After Hours escrita por Shorty Kate


Capítulo 2
Capítulo 2




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–Bom dia, Richard. – Martha falou ao entrar em casa vendo o filho tomando o café da manhã. – Madrugou você?

–Não. Fiquei escrevendo quase toda a noite, e estava esperando você.

–Eu falei pra não esperar por mim. – A atriz tirou as luvas e se sentou frente a ele.

–Não é por causa disso que eu esperei. – Ele ficou com um olhar triste, explicando. – Quero falar com você sobre o jantar de ontem.

–Oh, querido, desculpa se não foi o que esperava. Acho que não estava à espera de conhecer um homem tão… tão sério assim, não sei se me entende.

–Que motivos você acha que ele tem? Ele é advogado, a mulher foi assassinada faz quinze anos e a filha é uma policial. Acho que ele tem motivo pra não ser assim tão alegre quanto a senhora. Nem todo o mundo é atriz e tem um filho escritor que não tem a sua vida em jogo a toda a hora.

–Aí você se engana. Nem todo o mundo tem um filho escritor, verdade. Mas quem tem não precisa se preocupar toda a vez que ele sai de casa e pensa que é policial também. Jim sabe o que Kate faz da vida, e sabe que ela se pode defender. Você Richard… você não é policial… Lembra dos dias em que ficava escrevendo em casa, em que ia para festas publicitar seus livros?

–Esses dias se acabaram, mãe. Eu era um playboy egocêntrico que fazia o que bem queria. Kate me abriu os olhos e me mostrou uma nova realidade.

–O meu problema não é com você querendo seguir a polícia, é quem você segue mesmo. Richard, você a ama mais do que tudo. Quando será o dia em que me ligarão dizendo que você foi baleado só pra proteger Beckett? Ela se sabe defender, ela é policial. É a vida dela.

Os olhos de Castle se encheram de lágrimas, pensando em todas as vezes que protegeu Beckett e como o faria de novo. – Eu amo muito ela, mãe. – Ele sussurrou. – Não posso deixar ela se machucar… A gente está junto faz oito meses e a gente achou que era hora de as nossas famílias aprovarem o nosso namoro. Em vez disso, você e Jim ficam resmungando um com o outro o tempo todo. Beckett e eu estávamos querendo brigando também, sabe?

–Vocês brigaram depois que eu saí?

–Não, acho que a gente conseguiu evitar isso. Ela está agora a falar com o pai, e a gente quer resolver tudo. Se voltar a haver um jantar, me promete ser mais tolerante?

Martha suspirou mas acabou admitindo. – Eu piquei ele demais, não foi? Ele tem motivo pra não ser assim tão entusiasta, certo?

–É, mãe. Tente ser você mesma, não se esforça porque você é maravilhosa.

Martha sorriu. – Ah, só você mesmo pra falar coisas dessas nestes momentos!

O celular de Castle começou tocando e ele notou que era Beckett. Olhou a mãe que lhe assentiu com a cabeça e com um sorriso, havendo esquecido as palavras que ainda há pouco lhe dissera.

–Castle, há um caso novo. Encontra comigo na 12th, a gente parte de lá com os rapazes.

–Pode deixar… E aí, falou com seu pai?

–É, falei. – Ela disse, quase como que evitando o assunto. - Se encontra lá com a gente, tá bom?

–Tudo bem… Kate? – Ele disse antes que ela desligasse, notando a voz meio abatida dela.

–Sim?

–Você está bem? Parece… estranha.

–Não, tá tudo bem.

–Certeza?

–Certeza, Castle. Agora deixa de perguntas e vem!

–Ok, não se zangue! – Ele ouviu Beckett suspirando do outro lado. – Só mais uma coisa.

–O quê? – Ela disse preocupada e um pouco irritada.

–Eu te amo. – Ele conseguiu perceber que ela sorrira e que aquela atitude nervosa se havia alterado, mas ele estava sendo verdadeiro.

–Até já Castle. – Ela disse completamente rendida à doçura e ao carinho da voz dele, desligando a chamada.

Martha não pôde deixar de observar o sorriso bobo do filho e percebeu que ele fala verdade quando diz amar muito Kate. Bem, isso já ela sabia, mas vê-lo assim tão radiante ainda lhe deu mais certezas.

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–Oi, garota. – Jim falou atendendo a chamada. – Aconteceu alguma coisa?

–Não, eu só queria falar com você.

–Uhm, se você me está ligando antes de ir trabalhar alguma coisa se passa.

–É sobre o jantar de ontem.

–Oh, filha, desculpa ter ido embora assim. Devia ter ficado, né?

–Eu só queria dizer que você podia ter sido mais tolerante, só isso. Martha é assim meio excêntrica mas ela também passou por coisas ruins na vida, e ser assim alegre e festiva é a forma de ela ignorar isso.

–“Coisas ruins na vida”? Ela não sabe quem é o pai do filho, é atriz e mais nada faz da vida. Chama a isso vida ruim? – Beckett suspirou, se sentando no sofá enquanto colocava os sapatos. – Já pra não falar de Rick. Eu sei que ele agora pode parecer homem atinado, mas ele tem uma filha, dois divórcios, um montão de namoradas… Você sabe com quem se está a relacionar…?

–Pai… - Kate falou com lágrimas lhe chegando aos olhos. Havia tido tanto trabalho colocando de lado esses medos.

–Eu sei que a gente não escolhe quem ama, mas já falou com ele sobre essas coisas?

–Pai, não fala essas coisas… Eu não gosto de falar disso. Eu o conheço muito bem… e eu o amo.

–Já falou isso pra ele? – Jim esperou uma resposta mas percebeu que a filha fungava as lágrimas. – Porque ainda não disse?

–Não sei, pai, tá bom? Não sei… O problema é meu, não é dele. Mas não foi por isso que liguei. Pai, a gente quer marcar outro jantar, mas da próxima vez, tenta ser tolerante.

–Tá bom, acho que aquela alegria toda até nem é assim tão má! E como você disse, todo o mundo passa por coisas ruins na vida e cada um lida com as coisas à sua maneira.

–Obrigada pai, sabia que você ia entender.

–De nada, Katie. Agora se arrume pra ir trabalhar. E desculpa se eu toquei em algum assunto que deixou você desconfortável.

–Não, que ideia pai. – Ela mentiu, contendo as lágrimas. – Beijo.

–Outro. Tchau.

–Tchau.

Assim que o pai desligou Kate desatou chorando, se afundando no sofá. Acabou sentada no chão, brincando com o celular e pensando. Pensando demais. Ela não queria ser mais uma na vida de Castle, e por mais que ela soubesse que isso não aconteceria, ela não conseguia calar as dúvidas.

Ficava pensando nos momentos que passavam juntos e se ele realmente sentia o que dizia. Ele podia estar mentido… Mas depois ficava pensando nos olhinhos azuis dele e sabia que era ele não mentia. Havia algo neles que gritavam que o que ele dizia era verdade. Eles falavam mais do que as palavras conseguiam descrever.

E aí vinha a sua dúvida final, se o problema não é dele, é dela então. Ela fica pensando no quanto ele a ama e no quanto ele lhe diz e repete isso mesmo e ela fica apenas o olhando, petrificada. Ele não mereceria alguém como ela, assim tão disfuncional e partido como ela… Mas ela o amava demais, e não conseguiria ir embora, muito mais agora.

Lembrou os dias em que ficava lendo os livros dele, sonhando um dia o conhecer. E depois pensava que ele estaria naquele momento enrolado com uma data de lambisgoias e piranhas enquanto ela se afogava nas palavras dele como escape ao trauma da morte da mãe. E pensava que todas aquelas aventuras loucas da sua juventude foram forçadamente apagadas, já que ela fora obrigada a amadurecer. Enquanto isso ele era um playboy imaturo e egoísta que nada fazia da vida.

Com o tempo, depois de o conhecer, percebeu que ele é tudo menos egoísta e que aquela imaturidade dele não é má, é apenas uma certa criancice que ele nunca largou. Ele tem a síndrome de Peter Pan e ser criança o faz sentir-se vivo e novo, tal como ela desejava se sentir de novo. E com ele, ela consegue isso mesmo. Ele a faz viver aquelas aventuras malucas que ela tinha, sem que ela sinta medo disso. Sem que ela tenha medo de ser quem é.

Ainda assim, ela não consegue dizer aquelas três palavras. E ela bem que o ama. Ela sabe disso, e ele também. Talvez tenha sido por isso que ele nunca desistiu dela. Ele sempre soube que no fim haveria espaço para ele. Ele sempre soube que ela é capaz de tudo. Mas, o medo de ser apenas outra na vida dele a assustava. Ela não queria sair magoada porque ela o ama mais do que algum dia amara alguém, e ela o quer com todas as forças, mesmo que tenha demorado tempo a enxergar isso. Mesmo que tenha sido preciso quase morrer pra enxergar isso.

Seus pensamentos foram interrompidos quando o celular tocou.

–Oi, é o Ryan. Espo ligou dizendo que há um caso novo. Vou a caminho da delegacia, se quiser a gente espera um pouquinho e vamos todos juntos.

–Ok, combinado Ryan. Estou aí em dez minutos. – Ela falou de voz trémula.

Para sorte dela, Ryan não desconfiou da voz fraca dela e não perguntou nada. Agora só restava ligar para Castle, o que ela esperava ser difícil pois ele sabe sempre o que está errado com ela, ainda para mais sendo ele a razão do choro dela.

–Castle, há um caso novo. Encontra comigo na 12th, a gente parte de lá com os rapazes.

–Pode deixar… E aí, falou com seu pai?

–É, falei. – Ela disse, quase como que evitando o assunto. - Se encontra lá com a gente, tá bom?

–Tudo bem… Kate? – Ele disse antes que ela desligasse, notando a voz meio abatida dela.

–Sim?

–Você está bem? Parece… estranha.

–Não, tá tudo bem.

–Certeza?

–Certeza, Castle. Agora deixa de perguntas e vem!

–Ok, não se zangue! – Ele ouviu Beckett suspirando do outro lado. – Só mais uma coisa.

–O quê? – Ela disse preocupada e um pouco irritada.

–Eu te amo. – Ele conseguiu perceber que ela sorrira e que aquela atitude nervosa se havia alterado, mas ele estava sendo verdadeiro.

–Até já Castle. – Ela disse completamente rendida à doçura e ao carinho da voz dele, desligando a chamada.




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Notas finais do capítulo

Comentários me deixam feliz!!!



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