Prisioneira Da Corte escrita por joycejsn


Capítulo 1
Capítulo 1




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Vi uma faísca aumentando gradativamente no quadro de energia. Correr ou ficar? Não tive tempo para pensar, já estava cambaleando pelas escadas, buscando a saída daquele lugar.

Estavam todos na calçada do outro lado da rua, olhando aterrorizados para o prédio da escola, no qual enxergávamos, por uma janela de uma sala de aula, chamas a incendiando e querendo caminho para chegar ao corredor.

Antes que presenciássemos o pior, o corpo de bombeiros chegou, apagando o incêndio!

- Não foi um acidente! - disse uma garota a sua mãe quando passava por mim.

- Não houve grandes estragos, chegamos a tempo antes que o fogo se alastrasse. As aulas podem prosseguir normalmente a partir de semana que vem! - Ouvi um dos bombeiros conversando com a diretora da escola.

Voltei para a casa, não contaria nada a minha mãe, afinal, não fora minha culpa...

- Estamos aqui, em frente à escola São Francisco, aguardando algum representante para nos esclarecer o ocorrido de hoje... – Pude ouvir a TV logo quando abri a porta e procurava rapidamente alguma desculpa para possíveis perguntas.

- O que você fez? – Minha mãe me fitava com expressão de raiva, mas percebi a tristeza presente em seu olhar.

- Nada, só fui desligar os disjuntores da escola. – Respondi.

- Você podia ter morrido. Ou matado alguém!

- Mas foi um acidente...

- Terceira escola em apenas um ano, se você for expulsa dessa, vou mandá-la para morar com o seu pai.

Não quis continuar a discussão, então subi para o meu quarto. Passei o final de semana lá só descia para pegar alguma coisa para comer, tomando o cuidado em não cruzar o caminho de minha mãe.

Estava com medo de ser expulsa, mas não apenas por isso, e sim pelo fato de ter que ir morar com o meu pai.

Meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos, há cinco anos, e, depois disso, meu pai deixou o Brasil e voltou para a Inglaterra. Ele simplesmente me abandonou e eu não suportava a idéia de ter que voltar a conviver com ele e sua atual mulher.

Era segunda- feira. Fui para a escola e me sentei em meu lugar de costume. O corredor superior esquerdo estava interditado por possíveis riscos causados pelo incidente da semana anterior. Será que essa história ainda cont...

- Sophie Mont’Alverne, por favor, compareça à direção neste exato momento. – Meus pensamentos foram interrompidos pela voz da coordenadora que saia pelos alto falantes presentes na sala de aula.

Logo, todos os alunos me olhavam, curiosos, embora apresentassem uma certa expressão como quem diz “eu já sabia!”.

Caminhava para a direção em uma confusão de pensamentos. Quando cheguei, bati à porta, com certo desejo de sair correndo e ir embora dali.

-Pode entrar. – Ouvi a diretora dizer.

Quando abri a porta, vi minha mãe e meu pai sentados em frente à mesa da senhora Jane. Desesperei-me, porém fiquei calada.

Senhorita Mont’Alverne, conversamos com alguns alunos sobre o ocorrido de semana passada. Todos eles a viram no lugar exato onde tudo começou. – Eu ouvia atentamente o que ela dizia, com a cabeça baixa, já imaginando o pior. – Não temos provas ainda, porém se buscarmos isso, teríamos que envolver a polícia no caso, e, acredito eu que não queremos isso, não é? – Ela me olhava por cima de seus óculos, aguardando por uma resposta.

- Não, não queremos. – Respondi com um tom de voz baixo e percebi a decepção que habitava o rosto de minha mãe.

- Estou ciente de que foi tudo um acidente. – Após tal afirmação, criei esperanças em não ser expulsa. – Porém, levando em consideração todas as suas infrações, como as bombinhas de tinta no pátio da escola, a decoração de papel higiênico no banheiro feminino na semana retrasada... – Logo, aquelas esperanças desapareceram. – A guerra de comida iniciada pela senhorita em sua primeira semana de aula, há dois meses... Concluo que a senhorita seja um perigo para a escola.

Meus pais permaneciam apenas observando, sem pronunciar nenhuma palavra, enquanto eu já pensava nos piores momentos que me aguardavam na Inglaterra.

- O que aconteceu semana passada... – Prosseguiu a senhora Jane. – Podia ter causado algo pior. Por sorte nenhum aluno se feriu. Estou insegura quanto a sua presença nesta escola, quanto as suas brincadeiras e suas respectivas consequências. E, por esse motivo, estou te expulsando da Escola São Francisco. Espero que um dia a senhorita reflita e não cometa os mesmos atos anteriores.

Não disse mais nenhuma palavra. Voltei para casa no carro de meu pai. Ninguém disse nada durante o caminho. Quando o carro parou em frente de casa, minha mãe desceu, buscou as minhas malas que estavam prontas próximas à porta, e as guardou no porta-malas.

- Te vejo nas férias! Vê se cria juízo, por favor. Eu te amo. – Disse minha mãe, me abraçando e beijando a minha testa.

Após tal despedida, meu pai voltou a dirigir, mas agora, em direção ao aeroporto.

- Você decepcionou a sua mãe. – Ele disse.

- Paul, você também a decepcionou e nem por isso eu fico jogando isso na sua cara. – Eu retruquei em tom de cinismo.

- Paul? Achei que fosse seu pai.

- Eu também achei, há cinco anos. Mas pai que é pai não abandona a filha, não concorda?

- Desculpe-me Sophie, mas eu e sua mãe nos separamos e eu esperava que você, com 17 anos, entendesse.

- E entendo. Só não entendo por que sumiu. Mas e aí pai, depois de cinco anos, como está a sua vida? Novos filhos? Nova rotina? Conte-me as novidades! – Continuei com a ironia, uma vez que não estava suportando aquela situação.

O silêncio tomou conta e, assim, prosseguiu pelo resto do caminho.

Chegamos ao aeroporto e o chamado para o nosso vôo tinha acabado de ser dado. Fomos para o avião, encontrei o meu lugar e me sentei. Peguei o meu iPod, o coloquei no ultimo volume e fechei os meus olhos.

Senti um movimento brusco, abri meus olhos, tirei os fones e percebi que estávamos pousando. Não tinha percebido a passagem do tempo, talvez tenha sido melhor.

- Minha casa é em Manchester, mas você estudará em Cumbria. – Começou o meu pai.

Não respondi nada, mas tinha a certeza de que a idéia de me matricular em uma escola em outra cidade vinha da mente de minha querida madrasta.

- Você poderá vir para a casa nos finais de semana.

- E onde vou dormir durante a semana? – Perguntei rindo ironicamente.

- Nas escola. É um internato.

Eu não podia acreditar, mas não demonstrei minha revolta. Era uma atitude de se esperar de um pai que não se importava com a filha.

- Comprei um celular para você, caso precise de algo, pode me ligar. – E me entregou o aparelho que estava guardado em uma caixa.

- Obrigada. – Respondi secamente, guardando a caixa no fundo de uma de minhas malas.

Estávamos no carro, a caminho de Cumbria. Parecia que nunca chegávamos, passávamos por pequenas montanhas, grandes pontes sobre o oceano, mas nunca tinha fim. Até que avistei, no alto de uma colina, várias construções, as quais tinham uma estrutura medieval de se apreciar.

- Logo na entrada avistei uma placa “Bem-Vindos a King’s Abbot Academy exclusivamente para meninos e meninas.”. Percebi uma tinta mais reforçada nas palavras “e meninas” na placa, e por algumas palavras como “King” e “exclusivamente” conclui que o internato era apenas para meninos anteriormente, mas não sabia quando começaram a permitir meninas.

Meu pai parou o carro em frente à entrada, tirou minhas malas e voltou para o seu lugar.

- Boa sorte! E qualquer coisa é só me ligar. – Não esperou nem a minha resposta e já saiu com o carro. Talvez estivesse com medo de um possível escândalo...

Encostei-me sobre minhas malas e fiquei olhando para a entrada do colégio. Não sabia o que pensar, nem o que esperar. Estava sem qualquer força ou vontade de me mover.



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Notas finais do capítulo

Para os curiosos, está aqui uma foto do colégio https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTRI518W0I4pP2t-rssOsV5goOAaWRdq0AxP07PLXeS5C2NhiRp0g



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