A Filha Da Timidez escrita por viccke


Capítulo 11
Capítulo 10 – Suicídio ou homicídio?




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Depois do café da manhã fomos procurar o Wes. Procuramos pelo navio todo, mas só o encontramos quando chegamos à praia. Lá estava ele, sentado na areia com os braços apoiados no joelho. Estava sozinho e observava o mar. Estava lindo!

– Cuidado pra não babar. – Babi me cutucou e interrompeu meu estado de transe.

Enquanto ela e Rapha foram dar um mergulho, me aproximei de onde Wes estava sentado. Faria a mesma coisa que ele fez comigo.

– Você é rápido. – me sentei ao seu lado. Ele me olhou e sorriu como quem entendera a brincadeira.

– Por quê?

– Chegou aqui primeiro que eu. – rimos, mas logo o silêncio veio à tona. Notei que ele estava um tanto... Diferente. Parecia estar preocupado. – O que aconteceu?

– Nada, só estava aqui pensando.

– Em quê?

– Sei lá. Na vida. – mentiu. O chamei para nadar, mas recusou. Fui sozinha.

Do mar eu o observava, e ele fazia a mesma coisa. Continuava lá, sentado na mesma posição. O que será que ele não queria me contar?! Logo uma garota loira, alta e bem magrela chegou ao seu lado e se sentou. Nunca havia visto ela antes. Eles começaram a conversar, e ela estava um tanto quanto “atiradinha”. Ora colocara as mãos nas pernas do Wes, ora mexia no cabelo dele. Pude notar que ele não estava muito interessado. Seu olhar se direcionava para mim quase o tempo todo, não para ela. Tentei ignorar. Aquilo estava me deixando nervosa.

Quando Babi e Rapha saíram do mar, fiz o mesmo. A garota loira e magrela ainda estava lá, atormentando o Wes. Quando saí da água, o encarei e pude notar seu olhar me seguindo enquanto eu andava em direção ao navio. A garota também notou e olhou para mim, fazendo uma cara feia. Parece que ela não gostou nada de estar sendo ignorada.

Fui para o quarto enquanto Babi e Rapha foram pra qualquer outro lugar – não quiseram me falar onde. Aqueles dois sempre sumiam juntos e só apareciam horas depois... Vai saber o que eles fazem por aí, não é?!

Passei boa parte da tarde trancada no quarto vendo TV. Ao anoitecer bateram na porta. Fiquei surpresa quando vi quem era.

– O que faz aqui?! – era Wesley quem batera na porta.

– Sei lá, estava entediado. Presumo que o Rapha sumiu com a Babi, então acabei vindo pra cá.

– Mas aqui não tem nada pra fazer.

– Mas tem você pra conversar. – sorriu de canto. – Agora posso entrar? – dei passagem e ele entrou. Fechei a porta, me sentei na cama e continuei vendo TV. Ele continuava em pé, me observando com as mãos no bolso de sua jaqueta.

– Senta aí. – e apontei a cama de Babi. Logo ele se jogou como se fosse a cama dele. – Quer assistir alguma coisa? – e estendi a mão, lhe oferecendo o controle.

– Não, valeu. – silêncio se fez.

– Posso te perguntar uma coisa?

– Sim, é claro.

– Tem algo que você não quer me contar?

– O que? Não. Porque teria?

– Sei lá, você parece estar preocupado com alguma coisa.

– Impressão sua. – silêncio se fez novamente. – Agora eu posso te perguntar algo também? – ele me encarou.

– Claro.

– Tem algo que VOCÊ quer me contar? – disse, dando ênfase ao "você".

– Não. Porque teria? – não havia entendido.

– Não sei, é que Rapha me disse umas coisas, mas eu queria ouvir de sua boca. – estremeci. Eu sabia que coisas eram essas.

– Que coisas? – eu realmente não deveria ter feito essa pergunta, mas quando vi, já havia feito.

– Rapha me disse que você... Que você gosta de mim.

– O-O quê? – ok, eu já sabia que o Rapha já tinha dito isso pra ele. Mas ouvir isso sair de sua boca era mil vezes pior. Fiquei tão nervosa que derrubei o controle no chão e não consegui nem abaixar para pegar. Apenas o encarava. O pânico devia estar explícito em meus olhos. – Não sei de onde ele tirou essa ideia louca. – voltei a encarar a TV sem saber o que mais poderia dizer.

– Eu não acredito em você. – o encarei de novo e pude notar um sorriso em seus lábios. Continuamos nos encarando em silêncio por mais alguns segundos até que a luz apagou e a televisão desligou. A escuridão tomou conta do quarto. Tentei acender o abajur, mas não funcionou.

– Acho que acabou a energia do navio. – ouvi a voz de Wes.

– Também acho. Preciso encontrar meu celular, ele tem um flash que vai clarear tudo. – e sai apalpando tudo que encontrava pela frente.

– Eu te ajudo.

Perdi a conta de quantas vezes nos apalpamos sem querer. Isso foi meio constrangedor, mas estávamos no escuro, então não foi tão ruim assim. Levei um tombo no banheiro e pude ouvir a risada de Wes vindo do quarto. Além de sua risada também pude o ouvir trombando com alguma coisa. Presumo dizer que trombara com a cômoda. Ri dele logo em seguida e pude ouvir um “cala a boca”. Ri mais ainda. Levantei-me e fui em direção ao quarto com todo o cuidado. Meus pés bateram em algo e estranhei, mas depois senti mãos agarrarem minhas pernas, me fazendo cair no chão.

– Idiota! – ele ria por ter me derrubado. Eu havia caído bem em cima dele. Com um movimento rápido ele me empurrou, me fazendo ficar deitada no chão. Pude sentir seu corpo sobre o meu. Suas mãos seguravam as minhas bem acima da cabeça. Aos poucos pude sentir sua respiração em meu rosto. “Ai meu Deus, caralho, o que ele ta fazendo? Ele vai me beijar? O que eu faço agora? EU NEM SEI BEIJAR!”, foi tudo o que eu conseguia pensar, mas não conseguia mexer um músculo sequer.

Graças à algum sinal divino alguém batera na porta, interrompendo toda a ação dentro daquele quarto escuro. Paralisamos. Já não sentia mais sua respiração em meu rosto, mas ele continuava sobre mim. “Será que batemos na porta certa?”, escutamos uma voz vinda lá de fora. Reconheceria de longe. Era a voz de Babi. Pude sentir Wesley saindo de cima de mim, indo em direção à porta.

– Sim, bateram na porta certa. – Wesley respondeu para o nada assim que abriu a porta, pois ainda estava escuro e nenhuma luz vinha do corredor. Continuei deitada no chão. Ainda estava sem saber o que fazer e estava muito tensa.

No exato momento em que Wes terminou sua frase as luzes se acenderam de novo, tanto as do quarto quanto as do corredor.

– Bom, parece que a luz voltou. – era Wes.

– Jullie, o que você ta fazendo deitada no chão? – Babi me olhava sem entender nada.

– Ah, é que... Eu caí. – levantei às pressas e cocei a cabeça. Nesse momento Wes me mandou um olhar um tanto quanto malicioso. Tentei ignorar.

– Hm, já que você diz... – Babi parecia não ter acreditado muito no que eu dissera e também me lançou um olhar. Ela sabia que algo estava acontecendo naquele quarto antes deles dois chegarem.

– A gente só veio aqui pra avisar vocês do tumulto lá em baixo. – Rapha finalmente falou algo.

– Que tumulto Rapha? – fiquei curiosa.

– Encontraram o corpo de um garoto na praia. Ele é da excursão de algum outro navio. – Babi completou o que Rapha havia começado a falar.

– O QUÊ? – Wesley pareceu muito chocado com a notícia. Até estranhei sua reação.

– Foi pouco antes da energia acabar. Não sabem se foi suicídio ou homicídio. Cada um diz uma coisa...

– Vamos pra lá, quero ver com os próprios olhos. – Wesley saiu correndo como eu nunca havia visto. O seguimos até a praia.



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Notas finais do capítulo

Dei uma apimentada na história... O que acharam? Deixem um review com suas opiniões e expectativas =)