Connor estava exausto.

Somente naquele dia havia sido anjo de trinta e sete crianças. Sabia que ele salvava vidas, mas se continuasse desse jeito, vidas estariam em jogo.

Muitas mortes já haviam acontecido desde que foi denominada a falta de anjos-da-guarda. Na terra, tem crianças recém-nascidas que precisam urgente de proteção, e por falta dela, acabam falecendo.

Há muito mais anjos do quê homens jamais vão existir, porém, a pequena minoria são os "da guarda". Não que os outros possam relaxar, eles trabalham muito também. Mas os que protegem, são muito mais sobrecarregados.

Isso não é um problema de agora, já vem acontecendo há milhões de anos. Mas neste século, piorou bastante.

E todos aqueles anjos largados naquele sofá branco? Só foi o turno da manhã. Mas se você levar em conta que, no céu, o tempo passa muito mais rápido, daqui a pouco eles estarão trabalhando outra vez.

Então o sinal de reunião foi tocado. Mas os protetores não entendiam o porquê do encontro inesperado.

Um Domínio – Anjo encarregado de fazer que os outros seres celestiais cumpram as ordens dos Tronos, os que mandam no céu – subiu no grande “palco” de ouro na frende daquelas milhares de cadeiras em que estavam os protetores.

– Então, benfeitores – Disse ele – Hoje, os Tronos tomaram uma decisão sobre a falta de anjos-da-guarda.

Todos olharam entre si. A esperança era o que não faltava.

– E – Ele continuou – Decidimos trazer mais anjos.

Naquele momento, todos estavam confusos, mas escutavam com atenção e interesse.

– Como, senhor? – Louise, aquela protetora loira de cabelos encaracolados, ergueu a mão direita, balançando acima da auréola.

– Com isso, pequena Lou – Ele mostrou um comprimido bem pequeno. O bastante para nem notar-se a existência – Isso faz um humano tornar-se anjo. Não totalmente é claro. Mas terá quase tudo aquilo que vocês têm. Porém não terão vida eterna, óbvio.

Todos olharam mais perto. Estavam curiosos, ansiosos e esperançosos. Finalmente seus problemas iriam diminuir significativamente.

– Tem um porém, caros. Cada um de vocês terá que aplicar em um humano, de quinze a dezoito anos, que acreditem que tenha potencial para administrar seus poderes, e ele será seu aprendiz. Nos primeiros dias vocês terão que ajudá-los, mas depois deixem que eles saibam sozinhos. – O Domínio sorriu – Mas eles só serão anjos até os seus vinte anos de vida, e depois seus aprendizes esquecerão toda suas experiências angelicais.  Então, sendo substituído por outro aprendiz, e assim sucessivamente. Entenderam?

O público balançou a cabeça positivamente.

– Quando saírem, peguem seu comprimido com as secretárias. E não esqueçam que só terão até amanhã para escolherem seus humanos. Liberados. – Então o Domínio deixou o salão com ajuda de suas asas.

E os protetores foram em busca de seus aprendizes.