Narrador
No capítulo anterior, Lysandre, Castiel, Camila e Lúcifer chegam ao Antigo Castelo, que pertencia a Winasaki e sua irmã. Para a surpresa dos garotos, Camila é a irmã de Winasaki. A conclusão dos garotos é de que Camila traiu a todos, e eles estão certos.

Todos entram no Castelo e chegam a sala de matança, onde Sara está presa, das mãos aos pés. Enquanto Camila e Winasaki discutem sobre um “acordo” que criaram, Lysandre distrai as servas com sua voz e Lúcifer e Castiel vão soltar Sara. Lúcifer vai na frente de Castiel, sobe os degraus do pequeno altar e acaba beijando Sara, que o reconhece por ter a salvado por duas vezes. Foi reconhecido por sua capa preta.

Povs Sara

Aquilo foi a melhor coisa do dia. E então, tudo aconteceu lentamente.

Lúcifer arregalou seus olhos e caiu nos degraus do altar da sala de matança, ao alcanço da chuva. Ouvi alguém gritando seu nome, com pavor e desespero na voz, e logo percebi que fora eu. Ainda lentamente, vi Lysandre e Castiel tentando alcança-lo, ambos sendo impedidos pelas servas de Winasaki. Assustada, olhei para baixo; vi sangue por meu corpo. Subi meus olhos para Lúcifer e vi seu último olhar. Tentei chegar até ele, mas estava presa. Lúcifer tinha sangue por volta de seu tórax e sua capa estava encharcada. Inconformada e aos prantos, olhei para frente. Vi Camila com uma adaga de bronze antigo em sua mão, gargalhando, ao lado do corpo de Lúcifer.

 Ele estava morto. Suas asas negras pararam de se agitar. O demônio se fora: outro morto de Camila.

- Não! – Castiel e Lysandre gritaram em uníssono.

- Sério Sara? Agora, aqui? Me poupe. – Camila dizia, enquanto olhava para mim. Virou-se para os garotos, agora presos pelas servas, com cordas amarradas em suas mãos nas costas. – Esse era realmente o plano de vocês?

E um trovão foi ouvido, como forma de tal resposta.

Winasaki olhou para Camila, satisfeita pelo feito.

- Sabe Camila... Depois dessa ilustre demonstração de impiedade ao... Casalzinho, quando eu ganhar, posso até te promover a minha serva principal.

Camila olhou friamente para sua irmã, discordando de tal possível elogio.

- Winasaki lembra-se quando veio até minha cabana com esta proposta de acordo, que juntas concordamos em matar a perdedora? Então, querida irmã, não me faça como serva sua. Isso seria pior que a morte!

- Isso soou um insulto.

- Que seja.

- Ora Camila! Entre tantos diálogos, porque não começamos a lutar agora? Quanto mais rápido eu ser a líder do Acampamento, melhor. Terão mais servos e menos bruxas inimigas.

- Antes, - Camila inesperadamente disse – preciso dar uma palavrinha com ela. – E apontou para mim.

Camila subiu os degraus do altar e encostou seu rosto com o meu. Sua respiração era calma e quente. Colocou uma de suas mãos no bolso de minha calça, enquanto a outra estava em minha cintura, apertando-me fortemente.

- Sua morte está próxima. Apenas a aguarde. Aliás, obrigada por guardar. Sabia que não usaria.  - sussurrou, enquanto tirava sua mão de meu bolso, agora mais leve.

- Camila! - Ambre gritou ao fundo da sala. Todos olharam para ela.

- O que foi agora, Ambre? - Respondeu Camila, sem virar seu rosto, apenas afastando-o do meu.

- Assim eu fico com ciúmes - disse calmamente.

Camila abaixou a cabeça, impaciente.

- Você sabe que eu te amo, Ambre.

- Isso é sério? – Castiel, inesperadamente gritou para ambas – Ou é só uma curiosidade de ambas? Eu não namorei uma lésbica, não. Nada contra, aliás.

- Ãh... Sim, não, não.  - Camila aprontou-se para responder, agora o olhando.

- Não? - Ele pareceu mais aliviado, mesmo com a constrangedora situação - Ah, que bom.

- Castiel, eu sou bissexual, assim como a Ambre.

- Ah... - Pareceu que ele havia encolhido alguns centímetros.

- Unfh. – Ela resmungou.

- Vamos logo com isso, Camila! – Winasaki gritou impaciente.

- Ora Winasaki, para que tanta pressa? – Camila ria, agora oficialmente em batalha com sua própria irmã. E o melhor: os espectadores eram seus prisioneiros. – Quer perder logo?

- Mas é claro que não. Quero é te matar logo. É diferente. – E atacou Camila com uma espada um tanto familiar. Minha espada. – Mas acho que você sabe a diferença. Ou não. – E atacou novamente. Ambas as vezes Camila desviou, quase acertando pelas duas vezes sua irmã na perna. – É, acho que não.

Camila enraivou-se com o comentário de sua irmã, e atacou-a por frente, o que causou um estrago no rosto de Winasaki. Um grande corte formou-se na testa.

E lutaram por 20 minutos inteiros. Diante de tantos xingamentos e ataques certeiros, Winasaki disse:

- Vamos, sua inútil. Está esperando o que para me matar? A Legião das Bruxas?

Diante deste comentário, Camila hesitou e afastou a adaga de sua irmã. Winasaki sabia exatamente qual era o medo de Camila. Claro, depois de serem expulsas da Legião, viviam escondidas. Por isso queriam liderar o Acampamento Werning Para terem servos o suficiente para acabar com a Legião e terem toda a magia que existe no mundo.

Aproveitando a oportunidade, Winasaki enfiou a espada no peito de sua própria irmã.

- Nãão! Camila! – Ambre gritou, aos prantos.

E um trovão foi ouvido.

- Você... – Camila vomitou muito sangue – vai se arrepender...

Winasaki, friamente, apertou ainda a espada ao peito.

E Camila morreu.

Winasaki não continha o sorriso que seu rosto expressava e, diante da situação, proclamou:

- É hora, finalmente! Governarei o Acampamento Werning e acabarei com a Legião das Bruxas! Servas, ora, vocês me ajudarão! Escravizaremos aqueles que nos fizera o mal! Teremos finalmente toda a magia que quisermos.

As servas aplaudiram.

- Agora, por favor, tirem esses dois corpos daqui. Mas primeiro, levem esses dois prisioneiros para a cela.

Todos os heróis de tal profecia estavam mortos, exceto Lysandre, Castiel e eu. E nós estávamos presos.

- Enquanto a você. – Winasaki dirigiu-se a mim, enquanto suas servas levavam Lysandre e Castiel para a cela. – Você irá morrer.

- Não hoje.

- Aceite os fatos, Sara. Todos estão mortos. Ah, inclusive, Serena também foi morta.

- Serena?! Não! Como... ?

- Camila deu um jeito para mim. Olha, realmente, Camila achava-se mais forte e melhor que eu. É claro, ela estava totalmente errada. E precisava dar um jeito nela. Pensando bem, Camila era legal. – E deu uma pausa, como se estivesse pensando. – Mas o que eu estou falando? Camila mereceu!

Logo, as servas chegaram para remover os dois corpos, no mesmo momento que a chuva parara.

- Os jogue para fora do castelo – Winasaki ordenou, olhando para elas.

Cada serva recolheu um dos corpos e, Ambre, sobrando, ajudou uma das outras servas. Claro, carregou sua falecida namorada.

- O que é a Legião das Bruxas? - perguntei.

- Não me questione. Isso não é um assunto seu. – E pausou. – Agora, é preciso te matar.

Sacou uma faca de cozinha – sim, isso mesmo. – E apontou para meu pescoço.

- É sério que você vai me matar com uma faca de cozinha? Tipo aquelas de cortar pão?

Ignorando meu comentário, aproximou-se de meu rosto – não, Winasaki não era bissexual – e sussurrou em meu ouvido as seguintes palavras:

-  "Uma escolhida. Seis ajudarão, dois trairão, três morrerão e quatro sobreviverão. No castelo a morte final, o Acampamento é salvo, afinal."  – e acrescentou: Adeus Sara. Sonhe com os anjos.

E perfurou minha garganta. Ao momento, vi as três servas abrindo a pesada porta da sala, ofegantes. Havia acontecido algo lá fora e elas não haviam gostado. Algo ruim. Muito ruim. Elas estavam feridas.

Senti meu coração batendo mais lentamente e meus membros ficando mais leves. O sangue que saia de minha garganta encharcou o chão a minha volta. Comecei a vomitar muito, mas muito sangue. Minha respiração começou a diminuir.

Fui sentindo-me mais leve e flashbacks a minha mente vinham a toda hora. Minha infância tranquila ao lado de minha família; A ida constante para as aulas; O meu aniversário; Os encontros; O acidente de ônibus; O Acampamento Werning;

Consegui ver ao meio de minha visão embaçada, Winasaki descendo os degraus do altar e mudando para uma aparência de preocupação e medo. Uma de suas servas apontou para mim. Depois disso, não sei o que aconteceu.