The World Of Evie escrita por CassBlake


Capítulo 8
Elevadores


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora gente ^^

E obrigado pelos comentários :)

Boa Leitura!

Atualizado (19/01/14)



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– Para estamos indo? – perguntei tentando acompanhar os passos rápidos de Ethan.

De acordo com o médico eu tinha mais ferimentos internos que qualquer outra coisa e por isso passei quatro dias em repouso depois deles me consertarem então estava tendo que me esforçar muito para eu andar naquele ritmo, não que eu fosse admitir isso.

– Para minha casa. – respondeu sem olhar para mim.

Eu nunca tinha estado em um hospital antes ou em qualquer lugar que não fosse um bar barato e fedido ou uma casa noturna caindo aos pedaços, então quando Ethan me guiou por vários corredores incrivelmente brancos e limpos até chegar os elevadores eu hesitei.

– Para sua casa? – repeti distraidamente olhando as portas de aço do elevador, eu acho que não gostava de elevadores.

– Sim, mas não vamos falar sobre isso agora. – disse apertando o botão brilhante na parede ao lado do elevador.

Engoli em seco, não sabia se era por saber que teria que ficar na casa dele ou se era por que as portas do elevador se abriram revelando um espaço vazio e pequeno com espelhos nas paredes.

Elevadores de hospitais não deveriam ser grandes? Para que as macas coubessem?

Ethan entrou no elevador e se virou para mim.

– Hum, não podemos ir pelas escadas? – perguntei baixinho ainda no corredor, eu não era acostumada a mostrar fraqueza, mas só de pensar em ficar em um espaço tão pequeno fez meu estomago se apertar.

– Estamos no quarto andar, você não esta tão forte para descer tantos lances de escadas. – respondeu calmamente.

Oh, agora ele estava preocupado com meus ferimentos? Era ele quem estava praticamente correndo pelos corredores comigo logo atrás.

Maldito idiota!

– Eu tenho certeza que consigo descer alguns lances de escada. – falei começando a ficar irritada.

E então para meu alivio as portas do elevador começaram a fechar, mas logo voltaram a abrir quando Ethan esticou a mão para fora do elevador.

– Vamos logo, é apenas um elevador. – disse me pegando pelo braço e puxando para dentro daquele cubículo terrivelmente pequeno.

– Oh, Deus! – sussurrei baixinho olhando as portas se fecharem na minha frente no reflexo do espelho.

Ethan simplesmente me soltou e apertou o botão da garagem.

Estava decidido, eu nunca mais iria entrar em um elevador pelo resto da minha vida.

Virei-me e olhei para cima onde tinha uma pequena telinha com números indicando os andares sentindo meu estomago revirar e meu corpo gelar, pensei que eu iria colocar para fora toda a comida que Mary me fez comer a pouco tempo, mas consegui me controlar e suspirei de alivio quando os números acabaram e as portas de abriram novamente.

Sai tão rápido do elevador que tropecei uma pequena elevação.

– Vai com calma. – disse Ethan me segurando quase gentilmente por trás.

Oh Deus, sentir aqueles braços ao meu redor fez meu corpo queimar e meu coração bater mais rápido.

Isso não é bom.

Tinha algo realmente estranho acontecendo, desde o primeiro momento em que conheci o Ethan ele tinha sido o agente implacável e desagradável comigo, então porque ele não estava sendo desagradável agora?

– Obrigada. – agradeci recuperando o equilíbrio e saindo de seus braços.

– De nada. – respondeu.

Sentia meu rosto queimar, era uma reação estranha, tão diferente de tudo que eu já tinha sentido antes, e era algo que eu definitivamente não gostava.

Olhei para as costas largas de Ethan enquanto ele andava, seu porte era sempre impecável, mesmo quando estávamos andando pelos becos escuros na nossa fuga, sempre com essa presença e o ar de perigo.

Passamos por vários carros antes de Ethan parar em frente a um BMW preta e brilhosa sem nenhum arranhão, pegando as chaves do carro ele desativou o alarme e se dirigiu a porta do lado do motorista, não demorei a imitá-lo, entrei no carro e me sentei no banco do passageiro.

– Não está sujo. – murmurei observando em como o seu carro estava impecavelmente limpo.

Ethan ergueu uma sobrancelha para mim antes de falar.

– Sim, eu não gosto de carros sujos. – falou dando a partida no carro.

– Oh. –foi minha única resposta.

Eu pensava que carros de tiras sempre eram sujos, com embalagens de salgadinhos e copos de café ou uma simples caixa com rosquinhas.

– Coloque o cinto. – ordenou quando saímos da garagem subterrânea para entrar em uma avenida movimentada.

Nem por um momento eu parei de olhar pela janela enquanto comia meu chocolate, a vista era muito bonita para que eu pudesse desprender os olhos e sabor do chocolate deixava tudo mais luminoso. Vi prédios extremamente altos, restaurantes luxuosos, pessoas normais andando pelas ruas, mulheres fazendo compras, vi até dois motoristas brigando por nenhum motivo aparente. Era tudo tão novo, essas eram coisas eu tinha apenas visto na TV, o bairro onde o galpão de Jerry ficava estava sempre deserto de dia e de noite apenas os drogados e malandros saíam para aprontar, eu até poderia dizer que lá o céu nunca ficou tão azul e bonito como era nesta parte da cidade.

Depois do que pareceu uma eternidade Ethan estacionou o carro na rua em frente a um prédio enorme e luxuoso.

Havia um porteiro em frente às portas de vidros muito bem limpos, o prédio era alto, mas nem tanto, então eu diria que tinha ao menos vinte e cindo andares.

– Chegamos. – informou Ethan saindo do carro.

Olhei para o prédio novamente depois de sair do carro. Ele deveria ter muito dinheiro para morar em um prédio como esse. Admirei o prédio por mais um momento e li o nome que tinha na fachada do prédio antes de seguir Ethan para dentro.

– Senhor Ross – saudou o porteiro sorrindo exageradamente para nós.

Ethan acenou distraidamente para o porteiro enquanto andava pelo saguão luxuoso para os elevadores.

Oh, Não! De novo não!

Esqueci completamente do saguão no momento em que Ethan apertou o maldito botão.

– Não podemos ir pelas escadas? – perguntei entrando em pânico e começando a hiperventilar só de pensar em entrar naquele espaço minúsculo novamente.

Eu nunca tinha entrando em pânico antes, mas agora só de pensar em entrar em outro elevador tinha anseia de vomito. Eu estava me tornando fraca.

Ethan me olhou curioso, seus olhos azuis gelo me analisando profundamente e acho que se eu tivesse uma alma ele poderia vê-la.

– Você tem medo de elevadores? – perguntou com um sorriso nascendo no canto de seus lábios.

– Não! É claro que não! Apenas acho que seria bom para eu fazer um pouco de exercício depois de ficar tanto tempo deitada... no hospital – respondi o olhando nos olhos.

Eu jamais iria admitir que estava com medo, ter medo era uma fraqueza, eu não queria ter mais fraquezas do que eu já tinha conseguido desde que fugi do Jerry.

Ethan soltou uma gargalhada alta e sonora, senti meu corpo estremecer.

– Você tem medo de elevadores! – declarou me desafiando a dizer o contrario, seus olhos azuis avaliando.

Senti meu sangue gelar.

– Eu já disse que não tenho medo de elevadores! – falei fuzilando ele com os olhos.

Ethan sorriu, eu não gostei de seu sorriso.

– Se não tem medo então não vai ser um problema irmos de elevador. – disse dando um passo para trás assim que a porta do elevador abriu soltando um “Ding” agudo.

Engoli em seco.

Eu não iria o deixar ver minhas fraquezas!

– Ótimo! – grunhi entrando no elevador ao lado dele.

Ethan acenou e apertou o botão do vigésimo nono andar. Céus! Seria uma eternidade até chegar lá.

Senti minhas mãos começarem a suar assim que as portas do elevador se fecharam, meu estomago estava apertado e minha cabeça começou a girar quando senti o elevador subir.

Serrei meus punhos com força, me forçando a ficar calma e tentando afastar o pensando de como era pequeno o lugar em que eu estava.

– Você esta bem? – perguntou Ross com uma súbita preocupação que eu tinha certeza que era fingida.

Olhei para ele ao meu lado no momento em que o elevador pareceu dar uma parada estranha antes de continuar a subir e antes que pudesse me parar agarrei a mão dele com força.

– Se eu morrer nesse elevador, eu juro que vou atormentar você pelo resto da eternidade! – murmurei entre dentes cerrados o olhando nos olhos.

Ao invés de soltar sua mão da minha com repulsa ele apenas olhou nossas mãos antes de falar novamente e acho que eu estava ouvindo errado quando ele falou.

– Sinto muito - disse me olhando nos olhos novamente parecendo quase culpado – Não pensei que tivesse claustrofobia.

Eu podia sentir minhas mãos tremendo e o suor frio na minha testa.

Desviei o olhar para frente, para as portas do elevador pedindo a Deus que as malditas portas abrissem logo.

Ouvi Ethan xingar baixinho antes de fazer a coisa mais estanha e doce que alguém já tinha feito por mim.

Ethan soltou sua mão da minha e passou seus braços gentilmente ao meu redor, me puxando para perto dele.

Sem poder me conter agarrei forte sua jaqueta me pressionando ainda mais contra seu peito largo e definido. Encostei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos com força, me permitindo ser fraca por um momento.

– Está tudo bem – ele me consolou com a voz suave – Só faltam alguns andares.

Senti o cheiro doce da colônia que Ethan usava e me sentir acalmar um pouco. Meu coração batia loucamente em meu peito, e eu lutava contra o desejo de continuar abraçada com ele desse jeito pelo resto dos meus dias.

– Chegamos. – informou gentilmente me puxando para fora do elevador.

Por que ele estava sendo tão gentil? E porque eu estava gostando tanto disso?

– Ora, ora, Ethan! Não é nem meio dia e você já esta agarrando garotas por ai? – ouvir a voz estranha me trouxe de volta para realidade.

Afastei-me de Ethan ao mesmo tempo em que ele dava um passo para trás me soltando, como se finalmente tivesse lembrado quem eu era e do porque eu estava aqui.

– Desculpe. – murmurei para Ethan evitando seus olhos.

Eu podia sentir meu rosto arder.

Para tentar me distrair do ocorrido olhei para o homem jovem que estava encostado na porta de um apartamento.

– Lorcan – disse Ethan em um suspiro.

– Quem é essa gracinha que está com você? – perguntou o homem com um sorriso de gato.

Eu nunca tinha visto ninguém como ele, seus cabelos eram de um tom azul metálico, seus olhos castanhos avermelhados eram fortes e vibrantes, ele tinha um piercing no lábio inferior e um brinco na orelha esquerda e era apenas ligeiramente mais alto que eu. As roupas que ele vestia também eram chamativas e bonitas assim como ele, sua calça era apertada, sua blusa era de alguma banda de metal pesado, seu moletom preto parecia caro e para completar seu estranho e bonito visual ele usava um All Star da coca-cola vermelho vibrante.

– Não é ninguém importante – respondeu Ethan andando até a porta do apartamento.

Não pude evitar sentir uma pontada de dor ao ouvir suas palavras, elas me atingiram com força, tirando grande parte da esperança que tinha renascido em meu coração. Ignorando isso voltei minha atenção para Lorcan que agora me avaliava descaradamente.

– Sou Evie – falei estendendo minha mão para ele, do mesmo jeito que Jack fez comigo e esperando que ele não rejeitasse.

O homem sorriu, ele não deveria ter mais de 20 anos e seu sorriso era bonito e cheio de dentes brancos e alinhado.

– Desculpe a rudeza do Ethan, sou Lorcan, o irmão mais novo do Ethan. – se apresentou ainda com um sorriso no rosto.

Seu aperto era confortável e sua mão macia.

– Meio irmão. – corrigiu Ethan da porta que agora estava aberta.

Lorcan fez uma careta.

– Meio irmão – se repetiu revirando os olhos com humor – Depois que minha mãe teve Ethan com um velho rico ela se casou com meu pai e logo foi minha vez de vir a este mundo cruel – informou sem perder o sorriso.

Soltei a mão de Lorcan.

– E o que aconteceu com o velho rico? – perguntei curiosa, isso devia explicar o lugar onde Ethan morava, já que eu não tinha tanta certeza de que um agente do FBI ganhasse tanto dinheiro assim.

– Ele morreu – disse Lorcan com um ar dramático levando a mão ao coração. – E então minha mãe pode encontrar o verdadeiro amor. – finalizou com sorriso de satisfação.

Amor, que tolo. Ele realmente acreditava no amor?

– Não existe amor – falei como se ele fosse idiota- Apenas existe desejo sexual e ambição. – falei olhando aqueles olhos castanhos avermelhados. – É um tolo por pensar que algo assim existe.

Não pude deixar de sentir rancor ao falar isso.

O amor nunca existiu no meu mundo e nunca iria existir, eu já tinha aceitado isso.

– Uou, parece que você e o Ethan são perfeitos um pro outro. – respondeu Lorcan balançando a cabeça.

– Quer fazer o favor de deixar essa conversar ridícula para depois? – pediu Ethan.

Voltei meu olhar para ele que ainda estava na porta com um ar de irritação, sua mão segurando o trinco e sua testa franzida.

– Desculpe. – eu disse indo em direção à porta.

“Desculpe”, eu já havia perdido as contas de quantas vezes tive que pedir desculpas por motivos fúteis. Jerry amava essa palavra, ele amava ouvir essas palavras saindo dos meus lábios.

“Vamos noventa e quatro, me peça desculpas e talvez eu pare de cortar você.” ou “Peça desculpa vadia, implore meu perdão por ter que te suportar”.

Balancei a cabeça tentando me livrar das lembranças que iriam me assombrar para sempre, eu nunca poderia me esquecer de nada, mesmo se eu não tivesse memória fotográfica as marcas que havia em meu corpo sempre iriam me lembrar de que nunca fui nada, que fui sempre um nada usado por pessoas que eu odiava.

– Hum, você está bem? – perguntou Lorcan ao meu lado.

Apenas acenei e entrei no apartamento.

Eu sentia um gosto amargo na boca e quase me arrependi por não ter me matado quando tive a chance, agora eu não teria mais coragem para fazer isso, ou ao menos, não tinha no momento.

– Bem vinda ao lar – ouvi Ethan dizer sarcasticamente.


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Notas finais do capítulo

Gentee, espero q tenham gostado!!
Não esqueçam de comentar para deixar a escritora feliz :)
Acho que dessa vez nao vou demorar tanto a postar

Kiss ~Cass