Acaso escrita por Wenky


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para Bru (Sweetheart) ♥



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:: Capítulo Único ::

Escrito por: Wenky (Andréia)

“Quem lhes permitiu sofrer uma derrota tão humilhante?”

A voz soou novamente.

“Quem lhes permitiu perder?”

Os punhos do garoto se apertaram.

“VOCÊS MANCHARAM O NOME DA GUILDA MAIS FORTE!”

E então um golpe lhe foi dirigido, a si e ao seu companheiro Rogue. E a intensidade do mesmo lhe fez voar longe, e o mesmo fora tão forte que continuou a arder mesmo depois de um certo tempo.

E as palavras ecoavam.

Os gritos do mestre da Sabertooth vívidos ecoando em sua mente.

“NÃO PRECISAMOS DE FRACOS! NÃO PRECISAMOS DE PERDEDORES!”

Sting levantou a cabeça lentamente, uma força o fazia olhar para baixo, o sentimento de derrota tomando conta de si, o sentimento de impotência.

O que ele era? Fraco... Impotente...

E então a voz do seu amigo se fez, e ele levantou os olhos para o olhar.

Lector.

Lector o defendia como sempre, Lector acreditava nele... Seu amigo, seu fiel amigo...

E então.

“DESAPAREÇA!”

- Sting...

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Um grito.

Lágrimas escorriam de seu rosto.

- COMO PÔDE? COMO PÔDE?

E então sangue. Quando ele deu por si, seu braço tinha perfurado o peito do mestre, e sangue esguichava da boca do mesmo, escorria pelo seu braço enquanto lágrimas inquietas jorravam de seu rosto, lágrimas escorriam livremente, desinibidamente.

Seu coração se queimava de ódio, e se quebrava com uma dor que ele não poderia explicar, se espalhando por dentro de si. Sangrando. Sangrando...

E então, ele largou o corpo do mestre sem vida ao chão com tanta força que o mesmo deu um baque, as lágrimas indo de encontro ao chão se misturando com a poça de sangue que se fazia ao redor do corpo já sem vida, a respiração ofegante, o ódio e a dor da perda correndo por dentro de si.

Sting cambaleou para o lado, e então olhou de relance para os companheiros da guilda, todos tinham uma expressão pasma e incrédula com o que seus olhos viam enquanto a expressão do mestre que se fixara em seu rosto antes da morte e o sangue que preenchia cada vez mais o chão da guilda, fazendo uma poça cada vez maior. Sting deu as costas para todos eles, um pouco de sangue pingando e seu braço direito, o sangue do mestre, fez um rastro enquanto ele saía da guilda, os olhos agora fixos no chão e os punhos ainda cerrados.

Rogue e Frosch foram deixados para trás, o olhando também incrédulos, eles nunca haviam o visto tão transtornado, sua expressão coberta de tanto ódio, tanto desejo de matar. Nem mesmo quando ambos mataram o dragão que lhes ensinara a magia Dragon Slayer, Sting nunca esteve daquela maneira. Mas ao mesmo tempo que o ódio corria dentro de si, a expressão tão transtornada e odiosa se fazia em seu rosto, ele também nunca havia o visto tão exposto, tão transparente, com a dor da perda de seu grande amigo estampada de maneira clara em suas feições.

O observaram sair cambaleando para fora, e depois ele sumiu de suas visões. Sting tinha um andar lento e derrotado, os olhos raivosos e ao mesmo tempo tristes, o sangue nas mãos e as lágrimas nos olhos. O sol sobre sua cabeça estava o deixando tonto já, ele não sabia por quanto tempo tinha andado, mas naquele momento decidiu que deveria parar, foi cambaleante até um lago que havia por ali e se sentou em sua borda. Seus olhos correram para sua mão direita ensanguentada e depois ele a enfiou na água retirando aquele líquido viscoso que já naquele momento já estava quase seco, ficou um momento lavando a mão, e depois pegou um pouco de água e jogou no cabelo e no rosto, onde traços de lágrimas se faziam.

Por um momento, olhou para sua expressão refletida na água: deplorável. Os olhos fundos e vermelhos, os curativos soltando do rosto machucado, os cabelos desgrenhados. De fato, ele não poderia estar pior.

Deu um suspiro pesaroso e então olhou para um ponto qualquer evitando sua imagem na água a frente. E então, ele se manteve por ali por alguns segundos, os olhos fixos em qualquer lugar, o coração batendo fortemente contra o peito, a dor correndo dentro de si.

- Ei! – uma voz lhe chamou atenção repentinamente.

Droga! Quem poderia ser?

Ele se manteve com os olhos fixos em qualquer ponto, não se viraria. Quem quer que fosse não iria o ver naquele estado. Ele havia prometido para si mesmo que iria se reerguer. E isso era pelo Lector! Agora mais do que nunca ele devia aquilo ao amigo. Sua promessa.

“Ser forte...”

Ele devia ser forte...

“Pelo Lector.”

Ser o mais forte, o Sting que o Lector sempre acreditou. Esse era seu dever!

- Você!

Merda! Quem quer que fosse a pessoa era uma droga de um insistente, e agora, mais atento a situação, ele pôde ouvir passos se aproximando.

- O que foi? – decidiu falar, ainda sem se virar.

- Sting... Certo? – a voz começou tímida, meio receosa ao dizer seu nome.

Ele bufou.

- Vá embora. – disse rude.

Mas ele pôde perceber que a pessoa continuava ali, decidiu se virar finalmente, o rosto ainda estava vermelho de tanto chorar, mas ele imaginou que seria alguém que estava assistindo os grandes jogos mágicos e que ele deu o azar dessa pessoa o encontrar logo num momento como aquele. Imaginou que se fosse algum fã dele, obviamente estaria mais decepcionado do que nunca, mas decidiu que isso era o de menos, no momento, nem mesmo as aparências estavam lhe fazendo algum tipo de diferença. E se fosse alguém decidido a zombar dele, ele estava certo de que poderia lhe dar uma boa surra.

Mas então, não era nada disso.

E seus olhos se arregalaram ao se deparar com aquela garota.

Cabelos loiros, bandagens na testa que indicavam que ela havia passado por momentos ruins, um sorriso tímido e receoso e na sua mão a marca da Fairy Tail. Sting apertou os punhos e cerrou os dentes.

- O que vocês da Fairy Tail querem? Vocês venceram... – disse bufando e com os olhos borbulhando de raiva.

Por culpa deles tudo isso aconteceu!

Por culpa deles o Lector desapareceu!

Por culpa deles ele foi envergonhado! DELES! POR CULPA DELES!

MALDITOS!

MALDITOS!

MALDITOS!

Os olhos brilharam ainda mais de raiva a medida que esse somatório de pensamentos lhe invadia a mente.

A garota deu um passo para trás percebendo a aparência do mesmo.

- Eu não venci. – disse de maneira tímida.

- Humpf! Pelo menos isso. – um fraco sorriso convencido se fez em seus lábios. – Pelo menos isso... – continuou. – Mas também, já era o esperado. – a olhou com desdém.

A garota levantou o cenho. Ele era mesmo uma droga de um arrogante.

- O que está fazendo aqui sem seus amiguinhos?

- Estou indo me encontrar com eles. – respondeu.

- Poderia passar reto, não nos conhecemos de qualquer maneira...

E ela o olhou por um momento, observando com cautela sua expressão e seu estado certamente derrotado. Mas seus olhos avermelhados lhe chamaram a atenção em especial, ele estava chorando, muito.

- Lucy! Lucy Heartphilia... – decidiu se apresentar.

- Eu não tenho o interess... – e então ele foi interrompido.

- Já sei o seu nome.

Ele a olhou pelo canto dos olhos, os braços cruzados.

Um silêncio se fez, e então Lucy começou a se perguntar por qual motivo ela havia parado ali, aquele cara...

- Já que está aqui... – ele começou a fazendo fixar os olhos nele esperando para que ele continuasse. – Diga ao Natsu Dragneel, que numa próxima vez, eu não vou perder. Eu vou estar muito mais forte, e vocês não irão rir de mim. – disse evitando dessa vez o olhar dela, evitando que percebesse por um pequeno momento que seus olhos correram cabisbaixos para o chão, derrotados. Mas ela percebeu, e então lhe referiu um olhar que ele odiou.

Pena.

Um maldito olhar de pena.

- Nós não rimos de você. – declarou séria.

Silêncio.

- Mas você riu de mim.

Sting engoliu algo em seco com a afirmação, lhe atingindo como um tapa na cara.

- Eu... – começou tentando falar algo, mas as palavras não saíam.

- Nós da Fairy Tail não agimos assim... Não somos assim como você pensa que somos. – disse o fazendo arregalar os olhos. – Não somos... Como vocês da Sabertooth.

E com essa afirmação final, ele apertou os punhos fortemente.

- O que você quer afinal? – repetiu a pergunta inicial. A maneira como ela falava as coisas de fato o deixava sem ação, as verdades sendo atiradas na sua cara de maneira tão clara e simples. E sempre com um sorriso.

Lucy então deu um pequeno sorriso e se sentou na borda do lago enquanto Sting se mantinha em pé a olhando pelo canto do olho.

- Eu estava indo encontrar meus amigos da guilda... E então eu te vi aqui... – ela começou calmamente, organizando os pensamentos. Tossiu levemente antes de continuar, a maneira como Sting a olhava, desconfiado, a deixava incomodada. – Eu sei como é a sensação de se sentir impotente.  – seus olhos se levantaram para ele que agora a encarava com uma expressão embasbacada. – Eu perdi de forma humilhante na última competição, estando numa guilda como a Fairy Tail, eu nunca me senti boa o suficiente.

Ele a considerou por um momento, e as imagens de quando Minerva a venceu covardemente lhe vieram à mente. E então seus olhos se voltaram para ela novamente, e para o seu sorriso.

Um doce sorriso.

E uma parte dentro de si o acusou por sua estupidez, ele engoliu algo em seco antes que ela continuasse a falar.

- Mas você está sozinho não é?

Sozinho... Sozinho...

Lector... Seu único amigo... Se fora...

Mas o que aquela garota tinha para falar das coisas dessa maneira? Eles sequer se conheciam!

Ele quis gritar para que ela calasse a boca, mas deu um passo para trás em completa confusão quando ela lhe estendeu uma mão ficando de pé.

- Você deveria conhecer a Fairy Tail! – exclamou com um sorriso que o deixou ainda mais confuso, as palavras lhe fugiram da mente, os olhos se fixaram nela.

E então lentamente ele levantou uma das mãos para segurar a que a mesma lhe estendia. Lucy lhe apertou a mão com um gesto amigo e depois a soltou, Sting ainda a olhava fixamente, e ela continuou a lhe dar um sorriso.

- E então você não precisa ficar sozinho... Você não precisa se sentir...

- Você sabe como eu me sinto? – ele a interrompeu.

- Você estava chorando. – ela declarou.

Sting bufou corando levemente. Era claro que ela havia percebido, mas ele não esperava que ela fosse falar, e muito menos agir como se o entendesse. E o pior de tudo isso, era que ela de fato o deixava sem palavras.

- Eu...

- Eu tenho amigos! – ele exclamou. – Se é isso que você está insinuando... Eu... Tenho... – ele interrompeu a frase olhando para o lado tristemente, fazendo o máximo para que as lágrimas não saíssem novamente. – Ao menos eu tinha. – sussurrou quase de maneira inaudível. – Meu único amigo se foi. – completou tristemente, cabisbaixo.

Ela lhe deu um olhar que mais uma vez ele odiou. Aquele olhar, maldito olhar de pena! Lucy o considerou por um momento, um pequeno sorriso nos lábios ainda para ele. Ela quis perguntar o que havia acontecido, mas sentiu que bem provavelmente ele não iria lhe responder.

- A Sabertooth... O mestre da Sabertooth... – ele começou com os olhos fixos num ponto qualquer, os olhos marejados, sem a encarar. O tom era baixo, e parecia mais que ele estava falando consigo mesmo, mas ela podia ouvir, mesmo que fosse de maneira embolada e pausada. A dor na sua voz era clara, e aquilo a fez sentir uma incrível compaixão. – Ele o matou... Ele matou o Lector! – agora estava mais alta.

Lucy arregalou os olhos.

- O Lector acreditava em mim. Ele era o único que acreditava em mim... Meu único amigo...

E essas palavras sendo ditas em voz alta o atingiu ainda mais, a dor se remoendo dentro de si. Lucy deu um pequeno suspiro, os olhos presos nele, buscando as palavras que deveria falar, ou se apenas deveria se calar.

Um silêncio entre eles. Seus olhos não se encontraram. Os olhos da garota também se fixaram no chão e então ela começou a falar num tom baixo:

- Antes de eu entrar para a Fairy Tail, eu me sentia realmente sozinha... Eu não tinha ninguém em especial. Minha mãe morreu, e eu não me dava bem com o meu pai. – ela deu um suspiro antes de continuar. – E ninguém acreditava em mim.

Sting levantou os olhos para ela.

- Eu estava sozinha. Mas a Fairy Tail me salvou.

Silêncio.

- O que a Sabertooth é para você?

Os punhos do garoto então se apertaram com a pergunta repentina, os olhos se estreitando em raiva. As lembranças da guilda, de toda humilhação que ele passou, a humilhação que todos os membros quando perdiam passavam.

Do Lector.

O Lector que não tinha nada a ver com tudo aquilo. Que amava a guilda...

E então um choque de realidade o tomou.

“O que a Sabertooth é para você?”

- O que uma guilda deveria ser? – indagou rude. O coração ainda batendo dolorosamente contra o peito.

- Uma família.

Ele a olhou por um momento engolindo algo em seco. Estava certo de que as palavras dela ficariam em sua mente, a maneira como ela conseguia entender o que ele estava sentindo, de alguma maneira, de uma estranha maneira. E eles sequer se conheciam.

E em meio ao silêncio que se fez, ele decidiu que deveria dar um fim naquela conversa. Ainda que ela tivesse um sorriso doce e acolhedor e que de alguma maneira suas palavras tivessem um grande efeito sobre ele.

- Nossas guildas continuam na competição, ainda somos rivais. E eu não vou perder... – lhe deu um sorriso fracamente convencido.

Lucy assentiu e então se virou lhe acenando brevemente, um pequeno sorriso se fez no canto dos lábios.

- Apenas tente ver as pessoas um pouco além disso. – uma pausa. - Boa sorte... Sting! Espero nos vermos em breve. – deu uma piscadela enquanto seguia seu caminho.

Sting continuou a olhá-la enquanto ela desparecia, os olhos fixos em sua imagem. Aquela garota...

- Lucy... huh?

Seus olhos então se voltaram para o lago a sua frente, sua imagem se refletindo novamente na água, e ele parou por um momento para observar a si mesmo. As palavras dela ecoando em sua mente. Ele estava certo de que teria muito que pensar, de que teria muita coisa para colocar em ordem até o último dia da competição. Inclusive, iria tratar de ficar mais forte... Pelo Lector...

Mas no final das contas, ele se pegou pensando sobre o que ele de fato desejava. O que de fato sempre desejou.

“Ser reconhecido.”

Seus olhos então observando a própria imagem na água, e pequenos fragmentos de lembranças vieram em sua mente. Onde ele sonhava em ser alguém, e então, ele se apegou a ideia de ser forte, de ser como o Natsu, de ser o melhor Dragon Slayer. Quando na verdade, ele apenas queria que as pessoas olhassem para ele. Acreditassem nele, de alguma maneira, de qualquer maneira. E então, se ele fosse forte o suficiente, as pessoas o fariam. E Lector, foi o primeiro a acreditar nele. Além de tudo, ele seria forte pelo Lector.

E ele se focou nisso.

As pessoas o veriam como o mais forte, o melhor.

Mas então ele caiu. E agora como as pessoas o viam? Ele sempre vira todos como fracos, patéticos. Aquela garota... Ela era patética, mas suas palavras soaram como um forte tapa em algumas ocasiões, um choque de realidade. Uma ideia do que ele estava vivendo. E incrivelmente ela ainda sabia como ele se sentia.

E ela o ouviu.

Alguém que apareceu quando tudo que ele precisava era alguém, que o ouvisse, o entendesse... E incrivelmente, que até o julgasse, até os julgamentos dela do que ele era e do que ele vivia pareciam verdadeiros.

Sting então deu um suspiro pesaroso, os olhos se voltaram para o céu sobre ele. Um pequeno sorriso se fez nos lábios em resposta ao sorriso dela que veio em sua mente.

- Até o último dia da competição... Lucy...

 :: Fim? :: 


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Notas finais do capítulo

Olá!
Primeiramente eu já falei um pouco sobre essa one shot nas notas, mas aqui vou explicar o motivo do ::Fim?::
Bem, Stincy é um ship em potencial nas minhas fanfics, porém, de acordo com o rumo do mangá eu não decidi o que fazer com esse enredo aqui, e eu tinha essa one shot no meu notebook e decidi postá-la e ver o que vocês acham, portanto, como eu não sei se haverá continuação, dou-lhes duas opções:
1) Vocês que acompanham o mangá podem decidir: Eles se reencontram ou não? ahahaha
2) Eu posso fazer uma continuação caso me venha a ideia e isso vai depender do Mashima-sensei. Mas espero fazer, e de qualquer maneira, como essa one aqui, vai ser uma "sidestory".
Mas o que acharam?
Bjssss