, Haruhi – disse a tal menina, que eu ouvi comentando sobre o número do quarto do Yuki, na porta num tom de felicidade.

- Olha, o Shindou-san esta aqui também!

  Fui correndo trancar a porta expulsando-as do quarto. Não sei como elas haviam conseguido entrar no hotel (o que elas queriam com o meu Yuki, afinal?), mas isso não importava. Só queria ficar a sós no quarto em que ele estava hospedado, com a ilusão e esperança de que ele iria se desculpar e se auto-flagelar na minha frente. Me aproximei do Yuki e deitei minha cabeça em suas pernas, e fiquei alguns minutos ali, parado, até ouvir a voz dele:

- Sai daí!

  Continuei em silêncio e ali, paradinho:
- Eu mandei sair! – disse ele em um tom assustador – Se não sair daí, vou morrer de êxtase.

  Levantei a cabeça para fita-lo seriamente:
- Yuki...?!

- Foi exatamente o que você ouviu – e continuava a me olhar com aquela expressão assustadora.

- Quer dizer que...? – acabei ficando extremamente espantado com a reação dele.

- Shu... – tive a impressão dele ter engasgado, se abaixou em minha direção só que não olhava em meus olhos, olhava para baixo e apoiou os cotovelos nas pernas -  só você sabe... como me excitar.

  Mas que cara mais ousado e sem noção! Um pequeno nível de sensatez não existe, heim!?  Ele estava falando aquilo só porque deitei em suas pernas? Queria sexo comigo naquela hora? Queria me matar? Que reação era aquela? Isso lá é coisa que se diga pra um ex-namorado? Como ele se atrevia a me tratar dessa maneira? Ou sou só um objeto? Se era isso que ele queria não é bem mais fácil chamar uma prostituta? Falta de dinheiro ele não sofre. E por que raios o problema é comigo? Se eu sou apenas “um buraco”, qualquer um bastaria, né!? Espera! Talvez eu não fosse apenas “um buraco”, talvez... Não, esse não pode ser o Yuki. Pelo menos não o “meu Yuki”.

  Atônito e sem ter a menor noção do que fazer ali, levantei com menção de ir embora. Yuki me puxou pelo braço e levantou a cabeça:

- Mais um pouco...

- Yuki...      

  Me joguei em seu colo por mais uma vez e não conseguia parar de chorar, até que ouvi novamente a sua voz:

- Por que veio até aqui? Deveria me odiar – e ele baixou a cabeça mais uma vez.

  Levantei meu tronco de seu colo, olhei na direção dele e baixei minha cabeça também.

- Sabe... Existem dez coisas em você, e elas não me deixam te odiar.

  Ele levantou a cabeça com uma expressão um tanto quanto pasma e disse:

- Vai conseguir me surpreender se conseguir dizer apenas uma..

  Engasguei para conseguir dizer a primeira palavra, afinal, desde quando ele teve essa “humildade”? Sempre acreditou ser a pessoa mais perfeita do mundo e me humilhava a qualquer momento de raiva ou estresse. De qualquer forma, deixei de lado esses pensamentos e segui, sem levantar a cabeça um minuto sequer:

- A maneira que você me olha, como fala comigo ( até mesmo quando me xinga), você é inteligente, o seu cabelo, o corpo, até mesmo o jeito que você se movimenta...

- Idiota, me disse apenas seis coisas.

  Olhei-o completamente impaciente, irritado. Por que precisava que eu citasse realmente dez coisa? Só por eu estar lá desesperado por ele não bastava? E não acredito que ele parou pra contar ao invés de prestar atenção nos meus sentimentos. Pela primeira vez, Yuki me fez gritar com ele pra valer:

- As outras quatro coisas são tudo o que resta em ti! E elas com certeza passam de apenas quatro coisas! São muito mais do que quatro!

  Ele pareceu incrivelmente assustado e surpreso. Vi um sorrisinho leve em sua boca e, então, ele me puxou com um beijo, me perguntou em um abraço:

- Shuichi, quer voltar a morar comigo?

  Não havia como negar um pedido daqueles, e eu sabia que, para o Yuki, era difícil se expressar daquela maneira, ainda mais para mim. Minha emoção foi tão grande que não conseguia dizer uma única palavra sequer, além de chorar mais e mais. Ele sabia que a minha reação significava um “sim”.

  E foi me puxando em direção as mil e umas almofadas em sua volta que o cobriam como um marajá. Me senti nos céus, assim como todas as outras vezes...


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