Peter’s POV

    Acordei com a balbúrdia da campainha. Levantei-me do sofá e fui atender a porta. Eu a abri e me deparei com uma bela moça, ela sorria examinando o chão, quando a porta abriu, seus olhos se encontraram com os meus.

    - Ahn... – ela tentou falar algo, mas nada saiu de sua boca.

    - Você é a garota do café? – recordei-me de quando a vi no Starbucks. Ri com o que havia acabado de dizer.

    - Sim. – ela disse envergonhada. – E você não estava em Nova York?

    - Eu voltei para Londres alguns dias atrás. – parei e analisei a situação. – Perdoe-me, eu sou Peter. Peter Belinazzo.  – estendi a mão para que pudesse apertá-la.

    - Sou Rosalie. Rosalie Wilson. – e assim ela o fez.

    - Entre. – dei-lhe a passagem para ela entrar. Ela teve um pouco de dificuldades para puxar a mala. E eu como um bom cavalheiro, lhe ajudei.

    - Obrigada.

    - Imagina. – sorri

    - Como o mundo é pequeno, não? – ela sorriu

    - Parece, mas realmente não é. – Eu a fiz rir.

    - Bem, é verdade.

    - Vem comigo. – peguei suas malas e fui até o quarto que lhe pertencia. – Este é seu novo quarto. Espero que goste. - Ramona fez com que eu pintasse e decorasse o quarto de Rosalie. Três paredes eram brancas e uma no tom puce claro. O quarto era do tamanho médio. E não havia nada, além da cama, a escrivaninha, o closet e o banheiro.

     - Que lindo. – ela disse olhando ao redor. – Ué... Mas cadê as minhas coisas?

     - As suas coisas?

     - Sim. Elas foram enviadas faz tempo.

     - Até agora não chegou nada.

     - Ai meu deus! Meus pertences! – Ela colocou a mão na face, com o semblante preocupado.

     - Calma. O vôo teve ter atrasado, ou deve ser o trânsito. O trânsito daqui é horrível. – tentei tranqüilizá-la

     - Espero que seja isso. – ela sentou-se em sua cama – Mas é lindo.

     - Que bom que gostou. – sorri – Ah, tenho que mostrá-la os outros cômodos e as pessoas que habitam aqui.

      - Claro. Vamos. – ela levantou-se e me acompanhou. Mostrei a ela cada canto daquela casa, me peguei observando-a. Ela era linda, como não havia percebido isso antes? O sorriso dela brilhava e seus dentes tão retinhos e branquinhos. Não era mimada, e elogiava as coisas simples. Mas eu não estava apaixonado, pelo menos... acho que não.

Rosalie’s POV

       Fui recebida pelo garoto do café, como assim? Ele não estava em Nova York? Ele morava naquela casa? Era o destino? Que destino hein! Bom, voltando ao verdadeiro assunto, eu estava assustada por encontrá-lo outra vez. Ele me recebeu bem, como um bom moço, me mostrou o meu novo quarto e o resto da casa. Eu estava preocupada com as minhas coisas, mas ele fez com que eu me esquecesse daquele detalhe. Ele era realmente lindo. Um verdadeiro príncipe. Deixa de bobeira Rosalie! Você veio estudar. E-S-T-U-D-A-R!

     - Vou te mostrar uma pessoa muito especial pra mim. Ela cuidou de mim quando pode, mas agora, eu cuido dela. Ela não se lembra de mim, não se lembra de quem eu sou. Mas, eu a amo muito. – ele abaixou a cabeça e passou a mão na face, limpando as lágrimas que caíra.

     - Quem é? – perguntei em voz baixa

     - Minha avó. – ele pôs sua mão na maçaneta. – Pronta? – eu assenti. Ele abriu a porta e vi uma senhora, aparentemente parecia ter uns 80 anos. Ela estava sentada em uma cadeira de balanço, fazendo crochê.

     - Avó? – disse Peter adentrando e eu o segui. A senhora olhou para nós com uma expressão no rosto, um pouco estranha. Talvez se perguntando quem é a menina que ela nunca havia visto na vida, em sua casa. – Quero lhe apresentar uma pessoa, o nome dela é... – Peter foi interrompido por ela

     -...Rosalie. – sua voz saiu um pouco baixa.

        Me surpreendi quando ela disse meu nome. Como ela sabia que eu era? Eu nunca havia visto-a na vida. Olhei para Peter que também aparentava ter essa mesma dúvida. Olhei para a senhora novamente e ela me olhava com os olhos cheios de lágrimas, como se tivesse reencontrando-se com alguém que não havia visto há anos. Ela deu alguns pequenos passos e me abraçou. Eu a abracei de volta, mesmo sabendo que não a conhecia. Quando eu a abracei senti um conforto, como se fosse minha avó. Eu nunca tive uma. Nunca conheci alguém da família da minha mãe e os pais dos meus pais haviam morrido antes de eu nascer. Quando nos separamos, a sua face estava molhada e ela sorria. Peter não estava entendendo nada, muito menos eu.

    - A-avó. Está na hora dos seus remédios. Eu vou buscá-los. – esse disse olhando para o relógio de relance e saindo pra fora do quarto.

    - Você está linda, minha filha. – disse ela passando a mão levemente em minha face. – Você cresceu tanto. – ela disse ainda sorrindo.

    - Aqui está. – Peter adentrou no quarto com os remédios.

    - Vou até meu quarto. Vou arrumar as coisas. – estava confusa demais para raciocinar tudo que estava acontecendo. Subi para meu quarto e deitei na cama. Fechei os olhos na esperança que tudo aquilo sumisse.